O projeto “A VENTURA DO MODERNO – 1ª EDIÇÃO - 2017” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto cultural “A VENTURA DO MODERNO – 1ª EDIÇÃO - 2017”, habilitado pelo SAT nos termos da legislação vigente, tem como proponente TRILHO PRODUÇÕES CULTURAIS LTDA, CEPC nº 4837. Integram a equipe principal: Adriana Boff, na coordenação geral do projeto, com a finalidade de controlar o orçamento, acompanhar a realização do cronograma e apoiar as equipes; Flávio Krawczyk, na curadoria adjunta, que irá auxiliar na seleção das obras para exposição, na redação de textos para o material áudio descritivo, levantar informações para o texto curatorial e acessar as obras do acervo para pesquisa e estudo; Jaqueline Sampaio, como coordenadora educativa, vai supervisionar equipe de mediadores, preparar material de apoio pedagógico, elaborar programa de captação de educadores, organizar agendamento de turmas para as visitas guiadas à exposição e supervisionar as visitas guiadas para escolas (com transporte gratuito e ônibus locado para esta finalidade); a Título, Promoções e Eventos SS Ltda ME, elaborará o conceito e a seleção das obras para exposição, escreverá o texto sobre a exposição, acompanhará o projeto museográfico e a montagem da mostra, elaborará palestra sobre o modernismo no Brasil para formação dos educadores, mediadores e público; Tola Gola Produções, elaborará e orientará o desenvolvimento do conteúdo para o áudio descrição das obras e para o jogo educativo; Pedro Vargas, vai auxiliar na pesquisa das obras e dos artistas para textos da áudio descrição e do trabalho educativo; Anderson Eliezer Martins, será o contador, CRC: 071975/RS. A área do projeto é ARTES VISUAIS: ARTES PLÁSTICAS. O período de realização é de 23/11/2017 a 30/04/2018, sendo que a exposição terá cinco meses de duração. O local de realização é a Pinacoteca Ruben Berta, na Rua Duque de Caxias, 973 - Centro Histórico, Porto Alegre. Tratando-se de um projeto artístico de extrema relevância para ampliar o conhecimento público deste igualmente importante acervo, solicitamos por meio de diligência, em 15/09/2017 (resposta da proponente encaminhada pelo SAT em 02/10/2017) a definição do nome do curador(a) na equipe principal, uma vez que constava apenas a informação de uma pessoa jurídica que s.m.j. não apresentava currículo compatível com a função em perspectiva, a nosso ver indispensável para o desenvolvimento da proposta em tela. Recomendamos também a definição do(a) palestrante e oficineiro(a) com a finalidade de instrumentalizar melhor este parecer e justificar as rubricas de passagens aéreas e diárias previstas. Nesse sentido, foi informado pela proponente que a curadora será Regina Teixeira Barros, Doutoranda do Programa Interunidades de Pós-Graduação em Estética e História da Arte. Entre 2003 e 2015 foi curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde realizou diversas exposições, entre as quais Tarsila viajante (Pinacoteca e Malba, Buenos Aires, 2008), Willys de Castro (2012), Arte no Brasil: uma história do Modernismo (2013) e Arte Construtiva na Pinacoteca (2014). Entre 2002 e 2016 foi professora de História da Arte e Estudos sobre Museus no curso de Artes Plásticas da Faculdade Santa Marcelina. Foi membro da Comissão Técnica e coordenou a equipe de pesquisa, na qualidade de coordenadora editorial da publicação do Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral (2006-2008). Como curadora independente, realizou exposições como Tarsila e o Brasil dos modernistas (Casa Fiat, Belo Horizonte, 2011), Arte moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz (Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, e Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, 2016), Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna (MAM SP, 2017), entre outras. Ministra a disciplina de Curadoria de Exposições de Arte no curso de Pós-Graduação em Museologia, Colecionismo e Curadoria do Centro Universitário Belas Artes (São Paulo) desde 2014. É membro do Conselho Curatorial do Instituto de Arte Contemporânea (IAC) e do Conselho do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Os palestrantes serão Maria Cecília França Lourenço (São Paulo), professora e museóloga, que é graduada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (1969), mestre em Artes pela Universidade de São Paulo (USP) (1981) e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP (1990); Mônica Hoff (Florianópolis), artista, curadora e pesquisadora, que é Mestra em História, Teoria e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atualmente cursa doutorado em Processos Artísticos Contemporâneos no PPGAV/UDESC com pesquisa sobre escolas de artistas e como metodologias artísticas se convertem em pedagogias instituintes. De 2006 a 2014, coordenou o projeto educativo da Bienal do Mercosul, atuando também como curadora adjunta na nona edição do evento, em 2013; e Paulo Knauss de Mendonça (Rio de Janeiro), que possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (1987), mestrado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (1998), tendo realizado pós-doutorado na Universidade de Estrasburgo, França (2006). É professor do departamento de História e membro do Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e exerce o cargo de Diretor do Museu Histórico Nacional (MHN). Serão duas oficinas para formação de educadores, com duas horas cada. O jogo educativo a ser demonstrado leva o nome da exposição “A Ventura do Moderno” e será composto por 33 cartas, proposto como instrumento didático a ser aplicado pelo educador. Apresentará as reproduções das 25 obras da exposição e mais sete obras a serem escolhidas no acervo da Pinacoteca Ruben Berta. O desenvolvimento do jogo consiste em tomar as cartas dos outros participantes por meio de características superlativas de cada carta, tomando, por exemplo, informações tais como medidas, datação e outros aspectos a serem destacados pelos próprios jogadores. As regras acompanharão o encarte e o jogo será distribuído gratuitamente, como material permanente, para todas as escolas, educadores e estudantes envolvidos (5000 unid., destes 4000 para escolas, 500 para SEDAC e 500 para patrocinadores). A equipe pré-selecionada de mediadores apresenta ótima experiência nessa atividade, conforme análise dos currículos em anexo. O orçamento está condizente com projetos desta natureza. A Prefeitura de Porto Alegre participa com R$ 23.000 (10,60%), assumindo as seguintes atividades da planilha: intérprete de Libras; sinalização das obras; montagem e desmontagem; hospedagem e alimentação; impressão do folder (4000 unid.); assessoria de imprensa e web designer. O custo total do projeto é R$ 217.025,00 (duzentos e dezessete mil e vinte e cinco reais). O valor solicitado à LIC, por sua vez, é de R$ 194.025,00 (cento e noventa e quatro mil e vinte e cinco reais).
É o relatório.
2. A origem da Pinacoteca Ruben Berta remonta ao ano de 1960, fruto de um projeto pessoal do magnata das comunicações Assis Chateaubriand de criar museus regionais em vários pontos do país. Para constituir esse rico acervo, Chateaubriand teve como colaborador o crítico de arte, marchand e mentor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pietro Maria Bardi. O cenário da arte moderna paulista e brasileira contou ainda em meados do século XX com figuras importantes como gestores e mecenas. Além de Chateaubriand, podemos citar o papel fundamental de Yolanda Penteado (1903-1983) e Francisco Matarazzo Sobrinho (1898-1977), mais conhecido por Ciccillo Matarazzo. Esse trio foi diretamente responsável nas constituições do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP), do Museu de Arte de São Paulo (MASP), da Bienal Internacional de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) e dos Museus Regionais. A parceria de Yolanda Penteado com Chateaubriand começou em meados de 1940, quando Yolanda o acompanhou nas cerimônias de doação de obras integrantes da coleção dos Museus de Arte de São Paulo - MASP, da campanha dos museus regionais entre outras incursões neste universo. Entre 1965 e fins de 1967, Yolanda Penteado e Assis Chateaubriand lançaram a Campanha Nacional de Museus Regionais (CNMR) com o intuito de descentralizar o eixo artístico Rio de Janeiro–São Paulo, formando coleções em várias regiões brasileiras com a missão de divulgar artistas de outras localidades, bem como o intercâmbio com os artistas locais. Através da campanha foram criados seis equipamentos museológicos: O Museu de Arte Contemporâneo - Olinda (PE); o Museu de Artes Assis Chateaubriand, em Campina Grande (PB); o Museu de Arte de Feira de Santana (BA), o Museu Dona Beja, em Araxá (MG); a Galeria Brasiliana, em Belo Horizonte (MG) e a Pinacoteca Rubem Berta, em Porto Alegre (RS). Além dessas instituições, tem-se como resultado da campanha a doação de uma coleção para a cidade de São Luís, hoje sob guarda do Museu Histórico e Artístico do Maranhão; outra para o Museu da Pampulha (MG) e outras duas para o Ceará e Alagoas. A intenção de Chateaubriand com a doação era que cada estado destinasse um espaço específico para a formação do museu, o qual seria inaugurado com a coleção doada, o que ocorreu em algumas regiões.
A Pinacoteca Ruben Berta possui 125 obras que apresentam um recorte heterogêneo na sua composição. A obra The Rejalma, de 1673, do holandês Jeronimus Van Diest, é a pintura mais antiga em acervo público no Rio Grande do Sul. Além desta marinha do século XVII, a coleção contempla nomes consagrados da pintura nacional, como Almeida Júnior, Pedro Américo, João Batista da Costa e Eliseu Visconti, e internacional, como Allen Jones, Alan Davie e Graham Sutherland. Possui ainda nomes representativos no desenvolvimento do modernismo no Brasil do porte de Di Cavalcanti, Portinari, Flávio de Carvalho e Lasar Segall, além de obras de contemporâneos como Tomie Ohtake e Manabu Mabe. Pode-se dizer que a coleção oferece a oportunidade de vislumbrar um panorama histórico e de estilos da arte brasileira, em particular no século XX. Inaugurada em novembro de 2013, o prédio da Pinacoteca Ruben Berta amplia as possibilidades de programação cultural em Porto Alegre, somando mais um espaço às artes visuais. Fica localizada num casarão restaurado e adaptado para a nova função, na Duque de Caxias, quase em frente ao Solar dos Câmara da Assembleia Legislativa e próxima ao Palácio Piratini. Sua Reserva Técnica é referência para outras instituições que ainda não alcançaram as condições necessárias para salvaguarda dos seus acervos. Recentemente foi criada a Associação dos Amigos das Pinacotecas de Porto Alegre (AAPIPA), com objetivo de apoiar as atividades da referida instituição. Ambas pinacotecas possuem as obras catalogadas em publicações bilíngue (português e inglês), com textos de orientação e analíticos descrevendo o cenário que originou o acervo e identificando a importância destas coleções no campo das artes no país.
Sabemos que uma coleção de arte está sempre em construção. Porém sua “ventura” se descobre construindo projetos como este que tem a missão de tornar mais público seu acervo. Ao assinalarem a passagem dos 50 anos de inauguração da Pinacoteca Ruben Berta, propiciarão a ampla circulação de estudantes pelo espaço expositivo, viabilizando o acesso para escolas públicas da periferia da cidade, e também a acessibilidade plena para pessoas com deficiência, não apenas ao prédio, mas ainda aos meios de compreensão da exposição e fruição para o campo das artes, por meio da publicação de um catálogo acessível em formato e-book e com áudio descrição, folder da exposição em braile e visitas guiadas em libras.
Todavia, não há nenhuma menção ao Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio do prédio, onde serão expostas as obras e acontecerão atividades com o público. Portanto, condicionamos a liberação de recursos à existência de PPCI.
3. Em conclusão, o projeto “A Ventura do Moderno – 1ª Edição - 2017”, pelo seu mérito, relevância e oportunidade, é recomendado para participar da avaliação coletiva do Sistema LIC, podendo vir a receber a importância de R$ 194.025,00 (cento e noventa e quatro mil e vinte e cinco reais).
Porto Alegre, 08 de outubro de 2017.
André Venzon
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 09 de outubro de 2017.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes e Walter Galvani.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 26/10/2017 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS