O projeto “Esquinas e encontros: identidades na paisagem urbana” é aprovado.
1-O projeto “Esquinas e encontros: identidades na paisagem urbana” tem como produtor cultural o Instituto Bruno Segalla de Caxias do Sul (cepc 4796), cuja responsável é sua presidente Rejane Rosa de Oliveira. Devidamente habilitado pela Diretoria de Economia da Cultura da SEDAC, foi encaminhado à analise deste Colegiado. “Este projeto tem o objetivo de oportunizar, de forma gratuita e democrática, no Instituto Bruno Segalla, o acesso a um singular espaço de prática artística, dirigida ao público adulto. Será um espaço de reflexão e de exercício criativo que terá como plataforma a produção poética do desenho, da escultura, da gravura e da cerâmica. Compartilhar conhecimentos concretos e efetivos de processos, técnicas e materiais, e instigar o interesse pela história da arte refletida nas manifestações artísticas universais e regionais, sua teoria e crítica. Pretende conectar o indivíduo a outras propostas além das questões específicas da arte, como a territorialidade e identidade, materializando nas produções poéticas o universo deste patrimônio imaterial que está na memória de cada um dos participantes. Serão três ateliês: Ateliê do Barro e do Fogo (cerâmica), Ateliê da Ideia e da Matéria (escultura) e o Ateliê do Registro e da Linha (gravura e desenho). Serão 96 encontros de atividades nos ateliês, com 4 horas de duração cada, 3 vezes por semana (uma para cada ateliê), com 15 vagas para cada área. Os ateliês serão espaços de conhecimentos compartilhados, gerando um saber em movimento. Terão o objetivo de instrumentalizar o participante com as ferramentas e o repertório de informações visuais e teóricas básicas para a compreensão do fenômeno da criação e produção de artes visuais. A prática, a reflexão e discussão da complexidade de processos e fenômenos que interagem na arte contemporânea serão amplamente analisadas: a paisagem, a economia, a história, o viés sociológico e antropológico, o plural e o individual. Artistas-professores sintonizados com a produção cultural local e com experiência no ensino das artes visuais irão mediar e provocar a dinâmica do fluxo de criação e do debate. O processo de criação, as ações e pistas que forem descobertas passarão também a fazer parte das poéticas; interessa-nos tanto o ponto de chegada como o caminho que nos leva a elas. Será organizada uma exposição itinerante de obras e registros feitos durante as atividades, com o título de "Esquinas e encontros: identidades na paisagem urbana", e sua curadoria terá a participação do coletivo do projeto sob a coordenação do artista plástico Mario Cladera. A mostra acontecerá em dois espaços expositivos públicos do município: no Instituto Bruno Segalla e no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás. As exposições serão realizadas no mês seguinte após o encerramento das atividades dos ateliês, com duas semanas de duração cada e com a mediação dos artistas-professores. O projeto terá a duração de dez meses e as inscrições – abertas a toda comunidade – serão feitas através de preenchimento de ficha com as informações básicas: nome, endereço, telefones, e-mail, escolaridade e profissão. As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição, e será criada uma lista de espera. Na etapa final do projeto, será produzida uma Revista-relatório para parceiros, público envolvido e entidades culturais. Nela estarão os documentos produzidos durante as distintas etapas do projeto, como depoimentos, registros, avaliações e resultados. O resgate da memória subjetiva será a inspiração para estimular um processo criativo. A produção plástico-visual será o instrumento do fazer artístico. Na complexidade deste processo, o entendimento da arte como construtora do patrimônio cultural, da memória social e da identidade.”
“Caxias do Sul é hoje um importante polo econômico e cultural do Rio Grande do Sul. Tem aproximadamente uma empresa para cada 14 habitantes e um PIB per capita que supera o do estado em mais de 60% (dados publicados pela Câmara Municipal de Caxias do Sul, 2012). Porém, esta realidade, que se sobressai no contexto estadual, não a impede de apresentar contradições resultantes de seu próprio processo de crescimento. O patrimônio cultural da região se insere no denso, diverso e rico conteúdo cultural da sociedade rio-grandense. Valorizá-lo e compartilhá-lo contribui para a sua preservação e difusão, fomentando outras atividades no âmbito da economia da cultura que podem representar uma alternativa de inclusão produtiva, seja pelas oportunidades de criação de emprego e renda, seja pela ampliação de acesso e de qualificação, gerando um desenvolvimento econômico baseado na ética do respeito à diversidade das expressões culturais locais e regionais, necessário à consolidação de práticas cooperativas, à proteção ao patrimônio cultural e ambiental do estado.”
Avançando no conceito de economia da cultura, o projeto procurou desenvolver suas atividades tendo como foco o desenvolvimento das cadeias produtivas, definidas pela Secretaria da Cultura como aspectos importantes que as ações culturais devem promover. Nesse sentido, o projeto apoia a criação e a produção das artes visuais; registra e preserva a memória social, difundindo espaços expositivos públicos e fazendo com que a produção plástico-visual circule por um corredor cultural local; mantém, divulga e preserva as instalações e o acervo do Instituto Bruno Segalla, ao mesmo tempo que incentiva a formação de público e a frequentação dos espaços culturais. O objetivo geral do projeto é preservar o patrimônio histórico, a memória social e a identidade artística regional, promovendo o acesso democrático e gratuito às ações estruturantes constituídas de ateliês e exposição de artes visuais.
O Instituto Bruno Segalla foi criado em 2005. Trata-se de uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) sem fins lucrativos e aberta ao público, que preserva, estuda, comunica e expõe os bens culturais relacionados à vida e obra de Bruno Segalla. Localizado no antigo estúdio do artista, na cidade de Caxias do Sul, é constituído por um Museu e um Ateliê, e trabalha pela promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico, artístico e cultural, bem como pela educação, formação e inclusão por meio de ações culturais, projetos socioculturais e da salvaguarda do acervo. O museu é cadastrado no Sistema Brasileiro de Museus/ Ibram/ MINC e no SEM-RS. Bruno Segalla (1922-2001), neto de imigrantes, aos 13 anos ingressa como aprendiz na metalúrgica Eberle, onde aprende as técnicas de gravação e escultura. Ingressa no movimento sindical em 1957, e é eleito presidente do sindicato dos metalúrgicos. Filiado à Aliança Republicana Socialista, elege-se vereador em 1961 e, em 1962, suplente de Deputado Estadual assumindo o cargo repetidas vezes até o golpe militar de 1964, quando foi preso e teve seus direitos políticos cassados. Militante socialista, era bastante próximo de Luis Carlos Prestes e amigo de Leonel Brizola. A partir de 1975, dedica-se totalmente às artes plásticas, iniciando uma fase de intensa produção de bustos, monumentos e esculturas. Entre muitas obras importantes, "JESUS DO TERCEIRO MILÊNIO: REFLEXÃO", no Parque Nacional da Uva, feita em concreto armado com 26 metros de altura, em cujo interior se encontra uma capela e o Museu de Arte Sacra do município; "INSTINTO PRIMEIRO", escultura em bronze, localizada na Praça Dante Alighieri, no Centro Histórico da cidade e a medalha da Conferência Internacional ECO 92. Há obras de Segalla em várias cidades do estado. Em Porto Alegre, entre várias obras escultóricas, o busto de Bento Gonçalves na Assembleia Legislativa. Sua obra artística é marcada por uma posição política e humanista. O Instituto já possui experiência no atendimento de variados públicos. Em 2006, junto à Rede RECRIA, organizou o projeto "Ateliê Livre Bruno Segalla", visando à inclusão social de 140 jovens em situação de vulnerabilidade social. De 2009 a 2012, a realização do projeto "Oficina de escultura para trabalhadores da Indústria", em parceria com o SESI, possibilitou que mais de uma centena de trabalhadores participasse de ações culturais como oficinas e exposições. O projeto "Onde estou", com apoio institucional da Prefeitura de Caxias do Sul e da Fundação Marco Polo, atendeu, em 2012, 42 escolas da rede pública (blog www.projetoondeestou.org). Essas são algumas das ações que testemunham a vocação do instituto de promover projetos de democratização e acesso a bens culturais. Trabalhadores da indústria, comércio, adultos e jovens fazem parte do grupo que o IBS tem como objetivo atingir e incluir no projeto "Esquinas e encontros: identidades na paisagem urbana". O blog http://esquinaseencontros.wordpress.com/ foi criado com o objetivo de ser, neste momento inicial de apresentação, um instrumento pelo qual seja possível submeter à apreciação alguns materiais importantes para a avaliação dos conteúdos e abrangência do projeto e análise de seu público alvo.
O orçamento projeta um custo de R$ 217.184,70 - solicitados ao Sistema Pró-cultura RS. A produção e execução do projeto consumirá 71% dos recursos, ficando 14,9% para despesas administrativas, e 12% serão empregados na divulgação; cerca de 2% cobrirão taxas, impostos e seguros.
2- O projeto possui excelente formatação e é rico em detalhes e informações sobre a prática e o conteúdo teórico dos ateliês. Deverá fornecer correta visão do desenvolvimento histórico das diferentes técnicas artísticas que serão ministradas e da filosofia que embasa o trabalho com os diferentes materiais.
(1) Ateliê do Barro e do Fogo: deverá mostrar como os quatro elementos – água, terra, fogo e ar – fazem parte do processo cerâmico. A cerâmica é portadora da memória da intervenção humana nos elementos e forças da natureza, moldando e transformando o meio. Neste caminho deve estabelecer e priorizar as relações entre o fazer e pensar poético, considerando a produção e reflexão artística contemporânea.
(2) Ateliê da Ideia e da Matéria: moldar, retirar, acumular – ações do homem que interage com o meio. A escultura materializa essas operações no campo imagético e poético. Será um ateliê livre de expressão em diversas técnicas e materiais escultóricos.
(3) Ateliê do Registro e da Linha: o homem riscou o chão e provavelmente assim surgiu o primeiro desenho na civilização humana, forma direta e espontânea de representação e comunicação. A partir deste momento, não parou mais; somou técnicas, materiais, deixou mais complexo, mas até o gesto no suporte constituído de sinais eletromagnéticos continua sendo essencial, sintético e rico como linguagem específica das artes visuais. Também neste ateliê, as imagens da memória subjetiva serão os elementos instigadores do processo de criação. Além disso, cada participante deverá se engajar em um projeto que tenha como resultado uma obra ou um conjunto de obras que testemunhem a pesquisa e o domínio técnico do material escolhido, expressão em linguagem autoral, conceitos e reflexões em consonância com as atividades culturais e sociais do Instituto Bruno Segalla. Trata-se, com certeza, de um projeto digno de ser imitado e ter estudadas sua prática e desenvolvimento, para o que deverá contribuir sobremaneira a revista-relatório a ser produzida pela equipe responsável. Aliás, é digna de nota a experiência e a capacitação técnica e artística dos artistas-professores e do coordenador, o artista Mario Cladera.
3-Tendo em vista o mérito cultural, a relevância e a oportunidade, o projeto “Esquinas e encontros: identidades na paisagem urbana” é aprovado, podendo vir a receber incentivos do Sistema Pró-cultura RS no valor de R$ 217.184,70 (duzentos e dezessete mil cento e oitenta e quatro reais e setenta centavos).
Porto Alegre, 27 de junho de 2013
Hamilton Dias Braga
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 10 horas do dia 27 de junho de 2013.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Alcy Cheuiche, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, Loma Berenice Gomes Pereira, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo, Manoelito Carlos Savaris, Maturino Salvador Santos da Luz, Vinícius Vieira, Gilson Petrillo Nunes, Susana Fröhlich, Gisele Pereira Meyer (17)
Ausentes no momento da votação: Neidmar Roger Charão Alves (01)
Graziela de Castro Saraiva
Conselheira Vice-Presidente do CEC/RS
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