O projeto “Moinho da Canção” é aprovado.
1 - O projeto destina-se a realizar o 3º Moinho da Canção Gaúcha, no Parque Municipal Rudolfo Arno Goldhardt na cidade de Panambi, Rio Grande do Sul. A terceira edição do festival segue a linha da música nativista e galponeira e deseja atrair diversos músicos, cantores e compositores do Rio Grande do Sul, demais estados do Brasil e do Mercosul, que se identifiquem com a cultura gaúcha. O Festival busca incentivar o público local a frequentar e participar de eventos como esse que tem como princípio valorizar e perpetuar a identidade do povo gaúcho. O evento terá entrada gratuita e o local tem capacidade para receber 1.600 pessoas.
Produtor Cultural: D. MARIN DA SILVA
CEPC: 3475
Receitas Prefeitura R$ 14.885,00
MinC R$ 86.160,00
Financiamento Sistema LIC R$ 103.788,00
É o relatório.
2 - Preambularmente destaca-se que o projeto está bem formatado, contendo toda a documentação necessária para a sua análise, está na sua 3ª edição e apresenta preço adequado aos padrões do Sistema Pró-cultura para projetos deste teor.
No jornal Zero Hora de 13.04.2013, o compositor e mestre em literatura Vinicius Brum repassou a trajetória dos festivais da música nativista.
Para evitar a condenável tautologia, reproduzimos como argumento de análise, excerto do artigo pedindo vênia ao autor (sic):
“Francamente inspirado na Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, o ciclo dos festivais de música nativista já ultrapassa 40 anos de história. Desde aquele alvorecer tímido em 1971, em que tudo se configurava como veredas de descobrimento, picadas a serem abertas, páginas brancas à espera de tinta musical e poética, muita água rolou: mansa, feroz e continuamente.
Os primeiros anos, do ponto de vista estético, foram absolutamente marcantes. E revelaram nomes e canções que hoje estão definitivamente marcadas no pulso da cultura popular. Provavelmente, os pioneiros sequer suspeitavam que aquelas noites primeiras no palco do cine Pampa haveriam de atravessar o tempo e, num circuito itinerante crescente, conquistar algumas das mais importantes cidades do Estado e algumas da região sul do Brasil.
A segunda década marca essa expansão territorial e a consolidação do modelo proposto pela Califórnia. E o nativismo transforma-se num fenômeno popular, lotando ginásios, teatros e bares; fazendo surgir intérpretes e músicos admirados e aplaudidos. A capital reconhece e acolhe a nova onda (tradição?): o chimarrão, a bombacha e as canções invadem as ruas e as praças. Entre o final dos anos 1980 e meados dos 90, acirram-se dicotomias entre inovações e conservadorismos e o ciclo atinge seu auge. Na segunda metade da década de 1990, já com um mercado profissional em franca consolidação, o ciclo dos festivais começa a sinalizar fadiga e sua curva ascensional inverte o sentido....
Depois dessa rapidíssima linha cronológica, indagações: por que o movimento recrudesceu? Os festivais perderam a capacidade de envolvimento popular, restando circunscritos a ambientes paroquiais? Então, se esta análise trilha estrada coerente, qual foi o momento, o toque, o gesto que indicou o caminho que nos fez desembocar nesse cenário tão radicalmente díspar daquele eufórico momento? Arrisco: o fazer artístico ficou menos importante do que a bandeira empunhada; a maioria dos criadores importam-se menos com a criação do que com o abastecimento do mercado; a música regional sulina, que era uma busca, foi tornada artigo descartável... Na disputa de outrora entre inovadores e conservadores, independentemente de quem haja vencido, creio que perderam todos. E cristal quebrado não se remenda. Talvez seja necessário que lapidemos nova pedra.”
No mesmo andar, mas palmilhando a transversalidade, Shana Muller, cantora e jornalista, também no jornal Zero Hora em 27.07.2013, afirma: “Um festival de música é um concurso, ou uma mostra, como queiram. É também movimento para o turismo e o comercio locais”.
Com recomendação de que o estatuído em tela possa servir de reflexão em lapidação de novas pedras e que aprovemos o projeto incentivando a retomada dos festivais com olhar renovado a novos tempos, novos ventos e novos talentos, mas com olhos e ouvidos no aval do passado recente que revelou talentos como: Leopoldo Rassier, Vitor Hugo, Cesar Passarinho, Ivo Fraga, Jaime Vaz Brasil, Maria Luiza Benitez e tantos outros.
O Sistema Pró-Cultura está aliado aos deveres constitucionais do estado de implementar meios e recursos que conduzam a permitir que se cultue a tradição, memória e história no que respeita a identidade local. Entendemos ser de bom alvitre que eventos desta natureza, além de estimular a manutenção da cultura e da tradição do povo, também estejam abertos a inovações e ao surgimento de novos talentos, integrando e enlaçando nossa cultura com nexo às demais manifestações artísticas.
Pelo que, estando tecnicamente adequado, o presente projeto tem mérito, relevância e oportunidade.
No entanto, condicionamos a liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas legais de prevenção a incêndios nos locais dos eventos.
3. Em conclusão, o projeto “MOINHO DA CANÇÃO GAÚCHA” é aprovado, podendo vir a receber incentivos fiscais através do Sistema Pró-Cultura até o valor de R$ 103.788,00 (cento e três mil setecentos e oitenta e oito reais).
Porto Alegre, 22 de agosto de 2013.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 10 horas do dia 22 de agosto de 2013.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Alcy Cheuiche, Leandro Artur Anton, Adriana Donato dos Reis, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Hamilton Dias Braga, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Manoelito Carlos Savaris, Gilson Petrillo Nunes, Susana Fröhlich, Gisele Pereira Meyer (16)
Abstenções: Vinícius Vieira de Souza (01)
Ausentes no momento da votação: Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo (01)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS