O projeto “DOMADORES DE PEDRA” é aprovado.
1 - O Projeto “DOMADORES DE PEDRA”, habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, trata da realização de um Documentário de 70 minutos, categoria longa-metragem. O projeto está inserido no segmento de Audiovisual: produção de cinema: Longa Metragem. O projeto não é vinculado a data fixa.
O produtor cultural é o INSTITUTO TARCÍSIO VASCO MICHELON – CEPC 4808. A contadora é Karen Cristina Zampieri – CRC 084716/O-5. Da equipe fazem parte Massimo Colaceci na captação de recursos, Ângela Martins como diretora e produtora executiva, roteiro por Pedro Ferreira, Diretor de Produção Jânio Nunes e Assistente de Direção e Diretora de Fotografia Viviane Rocha, todos com currículos devidamente apresentados, que justificam suas funções.
O documentário é sobre as variadas formas de arte e ofício através da pedra basalto, terá a cidade de Bento Gonçalves como sede das locações da produção e envolverá o período de realização do Simpósio Internacional de escultores e outros 15 dias de acompanhamento dos trabalhos e profissionais que utilizam a pedra basalto como matéria bruta em seu ofício, mantendo viva na região uma cultura iniciada com a construção das casas dos primeiros imigrantes. Irá demonstrar isto através do registro de imagens, depoimentos e animações, buscando a importância da pedra basalto no desenvolvimento socioeconômico da cidade de Bento Gonçalves até se transformar em referência para sediar um evento de escultores.
Estabelecerá uma correlação entre a utilização da pedra como obra de arte e como meio de sustentabilidade, desde a chegada dos imigrantes até os profissionais que até hoje utilizam trabalho com o basalto como profissão.
O projeto proposto proporcionará ao Estado o acervo de um documento sobre a história da pedra basalto na região da serra do Rio Grande do Sul e sua importância na formação cultural presente até hoje através do ofício de construir moradias e abrigos utilizando este material. Uma arte milenar que ajudou a definir o caráter socioeconômico desta região e que atrai milhares de turistas interessados em conhecer a cultura deixada como herança pelos primeiros imigrantes italianos que povoaram a Serra Gaucha. O documentário também terá um caráter social no resgate de profissões que já estão extintas em quase todas as regiões do país, além de valorizar uma região extratora de pedra basalto estabelecendo a relação de sua transformação em obra de arte. O documentário será obra singular e inédita no Brasil, tanto na área artística como histórico-cultural.
A chegada dos primeiros imigrantes na região da serra do Rio Grande do Sul marcou o início de uma sociedade que se consolidou construindo suas casas através de uma técnica de equilíbrio de pedras, as chamadas casas de “taipas”. Os descendentes dos imigrantes buscam manter viva sua cultura, fazendo uso de uma técnica que atravessa gerações na utilização da pedra basalto na construção civil até encontrar o mesmo basalto na obra do artista João Bez Batti, que reside em Bento Gonçalves, fato que fortalece o sentimento de orgulho de toda uma geração. O documentário tem o compromisso de oportunizar à sociedade atual e às futuras gerações o conhecimento do aproveitamento de uma matéria prima encontrada em abundância no Estado do Rio Grande do Sul.
São objetivos específicos da produção deste documentário:
O trabalho tem como ponto de partida o I Simpósio Internacional do Mercosul de Escultores que aconteceu em Bento Gonçalves em outubro de 2012. Durante a realização do evento, diversas imagens foram captadas com o objetivo de documentar o processo artístico-cultural da produção de esculturas desenvolvidas por dez artistas internacionais. Essas imagens foram apresentadas em formato de clipe para uma mostra exibida na cerimônia de encerramento do evento. O retorno dos próprios artistas foi muito além de qualquer expectativa. Os participantes deixaram registrado que, mesmo estando em tantos outros simpósios no mundo, nunca antes haviam assistido a um registro em vídeo que demonstrasse o processo de produção de suas esculturas desde a escolha da pedra bruta até a finalização da obra de arte. Porém, o que mais chamou atenção em seus relatos foi o foco humanizado com que o vídeo tratou o trabalho, dando sempre ênfase ao escultor e não somente à obra em si. Com base na percepção de pessoas que já estiveram com seus trabalhos em tantas outras cidades no mundo, nasceu a ideia de produzir um documentário sobre o assunto.
O documentário, além de divulgar o trabalho artístico-cultural de vinte artistas renomados no mundo, tem uma relação direta com a temática que envolve a cidade de Bento Gonçalves, tendo em vista que na região se encontra o roteiro turístico “Caminhos de Pedra”. Nessa região estão localizadas diversas casas construídas pelos primeiros imigrantes italianos radicados na serra gaúcha, e foi o basalto o meio de sustento encontrado pelos colonizadores para garantir o alento de suas famílias. A técnica empreendida na construção das casas está quase desaparecida no mundo, um trabalho tão elaborado que até os próprios escultores parecem não acreditar no que seus próprios olhos veem ainda mantido na cultura de Bento Gonçalves. É óbvia a importância da pedra no desenvolvimento da humanidade, basta a constatação de que houve um período na história identificado como “Idade da Pedra” e de que a roda primitiva veio através da rocha. A problemática, no entanto, é que as pessoas parecem ter esquecido essa importância e somente valorizam sua beleza ao admirar as obras de arte. No entanto, atropelam paralelepípedos todos os dias sem sequer lembrar de que material ele é feito. O documentário fará esse resgate das origens e aplicações da pedra e vai revelar artistas do cotidiano que tem no material bruto seu sustento até chegar à profissão de escultor que transforma um bloco de basalto em obras de valor elevado.
Em janeiro de 2013 se inicia o trabalho de produção do documentário que teve como ponto de partida três meses de pesquisa sobre a arte com o escultor João Bez Batti a fim de entender o trabalho dos artistas convidados a participar do Simpósio. Este trabalho foi desenvolvido pela equipe do Instituto Tarcísio Michelon e acompanhado pela diretora e a assistente de direção do documentário. Após este processo, nos trinta dias seguintes, a diretora do documentário e a diretora de fotografia iniciaram o processo de decupagem das imagens e da construção ideológica do documentário, que culminou com a elaboração do projeto para ser encaminhado ao SEDAC.
Cabe ressaltar que um primeiro “copião” deverá ser entregue ao Instituto Tarcísio Michelon e ao escultor João Bez Batti para análise e alterações, se houver. Após a crítica o material segue para a finalização. O documentário será encaminhado para festivais, mostras de cinema, escolas de arte, artistas e pessoas envolvidas no filme, museus e fundações de arte, canais de televisão e locadoras interessadas em distribuir o trabalho. No planejamento de distribuição consta também o lançamento da obra com sessão gratuita e coquetel para imprensa, formadores de opinião, pessoas ligadas à arte e público em geral nas cidades de Bento Gonçalves, Porto Alegre e Gramado.
O valor do projeto é de R$ 319.996,20, sendo solicitados ao Sistema Pró-Cultura R$ 305.876,20, o equivalente a 95,59%. Os demais 4,41% do total do projeto são recursos do proponente e estarão aplicados no plano de divulgação através de eventos que serão realizados para o lançamento do documentário. Do valor solicitado ao Pró-Cultura: R$ 264.616,20 (86,51%) são para despesas com a produção e execução do documentário, envolvendo pagamento dos profissionais responsáveis pela administração, produção e execução do projeto, de uma equipe composta por 14 pessoas, despesas de locação de equipamentos, transporte, alimentação e estadia da equipe por 30 dias na cidade de Bento Gonçalves; R$ 22.720,00 (7,43%) para divulgação; R$ 15.000,00 (4,9%) para administração; R$ 3.540,00 (1,16%) para impostos e taxas.
Cabe ressaltar que o ciclo completo da produção até o lançamento do documentário está previsto em 10 meses no plano de trabalho apresentado. São metas do projeto a produção de um documentário de 70 minutos, três eventos para lançamento da obra, vinte e cinco inscrições em festivais e mostras nacionais e internacionais, doze exibições em canais de TV aberta e fechada e serão 1000 cópias em DVD da peça, sendo 10% da tiragem repassada a SEDAC.
É o relatório.
2 - O projeto está adequadamente formatado, instruído com os documentos necessários para a apreciação do seu mérito tais como o contrato entre produtor, plano de divulgação, programação, orçamentos, currículos, anuências, e constam também a metodologia de execução da produção, a sinopse e argumento do documentário.
Seus objetivos são adequados à motivação do projeto, com metas e estratégias que lhes são coerentes e com as leis que o amparam. Também tem o mérito de valorizar artistas locais, incentivando o desenvolvimento cultural e turístico da região da Serra Gaúcha e do Estado do Rio Grande do Sul, colocando-o como referência na produção artística em cenário mundial no que se refere à arte escultural a partir do basalto e sua relevância histórica na ocupação e consolidação do seu território e diversidade cultural.
Os valores solicitados no projeto estão compatíveis com este tipo de produção e com as necessidades apresentadas no projeto para sua execução.
Porém, gloso os itens 1.16 e 1.17 por contrariarem o que está previsto no decreto nº 47.618, de 2 de dezembro de 2010, que estabelece regras e procedimentos para a organização e o funcionamento do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades culturais – PRÓ-CULTURA. A glosa é de R$ 79.200,00.
3. Em conclusão, este Conselheiro Relator aprova que o projeto “DOMADORES DE PEDRA”, nos termos em que foi proposto, é relevante e oportuno, podendo vir a receber incentivos de até R$ 226.676,20 (duzentos e vinte e seis mil seiscentos e setenta e seis reais com vinte centavos) do Sistema Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 7 de outubro de 2013.
Leandro Artur Anton
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 14 horas do dia 7 de outubro de 2013.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Alcy Cheuiche, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo, Manoelito Carlos Savaris, Maturino Salvador Santos da Luz, Vinicius Vieira de Souza, Susana Fröhlich (18)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS