O projeto “Cidade Transmídia - Edição Rio Grande do Sul – 2014” é aprovado.
1 - O projeto passou pela análise técnica do sistema Pró-Cultura e foi habilitado pela Secretaria, sendo encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, para análise e emissão de parecer. A proponente é MARIA PROJETOS CULTURAIS E ARTES GRÁFICAS LTDA, que mantém endereço na rua Sofia Veloso, número 68, em Porto Alegre. O projeto foi encaminhado na área de AUDIOVISUAL: Novas mídias, tendo como responsável legal, elaboração de projeto e coordenação geral CAMILA THORMANN FARINA. Ainda constam na equipe principal Lenara Verle como coordenadora de oficinas de hipermídia, Tiago Lopes na função de coordenação de oficinas intituladas narrativas interativas, além da pessoa jurídica de Rafael Rubimna na função de direção de produção, e Christiane Ramírez exercendo a produção executiva. O total dos custos do projeto “Cidade Transmídia - Edição Rio Grande do Sul - 2014” é de R$ 129.698,00 (cento e vinte e nove mil seiscentos e noventa e oito reais), sendo R$ 129.028,00 (cento e vinte e nove mil e vinte e oito reais), solicitados ao sistema Pró-Cultura.
Cidade Transmídia - Edição Rio Grande do Sul - 2014 tem como objetivo estimular a produção hipermídia e a criatividade no Estado com a realização de oficinas para a produção de narrativas digitais, a serem compartilhadas com livre acesso na internet, mediante um aplicativo para dispositivos móveis, em quatro cidades do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul e Pelotas. Cabe mencionar que se trata da terceira edição do projeto, pois este já teve duas edições realizadas, respectivamente nas cidades de Málaga, na Espanha, e também no Rio de Janeiro, neste último premiado como Projeto Destaque pelo edital Coletividea.
O projeto inicia com a realização de oficinas, que terão duração de 3 dias cada, com vagas limitadas a 20 participantes por cidade, com estes se inscrevendo gratuitamente via internet. Chama-se a atenção para a temática proposta: arte, tecnologia e linguagens contemporâneas em função da redescoberta dos espaços urbanos. A seleção dos participantes se dará com base na justificativa apresentada pelo candidato ao preencher um formulário online e nas suas aptidões técnicas para colaboração no projeto. Todas as atividades do projeto serão gratuitas, sendo divididas em 4 etapas.
Inicialmente tem início um encontro em cada uma das cidades, para a realização das atividades em espaços fechados onde serão instalados os equipamentos com ferramentas necessárias como rede de internet wi-fi, computadores, câmeras, mesas, cadeiras, entre outros equipamentos. Os participantes selecionados para as oficinas terão um primeiro contato com as possibilidades de criação propostas no escopo do projeto, e em seguida irão se reunir em grupos e serão estimulados a criar cada um o seu personagem com forte apelo afetivo, situando-se na cidade, e consequentemente integrando-o a suas lembranças e memórias relativas do seu lugar no contexto urbano.
Na sequência os participantes das oficinas aventuram-se por sua cidade com um olhar diferenciado, utilizando-se do personagem criado, deixando-se afetar pelo percurso urbano, através da escolha de lugares afetivos da cidade, em um procedimento que recebe o nome de deriva urbano, que inclui uma série de atividades no contexto de cada cidade, com destaque para o audiovisual, em que os participantes das oficinas estarão sendo acompanhados de perto por orientadores, que os auxiliam na utilização dos equipamentos, entretanto deixando-os livres nas proposições. Em seguida, o material coletado durante a interação dos participantes do curso com o espaço urbano é editado pelos grupos sob a supervisão dos orientadores do projeto. Esta etapa dá origem a fragmentos audiovisuais que, ao final, são publicados em um mapa digital integrado à plataforma online do projeto. Para a edição é prevista a criação de um aplicativo para dispositivos móveis do projeto, com o propósito de aumentar o engajamento dos participantes nas atividades propostas e oferecer mais uma forma de comunicar os resultados alcançados para outros públicos. Esse aplicativo é um dos elementos que garantem a continuidade das ações e seus desdobramentos futuros.
Por fim, concluídas estas etapas, ocorre a realização de um Encontro Aberto, que se trata de um evento com a finalidade de divulgação dos resultados e debate com as comunidades locais de cada uma das quatro cidades. Nesse momento os participantes apresentam os conteúdos transmídiaticos produzidos durante as oficinas, promovendo o debate sobre características das regiões mapeadas e da relação das cidades com seus habitantes.
É o relatório.
2 - O projeto Cidade Transmídia - Edição Rio Grande do Sul - 2014 apresenta uma proposta com relevante mérito, pois, utilizando-se da tecnologia, cria ações e fortalece redes dispostas a tornar visível o contexto urbano em que vivemos, embasada principalmente na experiência coletiva, primando pela diversidade cultural. A proposta ainda se diferencia por ter uma finalidade virtual inserida na contemporaneidade, priorizando a diversidade cultural, agregando atividades que buscam valorizar o processo em detrimento de uma gama de produtos entregues no final, o que é muito corriqueiro em projetos culturais tradicionais. A proposta se destaca por utilizar os recursos tecnológicos e o conhecimento técnico para desenvolver uma plataforma com produção de hipermídia e criatividade buscando como resultado narrativas digitais e promovendo o intercâmbio entre as pessoas, a cidade e as diferentes áreas, priorizando ações que busquem a transversalidade.
No projeto a cidade passa a ser um lugar de comunicação, no sentido de deslocamentos e de relação. Partindo do ambiente urbano, físico, concreto e geográfico, protagonistas colhem dados e vivenciam momentos de troca, e em seguida navegam no mundo virtual onde escrevem, apreciam, criam, produzem e trocam imagens, filmes e músicas com diferentes usuários, inclusive com aqueles que não estão participando diretamente das ações. Acontece então uma extensão do seu espaço e limitações geográficas, a cidade transmídiática, que permite ao usuário experiências híbridas com espaço e tempo que se projetam além das dimensões arquitetônicas e rotinas formais corriqueiras, seja de uma pequena cidade do interior ou de uma grande metrópole, projetando quem sabe já em tempo real um cibercidadão. Mesmo que a proposta inclua oficinas em sua formulação, além de audiovisuais e fotografias, ela muito se assemelha às novas demandas da sociedade civil, que vem diminuindo a importância dada aos ditos produtos finais e mudando o foco das ações com vistas a novos estímulos em cadeia. Cabe ressaltar que cada vez mais projetos como esses começarão a circular pelos conselhos e comissões de todo o país, tendo em vista a crescente disseminação de editais específicos sobre o tema, como, por exemplo, o edital FAC – processos colaborativos, recentemente lançado pela Sedac RS, em que se dá prioridade aos processos de colaboração e consequente transversalidade de informações. Esses editais ainda estão em fase embrionária, insuficientes se comparados com a real demanda que a nova geração de artistas tem. Nesses projetos não se espera um produto final como um livro ou uma palestra, por exemplo, e sim como ele irá influenciar atuais redes existentes ou mesmo potencializar a criação de novas.
O mérito do projeto proposto ganha destaque principalmente pelo fato de a proponente, junto com a equipe técnica, estar atenta a um campo transmidiático repleto de novidades por segundo, inclusive se influenciando diretamente por isso. E quem está neste território virtual é confrontado e estimulado por estes conhecimentos sem precedência na história da humanidade, em que a diversidade cultural está cada vez mais latente, e agora reforçada pela tecnologia em rápida transformação. Estes conhecimentos não têm critérios nem referencias palpáveis de uma era anterior à inserção das sucessivas técnicas informatizadas do mundo virtual. O projeto Cidade Transmídia - Edição Rio Grande do Sul – 2014 se fortalece justamente por estarmos em meio a uma revolução digital. Em contrapartida, cabe perguntar se o atual sistema de aprovação de projetos está preparado para atender a essas crescentes demandas, que via de regra não se enquadram nas tradicionais áreas como Artes Visuais, Cinema, Literatura, Artes Cênicas, entre outras.
Menciono, conforme consta na própria formulação, um trecho do professor Antonio Albino Canelas Rubim, que destaca que “a cena contemporânea comporta um complexo conjunto de dinâmicas e de camadas de sentido que se sobrepõem, mesclam, conflitam, negociam e conformam culturas híbridas. Não por acaso, a discussão sobre a diversidade cultural tornou-se vital hoje, demandando inclusive uma conferência da UNESCO, realizada em outubro de 2005, a qual discutiu e aprovou uma convenção internacional essencial para a vida cultural de todo o mundo e para a preservação e desenvolvimento de sua maior riqueza : a diversidade cultural, tão fundamental quanto a biodiversidade para o futuro do planeta e da humanidade”. Ora, sabendo que estamos vivendo uma experiência digital única, penso ser pertinente possibilitarmos que 80 pessoas (20 por oficina), em quatro cidades do Rio Grande do Sul, possam viver parte dessa experiência de transformação atual da história, possibilitando que elas se instrumentalizem para potencializar uma formação através do conhecimento e da troca, para que se perceba seu envolvimento urbano, suas memórias, seus laços de afetividade, seu potencial criativo e suas projeções futuras, assim como os desdobramentos em rede que daí surgirão, estimulando e valorizando a diversidade cultural, através do resgate de histórias e memórias locais das regiões mapeadas, promovendo a troca de experiências e o intercâmbio e a troca de experiências entre as comunidades locais e os participantes, através de um projeto gratuito e de livre acesso para a população.
Também informo a glosa do item 1.5 da planilha orçamentária, por se tratar de integrante vinculado ao poder público do estado.
3. Em conclusão, o projeto “Cidade Transmídia - Edição Rio Grande do Sul - 2014” é aprovado, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos no valor de até R$ 122.528,00 (cento e vinte e dois mil quinhentos e vinte e oito reais) do Sistema Estadual de Financiamento e Incentivos às Atividades Culturais. Entretanto, condiciono a liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas legais de prevenção de incêndios nos locais em que ocorrerão atividades em lugares fechados.
Porto Alegre, 22 de outubro de 2013.
Vinicius Vieira de Souza
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 14 horas do dia 22 de outubro de 2013.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer, Hamilton Dias Braga, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, José Mariano Bersch, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo, Manoelito Carlos Savaris, Maturino Salvador Santos da Luz, Gilson Petrillo Nunes, Susana Fröhlich, Gisele Pereira Meyer (18)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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