O projeto “Meu nome é Jorge” é aprovado.
1 – O projeto “Meu Nome é Jorge” contempla a realização de um filme longa-metragem no estilo “docudrama”, baseado no livro homônimo escrito por Jorge Luiz Martins. O livro Meu nome é Jorge foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre em 2010 e consagrou-se como uma dos livros mais vendidos na feira naquele ano.
Para a produção do longa-metragem, o proponente é Panda Filmes LTDA, CEPC 2248, cujo responsável legal é Luiz Alberto Rodrigues. A direção do filme fica a cargo de Claudio Antonio Pereira, o roteiro é assinado por Eduardo Vega Cabeda e na equipe técnica ainda consta: Isabel Cristina Feix, como produtora executiva; Bruno Bortoluz Polidoro como diretor de fotografia e operador de câmera; André Luiz Sittoni de Oliveira como diretor de som; Eduardo Antunes como diretor de arte; Alfredo Barros como montador, BETO STRADA - José Roberto Nogueira de Souza como diretor musical, compositor e arranjador entre outros.
O projeto tem duração de 09 meses e entre os objetivos apresentados, estão:
1 - Inovar na linguagem documental, através de representações e depoimentos;
2 - Entreter e envolver o público com a narrativa;
3 - Estimular a reflexão sobre outras realidades sociais e sobre os esforços de ascensão;
4 - Gerar postos de trabalho para profissionais, técnicos e artistas gaúchos.
Nascido em uma família pobre na periferia de Novo Hamburgo/RS. Jorge era muito apegado à sua avó Elvira, que lhe salvou a vida quando em seu nascimento improvisou para ele um berço, usando uma caixa de sapato forrada com algodão. No livro e no filme, a história de Jorge é contada por depoimentos do próprio Jorge e de outras pessoas que o conheceram, como parentes e amigos, e pessoas que o ajudaram em sua jornada de vida.
Com a morte de avó, sua tia Linda o fez prometer que se tornaria um Homem de Bem e, foi essa promessa que o salvou quando Jorge foi expulso de casa por seu tio. Não tendo onde dormir foi ajudado pelo funcionário de um Ferro Velho que o deixava dormir dentro das carcaças dos carros. Ainda muito jovem Jorge entrou para o mundo da prostituição e foi perseguido por um cliente obsessivo que o obrigou, até mesmo, a cometer delitos. Jorge com uma jornada notável e ímpar de superação conseguiu estudar, formar-se em um curso superior e ascender socialmente, sempre através de muita luta.
Em linhas gerais, esta é a história que será contada sem barreiras e preconceitos no filme cujas cenas serão gravadas nas cidades de Novo Hamburgo e Porto Alegre.
O que o filme traz de novo é a simulação da vida de Jorge aparecendo como uma ficção, baseada em fatos reais, construída pela ótica do Diretor em formato de "Docudrama". Na obra documental aparecerão depoentes falando sobre os acontecimentos e momentos da vida de Jorge. Suas falas, em determinados trechos do filme, servirão como narração da história de Jorge. Estes depoimentos servirão para guiar as reconstruções da vida de Jorge. Desta forma, haverá uma convergência entre documentário e ficção, bem como a convergência das linguagens ficcional e documental. Outro aspecto que torna as sequências ficcionais, baseadas na vida de Jorge, ainda mais autônomas é a estética. Como Jorge era um menino muito imaginativo, ele conseguia transcender as situações reais através de sua mente criadora, e no filme isso será mostrado através da transformação de uma caixa de papelão em um quarto infantil.
O projeto está orçando em R$ 1.040.305,70 (Hum milhão e quarenta trezentos e cinco reais com setenta centavos), sendo solicitados pelo sistema Lic 97,89% do total do orçamento, divididos em:
Produção e Execução – R$ 862.272,70
Divulgação – R$ 49.086,00
Administração – R$ 121.147,00
Impostos/Taxas e Seguros – R$ 7.800,00
O projeto entrou no sistema em 02/07/2013 e após diligência do SAT, que glosou alguns valores e habilitou o projeto com valor total de R$ 993.305,70 (Novecentos e noventa e três mil e trezentos e cinco reais com setenta centavos). Em 03/09/2013 o projeto foi entregue para essa relatora.
É o relatório.
2 – O projeto encontra-se bem instruído e possui todos os elementos necessários para a analise de mérito. O orçamento está adequado para a realização de um filme longa-metragem ao estilo “docudrama” de médio porte. Destaca-se que toda a equipe artística e técnica é fornada por gaúchos e as filmagens aconteceram em várias cidades do estado.
O livro/filme Meu nome é Jorge é um exemplo de resistência. Nele, o autor nos mostra, na prática, aquilo que, em tese, os especialistas reiteram todos os dias: a importância da família na formação humana. Essa é a principal mensagem do projeto, mostrar as pessoas como a manutenção de vínculos familiares, em todas as circunstâncias da vida, é fundamental para vencer.
No roteiro apresentado, é relatada uma história de vida desde o primeiro berço em uma caixa de sapatos até a construção dos meios para uma sobrevivência digna, a árdua construção de um projeto de vida, a formação acadêmica. Todas as portas que se abriram para Jorge o levariam invariavelmente à marginalidade e ao crime. Mas outros elementos de sua personalidade, além do apego à família, ajudaram-no a superar todo tipo de obstáculos que a ele se apresentaram já a partir da primeira infância.
Jorge Martins nasceu em Novo Hamburgo. A mãe tinha problemas mentais e o pai, homem violento, o agredia. Diante dessa atmosfera nada propícia para o início de uma construção de vida, foi morar com a avó, de quem recebeu todo o carinho e a atenção necessárias a sua sobrevivência. Mas, quando ainda tinha apenas dez anos, a avó morreu. Aí recomeçou uma luta para ocupar seu lugar ao sol. Foi para a rua, morou um tempo com o pai que o agredia e o submetia a atividades incompatíveis com a idade, mas não aguentou os maus tratos que se repetiam. Então, retornou à rua, onde perambulava dia e noite, alimentando-se de restos de comida, de doações, dormindo em praças e até no cemitério da cidade.
Depois de viver nas ruas de Novo Hamburgo, veio para Porto Alegre, trazido por uma pessoa que lhe prometeu uma vida melhor. Viveu durante algum tempo na praça da Alfândega, conviveu com pessoas de baixo valor moral e ético, mas sempre com os olhos voltados para algo que, tinha certeza, o levaria a um caminho de luz e harmonia. Caiu em emboscadas armadas por inimigos, esteve preso, mas, em função de sua fortaleza moral e da arte de cultivar boas amizades, conseguiu vencer todas as adversidades.
Depois de duras batalhas contra o preconceito, conquistou um emprego digno, ganhou confiança dos chefes, montou um negócio próprio, prosperou, formou-se em Administração, tornou-se empresário e hoje atua também como ator, sendo um dos mais requisitados do cinema e da televisão do Rio Grande do Sul.
Lido o parágrafo anterior, desde já, afirmo que é inegável o mérito cultural e artístico do projeto. Uma trajetória como essa merece ampla divulgação, para que, pessoas em circunstâncias parecidas possam se inspirar em um exemplo vencedor.
O cinema trilha o caminho de luta. É preciso mais que uma boa equipe, boa infraestrutura e verbas, mas para produzir um filme de qualidade é preciso fundamentalmente uma boa história. Entre a classe cinematográfica, é comum o uso da frase: “Um roteiro bom, pode resultar em um filme ruim, mas nunca um roteiro ruim pode gerar um filme bom.”
Ciente disso, a história de vida de Jorge apresentada no livro e em equilíbrio com o roteiro anexado a esse projeto, torna a proposta de adaptação do livro para um filme longa-metragem uma oportunidade artística ousada, inspiradora e merecedora da aprovação do Sistema LIC.
3 – Em conclusão, o projeto “Meu nome é Jorge” é aprovado, podendo vir a receber incentivos do Sistema Pró-Cultura no valor de até R$ 971.305,70 (Novecentos e noventa e três mil e trezentos e cinco reais com setenta centavos) do Sistema Pro Cultura.
Porto Alegre, 31 de outubro de 2013.
Daniela Carvalhal Israel
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 14 horas do dia 4 de novembro de 2013.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Franklin Cunha, Hamilton Dias Braga, Leoveral Golzer Soares, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Maturino Salvador Santos da Luz, Vinicius Vieira de Souza, Gilson Petrillo Nunes, Susana Fröhlich, Gisele Pereira Meyer (14)
Abstenções: Adriano José Eli (01)
Impedimentos: Gilberto Herschdorfer (01)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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