O projeto “BONECOS NA QUARTA COLÔNIA II” é aprovado.
1 - O projeto passou pela análise técnica do sistema Pró-Cultura e foi habilitado pela Secretaria, sendo encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, para análise e emissão de parecer. O proponente é GRUPO PREGANDO PEÇA, que mantém endereço na Rua Marechal Carneiro, número 383, no bairro Dores, no município de Santa Maria. Foi encaminhado na área de Artes Cênicas – teatro, tendo como produtor cultural a pessoa jurídica do Grupo Pregando Peça, e como responsável legal, proponente e responsável pela supervisão técnica LUCIANE CALDEIRA VILANOVA. Ainda aparecem na ficha técnica a pessoa jurídica de Engenho da Arte, nas funções de coordenação geral e produção executiva, Eduardo Oliveira, como contador, e Happening Consutoria e Eventos, na captação de recursos. O total dos custos do projeto “BONECOS NA QUARTA COLÔNIA II” é de R$ 172.673,75 (cento e setenta e dois mil seiscentos e setenta e três reais e setenta e cinco centavos), sendo os valores integralmente solicitados ao sistema Pró-Cultura. Esses valores incluem CACHÊ DE ARTISTAS, PROFISSIONAIS TÉCNICOS, SERVIÇO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS, ORGANIZAÇÃO, NECESSIDADES DE LOGÍSTICA, TRANSPORTE, HOTEL, ALIMENTAÇÃO, CONTRARREGRA, DIREÇÃO ARTÍSTICA, ANÚNCIOS, MÍDIAS RÁDIO E TV, PRODUÇÃO DE MATERIAL GRÁFICO, FLYERS, CARTAZES, ENTRE OUTRAS RUBRICAS PRESENTES NA PLANILHA ORÇAMENTÁRIA.
De maneira geral, o projeto “BONECOS NA QUARTA COLÔNIA II” prevê a circulação dos espetáculos “O Príncipe e o Dragão” e “Bonecrônicas”, prevendo 28 apresentações, contemplando os municípios de Faxinal do Soturno, Silveira Martins, Ivorá, Nova Palma, São João do Polêsine, Dona Francisca, Agudo, Pinhal Grande, Restinga Seca e Itaara. Os espetáculos serão apresentados em escolas, centros comunitários, clubes e em espaços abertos. Dentro das atividades previstas estão incluídas também mais de 200 horas de oficinas para crianças, professores e comunidade em geral. As atividades serão gratuitas, e objetivam democratizar o acesso à arte e à cultura por meio de apresentações teatrais e oficinas artístico-culturais, buscando fortalecer uma rede de relações entre as cidades citadas.
A programação será desenvolvida em 2014, com a pré-produção, a produção e a execução das apresentações previstas para iniciar ainda no primeiro semestre de 2014, culminando em 23 apresentações da peça “O Príncipe e o Dragão”, do grupo de teatro Pregando Peça, de Santa Maria, e 5 apresentações do espetáculo “Bonecrônicas”, do grupo Anima Sonho, de Porto Alegre. Já as oficinas se dividirão em 100 horas/aula para professores, outras 100 horas/aula de teatro de bonecos, além de 10 oficinas de cartum.
É o relatório.
2 - O projeto “BONECOS NA QUARTA COLÔNIA II” apresenta uma proposta com relevante mérito, pois o proponente prevê o intercâmbio de experiências e ações coletivas entre diferentes segmentos da população de cidades integradas, estimulando a circulação dos bens culturais e valores através da arte cênica, com o objetivo de reduzir desigualdades sociais e regionais, fortalecendo assim as redes de colaboração, com crescente interação entre participantes e artistas, assim contribuindo para o desenvolvimento intelectual, físico e criativo daqueles que via de regra não têm a oportunidade de interagir em atividades como esta.
O projeto ganha força por ampliar o segmento cênico, mediante a prática teatral de bonecos, organizando ações interativas que fortalecem a troca entre profissionais e amadores, o que incentiva formação de grupos artísticos nas escolas, proporcionando a multiplicação do Teatro de Bonecos como linguagem popular e também como vetor de políticas públicas culturais que estimulem a participação da sociedade civil junto com órgãos públicos e lugares de formação do indivíduo, que incluem centros comunitários, clubes, bibliotecas, além dos já mencionados espaços de educação.
A proposta é ampla, bem justificada e coerente com o público que pretende contemplar. Cabe ilustrar e fazer um paralelo com as noções originadas no âmbito da estética da recepção literária para avaliar a dramaturgia atual, de José Sanchis Sinisterra, que na Dramaturgia da recepção / teatro do pequeno gesto (Sinisterra, José Sanchis. Dramaturgia da recepção. In folhetim Rio de Janeiro: Teatro do pequeno gesto.n13p.68-79), afirma que “o problema consiste em transformar o ‘espectador empírico’ em um real ‘receptor implícito’ ou ideal, sendo o primeiro assimilável por essa entidade indefinida chamada de ‘o Público’, cuja conquista mobiliza todos aqueles que participam dos processos de produção e criação.” Como ressalta o autor, paradoxalmente, o espectador empírico ou real é uma figura virtual, hipotética, uma vez que no momento da criação, não se sabe sequer se ele existirá. Já o receptor implícito, ideal e o real, sabe-se muito pouco.
O desafio para os encenadores está no trânsito entre este receptor ideal, implícito, e um hipotético espectador empírico ou real, ou seja, em configurar uma estrutura de efeitos que transforme este último em alguém capaz de aprender os processos de significação de um espetáculo teatral, que, assim como a leitura de um romance, é um processo interativo; não se trata de uma emissão unilateral de signos, mas de um processo baseado no princípio da retro-alimentação, em que estruturas indeterminadas de significados são propostas para que o leitor as preencha com sua experiência: o autor produz um texto e o leitor converte esse texto em obra de arte, o autor produz um objeto artístico e o leitor, nessa interação, produz um fenômeno estético.
A estrutura proposta no projeto “BONECOS NA QUARTA COLÔNIA II” está baseada no conceito de recepção de um público proposital ou ocasional, que varia de cidade para cidade, cumprindo assim um papel determinante como parte das metas das políticas públicas em voga na contemporaneidade, tendo em vista que o palco pode ser em qualquer espaço e as atividades oportunizarão a participação de um público diverso e inusitado. Sabemos da atual realidade e condições da maioria das cidades do interior do Rio Grande do Sul, onde muitas vezes o ginásio de esportes é o local das grandes atividades, e que em lugares como esse é que acontece a inclusão social, pois a comunidade se encontra, e os diversos saberes podem se somar, abrangendo um vasto conjunto de ações que vão gerar feitos de grande relevância, contribuindo para o sucesso das políticas públicas locais, integrando ações com as agendas locais, estimulando assim o acesso e ampliando a oferta de serviços culturais, através da valorização de profissionais qualificados, que terão a oportunidade de trocar conhecimento com os protagonistas de cada cidade, formando públicos voltados para a apreciação artística dessa natureza.
3. Em conclusão, o projeto “BONECOS DA QUARTA COLÔNIA II” é aprovado, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos no valor de até R$ 172.673,75 (cento e setenta e dois mil, seiscentos e setenta e três reais e setenta e cinco centavos), do Sistema Estadual de Financiamento e Incentivos às Atividades Culturais. Entretanto, condiciono a liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais à comprovação junto ao gestor do sistema do cumprimento das normas legais de prevenção de incêndios nos locais em que ocorrerão as atividades.
Porto Alegre, 27 de janeiro de 2014.
Vinicius Vieira de Souza
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 14 horas do dia 27 de janeiro de 2014.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Maria Eunice Azambuja de Araújo, Alcy Cheuiche, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Manoelito Carlos Savaris, Susana Fröhlich (15)
Impedimentos: Graziela de Castro Saraiva (01)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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