O projeto “O ACORDEON: DIFERENTES PERCEPÇÕES SONORAS AO CONDUZIR O FOLE” é aprovado.
1 – O projeto é apresentado pelo GRUPO PREGANDO PEÇA.
Foi submetido à análise técnica por parte do Sistema Pró-Cultura e habilitado pela Secretaria, tendo sido encaminhado a este Conselho, para parecer, nos termos da legislação em vigor. O projeto apresenta como responsável legal LUCIANE CALDEIRA VILANOVA.
Constam os responsáveis pela contadoria, coordenação e administração.
Trata-se de evento não vinculado a data fixa.
O projeto consiste “na realização de 12 shows de música instrumental e 12 workshops com músicos acordeonistas, que através do mesmo instrumento traduzem diferentes estilos, percepções e sonoridades dentro da música brasileira, apresentando-se na ‘Fábrica de Gaiteiros’, localizada em Barra do Ribeiro, às margens do Rio Guaíba, para 3.000 pessoas. Serão 12 músicos convidados, de diferentes idades, gerações e estilos musicais, tendo em comum o acordeom, mas com diferentes formações, passando por música instrumental regional rio-grandense, regional caipira, música da região do Prata, música para danças folclóricas, música popular brasileira e música erudita.”
O projeto foi pré-selecionado pelo EDITAL NATURA MUSICAL – formação, documentação e legado, na modalidade formação de público.
Entre seus objetivos, podem-se destacar:
“- Contribuir na construção, resgate, preservação e perpetuação da música instrumental regional do acordeom e na formação de novos públicos, por meio da interação entre alunos de música e músicos profissionais.
- Apresentar a diversidade da cultura do acordeom.
- Transformar a ‘Fábrica de Gaiteiros’ num espaço de referência, para fortalecer e fomentar a prática do instrumento.” O processo está devidamente instruído.
Para sua completa realização, os custos do projeto alcançam o valor de R$ 253.000,00, integralmente solicitados ao Sistema Pró-Cultura.
É o relatório.
2 – A facilidade com que não nos damos conta da grandeza de algo quando o temos demasiado integrado ao nosso cotidiano e à nossa intimidade é algo que se aponta com muita frequência – mas nunca o suficiente para que deixe de ser assim.
O acordeom – a “gaita”, como preferimos chamá-la no Rio Grande, respeitadas todas as suas variedades – é algo popular e corrente na linguagem musical do estado há algo mais do que cem anos. Sua capacidade de volume de som e adaptabilidade às surgentes formas musicais bailáveis, no período imediatamente posterior à Guerra do Paraguai, coincidente com a chegada de grandes correntes de imigrantes – sobretudo, neste caso, os italianos – fez com que muito cedo fosse detectada sua capacidade de supremacia e protagonismo. Não por outra razão, surge na época a quadrinha:
“A gaita matou a viola
O fosfre matou o isqueiro
A bombacha, o chiripa
E a moda o uso campeiro.”
O acordeom, que afinal era quase uma novidade, inventado havia poucas décadas na Europa, já chegava potente, tecnológico e inovador: como o fósforo, a bombacha ou a moda...
De lá para cá, não há como inventariar mentalmente a música popular gaúcha, sobretudo de referência rural, sem pensar na gaita – mesmo que, às vezes, com mágoa quanto àquela mesma preponderância, como quando se usa pejorativamente o neologismo de sonoridade espanholada “gaitaço”.
Retornemos, então, àquela intimidade que nos impede de ver a riqueza, a diversidade, mesmo a grandeza do que nos é íntimo:
Quantos recordam, ao pensar no acordeom no Rio Grande do Sul, a infinidade de possibilidades de linguagem do instrumento; sua relação com o erudito, com outras regionalidades, com tradições particulares como as do Leste Europeu (daquelas que estão presentes, por exemplo, no som crioulo costeiro do argentino de origem ucraniana Chango Spasiuk ou na criteriosa irreverência de Nico Nicolaiewsky).
Renato Borghetti tomou para si a função de estabelecer e evidenciar esses nexos, desde que se tornou um nome da música instrumental do planeta, mas talvez principalmente a partir do trabalho laboratorial da sua Fábrica de Gaiteiros. O projeto que se examina traz uma dúzia de nomes absolutamente estelares do instrumento, capazes de estender completamente, como um fole, o panorama de sua diversidade.
A intermediação pedagógica potencializa o aproveitamento dos workshops.
A previsão de público de três mil pessoas confere ainda mais dimensão à iniciativa.
O projeto talvez se ressinta de detalhamento quanto à divulgação, a forma de convocação desse público.
Além disso, de observar que não se preveja documentar encontros dessa qualidade e transcendência.
3. Em conclusão, o projeto “O ACORDEON: DIFERENTES PERCEPÇÕES SONORAS AO CONDUZIR O FOLE” é aprovado em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 253.000,00 (duzentos e cinquenta e três mil reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 30 de outubro de 2014.
Demétrio de Freitas Xavier
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Em razão do Of. Nº 06/2014 da SEDAC, os projetos aprovados por este Conselho são considerados prioritários, sendo, portanto, dispensados da Avaliação Coletiva.
Sessão das 10 horas do dia 30 de outubro de 2014.
Presentes: 17 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: André Kryszczun, Maria Eunice Azambuja de Araújo, Leandro Artur Anton, Adriana Donato dos Reis, Élvio Pereira Vargas, Franklin Cunha, Fabrício de Albuquerque Sortica, Hamilton Dias Braga, Leoveral Golzer Soares, Milton Flores da Cunha Mattos, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Jacqueline Custódio, Vinicius Vieira, Susana Fröhlich, Walter Galvani da Silveira (15)
Neidmar Roger Charao Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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