O projeto “Canoas Tango 2ª edição” é aprovado.
1. O projeto é apresentado por PAULO ROBERTO ZANESCO, também responsável legal, que responde ainda pela coordenação administrativa. Foi submetido à análise técnica por parte do Sistema Pró-Cultura e habilitado pela Secretaria, tendo sido encaminhado a este Conselho, para parecer, nos termos da legislação em vigor. Trata-se de evento a se realizar em 22 e 23 de maio próximo, que consiste em “...uma programação que contará com a presença de renomados artistas de Buenos Aires. O evento contemplará espetáculos de dança, música, cursos de tango, mostra de fotografia e cinema. Todas as atividades serão gratuitas e acontecerão em espaços públicos da cidade com amplo acesso a toda a população de Canoas e cidades vizinhas, garantindo acessibilidade ao público.”
Os objetivos elencados são claros e o processo está devidamente instruído, atendidas as diligências do SAT. Para sua completa realização, os custos do projeto alcançam o valor de R$ 430.192,47, dos quais R$ 206.885,19 (48,09%) são solicitados ao Sistema Pró-Cultura. Compõem o restante do valor R$ 156.607,28 (36,40%) oriundos do MinC e R$ 66.700,00 (15,50%) a título de Receitas Originárias de Prefeituras.
É o relatório.
2. “Um napolitano que baila a tarantella o faz para divertir-se; o portenho que baila um tango o faz para meditar em sua sorte (que geralmente é grela) ou para arredondar maus pensamentos sobre a estrutura geral da existência humana.”
Sem dúvida, não é pouco o que Ernesto Sábato atribui ao tango, no que diz respeito à sua gravidade, seu peso. Foi ele, afinal, quem definiu essa música, emblema de sua época e de sua cidade, como “um pensamento triste que se baila”. E não será senão triste o pensamento gerado por uma sorte grela (grela significa mulher, em lunfardo – mas a partir dos primeiros versos do tango Yira, yira, de Discépolo: “Cuando la suerte que es grela, fayando y fayando te largue parao”; passa a indicar, por analogia sexista, o que engana, o que falha.)
O que, no entanto, nem mesmo escritores geniais podem evitar, é a ressignificação infinita das manifestações culturais capazes de maior transcendência, pelo tempo e pelo mundo afora.
O que é tango, em Canoas, em 2015? O que tem que ver com os negros das cidades portuárias platinas do início do século XX ou os “compadritos” de Borges? O que nos emociona no tango cego de Al Pacino em Perfume de Mulher é o mesmo que nos comove assistindo àquele mesmo Por una cabeza, no videoclipe de Gardel argentinamente considerado pelos argentinos como um dos primeiros do mundo?
O tango febre europeia, o tango mania japonesa, talvez tenham mais relação com o que acontece em Canoas do que o tango de San Telmo dos anos 20 – mesmo que sejamos tão platinos e que tenhamos tangueiros de alma e de lei mesmo no samba, em nossas latitudes sulistas – e é claro que falo de Lupicínio. O samba, o flamenco, o jazz, o blues, a música andina, afinal, sofrem perdas de essência original proporcionais ao ganho de alcance temporal e geográfico. Paralelamente, no entanto, como bem coloca o projeto, essas linguagens cada vez mais se retroalimentam, criando uma perspectiva infinita de novas possibilidades.
Canoas, então, sedia, pela segunda vez, o Tango do mundo. Estima-se público de sete mil pessoas, a exemplo da primeira edição. Fica claro, em resposta à diligência do SAT, que o caráter gratuito e a utilização de espaços públicos são o que permite essa estimativa – número que não seria alcançado apenas com os espetáculos no espaço locado.
A presença do cinema, os cursos de dança ministrados por uma companhia que leva o criativo anti-nome “No Bailarás!”; a solidez de figuras como Brian Chambouleyron e Edgardo Cozarinsky, tudo aponta para um evento fundamental.
A planilha de custos é razoável e detalhada e foram anexados todos os documentos necessários à instrução do projeto.
3. Em conclusão, o projeto “Canoas Tango 2ª edição” é aprovado em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos fiscais até o valor de R$ 206.885,19 (duzentos e seis mil, oitocentos e oitenta e cinco reais e dezenove centavos) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 09 de março de 2015.
Demétrio de Freitas Xavier
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Em razão do Of. Nº 06/2014 da SEDAC, os projetos aprovados por este Conselho são considerados prioritários, sendo, portanto, dispensados da Avaliação Coletiva.
Sessão das 14 horas do dia 9 de março de 2015.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Maria Eunice Azambuja de Araújo, Aldo Gonçalves Cardoso Júnior, Leandro Artur Anton, Adriana Donato dos Reis, Élvio Pereira Vargas, Fabrício de Albuquerque Sortica, Hamilton Dias Braga, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Lisete Bertotto Corrêa, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Jacqueline Custódio, Vinicius Vieira, Susana Fröhlich, Walter Galvani da Silveira (15)
Ausentes no momento da votação: Franklin Cunha (01)
Neidmar Roger Charao Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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