O projeto “29ª MOENDA DA CANÇÃO E V INSTRUMENTAL” é aprovado.
1. O projeto é apresentado por MOENDA-ASSOCIAÇÃO DE CULTURA E ARTE NATIVA.
O responsável legal é Luciano Gomes Peixoto.
Foi submetido à análise técnica por parte do Sistema Pró-Cultura e habilitado pela Secretaria, tendo sido encaminhado a este Conselho, para parecer, nos termos da legislação em vigor.
Trata-se de evento a se realizar de 14 a 16 de agosto próximo, que consiste em um “(...) festival de âmbito nacional, realizado em Santo Antônio da Patrulha, com cunho competitivo, promovido pela Associação Moenda com o apoio da comunidade local.” “O evento realizará, em três dias de festival, a apresentação, ao público, por seus respectivos compositores e intérpretes, tendo vinte (20) músicas concorrentes, sendo que 16 concorrentes com letras e 04 concorrentes no estilo instrumental, ambos os estilos inéditos e previamente selecionadas por júri especializado, vindas de diversas regiões do Estado e País, classificando-se para a final doze (12) músicas, escolhidas pelos mesmo jurados. As músicas a serem premiadas no evento também serão escolhidas por tais jurados, e uma música será eleita pelo voto popular. Além das apresentações das concorrentes, cada noite contará com shows de abertura e encerramento e intervenções artísticas de intervalo, com atrações locais e regionais. Todo o evento ocorrerá nas dependências do Ginásio Municipal Caetano Tedesco, para um público total esperado de nove mil pessoas.”
Prevê-se, ainda, realizar, desde os dias anteriores ao evento, oficinas e atividades artísticas relacionadas ao festival, junto aos estudantes das escolas do município. Tais atividades não representarão custo ao projeto, não estando contempladas na planilha.
Os objetivos elencados são claros, e o processo está devidamente instruído, atendidas as diligências do SAT.
Para sua completa realização, os custos do projeto alcançam o valor de R$ 386.050,00, dos quais R$ 308.150,00 ou 79,82% solicitados ao Sistema Pró-Cultura. Os R$ 77.900,00 restantes – 20,18% – constituem receitas de comercialização.
É o relatório.
2. É notável a importância que a Moenda alcançou, entre os festivais do estado, no sentido da atração que exerce sobre artistas e da sua capacidade de promover uma variedade de linguagens de música popular, em âmbito gaúcho e brasileiro.
Baste como exemplo citar os ritmos e formatos musicais classificados na última edição: valsa, blues, pop, samba, canção litorânea, samba-rock, milonga, chacarera, chamamé, folia de reis, salsa, rancheira, choro e xote.
Além da evidente deliberação de cobrir um espectro variado de sonoridades e referências, em contraposição ao rigor gauchesco ou localista de uma boa parte dos festivais, talvez seja útil mencionar algo a respeito da própria condição histórica de Santo Antônio da Patrulha.
Em recente entrevista, um jovem músico talentoso e destacado, natural daquele antigo município litorâneo, chamava a atenção para a evidência de que o patrulhense não se assemelha muito, de fato, ao habitante da campanha sul e sudoeste do estado, ou das Missões – aquele que costuma servir de referência identitária privilegiada para o imaginário regionalista.
Ao contrário, esse lugar canavieiro, litorâneo, açorita, nascido como posto de controle de tropas que demandavam os mercados mineiros e paulistas, sobretudo Sorocaba, sempre teve uma feição parecida ao sertão do sudeste brasileiro.
É zona de ternos de reis; de manifestações afro-rio-grandenses litorâneas; de compreensão mais fácil da música dos violeiros paulistas e mineiros, talvez graças a algum antigo DNA muladeiro. Seria natural que essa moenda recebesse todas as informações disponíveis numa concepção livre de música popular, para processá-las e restituí-las ao povo – também ele vário e plural – em produtos que nos podem soar distantes entre si, como o gosto da rapadura e o de uma cachaça azul, dessas que por lá eles dizem que têm a cor do céu.
A Moenda é sempre destaque num ambiente musical em que muitas vezes falta um Santo Antônio – aquele que recupera as coisas perdidas, como poderiam ser a verdade histórica, o valor do popular e o caminho para o novo – e por outro lado sobejam, lamentavelmente, as patrulhas.
Não por outra razão está na 29ª edição – quinta do certame instrumental, sempre de qualidade excelente. Notável, no mesmo sentido, a captação integral do valor habilitado nas últimas três edições.
Louváveis os shows em homenagem a Lupicínio e aos 180 anos da Revolução Farroupilha, inclusive pela demonstração de pluralidade que significa o figurarem lado a lado.
Estima-se público de nove mil pessoas. O plano de comercialização peca pela inexpressiva destinação de ingressos promocionais (apenas 50, para 2500 integrais). Desde já recomendável a ampliação dessa reserva. Causa estranheza a ausência da prefeitura municipal na iniciativa.
A planilha de custos é razoável e detalhada, e foram anexados todos os documentos necessários à instrução do projeto.
3. Em conclusão, o projeto “29ª MOENDA DA CANÇÃO E V INSTRUMENTAL” é aprovado, por seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 308.150,00 (trezentos e oito mil, cento e cinquenta reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 25 de março de 2015.
Demétrio de Freitas Xavier
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Em razão do Of. Nº 06/2014 da SEDAC, os projetos aprovados por este Conselho são considerados prioritários, sendo, portanto, dispensados da Avaliação Coletiva.
Sessão das 10 horas do dia 25 de março de 2015.
Presentes: 16 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Leandro Artur Anton, Adriana Donato dos Reis, Élvio Pereira Vargas, Fabrício de Albuquerque Sortica, Hamilton Dias Braga, Milton Flores da Cunha Mattos, Loma Berenice Gomes Pereira, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Jacqueline Custódio, Susana Fröhlich, Walter Galvani da Silveira (12)
Ausentes no momento da votação: Franklin Cunha, Vinicius Vieira (02)
Neidmar Roger Charao Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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