O projeto “EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL CARLOS VERGARA- PRIMEIRA EDIÇÃO- 2015” é aprovado.
1. O Projeto – Pelas palavras do proponente: Esta proposta tem como objetivo contribuir para universalização do acesso à arte contemporânea brasileira através da realização da exposição de obras do artista Carlos Vergara. É possível observar que a arte contemporânea vem sendo valorizada e popularizada no Brasil, seja por meio do aumento de público nas bienais ou no interesse por espaços como a Fundação Iberê Camargo. A população gaúcha, geograficamente deslocada do grande centro do país, carece de oportunidades para fruição de diferentes manifestações artísticas contemporâneas. Percebe-se também a necessidade de disponibilizar espaços qualificados para que os artistas brasileiros contemporâneos possam expor as suas obras para além do eixo Rio-São Paulo. Neste sentido, o Instituto Ling, situado em Porto Alegre – RS, visa atender a esta demanda, sediando exposições de artistas contemporâneos e com acesso gratuito para toda a população.
(...) Desde sua abertura, em novembro de 2014, o Instituto Ling, recebeu quase 6.000 visitantes, entre convidados e público consumidor para seus cursos e a programação cultural.
(...) de dezembro a janeiro circularam no centro cultural mais de 2.000 pessoas, com atividades de grande procura, entre outros: espetáculos teatrais, sessões comentadas de cinema, shows e concertos lotados, além dos cursos livres de curta duração com temas sobre o conhecimento humano.
(...) Em recente pesquisa de satisfação, a programação cultural oferecida pelo Instituto Ling obteve um índice de 90% de aprovação (notas entre 9 e 10) em quesitos como qualidade e diversidade para os produtos culturais, sendo que 44,74% foram originados da exposição de artes visuais.
(...) Planejamos para 2015: realizar exposições de artes visuais com relevantes nomes do mercado brasileiro. Convidados: Carlos Vergara e José Resende. O Instituto Ling integrará o circuito expositivo da Bienal do Mercosul.
(...) SOBRE O ARTISTA – CARLOS VERGARA, nascido em Santa Maria no ano de 1941. Tem um trânsito em diferentes espaços da arte contemporânea brasileira. É gravador, fotógrafo e pintor. Atualmente vive no Rio de Janeiro, dedicando-se à produção artística desde os anos 50. No ano de 1963, suas obras de artesanato foram expostas na “Sétima Bienal Internacional de São Paulo”, estiveram presentes na marcante exposição Opinião 65, junto com os artistas Waldemar Cordeiro, Antonio Dias, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Hélio Oiticica e Roberto Magalhães. É notável o seu envolvimento quando esteve realizando estudos com Iberê Camargo. Foi um dos organizadores da mostra Nova Objetividade Brasileira, que procurava fazer um balanço da vanguarda brasileira. Atuou ainda como cenógrafo e figurinista de peças teatrais. Seu interesse por personagens e a dinâmica do carnaval do Rio de Janeiro também marcam a transição entre os anos 60 e 70. Na década de 70, utilizou a fotografia e filmes super 8 para estabelecer reflexões sobre a realidade. Atuou ainda em parcerias com arquitetos, realizando painéis para edifícios, empregando materiais e técnicas do artesanato popular. Essas obras têm reconhecimento no Brasil e no exterior, bem como outras, nas cidades de São Paulo, Cidade do México, Paris, Tóquio e Nova York. Em 1972, publica o caderno de desenhos Texto em Branco, pela Editora Nova Fronteira. Durante os anos 80, volta à pintura, produzindo quadros abstratos geométricos, nos quais explora, principalmente, tramas de losangos que determinam campos cromáticos. No final desta década, usa pigmentos naturais e minérios, elementos de base para trabalhos em superfícies diversas. Em 1997, realiza a série Monotipias do Pantanal, na qual explora o contato direto com o meio natural, transferindo para as telas texturas de pedras ou flores, entre outros procedimentos. Ultimamente o artista volta às suas origens no interior do Rio Grande do Sul, região das Missões, pesquisando figuras pictóricas, pigmentos e elementos da natureza dos pampas, para compor uma nova série de trabalhos. Carlos Vergara integra o quadro do ITAÚ CULTURAL, alvo de uma criteriosa e exigente curadoria.
Objetivos do projeto:
Incrementar a audiência de público, compartilhando a fruição através da arte contemporânea;
Oportunizar uma exposição de altíssimo nível para os gaúchos;
Criar mercado de trabalho para egressos dos cursos de artes visuais no Rio Grande do Sul;
Oportunizar reflexões e desenvolvimento para pesquisadores e profissionais do segmento cultural;
Envolvimento de professores e estudantes do ensino médio para a criatividade de outro tipo de material reciclável e as inovações experimentadas na obra do multimídia Carlos Vergara.
Metas:
1 Exposição Individual do artista CARLOS VERGARA.
1 Palestra com a presença do artista e da curadora da exposição.
Impressão de 2.500 catálogos da exposição.
4 Oficinas Educativas.
Lembrete para os produtores:
É de vital importância que sejam destinados catálogos para as escolas, uma vez que os professores e seus alunos raramente terão acesso a este tipo de evento (só via BIENAL) e esta só acontece cinco vezes numa década.
Recursos do proponente: R$ 50.440,00, representando 20,01% do valor do projeto.
Financiamento LIC: R$ 201.602,60, representando 79,99% do valor do projeto.
É o relatório.
2. Viagens de Gauguin e Vergara ao Gênesis da Cores
Paul Gauguin – Pintor pós-impressionista francês (1848-1903). Cansado de todos, tudo e da arte que até então desenvolvia, logo após sua mudança para Copenhagen, já separado da esposa e custeado por amigos, parte para o Taiti. A policromia exótica do mundo primitivo, as nativas e o desafio de criar uma nova pintura o absorvem. Retorna para a Europa, alterna residência em vários lugares, amadurece mais sua arte e resolve voltar para o Taiti. Coloca à venda 40 quadros, que são comprados pelos amigos, e investe no “retorno ao princípio”, um reencontro com a arte primitivista. Retorna a Paris e regressa definitivamente para o Taiti, onde finda seus dias, pincelados por vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Tão vergado quanto Carlos Vergara, trilha por uma curiosa e próxima rota que os une em arte, paixão e inquietude no lúdico ofício de prospecção aos elementos que sustentam sua temática de fruição e intensas vibrações óticas pelas cores que movimentam seus íntimos universos. As retinas de um pintor, em suas alternâncias domiciliadas por novos espaços físicos e geografias oníricas, os levam, para um redirecionamento cognitivo e sensorial, ampliando sua releitura de mundos e sensações que até então estavam plasmadas no éter das lembranças. O fluxo de consciência, atuando nos círculos da memória, movimenta fatos e realidades que foram, e agora voltam a reavivar seus cenários, protagonizando um novo sopro vivificador na vida e resultados nos grandes inventores da ARTE. Carlos Vergara nasce em Santa Maria – extremo sul do Brasil –, no ano de 1940, filho de um fazendeiro que abandona tudo e converte-se para a Igreja Episcopal, transferindo-se com mala, cuia e família para São Paulo, em 1944. A mãe é uma mulher de requintados hábitos, que nada têm a ver com burguesia. O avô tem uma loja de tecidos em Bagé. Ali, inaugura suas fundações de um futuro pintor, regidos por uma dicotômica combinação de fatos: ruptura com as origens, sacralidade e cores! Aciona-se a pontificação incidental da trajetória de um grande pintor, impulsionado pelos desafios do pai e a suas sequelas oriundas da eterna despedida de lugares e a imposta fixação em outros – molduras das personas em trânsito. Em 1954, o pai fixa residência no Rio de Janeiro e os impõe para um novo endereço: a nova casa do nosso João de Barro pintor. As lembranças para todos nós são vivências fragmentadas, passos nas areias movediças de nosso próprio tempo estático. Enquanto portadores de nossa memória arquivo, este fluxo e refluxo de acontecimentos são plenamente captáveis, prontos, para uma plataforma de lançamento, onde arte, conflito e linguagem possam urdir sua mais fiel forma de expressão. A partir de agora, em rápidas pinceladas, vamos abrir o diálogo e os paralelos temáticos e cromáticos de Gauguin e Vergara: Gauguin, em sua frenética vida, sempre foi um retirante da civilização na busca pelo novo, por artefatos para serem usados em sua pictórica criação que provocasse reação a tudo aquilo que estava sendo construído. Reinvenção do primitivo desafiando o novo de então. Vergara, filho de um fazendeiro que abandonara tudo para salvar almas, embretando a família para uma jornada de peregrinações, neto de um comerciante de tecidos, nada mais lhe seria tão rico e desafiador do que recriar estas migrações através da pintura. Mesclando o azul da memória com o branco ainda invicto da tela, vai civilizando a sua própria povoação de cores, temas, artefatos, investigação, estudo e olhar. A origem, infância e mocidade estão nas cores vivas, certamente uma remessa para os rolos de tecidos do avô que morava em Bagé. As cores sacras na monotipia “São Miguel – Sagrado Coração” são o resultado de sua estada nas Missões Guaraníticas do Rio Grande do Sul, ungidas pela trajetória pastoral do pai. O mosaico de cores fortes, alternadas em escalas policrômicas, tem sua origem seminal na fauna e flora exótica do Pantanal. Imbricam-se assim suas viagens ao GÊNESIS DAS CORES.
3. Em conclusão, o projeto “Exposição Individual de Carlos Vergara- Primeira Edição- 2015” é aprovado por reconhecimento de seu mérito, relevância e oportunidade, estando apto a receber incentivos fiscais de até R$ 201.602,60 (duzentos e um mil e seiscentos e dois reais com sessenta centavos) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 25 de maio de 2015.
Élvio Pereira Vargas
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Em razão do Of. Nº 06/2014 da SEDAC, os projetos aprovados por este Conselho são considerados prioritários, sendo, portanto, dispensados da Avaliação Coletiva.
Sessão das 14 horas do dia 25 de maio de 2015.
Presentes: 16 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Adriana Donato dos Reis, Demétrio de Freitas Xavier, Franklin Cunha, Fabrício de Albuquerque Sortica, Hamilton Dias Braga, Milton Flores da Cunha Mattos, Lisete Bertotto Corrêa, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Jacqueline Custódio, Susana Fröhlich (11)
Ausentes no momento da votação: Walter Galvani da Silveira, Vinicius Vieira, Leandro Artur Anton (03)
Neidmar Roger Charao Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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