O projeto “VEIAS MUSICAIS: INTEGRANDO CULTURAS NO VALE DO CAÍ - 1 ª EDIÇÃO” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto é apresentado por JONAS HENRIQUE SCHOMMER ME.
Foi submetido a análise técnica por parte do sistema Pró-Cultura e habilitado pela Secretaria, tendo sido encaminhado a este Conselho, para parecer, nos termos da legislação em vigor.
O projeto apresenta como responsável legal Jonas Henrique Schommer.
Trata-se de evento não vinculado a data fixa, que prevê “... o encontro de artistas da Região do Vale do Rio Caí – bandas Volar (Barão/RS), Dinamite Joe (Feliz/RS), O Bando (Imigrante/RS), Banda Tonight (Bom Princípio/RS), Banda Javali Blues Band (São Vendelino/RS) – com o cantor Chris Wolff (Nürberg/Alemanha) artista popular alemão de reconhecimento internacional e a e a banda argentina Wiphala Folk (São Miguel de Tucuman/ Argentina), grupo argentino que mistura música pop e ritmo folclórico latino, por meio da realização do circuito musical gratuito Veias Musicais: Integrando Culturas no Vale do Caí. Serão 05 (cinco) encontros musicais em espaços públicos do estado durante um mês, onde haverá apresentação de um grupo gaúcho, com participação do artista alemão e da banda argentina..”
Justifica-se a oportunidade do projeto argumentando que “ao longo dos últimos anos, uma imensa e intensa produção musical tem surgido no Vale do Rio Caí. Diversas bandas de garagem, sejam elas do pop, do rock, da música típica alemã, música típica gaúcha, sertaneja, tem surgido e, timidamente, tem despontado em maior ou menor intensidade nessa região. Algumas delas seguiram mais longe e conquistaram outros estados e até países, como é o caso das bandas Volar e Dinamite Joe, a título de exemplo. Ao mesmo tempo, percebe-se que esse é um momento decisivo para que grupos e artistas de pequeno e médio porte fiquem no ostracismo ou despontem na visibilidade de um horizonte mais aberto, quem sabe infinito.
E uma das estratégias que podem ser experimentadas é o envolvimento cada vez maior entre os próprios artistas e, na mesma significância, com artistas renomados internacionalmente e, ao mesmo tempo, provenientes de lugares fora do circuito convencional visitado por nossos artistas locais. Nesse sentido, o projeto Veias Culturais: Integrando Culturas no Vale do Caí visa aproximar artistas e fazedores de cultura locais, fazendo dialogar essa diversidade cultural em eventos em diversas cidades do Rio Grande do Sul junto a artistas estrangeiros que estarão fazendo parte da programação proposta no presente projeto a partir de sua contemplação.”
Os objetivos elencados são claros e o processo está devidamente instruído. Não houve diligências do SAT.
Para sua completa realização, os custos do projeto alcançam o valor de R$ 83.000,00, integralmente solicitados ao sistema LIC.
É o relatório.
2. Este Conselho tem se preocupado com eventos que podem assumir caráter limitado ao entretenimento. O que é problemático é dizer o quanto essas situações se afastam de um conceito tão tremendamente difícil de definir como o de cultura.
Terry Eagleton, em A Ideia de Cultura, diz:
“É difícil escapar à conclusão de que a palavra ‘cultura’ é ao mesmo tempo ampla demais e restrita demais para que seja de muita utilidade. Seu significado antropológico abrange tudo, desde estilos de penteado e hábito de bebida até como dirigir a palavra ao primo em segundo grau de seu marido, ao passo que o sentido estético da palavra inclui Igor Stravinsky, mas não a ficção científica. A ficção científica pertence à cultura popular ou “de massa”, uma categoria que paira ambiguamente entre o antropológico e o estético. Em contraposição, poder-se-ia considerar o significado estético nebuloso demais, e o antropológico, limitado demais. O sentido de cultura de Matthew Arnold – como perfeição, encanto e luz, o melhor do que já foi concebido e dito, ver o objeto como ele realmente é etc. – é embaraçosamente impreciso, ao passo que se cultura significa apenas o modo de vida de fisioterapeutas turcos então ela parece desconfortavelmente específica (...) Margaret Archer observa que o conceito de cultura exibiu o mais fraco desenvolvimento analítico dentre todos os conceitos-chaves da sociologia e desempenhou o papel mais descontroladamente vacilante na teoria sociológica.”
Duro, diante disso, o papel julgador de um Conselho como o nosso; desconfortável, tanto quanto necessária, a posição de seus conselheiros.
No caso em tela, no entanto, mesmo aquele questionamento – sobre o caráter de “mero” entretenimento que o evento poderia ter – não nos parece justo para com a proposta.
Para falar brevemente sobre o potencial valor de integração dos artistas do interior do Rio Grande do Sul, um cantor alemão e uma banda argentina, talvez seja útil começar apontando um estranhamento.
O proponente argumenta que “...a ideia de trazer a banda argentina em específico, vem como alento à necessidade de se ampliar o prisma cultural da região, que investe muito em cultura, mas acaba apresentando uma falta ao falarmos de uma abertura cultural que não seja necessariamente atravessada por seu paradigma identitário.” (grifo nosso).
Se ele tem razão, que duro chega a ser esse paradigma! Será tão mais fácil para jovens do Vale do Caí identificar-se com a Alemanha do que com outros jovens latino-americanos, argentinos, daquela província de Tucumán, próxima e congênere?
Justamente porque os paradigmas são vivos e questionáveis o evento contém e é movido por uma boa ideia. A convivência entre os artistas de uma região do estado e os colegas argentinos e alemães assume um lugar potencial de questionamento e de proposta, com o testemunho participativo do público.
As oficinas em escolas públicas só reforçam esse potencial.
A estimativa de público é de seis mil pessoas, o acesso é gratuito e constam anexas ao projeto as anuências das cinco prefeituras, que disponibilizarão espaços públicos tradicionalmente utilizados para espetáculos.
Modestos os valores de planilha.
3. Em conclusão, o projeto “Veias Musicais: Integrando Culturas no Vale do Caí -1ª Edição” é recomendado para participar da Avaliação Coletiva ”, por seu mérito, relevância e oportunidade para receber incentivos até o limite de R$ 83.000,00 (oitenta e três mil reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 06 de janeiro de 2016.
Demétrio de Freitas Xavier
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10 horas do dia 25 de fevereiro de 2015.
Presentes: 16 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Letícia Maria Lau, Aldo Gonçalves Cardoso Junior, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Marco Aurélio Alves, Lisete Bertotto Corrêa, Maria Silveira Marques, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Neidmar Roger Charão Alves, Jacqueline Custódio, Vinicius Vieira, Susana Fröhlich e Walter Galvani.
Ausente no momento da votação: Adriana Donato dos Reis
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 10/03/2016 e considerados prioritários.
Dael Luis Prestes Rodrigues
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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