O projeto “MAGLIANI-OBRA GRÁFICA 2016” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto ”MAGLIANI – OBRA GRÁFICA 2016” habilitado pela Secretaria do Estado da Cultura e devidamente encaminhado a este Conselho Estadual de Cultura para ser exarado Parecer, nos termos da legislação aplicável, trata da realização de um evento artístico-cultural, que visa a realização de exposições, impressão de catálogo , realização de documentário, gravação de DVD e exposições em duas .
Produtor Cultural : TABLA PRODUTORA - CEPC 2369
Locais de Realização: PORTO ALEGRE e PELOTAS
Período de realização: EVENTO NÃO VINCULADO A DATA FIXA
Área do Projeto: ARTES INTEGRADAS
Equipe de Produção: JULIO CASTRO, BETO SOUZA, SABRINA BITENCOURT E JANAÍNA NUNES AGUILLERA
Contadora: LETÍCIA DE OLIVEIRA R. LABRÊA - CRC 75314/0
Financimento
Sistema LIC : R$ 195.867,08 (94.23%)
Receitas com Comercialização: R$ 12.000,00 ( 5.77%)
TOTAL : R$ 207.867,08
Trata-se de evento com proposta cultural nos municípios retro mencionados, Porto Alegre e Pelotas, com realização de exposições, impressão de catálogo, realização de documentário de 26min, gravação de DVD e exibições públicas do documentário. Não houve solicitação de diligência por parte do SAT-Pró-Cultura RS, cujo parecer foi no sentido de habilitar o projeto, pelo valor de R$ 195.867,08, que foi o valor proposto pelo proponente. Não houve qualquer reparo ou glosta por parte do SAT.
É o relatório.
2. Alega o proponente que o presente projeto pretende homenagear a grande artista plástica gaúcha Maria Lídia Magliani, nascida em Pelotas em 1946 e falecida precocemente em 2012. Em 2016 comemora-se os setenta anos de nascimento da artista, falecida aos 66 anos em virtude de saúde frágil.
Com sangue italiano por parte de pai e filha de mãe afrodescendente, Magliani viveu muitos anos em Porto Alegre e na década de oitenta radicou-se em São Paulo, onde participou em várias edições pelo Panorama da Arte Brasileira promovido pelo MAM/SP e onde foi convidada a participar da XVIII Bienal Internacional de São Paulo, no núcleo “Expressionismo no Brasil”.
Primeira aluna negra a forma-se em arte na UFRGS, já em 1966, como estudante, realizou sua primeira exposição individual na Galeria Espaço, em Porto Alegre, incentivada pelo saudoso professor, o grande pintor Ado Malagoli. Por sua cultura, presença profissional na imprensa e vivências, Magliani tornou-se uma figura emblemática nas artes brasileiras e foi musa do não menos emblemático Caio Fernando Abreu, escritor e jornalista que, como ela, se foi precocemente, deixando obra imortal. Magliani foi ilustradora na Folha da Manhã e em Zero Hora, trabalhou intensamente como atriz de teatro sob a direção de Ivo Bender, numa montagem de Antígona. No elenco também estavam Caio Fernando Abreu, Romanita Disconzi, Vaniá Brown e Alba Lunardon, entre outros. Sob a direção de Delmar Mancuso protagonizou a montagem de “O Negrinho do Pastoreio”, com elenco de 24 atores e músicos.
A obra de Magliani está em importantes museus brasileiros, como MAM/SP, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MARGS, MAC/RS, Museu Afrobrasil SP e BA, Fundação Vera Chaves Barcelos e Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas. O celebrado crítico Jacob Klintowitz , quando Magliani faleceu, disse: “Agora só é possível organizar a visão do seu percurso, refletir sobre o seu trabalho, apresentar a linguagem dessa artista de alta qualidade. Acho que a tarefa deve ser liderada pelo Rio Grande do Sul”.
Magliani representa com exatidão essa diversidade étnico-cultural que é o Rio Grande do Sul. Com a formação que o Estado lhe deu, mais o talento e o trabalho que desenvolveu, ela superou os próprios limites e tornou-se uma das maiores artistas plásticas de sua geração, com amplo reconhecimento de crítica e de público, em nível nacional. E também, em nível internacional. No ano em que se completa o 70º aniversário de seu nascimento, nada mais justo que se faça uma homenagem à altura e que se deixe registros e inspirações para as gerações futuras.
Magliani partiu cedo, mas estava em plena atividade, ou atividades, seria melhor dizer, pois era muito ativa, múltipla, energética. Magliani levou, com brilho, dignidade e competência, a cultura do Rio Grande para o Brasil e para o exterior. Um exemplo a ser seguido.
O presente projeto conta com o apoio da família da artista, por escrito, será feito após muitas pesquisas e gerará material pedagógico. Magliani sempre pesquisou e estudou muito e sua obra, tem, assim, marcas disso e propicia aos apreciadores, professores e alunos, visões históricas e artísticas, entre outras.
Depois de muito bem examinados a apresentação, a justificativa, os objetivos gerais e específicos, a metodologia do presente projeto e a documentação que acompanha o mesmo, constata-se que o referido projeto preenche os requisitos de relevância e oportunidade para sua recomendação para a Avaliação Coletiva.
Projetos como esse são importantes, sem dúvida, para o Estado e o País, até para resgatar nossa autoestima e para mostrar o valor de nossos grandes criadores.
Os valores apresentados nas planilhas estão dentro de patamares razoáveis para eventos desta natureza e, diga-se, estão bem distribuídos em suas várias rubricas e bem esclarecidos. Como se disse, não houve glosa por parte do SAT.
Recomendamos a tomada de providências quanto a aspectos de acessibilidade, na forma da Lei.
Recomendados a tomada de medidas cabíveis, se for o caso, quanto a questões de meio ambiente.
Recomenda-se observância ao disposto no artigo 13, Parágrafo Primeiro, da Instrução Normativa 01/2014.
3. Em conclusão, o projeto “Magliani Obra Gráfica - 2016”, é recomendado para avaliação coletiva, em razão do seu mérito, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos até o valor de R$ 195.867.08 (cento e noventa e cinco mil, oitocentos e sessenta e sete reais e oito centavos) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento as Atividades Culturais – Pró Cultura RS.
Porto Alegre, 12 de janeiro de 2016.
Jaime Cimenti
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 14 horas do dia 12 de janeiro de 2015.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Aldo Gonçalves Cardoso Junior, Ruben Francisco Oliveira, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Fabricio de Albuquerque Sortica, Alessandra Carvalho da Motta, Marco Aurélio Alves, Lisete Bertotto Corrêa, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Neidmar Roger Charão Alves, Jacqueline Custódio, Susana Fröhlich e Walter Galvani.
Abstenção: Luiz Carlos Sadowski da Silva.
Ausente no momento da votação: Adriana Donato dos Reis.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 15/01/2015 e considerados prioritários.
Dael Luis Prestes Rodrigues
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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