O projeto “EXPOSIÇÃO DA ARTISTA LAURA VINCI - 1ª EDIÇÃO 2016” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto Exposição da Artista Laura Vinci passou pela análise técnica do sistema Pró-Cultura e foi habilitado pela Secretaria, sendo encaminhado a este Conselho nos termos da legislação em vigor. O produtor cultural é INSTITUTO LING, que tem como responsável legal William Ling - diretor do referido instituto. O proponente mantém endereço na rua João Caetano, número 440, no bairro Três Figueiras em Porto Alegre. O período de realização é de 14/06/2016 a 21/08/2016. Na ficha técnica principal ainda constam a pessoa física de Carolina Rosado dos Santos na função de administradora do projeto, e Ana Adams de Almeida na função de coordenadora geral de produção. O projeto foi submetido na área de Artes Visuais.
O Instituto Ling é “uma entidade, sem fins lucrativos, com 20 anos de existência e intensa atividade voltada a promoção da educação. Em outubro de 2014, o Instituto Ling aumentou seu escopo com a inauguração de seu Centro Cultural, que passou a ser a sede da instituição. O prédio, cedido sem custos pela Amora Empreendimentos Ltda, tem projeto do arquiteto Isay Weinfeld e é um espaço equipado para possibilitar experiências educacionais e culturais, a partir da realização de cursos de curta duração, palestras, seminários, conferências e ciclos de debates em diversas áreas do conhecimento humano, incluindo programação cultural nos segmentos de artes visuais, música, teatro e humanidades”.
Como afirma o proponente, o projeto objetiva realizar uma programação de artes visuais com exposição individual do artista paulista Laura Vinci, sob curadoria da pesquisadora e crítica gaúcha Virginia Aita, visando revelar aos gaúchos uma artista com um dos trabalhos mais impactantes e consistentes da produção artística brasileira contemporânea. Entre os objetivos específicos busca incrementar a audiência de público em espaços de fruição de arte contemporânea; criar mercado de trabalho para egressos dos cursos de artes visuais no estado; oferecer oportunidades de reflexão e desenvolvimento de pesquisadores e profissionais do campo cultural; sensibilizar professores e estudantes de ensino médio para a criatividade, utilização de materiais recicláveis e inovação presente nas obras da artista Laura Vinci; e valorizar a diversidade de expressões artísticas da arte contemporânea brasileira.
A artista Laura Vinci “formou-se em Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado e fez seu mestrado na Escola de Comunicação e Artes da USP. Iniciando sua produção no final dos anos 80, a artista tem participado de várias exposições no Brasil e no exterior. Ocupou o espaço do CCBB em São Paulo com a exposição “Estados”. Participou da 26ª Bienal Internacional de São Paulo; de duas edições da Bienal do Mercosul; e do South Project, residência de dois meses em Melbourne, na Austrália”; (...); Também “apresentou a obra LUX na capela do Morumbi em São Paulo e no Carpe Diem Arte e Pesquisa, em Lisboa, Portugal”. A artista tem ainda “explorado o universo teatral atuando como diretora de arte e cenógrafa das peças Cacilda!, 1998-2001, com o dramaturgo e diretor José Celso Martinez Corrêa; na peça Só, de Letizia Russo, com direção de Alvise Camozzi, 2009; na adaptação para o teatro do romance O idiota, de Dostoiévski, com a mundana companhia, 2010-11, em 2013 participa do processo de criação de “O Duelo” também com a mundana companhia; em 2014 fez direção de arte de A última palavra é a penúltima - 2 , com o Teatro da Vertigem. E em 2015 participa do processo de criação de “Na Selva das Cidades” de Brecht, também com a mundana companhia.
A curadora Virginia Aita “é pesquisadora em filosofia da arte, estética e filosofia analítica, especializou-se na obra de Arthur Danto, estéticas anglo-americanas e continental. Lecionou na UFRGS, e desenvolve pesquisa com departamento de artes visuais da USP. Dedica-se a crítica de arte e trabalha como curadora independente. Atualmente desenvolve 10 pesquisas pós-doutoral no Departamento de filosofia da Columbia University em Nova York e participa do grupo de estética e crítica de arte associado ao Barnard College”.
Entre as metas gerias do projeto estão a realização de 1 exposição individual da artista Laura Vinci, 1 palestra com a presença da artista e da curadora, além da elaboração e impressão de 2500 catálogos da exposição e a execução de 4 ações educativas. Os valores totais do projeto somam a quantia de R$ 260.260,25 (duzentos e sessenta mil, duzentos e sessenta reais e vinte e cinco centavos), sendo que 224.460,25 (duzentos e vinte e quatro mil, quatrocentos e sessenta reais e vinte e cinco centavos) são solicitados ao Sistema LIC, e o restante é de recursos do proponente.
É o relatório.
2. O projeto Exposição da Artista Laura Vinci 1ª EDIÇÃO 2016 está bem elaborado e demonstra relativo aprimoramento se comparado aos projetos anteriores apresentados pelo mesmo produtor, ou mesmo se observadas a relação entre as metas e os objetivos propostos, que se mostram em sua maioria consonantes com a descrição orçamentária proposta. As informações apresentadas em sua formatação estão suficientes para uma adequada análise, apresentando na equipe de trabalho pessoas com experiência para o desenvolvimento das atividades previstas. Nos anexos estão inseridos currículos, cartas de anuência, expografia, estudos das obras, Plano de Redução de Impacto Ambiental, programa educativo, texto curatorial, certidões, informações sobre o processo de produção, documentos gerais do proponente, entre outros.
É importante mencionar que desde sua inauguração, em outubro de 2014, o Instituto Ling recebeu mais de 20.000 visitantes, que participaram dos cursos, atividades culturais ou estiveram visitando exposições e conhecendo o lugar. Destaca-se que “em relação às últimas exposições de artes visuais realizadas pelo Instituto Ling com financiamento do Sistema Pró-Cultura RS, é possível afirmar o êxito das iniciativas analisando os resultados obtidos”, como a exposição da artista KARIN LAMBRECHT, verifica-se que a mesma contou com 5.598 visitantes, além de 200 crianças e adultos atendidos em 9 ações educativas, e as pessoas presentes na palestra da artista e da curadora e na sessão comentada do projeto audiovisual Das Urhaus. Já na exposição do artista CARLOS VERGARA, contou com 5.748 visitantes e 5 ações educativas. Esses dados demonstram que o Instituto Ling trouxe para o mercado cultural e para o público gaúcho um novo espaço de conhecimento e de vivência artística aberta à comunidade, atendendo aos necessários requisitos de acessibilidade.
Sobre o projeto em questão, da artista Laura Vinci, considero plenamente satisfatórias todas as ações de retorno de interesse público contidas na formatação do projeto. Todavia, com a intenção de qualificar as atividades da entidade, sugiro que em uma próxima edição, o Instituto Ling amplie ainda mais as ações que envolvem a presença de artistas e curadores na cidade, assim oportunizando que o contato com os artistas se dê de forma ainda mais direta, incluindo programação que extrapole os limites da própria edificação sede, buscando uma relação mais orgânica com a cidade, mediante a inserção de ações que possibilitem relações espontâneas com a comunidade em distintos lugares de Porto Alegre.
É relevante destacar a importância de o projeto estimular realizações de atividades artísticas gratuitas, de qualidade, e abertas ao público, principalmente pelo fato de elas potencializarem a descentralização da cultura, não somente no Município, mas no Brasil. O presente relator esclarece que o termo descentralização, nesse caso, também diz respeito ao estímulo para que sejam realizadas exposições de arte contemporânea fora do eixo Rio-São Paulo, lugar que concentra majoritariamente ações culturais dessa natureza no panorama atual. Nesse sentido, a própria terminologia aplicada se refere a uma centralidade que extrapola as fronteiras do Rio Grande do Sul, situando o projeto no cenário nacional e/ou mundial, pois praticamente inexistem em nosso Estado projetos que incentivem de fato as artes visuais contemporâneas, salvo exceções como a Fundação Iberê Camargo ou em casos isolados de esparsas exposições promovidas por instituições locais, como por exemplo o MARGS e o MAC.
Nesse contexto, priorizar a continuidade das atividades do Instituto Ling, mais do que promover a realização de uma exposição de qualidade, é garantir o paulatino investimento em atividades essencialmente culturais e de qualidade, que consolidam a cidade de Porto Alegre no amplo universo da arte contemporânea, que ganha força por incorporar um bom trabalho de ações educativas que certamente promoverão desdobramentos em cadeia para as próximas gerações.
Como mencionado no próprio projeto, a proposta “se justifica porque, além de aumentar a acessibilidade do público do estado ao conjunto da obra de uma artista mulher com trajetória notável e grande reconhecimento nacional e internacional, proporcionará o desenvolvimento de atividades de reflexão e formação para alunos dos cursos de Artes Visuais, professores, pesquisadores e profissionais da área cultural e outras co-relacionadas (teatro, cinema, design, moda, etc). Trata-se de uma oportunidade de intercâmbio entre culturas e conhecimentos em torno da arte contemporânea brasileira. Uma programação que enriquecerá o público gaúcho com novas leituras e expressões das artes visuais. Também se justifica pela oportunidade de formação de público para eventos artísticos e culturais, assim como pela possibilidade de despertar os alunos do ensino médio e fundamental para as consequências socioculturais do processo criativo. Sabe-se que a arte estimula o pensamento crítico, mas também pode contribuir para que esses alunos percebam que o campo cultural pode ser um espaço de trabalho e de expressão da sua realidade. Dessa forma, acredita-se em um circuito virtuoso composto entre a exposição de artes visuais, a formação de público e a qualificação de profissionais residentes no estado”.
Vale destacar ainda como ponto positivo que nesse projeto o Instituto Ling participa com as despesas relativas à Consultoria Jurídica, Consultoria Contábil, Limpeza/Manutenção, pagamentos dos Estagiários da Ação Educativa, Coordenação Geral de Produção e Materiais da Ação Educativa. Juntas, essas rubricas somam R$ 35.800 (trinta e cinco mil e oitocentos reais) de participação do proponente. No entanto, ainda considero pertinente que sejam glosados os itens 2.3, 2.4 e 2.5, cujos valores são relativos respectivamente à Criação de Peças de Divulgação, Anúncio na Zero Hora e Anúncio no Correio do Povo, que somadas chegam a quantia de R$ 20.833,61 (vinte mil, oitocentos e trinte e três reais e vinte e um centavos). Tais glosas, segundo o relator, se justificam pelo fato de no projeto conter considerável valor para o pleno e suficiente desenvolvimento das atividades de assessoria de imprensa.
3. Em conclusão, o projeto “Exposição da Artista Laura Vinci 1ª EDIÇÃO 2016” é recomendado para avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos no valor de até R$ 203.626,64 (duzentos e três mil, seiscentos e vinte e seis reais e sessenta e quatro centavos) do Sistema Estadual de Financiamento e Incentivos às Atividades Culturais.
Porto Alegre, 28 de março de 2016.
Vinicius Vieira
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 28 de março de 2016.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Aldo Gonçalves Cardoso Junior, Adriana Donato dos Reis, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Lisete Bertotto Corrêa, Jacqueline Custódio, Susana Fröhlich e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Marco Aurélio Alves, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos e Luiz Carlos Sadowski da Silva.
Abstenções: Bibiana Mandagará Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira e Valéria Tovar Verba.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária dos dias 31/03/2016, 28/04/2016 e 31/05/2016 e considerados não prioritários, retornam para arquivo.
Dael Luis Prestes Rodrigues
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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