Processo nº 1237-1100/16-9
Parecer nº 001/2017 CEC/RS
O Projeto Lendas do Rio Grande do Sul 2017 é recomendado para avaliação coletiva.
1. O Projeto Lendas do Rio Grande do Sul 2017, com realização prevista entre os dias 24 de abril de 2017 e 13 de janeiro de 2018, está inscrito na área de Artes Integradas. Será apresentado em dez cidades, quase todas nas imediações da Região Central do Estado, iniciando por Lagoão e seguindo por Novo Cabrais, Candelária, Cachoeira do Sul, Dona Francisca, Santa Margarida do Sul, Paraíso do Sul, Sobradinho, Arroio do Tigre e Cerro Branco.
Deverão ser realizadas dez apresentações musicais, retratando os principais cantores do Estado, além de dez intervenções teatrais com personagens que resgatarão a cultura sul-rio-grandense, através dos trajes típicos e indumentárias características do povo gaúcho. Os espetáculos serão gratuitos.
As cidades escolhidas foram, preferencialmente, de pequeno porte, que priorizem locais habitados por comunidades carentes de políticas culturais. As apresentações, uma em cada município, serão mensais, de abril de 2017 a janeiro de 2018 e também vai haver duas oficinas de iniciação teatral em locais diferentes. Cada uma com 25 alunos e carga horária de 25 horas.
Fazem parte da equipe principal o produtor cultural D. Marin da Silva – ME, com CEPC número 3475, sediado em Santa Maria, que tem como responsável Daiane Maria da Silva e a contadora Vânia Grigoletto. O projeto está identificado na área de Artes Integradas.
O projeto tem, entre seus objetivos principais, a qualificação do ambiente social, a geração de cultura de paz e discernimento e de ambientes de vivências lúdicas, afetivas e criativas, capazes de dar sentido à vida social, focando nos territórios com menor acesso a bens e serviços.
Todas as apresentações musicais serão feitas pelo Grupo Garotos, de Cachoeira do Sul. As canções resgatarão músicas de artistas consagrados do Rio Grande do Sul, como Gildo de Freitas, Teixeirinha, César Passarinho, Noel Guarany, José Mendes, entre outros.
As inserções teatrais, por outro lado, ficarão a cargo do grupo “Armazém Cultura e Entretenimento”, de Santa Maria, que proporcionará a interação e aproximação dos espectadores. Além disso, a inclusão da música e do teatro fará com que haja o reconhecimento da diversidade cultural, garantindo pluralismo de gêneros, estilos, tecnologias e modalidades.
As duas oficinas de Iniciação Teatral serão ministradas por Ricardo dos Santos Paim e “serão elemento de socialização e integração, partindo de jogos teatrais que fundamentam a prática das artes cênicas, através da expressividade vocal e corporal, assim como dar subsídios para os alunos desenvolverem o olhar crítico sobre o fazer teatral. Os conteúdos abordados nas oficinas constam em anexo.
O público total previsto para participar dos shows de música e de teatro é de três mil pessoas. Não há aporte financeiro das dez Prefeituras envolvidas, mas há a previsão de cedência de espaços, ainda não definidos, para a realização dos espetáculos. Consta também uma carta de intenção de patrocínio. A solicitação de financiamento, através do Sistema Pró-Cultura RS, no entanto, é de 100%, totalizando R$ 240 mil.
É o relatório.
2. A maior parte das cidades não tem mais do que dez mil habitantes. Projetos que reúnam música e teatro ao mesmo tempo não devem ser comuns nas regiões em que se inserem. Certamente as comunidades serão beneficiadas e ficarão envolvidas pelo som da música gaúcha e pela alegria, pelas cores e pelo ensinamento que o palco teatral proporciona.
O Grupo Garotos foi fundado em 2004 por amigos e colegas de Cachoeira do Sul para tocar músicas da cultura gauchesca. Colecionando inúmeras apresentações por CTG’s e entidades ligadas ao tradicionalismo a banda sentiu a necessidade de se profissionalizar, o que aconteceu em 2008, já com músicos de outras regiões do Rio Grande do Sul. O primeiro CD traz músicas com ritmos como a vaneira, vaneirão, chamamé e milonga, entre outros. O grupo será responsável por todos os dez shows.
O Grupo teatral Armazém Cultura e Entretenimento iniciou oficialmente suas atividades em janeiro de 2008, quando os atores Ricardo Paim e Patrícia Garcia abriram a empresa Garcia e Paim. Porém, foi no ano de 2003, ainda eram acadêmicos do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria, que deram início aos seus trabalhos cênicos. Hoje a Armazém possui oito integrantes.
O projeto é criativo e envolvente e vai levar cultura a pequenas comunidades que necessitam abrir ainda mais seus horizontes.
Porém, a mesma porta que abre os caminhos para realizar os espetáculos em oito municípios com populações que variam entre dois mil e trezentos a 15 mil habitantes, com exceção de Candelária e Cachoeira do Sul, é também motivo de alerta. Trata-se, aqui, de dinheiro público. É preciso atenção e coerência. É preciso cortar excessos, sem prejudicar a quem assiste.
Os locais dos espetáculos e das oficinas ainda não foram definidos, embora exista a garantia, dos proponentes, de que os espaços, ou ginásios, serão cedidos gratuitamente pelas Prefeituras. A indefinição dos locais dificulta mensurar a quantidade exata de espectadores e avaliar a facilidade de acesso. É preciso haver um plano de acessibilidade, contemplando idosos e pessoas com deficiência.
Condiciona-se que, antes da liberação para captação de recursos, o proponente apresente as cartas de anuência das Prefeituras envolvidas.
No site do Grupo Garotos, existe a informação de que a banda “conta para seu apoio técnico com transporte próprio, sistema de som e luzes, com telas de LED e televisões, treliças e todo aparato técnico para o espetáculo acompanhar a qualidade excepcional desse grupo que veio pra ficar no coração dos brasileiros”.
Esta infraestrutura própria, no entanto, não será utilizada, pois constam pedidos de som, luz e transporte, certamente porque o projeto envolve o grupo teatral. No orçamento da transportadora, consta uma viagem a menos para o grupo musical, já que uma das apresentações será em sua cidade de origem, Cachoeira do Sul.
Os valores dos cachês dos dois grupos são justos para cada espetáculo, embora a multiplicação por dez possa causar surpresa ao primeiro olhar. Os cachês pagarão as despesas, o ensaio e a apresentação de cada integrante.
As duas oficinas, embora também não tenham local definido, nem mesmo as cidades, apresentam preço justo e conteúdo atraente em 25 horas/aula para 25 pessoas, selecionadas por ordem de inscrição.
Os valores acima da média surgem em certos itens dos executores do projeto, que parecem mesclar suas atribuições em alguns momentos. A produção, a assessoria de Comunicação e a captação de recursos está a cargo da mesma pessoa, que terá a remuneração total de R$ 45.300 reais. Alguns orçamentos incluem centavos, fechando, com maestria, os 240 mil reais permitidos pela LIC.
A assessoria de Comunicação pede R$ 10.999,20, bem acima da média pretendida por profissionais da área. Individualmente, o valor é razoável, mas é multiplicado por 12, prevendo a divulgação dos dez shows e das duas oficinas. Este tipo de serviço costuma ser orçado em pacote. Nem seria necessária a presença do assessor nas cidades. O contato com as poucas rádios e jornais das pequenas e também das cidades maiores pode ser feito por telefone ou meios eletrônicos. Mas a mesma pessoa responsável já estará nas cidades de qualquer forma, envolvida com a produção.
Os carros de som, sempre incluídos nos projetos para cidades do interior, somam 8 mil reais neste orçamento, ou 800 reais por cidade. A média de preço costuma ser de R$ 30,00 a hora. Partindo do princípio de que oito cidades têm baixa população, em poucas horas, ou poucos dias, o município inteiro estará a par dos espetáculos.
Há muito confete para pouco Carnaval. Com uma verba mais enxuta, certamente será possível realizar um belo trabalho em prol das comunidades escolhidas.
Entretanto, objetivando oportunizar a realização do projeto para populações pouco contempladas com a realização de bons espetáculos, se faz necessária a efetivação de glosas:
Item 1.24 - Produção
Valor pretendido: R$ 21.960,00
Glosa: R$ 6.588,00
Valor autorizado: R$ 15.372,00
Item 2.1 – Assessoria de Comunicação
Valor pretendido: R$ 10.999,20
Glosa: R$ 5.999,20
Valor autorizado: R$ 5.000,00
Item 2.2 – Carro de Som
Valor pretendido: R$ 8.000,00
Glosa: R$ 1.600,00
Valor autorizado: R$ 6.400,00
Total das glosas: R$ 14.187,20
3. Em conclusão, considerando seu mérito, relevância e oportunidade o projeto cultural “Lendas do Rio Grande do Sul 2017” é recomendado para avaliação coletiva podendo captar recursos do Sistema Pró-Cultura RS até o limite de R$ 225.812,80 (duzentos e vinte e cinco mil, oitocentos e doze reais e 80 centavos).
Porto Alegre, 10 de janeiro de 2017.
Erika Hanssen Madaleno
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13:30 horas do dia 11 de janeiro de 2016.
Presentes: 21 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Marco Aurélio Alves, Bibiana Mandagará Ribeiro, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Ieda Gutfreind, Gilberto Herschdorfer, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey, e Walter Galvani.
Abstenções: Luciano Fernandes e André Venzon.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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