O projeto “NOITES GAÚCHAS: ESPECIAL FESTIVAIS” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. NOITES GAÚCHAS: ESPECIAL FESTIVAIS propõe 10 apresentações do musical Gaúcho Brasileiro num passeio pelo cancioneiro gaúcho a partir dos anos 50 e fazendo uma homenagem aos 45 anos de Festivais Nativistas do Estado. O Rio Grande do Sul tem uma importante história musical que são os festivais, seus compositores e as músicas que fazem parte deste legado.
Um momento cultural para ficar na memória do público, um show que passeia por inúmeros gêneros, ritmos, arranjos e estilos. Quatro músicos e um repertório emocionado no palco. O show será apresentado com entrada franca em 09 municípios gaúchos: Santa Maria (2 apresentações), Santa Cruz do Sul, São Pedro do Sul, Jaguari, Júlio de Castilhos, Restinga Seca, Formigueiro, São Sepé e São João do Polesine. A intenção é levar arte e cultura de qualidade para municípios do interior, incluindo-os também em roteiros de shows e apresentações culturais. No Repertório, grandes composições como ESQUILADOR, VETERANO, DESGARRADOS, BATENDO ÁGUA, BAILANTA DO TIO FLOR, GURI , GAUDENCIO SETE LUAS, ALMA DE POÇO, TROPA DE OSSO, CANTO ALEGRETENSE, SEMEADURA, entre outras composições que marcaram os Festivais Nativistas do Rio Grande do Sul. “Noites Gaúchas” é um roteiro musical e poético, uma trilha sonora com efeitos e sonoridades que nos conduzem a um universo regional por meio da hospitalidade, boas maneiras, lidas campeiras, origens, costumes, respeito, à natureza, às raízes, ao lugar em que se vive. Uma visita à história, aos festivais, danças e ritmos do Rio Grande do Sul, interpretados através da percepção e da musicalidade do Projeto Gaúcho Brasileiro, que tem por objetivo destacar o perfil poético e musical do gaúcho do RS desde os anos 50. A ideia começou em 2001 quando Ricardo Freire foi convidado por Luiz Carlos Borges e Vinícius Brum a participar do “Palco do Rio Grande”, um projeto que resgatava a música do RS da década de 50. A partir de 2004, Ricardo criou o projeto “Palcos do Sul” que executava as músicas do RS desde os anos 50 até os dias de hoje. A ideia foi evoluindo até chegar ao conceito que é hoje: um perfil poético e musical do gaúcho brasileiro. O repertório inclui grande parte de pot-pourris de diversas canções, de vários autores, períodos e estilos do cancioneiro regional, narrando através da música e poesia um pouco da história, costumes, características e os verdadeiros valores deste personagem que construiu a identidade do gaúcho brasileiro. Os quatro integrantes desse musical são frutos de vários palcos da música no RS. Ângela Gomes é a intérprete feminina e cada um dos três músicos e cantores são compositores. O projeto inclui também uma Oficina que faz parte da atividade de Retorno de Interesse Público. Oficina de Música para estudantes de Ensino Médio de uma escola da rede pública de ensino, no mês de agosto, com a carga horária de 20 horas, de acordo com a Metodologia incluída nos anexos.
Produtor Cultural
CHILI PRODUÇÕES CULTURAIS LTDA
CEPC: 3583
Responsável Legal:
ROSEMAR CARNEIRO CARABAJAL
Função:
PRODUÇÃO EXECUTIVA, DIVULGAÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO
Período de
Realização: 24/08/2016 à 17/11/2016
Área do Projeto: MÚSICA
- Local de realização:
JAGUARI - a definir, JÚLIO DE CASTILHOS - Centro Cultural Álvaro Pinto, SÃO JOÃO DO POLÊSINE - a definir, SÃO PEDRO DO SUL - a definir, SANTA CRUZ DO SUL - a definir, SÃO SEPÉ - a definir, RESTINGA SECA - a definir, FORMIGUEIRO - a definir, SANTA MARIA - Theatro Treze de Maio
Contador: VANIA GRIGOLETTO
CRC : 53623
Valor: R$ 141.970,00-LIC
É o relatório.
2. O projeto apresenta documentação adequada à legislação pertinente. Busca apoio em Lei de Incentivo a cultura. Assim precisa no preencher dois quesitos: relevância e oportunidade. Em nosso entendimento não alcança na totalidade os patamares antes citados, embora presente o mérito, arrisco-me a sugerir, adiantando-o ao final a motivação da glosa linear, pois de outra banda compartilhamos do que escreveu e publicou no jornal Zero Hora (14.8.2015) o especialista e jornalista JUAREZ FONSECA cujo reverenciamos com admiração e respeito mercê de sua ampla cultura também, sobre os festivais ao qual pedimos vênia para transcrever e adotar como razões de proposição de parecer pois extremamente corajoso e pertinente: (sic).
“Acompanho os festivais desde o início, como repórter de ZH registrei o auge do movimento, até mais ou menos o final dos anos 1980. Depois as coisas começaram a ficar meio estranhas, com queda geral na qualidade. Além de constatar isso ao integrar comissões de triagem, sigo observando em várias listas de selecionadas que muitas músicas se repetem em festivais diferentes. Em vez de buscar uma canção melhor, o autor reposta na própria ruindade.
No tempo das vacas gordas, mais de 70 festivais de música regional espalhavam-se pelo Estado. Hoje, o calendário do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore anota quase 50. Mas no máximo uns 10 têm alguma (pouca) relevância. Nestes, o volume de músicas inscritas oscila entre 300 e 500, dependendo da quantidade que cada autor pode inscrever – há festivais que aceitam três, outros recebem seis e até mais. O número de três, predominante até os anos 1990, foi estabelecido pela pioneira Califórnia da Canção Nativa, criada em 1971 em Uruguaiana e que em dezembro deverá realizar a 39ª edição. Originalmente, os festivais selecionavam 36 músicas, delas saindo as 12 finalistas para formar o disco – o LP tinha em geral 12 faixas. Mais tarde (virada dos 1990 para os 2000), dois fatores levaram os dirigentes a reduzir para 24 (e até 18) as concorrentes. Um econômico: poupar o dinheiro da ajuda de custo aos autores, pois a dificuldade na obtenção de patrocínio virou regra. O outro, artístico: a qualidade havia despencado. Tirar 36 músicas boas ou mesmo razoáveis de 400 inscritas passou a ser um problema. Os dois fatores prejudicaram em muito a própria Califórnia, outrora gigante. Na verdade, o fenômeno da queda na qualidade já havia sido detectado antes. Ligava-se ao grande número de festivais para os quais os artistas por eles revelados estavam mandando músicas, e ao interesse que seu sucesso despertou nos novos, aumentando em muito os concorrentes sem experiência ou livre-atiradores em busca de evidência – havia grande cobertura da imprensa. O júri de triagem da Califórnia de 1981, do qual fui um dos integrantes (com Aparício Silva Rillo, Luiz Carlos Borges, Mauro Aymone Lopes e Diogo Madruga), redigiu a chamada “Carta de Uruguaiana”, que provocou polêmica por alguns a considerarem ingerência na liberdade criativa.
Como registra Colmar Duarte no livro Califórnia da Canção Nativa – Marco de Mudanças na Cultura Gaúcha (Editora Movimento, 2001), a “Carta” chamava a atenção para o uso repetitivo de clichês e frases feitas, alertava para uma certa compulsão ao passado e à infância na maioria dos temas e criticava a falta de enfoque na realidade contemporânea do Rio Grande do Sul. Vale lembrar que a vencedora daquele ano foi a definitiva Desgarrados, de Mário Barbará e Sergio Napp, que não se encaixava em nenhuma dessas observações – como tantos outros clássicos deixados pelo festival. Se com o tempo os principais compositores e intérpretes, tendo já carreiras consolidadas, se afastaram, e se poucos novos se destacaram a partir dos anos 1990, imagine-se a que ponto chegou a questão da qualidade. Fazer triagem se tornou quase um teste de resistência à frustração: o sujeito ouve 500 músicas para extrair 10 fracas, 10 mais ou menos, três boazinhas e uma boa, raramente alguma muito boa. Ótima, nem pensar. Como eu disse, há várias canções ruins que circulam de festival em festival apostando em descuido ou despreparo das comissões de triagem. E às vezes conseguem. A baixa qualidade da imensa maioria das músicas inscritas atualmente chega a ser desconcertante. Letras tortas, chavões, imagens pueris ou de falso folclore, oba-oba “bagual”, passadismo, melodias canhestras que parecem plágios umas das outras, e muito gritedo como se fosse um “estilo”. A impressão que se tem é que os novos/velhos compositores não ouvem boa música. Ou não fariam o que fazem. E aí está o pior de tudo: a falta de autocrítica. O que, aliás, em parte significativa do Rio Grande de bombachas, não é privilégio deles.”
Em homenagem as inteligências dos pares que integram o pleno do Conselho Estadual de Cultura pensamos, sem filáúcia de impor barreiras que mais não precisamos acrescentar para sugerir uma glosa linear de 40% (R$ 56.788,00) pelo elevado custo apresentado, sem participação de recursos de nenhuma das prefeituras cujas cidades serão palco das apresentações. O evento possui sem de dúvidas mérito ao trazer a colação por exemplo uma das mais belas e definitivas músicas que este parecerista conhece na voz do cantor Victor Hugo: Desgarrados, de Mário Barbará e Sergio Napp.
“Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas,
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo vendem revistas, juntam baganas,
E são pingentes nas avenidas da capital.
Eles se escondem pelos botecos entre os cortiços,
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias.
Então são tragos muitos estragos por toda noite,
Olhos abertos o longe é perto, o que vale é o sonho.
Sopram ventos desgarrados carregados de saudade,
Viram copos, viram mundos,
Mais o que foi, nunca mais será
Mais o que foi, nunca mais será.
Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso,
Viravam brasas, contavam casos polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço.
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos.
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno,
O milho assado, a carne gorda e a cancha reta,
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes,
Olhos abertos o longe é perto o que vale é os sonhos.
Mais o que foi, nunca mais será.”
3. Em conclusão, o projeto “Noites Gaúchas: Especial Festivais”, é recomendado para avaliação coletiva, em razão do seu mérito, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos até o valor de R$ 85.182,00 (oitenta e cinco mil cento e oitenta e dois reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento as Atividades Culturais – Pró Cultura RS.
Porto Alegre, 12 de julho de 2016.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13:30 horas do dia 13 de julho de 2016.
Presentes: 07 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ruben Francisco Oliveira, Marco Aurélio Alves, Maria Silveira Marques e Vinicius Vieira.
Dael Luis Prestes Rodrigues
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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