O projeto “CULTURA NA EXPOFEIRA DE SÃO LOURENÇO DO SUL – 2ª EDIÇÃO” não é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto a epígrafe trata de apresentações para ressaltar a cultura regional na cidade de São Lourenço do Sul, visando o desenvolvimento cultural na região.
Na busca continua por construção de legados permanentes o projeto tem em sua centralidade desenvolvimento do sentimento de pertencimento e de identidade regional. Informa o proponente. Promove a cultura local, ela expressa nas diferentes formas desde show de músicos e artistas da região. Mostra o que a sua população produz de melhor suas riquezas através da expressão cultural ou no desenvolvimento econômico. Estes processos desencadeiam na transformação de visões a respeito desta região que há muito tempo carece de investimos sejam eles humanos materiais e ou econômicos. Ao mostrar o que se tem de melhor, o povo cria sua autoestima própria pelos seus feitos, abrindo caminho para mais e mais transformações. Refere aspectos relacionados à economia da cultura, geração de empregos e renda, fortalecimento da cadeia produtiva, formação de mercado para a cultura.
O desenvolvimento econômico da metade sul do estado, se faz necessário por estar longe dos grandes centros industriais do estado (metropolitana e serra) ou pela falta de olhar dos governos que não priorizarão a metade sul. Os próprios moradores, artistas e empresários, construíram meios de buscar fluxos econômicos para a região, mostrados através de feiras, seus produtos e mercadorias geram impactos econômicos em toda a cadeia produtiva local. Também se desenvolve na economia da cultura com grandes shows da nossa musica, contratações de empresas e serviços ligados aos eventos culturais. Toda essa movimentação gera números expressivos no PIB local sendo maior evento da cidade.
Trabalha com fornecedores e empresas que buscam redução de impactos ambientais em seus processos. Garante acessibilidade a pessoas com algum tipo de deficiência. Além de um evento desta magnitude servir como um grande encontro das pessoas, amigos e suas famílias.
PRODUTOR: X13 PRODUÇÕES DE EVENTOS LTDA.
CEPC: 4697
VALOR: R$ 113.840,00 - LIC
PERÍODO DE REALIZAÇÃO: 5 e 6 de outubro de 2016.
A SEDAC formulou diligência cuja resposta do proponente foi a seguinte em resumo:
“A Expofeira, que completa esse ano sua 38ª edição, é um evento que acontece no Parque de Exposições do Sindicato Rural e vem sendo reconhecida em toda a região por valorizar, promover e divulgar os arranjos produtivos, culturais e sociais do município e região sul do estado. O evento contribui para a movimentação da economia local e oferece a diversos segmentos –agropecuário, comercial, industrial, (grifo nosso)artesanal e prestação de serviços um espaço para expor, comercializar e divulgar seus produtos , incentivando a competitividade e o despertar para novos negócios e para a busca de conhecimentos que agreguem valor à categoria.”
É o relatório.
2. O projeto está técnica e adequadamente formatado com documentação pertinente e permite análise da relevância e oportunidade.
No que tange a conveniência da oportunidade a quesitação do binômio não é preenchido, por motivos óbvios por tratar-se de mera sequência de Show que funcionam como âncoras dentro da 38ª EXPOFEIRA DE SÃO LOURENÇO.
Em outros projetos congêneres já firmamos posição e mencionamos que para Aristóteles: Cultura era tudo que iria além do natural. Mas há diferentes visões respeitáveis. A expressão cultura na imprensa é tudo: criação de porcos, gastronomia, cinema, teatro, música, moda, desenhos animados, tecnologia digital e muito mais.
A expressão cultura foi banalizada a ponto que tudo é cultura. Contrariando a definição e conceito aristotélico.
A cultura se tornou espetáculo. Show. Show. Show. Aliás, até essa expressão é mal utilizada em nosso país, pois na essência inglesa é substantivo masculino:
Espetáculo centrado em um .ato de music-hall, em cantor ou animador.
Logo a maioria do que aqui rotulam de show nada tem a ver com o que se propõe.
Show com Cesar Oliveira e Rogério Melo 19h
05/10/2016 R$ 10.000,00
Show com Os Fagundes 21h
05/10/2016 R$ 20.000,00
Show com Quarte Coração de Potro 19h
06/10/2016 R$ 5.000,00
Show com João Luís Correa 20h
06/10/2016 R$15.000,00
Show de encerramento com Os Monarcas 21h
06/10/2016 R$ 10.000,00
Show com Cristiano Quevedo 17h
06/10/201 R$ 7.000,00
A prefeitura de São Lourenço e o Sindicato Rural não sinalizam com recursos.
Mario Vargas Llosa teve seu porto seguro no livro “A Civilização do Espetáculo”, – compilação de textos de diversos momentos – abarca concepção do autor, no sentido que as artes estão banhadas no caos em face de enchente de frivolidades que contemporaneidade se encontra presas. Há livro que se encontra no topo da lista dos mais vendidos, com história boba e romântica envolvendo vampiros, acredita estar no mesmo plano cultural do leitor de James Joyce. Estes produtos de fácil degustação, presentes em todas as linguagens artísticas e muito bem divulgados por todos os meios de comunicação, dão a seus leitores e espectadores a impressão cômoda de serem cultos, revolucionários, modernos e de estarem na vanguarda com o mínimo de esforço intelectual. Não a toa que a cultura atual, que se apresenta como avançada, na verdade propaga o conformismo por meio de suas piores manifestações – a complacência e a auto satisfação.
Essa espetacularização amplia e banaliza a base cultural dos produtos mais diversos: desde a moda e a culinária. No mundo do espetáculo, os intelectuais desapareceram do debate público das grandes questões consideradas fundamentais à sociedade, já que o pensamento perdeu a força de influência que desfrutou em outros tempos.
A civilização do espetáculo é caracterizada, segundo Vargas Llosa, pelo empobrecimento de ideias, pela pouca exigência de esforço intelectual e pela frivolidade imperante em todos os campos de atividade humana. A espetacularização é um conceito inerente ao conceito contemporâneo de cultura definido por Mário Vargas Llosa em seu livro, e dos principais motivos que o levam a afirmar, de maneira categórica, que vivemos em um período em que a cultura chegou ao seu fim, pois não enfrenta os problemas, mas foge deles. A cultura banalizada não é capaz de dar respostas sérias aos grandes enigmas, interrogações e conflitos que rodeiam a humanidade. Apenas respostas lúdicas, que servem para entreter e divertir. A morte da cultura, para o autor de “A Civilização do Espetáculo”, está na transformação desta em uma cultura de superfície e aparência, que não consegue dar conta de responder aos mistérios da complexidade humana.
Com estas considerações nos perfilamos a corrente que cultura não é simplesmente encordoamento de espetáculos e preciso algo mais, como oficinas, palestras, debates, teatro de bonecos para citar apenas algumas expressões. Sabemos que há cultura enraizada em sentido contrário que beira a banalização, mas é hora de mudar com novos ventos e novos tempos, sob pena de ficarmos na cultura do grunhir.
3. Em conclusão, o projeto “Cultura na Expofeira de São Lourenço do Sul - 2ª Edição”, não é recomendado para avaliação coletiva por não preencher a quesitação da relevância e oportunidade para receber incentivos do Sistema Estadual de Financiamento e Incentivos às Atividades Culturais.
Porto Alegre, 05 de julho de 2016.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13h30min do dia 06 de julho de 2016.
Presentes: 8 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ruben Francisco Oliveira, Alessandra Carvalho da Motta, Marco Aurélio Alves, Maria Silveira Marques e Vinicius Vieira.
Dael Luis Prestes Rodrigues
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS