O projeto “FESTIVAL DE SHOWS JOÃO DE BARRO” não é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto cultural Festival de Shows João de Barro – 1ª edição, tem como proponente a Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, CEPC 1195, será coordenado por Melina Strack Vianna, tendo por contador Diego Joel Strottmann. Está previsto para o período de 29 de novembro à 04 de dezembro de 2016. Está inscrito na categoria música e será realizado na localidade de Lomba Grande, município de Novo Hamburgo com orçamento de R$ 98.264,00 (noventa e oito mil duzentos e sessenta e quatro reais).
Segundo o Proponente, a realização de 04 shows é uma forma aumentar o acesso a tradição gaúcha e movimentar a sua prática. O FESTIVAL DE SHOWS JOÃO DE BARRO é parte-artística do 32º Rodeio Interestadual e 9º Rodeio Nacional. O show com o Grupo Os Monarcas, será de acesso gratuito ao público geral, atingindo principalmente as famílias mais vulneráveis. Nos dias 02, 03 e 04 de dezembro, os shows serão realizados durante o 32º Rodeio Interestadual e 9º Rodeio Nacional, sendo distribuídos em 01 show por dia. Não haverá cobrança de ingressos para os shows mas será cobrada a entrada do Rodeio.
O Proponente também afirma que "a relação da proposta com a comunidade será de grande relevância, pois através deste evento são atraídos muitos turistas e concorrentes de todo o Brasil, gerando emprego para todas as fontes de renda, bem como, no comércio local, artesanato, culinária local, hospedagem, etc.. Desta forma, toda a comunidade se beneficia, com a geração de emprego e inclusive com os benefícios que a própria prática de atividades culturais proporciona, incentivando novas gerações de artistas a cultuarem essa tradição tão importante para a formação de bons cidadãos e difundindo a cultura por todo o Brasil e por que não, do mundo".
É o relatório.
2. O projeto está apresentado dentro dos padrões exigidos pelo Sistema de Financiamento Pró Cultura e em seus anexos é possível compreender a dimensão da proposta.
A concepção do projeto apresenta custos dentro daquilo que é praticado pelo mercado porém, não fica evidenciado o mérito para receber incentivos públicos ao perceber-se que os shows são apenas um atrativo ao Rodeio Crioulo que será realizado no mesmo local e período, com cobrança de ingressos.
Carece de racionalidade a afirmativa de que os shows são gratuitos quando o mesmo projeto afirma que será cobrado ingresso para o Rodeio e sendo assim, por óbvio, quando o público pagar para acessar a um local, terá direito a participar de tudo que ali se realizar.
O projeto propõe shows de reconhecida qualidade com nomes consagrados pelo público. Sem dúvida as escolhas estão balizadas com o objetivo de atrair maior quantidade de pagantes ao Rodeio graças ao elevado mérito musical proposto. Carece de relevância para receber o incentivo com recursos públicos projeto que não atenda aos elementos balizadores do sistema de financiamento Pró Cultura que são o incentivo a democratização no acesso à cultura assim como o fomento ao surgimento de novos artistas ou a preservação das manifestações folclóricas. Nenhum destes princípios é atendido pela proposta em tela.
Inexiste previsão de qualquer ação que seja efetivamente motivadora da preservação da cultura ou alimento a manutenção das tradições gaúchas. A simples apresentação de shows não é garantia de fortalecimento do tradicionalismo ou da cultura gaúcha.
O projeto é contraditório quando, em seus objetivos, afirma que deseja promover o acesso a cultura e ao lazer gratuitamente. Na apresentação, o Proponente afirma: “não haverá cobrança de ingressos, para assistir aos shows, mas será cobrada a entrada do rodeio, já que sua realização é independente da aprovação do projeto, sendo oferecidos outros eventos e exposições ao público. Caso houvesse a cobrança dos shows, a entrada ao Rodeio seria de valor maior, por se tratar de shows com valores expressivos”. Aqui nos certificamos de que para ter acesso aos shows o público primeiro pagará seu ingresso para o Rodeio.
Um projeto que queira preservar raízes ou alimentar o espirito norteador do tradicionalismo gaúcho precisa oferecer elementos que proporcionem ao público ampliar conhecimento. Utilizo-me da afirmação do Proponente ao escrever sobre a dimensão simbólica de sua iniciativa: “mais do que nunca a tradição gaúcha tem de ser cuidada, protegida e divulgada da forma mais correta possível, evitando-se ao máximo os indesejáveis prejuízos culturais decorrentes de algumas ações negligenciadas e irresponsáveis, pessoais ou institucionais. Assim, é pela ação coerente dos Tradicionalistas, em todos os momentos do tradicionalismo, e especialmente naqueles em que se realizam a exposição pública da cultura regional dos gaúchos, que o seu patrimônio cultural poderá ser mantido e preservado para as gerações futuras”. A inexistência do caráter formador na iniciativa do Proponente, imprescindível como ele mesmo afirma, é o que retira a relevância e oportunidade do projeto.
3. Em conclusão, o projeto “Festival de shows João de Barro” não é recomendado para a Avaliação Coletiva.
Porto Alegre, 16 de julho de 2016.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13h30min do dia 18 de julho de 2016.
Presentes: 7 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ruben Francisco Oliveira, Antônio Carlos Côrtes, Maria Silveira Marques e Vinicius Vieira.
Dael Luis Prestes Rodrigues
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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