O projeto “MEU NOME É JORGE” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto cultural MEU NOME É JORGE tem por fim principal a realização de um longa-metragem. Estão destacadas para a realização das funções principais no projeto as seguintes empresas e profissionais, a saber: produção cultural por Panda Filmes Ltda, que também divide a produção executiva com Beto Rodrigues; Direção por Rafael Brum Ferretti; Direção de Produção por Monica Catalane Rocha; Roteiro por Eduardo Cabeda; Direção de Fotografia por Tamarutaca P. F. Ltda e Pedro Rocha; Edição de Som e Técnico de Som por Tree Top Des. de Som e André Sittoni; Montagem e Finalização por Ricardo Sauza, e contabilidade por Álvaro Luis Sacol Flores.
Com realização prevista para o período de 31 de outubro de 2016 a 24 de agosto de 2017, nos municípios de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Gravataí, o projeto está orçado em R$ 816.634,30, divididos da seguinte forma: R$ 196.225,00, solicitados ao Sistema LIC Pró-Cultura RS (integralmente habilitados pelo SAT), R$ 571.709,30, solicitados ao MinC, e R$ 48.700,00, que são oferecidos pelo próprio proponente.
A proposta do filme é ser um longa-metragem documental, contando a história real de Jorge Martins e sua trajetória desde uma situação de vida absolutamente miserável até se tornar um bem-sucedido escritor e empresário. Segundo o projeto, o filme será em formato “docudrama”, contando com uma série de entrevistas, depoimentos e material iconográfico, mesclados com cenas de dramatização. O personagem principal, Jorge Martins, foi morador de rua na periferia urbana do Rio Grande do Sul, a qual serve de pano de fundo ao longa-metragem. A ideia do filme se baseia no livro homônimo, este de autoria do próprio Jorge Martins, que foi o autor gaúcho mais vendido na Feira do Livro de 2010. O livro conta com 5 edições, e seu autor já palestrou em mais de uma centena de escolas no estado, sendo escolhido como patrono de mais de 15 feiras do livro no Rio Grande do Sul.
Na descrição da metodologia do projeto, é ressaltada a utilização de equipamentos de alta qualidade. Por exemplo: as câmeras a serem utilizadas terão alta resolução (XDCam) e, segundo o proponente, conferem primor estético. Da mesma forma, os equipamentos de captação de som a serem utilizados “estão entre os melhores disponíveis no mercado audiovisual”. O proponente acredita que “com a equipe e os softwares utilizados no filme, se chegará a um resultado de alta qualidade cinematográfica.”
Além da proposta do longa-metragem, o projeto propõe ainda a realização de workshops sobre literatura para jovens e doação de livros, a serem ministrados pelo próprio Jorge Martins. Nessas oficinas, o autor propõe utilizar sua própria história de vida para ilustrar possibilidades de caminhos na direção da superação. Nos bate-papos propostos dentro das oficinas, o autor pretende relatar “que, apesar do sentimento de ser injustiçado e do enfrentamento com carências básicas desde a infância, existem formas de acreditar na construção de uma vida digna. Dentro do [seu] relato, surgem as experiências como menino de rua; temas como exploração sexual, a importância de uma amizade, o diferencial de manter-se com fé, a vida no limite - uma experiência prisional, reparação de uma injustiça: a inocência, o trabalho e o estudo, um novo significado de ser.” Tais oficinas serão ministradas em escolas que já são parceiras do autor nos municípios de Porto Alegre, Novo Hamburgo, Portão e Estância Velha. A carga horária sugerida é de um mínimo de 8 e um máximo de 16 horas para cada oficina, ficando a critério da escola a fixação do tempo.
É o relatório.
2. O projeto está descrito de forma clara, coerente e detalhada o suficiente para que se tenha uma ideia bastante precisa do que pretende construir. Em seus anexos, além das formalidades necessárias, principais cartas de anuência e currículos, encontram-se o roteiro, a cessão de direitos autorais, o registro autoria do livro na ISBN, o registro autoria do roteiro na FBN, o mapa de locações e referências artísticas, além de uma proposta de oficina extremamente detalhada e encantadora, que merece um destaque especial neste parecer. O incentivo à leitura, por si, já é meritoso, mas a combinação deste com o contato direto com o autor, num trabalho de afirmação dos valores da superação, da crença na possibilidade de sobrevivência com dignidade e da utilização destes como alavancas motivadoras na construção de uma mensagem educativa e pedagógica vão muito além: reforçam o caráter transversal da arte, que ultrapassa as fronteiras do simples entretenimento. Diferentemente de outros projetos, em que oficinas são oferecidas como contrapartida, muitas vezes não muito conectadas com o projeto principal, esta proposta pode vir a funcionar como uma extensão do próprio filme, servindo como um instrumento de real mudança pessoal e social nas escolas e nas comunidades nas quais estão inseridas.
A proposta do filme, principal produto deste projeto, se mostra muito consistente. O roteiro permite visualizar uma história contada inteligentemente, onde a personagem principal é apresentada de diversas formas, para além da narrativa dramática. As cenas de entrevistas e depoimentos recortam a trama, mostrando a personagem central de diferentes pontos de vista. A opção por construir o filme mesclando dramaturgia com documentário enriquece a proposta: deixa-a mais leve, interessante e fácil de ser absorvida, sem perder a profundidade. Embora exista claramente um lado pedagógico como intenção, a proposta do roteiro flui sem ser exageradamente didática, o que empobreceria o caráter artístico.
Além disso, percebe-se um cuidado com todo o planejamento, incluindo a divulgação, a fim de que a obra ganhe um grande número de espectadores. No que tange aos valores solicitados ao Sistema LIC Pró-cultura RS, esses parecem ser bastante coerentes com as necessidades apresentadas. Outrossim, corretamente, o projeto aponta a cedência gratuita dos direitos de exibição da obra para a TVE, SEDAC e IECINE.
Em resumo, o projeto se mostra extremamente relevante e oportuno, revelando-se de grande mérito cultural.
3. Em conclusão, o projeto “Meu Nome é Jorge” é recomendado para a Avaliação Coletiva, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos até o valor de R$ 196.225,00 (cento e noventa e seis mil, duzentos e vinte e cinco reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 1° de setembro de 2016.
Marlise Nedel Machado
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 12 de setembro de 2016.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Luis Armando Capra Filho, Élvio Pereira de Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Alessandra Carvalho da Motta, Marco Aurélio Alves, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Ieda Gutfreind, Rafael Pavan dos Passos, Luciano Fernandes, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey e Walter Galvani.
Abstenções: Luiz Carlos Sadowski da Silva.
Impedimentos: Gilberto Herschdorfer.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 29/09/2016 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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