O projeto “OS MÚSICOS DE BREMEM” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O processo trata do pedido de financiamento, pelo sistema Pró-Cultura/LIC/SEDAC, para a realização do projeto Os músicos de Bremem, que foi devidamente habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura – SEDAC.
O projeto se enquadra no segmento de Artes Cênicas: Teatro, e trata da apresentação de 20 espetáculos até novembro de 2017 na cidade de Santa Maria.
O proponente informa que o projeto Os Músicos de Bremen baseia-se em uma das obras dos escritores alemães Jacob e Wilhelm Grimm, e as apresentações acontecerão no Theatro Treze de Maio, em Santa Maria.
O espetáculo é uma adaptação para teatro do conto homônimo dos irmãos Grimm feita por Jader Guterres. O Grupo Saca Rolhas Teatro e Cia, de Santa Maria, é o responsável pela montagem da história em forma de teatro. Formado por atores locais, a Cia tem outras produções na área infantil que a credenciam para um trabalho de qualidade técnica e artística. JADER GUTERRES DE MELLO tem 40 anos e é bacharel em Interpretação Teatral pelo curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria.
Breve sinopse: O que podem fazer um jumento desempregado, um cachorro meio velho, uma gata desprezada e uma galinha sem esperança? Esta história conta como esses amigos batalharam por seus sonhos de justiça e oportunidade. A inteligência, a amizade e a união, mesmo entre os que parecem fracos, podem levar a vitória. Em cada sessão é prevista a participação de pelo menos 3 escolas, totalizando um público de no mínimo de 60 escolas durante todo o projeto. A oficina proposta, como Retorno de Interesse Público, intitulada "Do texto à cena: adaptando-se ao palco" propõe o desenvolvimento do potencial educativo, formativo, criativo e lúdico do teatro, direcionado para um público de adolescentes e jovens a partir dos 12 anos.
Distribuir-se-ão livretos com a história. Serão 6.600 livros.
Toda criança tem direito ao acesso à arte e à cultura, direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Projetos culturais como este, que envolvem as escolas e, principalmente, as crianças que raramente têm acesso ao teatro, ainda mais no Theatro Treze de Maio, um espaço cultural próprio para a fruição de um espetáculo artístico. As apresentações contribuem com o Estado e com a sociedade na formação integral do ser humano, e na busca de um mundo melhor, mais humano, menos violento, com mais tolerância e uma cultura de paz.
Personagens: 1- Jumento (violonista), 2 - Cachorro (percussionista), 3 - Gata (flautista), 4- Galinha (cantora) e 5 - Homem (ladrão).
Objetos Cênicos: violão, tambor, flauta, comidas cenográficas, mesa, cadeira, revólver, banco pequeno, médio e grande.
Os custos para a realização do projeto é de R$ 105.968,00.
É o relatório.
2. Para defender a importância deste projeto vou centrar no próprio teatro infantil, começando por citar uma das gaúchas mestras nesta área.
Olga Garcia Reverbel (São Borja/RS, 1917 - Santa Maria/RS, 2008). Teórica, autora e professora. Pioneira nos estudos e práticas das relações entre teatro e educação no Brasil e autora de diversas publicações sobre tema, Olga é considerada nacionalmente uma das precursoras do movimento conhecido como Teatro e Educação, alinhado às questões da cena e da educação contemporâneas, presentes nos debates sobre ensino de teatro e do teatro infantil nas escolas como instrumento eficaz para ensino das artes.
Numa reconstituição histórica da legitimação do teatro infantil no Brasil, Maria Lúcia de Souza Barros Pupo destaca o Teatro Infantil Permanente do Instituto de Educação General Flores da Cunha - Tipie, em Porto Alegre, coordenado por Olga. Segundo Maria Lúcia, nas "décadas de 1960 e 1970, o Tipie se responsabilizaria por apresentações semanais de espetáculos infantis abertos ao público, como parte integrante das atividades da disciplina de teatro, cursada pelas normalistas daquela instituição".
O ator Paulo Autran considera o papel preponderante de Olga na formação do público porto-alegrense: "Como tivemos ocasião de comprovar, pessoalmente, em várias temporadas, Olga Reverbel tornou-se também responsável pelo alto nível de grande parte do público jovem de Porto Alegre, onde vem trabalhando há tantos anos, contribuindo para a formação de uma platéia capaz de entender, discutir, criticar e, sobretudo, apreciar os espetáculos que lá se apresentam".
Olga se mudou para Santa Maria em 2001, onde viveu até o final de sua vida.
Olga diz em um de seus livros que “A arte tem sido proposta como instrumento fundamental de educação, ocupando historicamente papéis diversos, desde Platão, que a considerava como base de toda a educação natural”.
O teatro infantil no Brasil tem suas origens na moral judaico-cristã e no didatismo, surgido aqui no ocidente através dos Padres Anchieta e Manoel de Nóbrega, que utilizavam o teatro como auxílio didático e pedagógico para a catequese dos não-judeus.
Como dizia Bertold Brecht: “(...) todas as pessoas podem entender e sentir prazer com uma obra de arte porque todas têm algo de artístico dentro de si (...)”.
Na planilha de custos, encontramos os elementos fundamentais para o espetáculo de teatro para crianças, como figurinos, cenário, bonecos, locação do teatro, assistente de sonorização e luz, trilha sonora, livretos, objetos de cenário entre outros.
A escola é uma instituição social que tem o objetivo de desenvolver a capacidade física, cognitiva e afetiva dos alunos através de procedimentos, atitudes, conhecimentos e valores. É o lugar onde o aluno passa grande parte de sua vida, portanto, precisa ser um ambiente agradável e interessante para que as experiências vividas lá dentro favoreçam o desenvolvimento e não reflita negativamente na vida adulta de seus frequentadores.
Por ser um ambiente onde diversos “tipos” de pessoas convivem diariamente, podem ocorrer preconceitos decorrentes de diferenças raciais, étnicas e culturais, além de questões que fazem parte das diversas áreas da vida como: conflitos familiar, pessoal, afetivo, profissional e estudantil.
O Teatro para Crianças será um grande aliado dos orientadores educacionais na construção de valores e na melhoria da autoestima, estimulando e despertando o gosto e hábito pelo teatro, facilitando o processo de aprendizagem, dessa forma, seres pensantes e corajosos serão desenvolvidos para enfrentar a sociedade e suas adversidades.
Os contos em peças teatrais encantam as crianças, os adolescentes e até mesmo alguns adultos, e possuem algo inexplicável. Por que será que as pessoas ficam com os “os olhos maravilhados” quando ouvem ou assistem a um espetáculo? E as crianças, por que insistem que a mesma história seja contada uma, duas, três vezes, e mesmo assim continuam se surpreendendo? Que tipo de linguagem é essa capaz de emocionar e provocar os mais variados tipos de emoções?
As encenações estão envolvidas no maravilhoso, um universo que denota fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu. Porque geralmente se passam num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do espaço, mas onde qualquer um pode caminhar. Porque todo esse processo é vivido através da fantasia, do imaginário, com intervenção de entidades fantásticas (bruxas, fadas, duendes, animais falantes ou plantas sábias).
O mais incrível é que esta história trata de animais que estavam com idade avançada e que depois de uma vida inteira de trabalho partem para fazer arte para viverem mais felizes. Inclusive o galo que fugiu um dia antes de ir para panela.
O teatro tem rampas de acesso para cadeira de rodas, banheiros adaptados, poltronas para portadores de todas necessidades especiais, mais espaço entre as fileiras e é confortável.
Sugerimos que dessas 20 apresentações alguma tenha audiodescrição. Sugerimos, também, que o PPCI do lugar da apresentação seja contemplado.
3. Em conclusão, o projeto “Os Músicos de Bremem” é recomendado para Avaliação Coletiva, em razão de seu mérito, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 105.968,00 (cento e cinco mil, novecentos e sessenta e oito reais) do Sistema Unificado Estadual de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura – RS.
Porto Alegre, 25 de abril de 2017.
Luciano Fernandes
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 25 de abril de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Marco Aurélio Alves, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey e Walter Galvani.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 26/04/2017 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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