O projeto “LONGA VITA - 1ª EDIÇÃO - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto Longa Vita segue o modelo padrão com a (1) identificação completa do produtor cultural, a Associação Vale das Antas e seu responsável legal Roberto Antonio Cainelli Junior; (2) a identificação do projeto cultural intitulado Longa Vita, com período de realização de junho de 2017 a outubro de 2018, dentro da área da literatura: impressão de livro (não constando a outra área, a da realização de um audiovisual que consta no item 5, correspondendo à apresentação).
O projeto cultural Longa Vita abarca oito cidades, respectivamente, Flores da Cunha, Bento Gonçalves, Nova Roma do Sul, Cotiporã, Nova Padua, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Veranópolis. Em cada uma destas cidades serão realizadas as seguintes atividades: levantamento histórico, seleção de entrevistados e coleta de informações para a composição do livro. O lançamento oficial do livro será em espaço público a ser definido por prefeitura municipal (sem maiores esclarecimentos se em cada cidade ou selecionadas algumas delas). (3) A equipe principal consta de pessoas físicas (Fernanda Tomasi e Marcieli Bertoldi Scarton) e pessoas jurídica (empresa Triangulo da Produção Cultural Limitada). (3.1) Igualmente está nomeado o contador (Fábio Durante). (5) A apresentação repete que o projeto visa a elaboração de um livro e um audiovisual por meio de pesquisa e relatos orais dos moradores mais antigos – acima de 80 anos –, propondo: “registrar suas características, costumes, modo de vida e contribuição para a cultura e história locais tendo como tema central a longevidade...”. (6) Justificando as dimensões simbólica, econômicas e cidadã, o projeto disserta longamente sobre a importância identitária e de pertencimento para a cultura local. Reconhece que a temática da imigração italiana é tema recorrente nas pesquisas, mas destaca que este projeto se delimita aos moradores mais antigos das cidades banhadas pelo Rio das Antas. Buscam relatos de cunho pessoal os quais serão preservados na forma de registro de história oral, que poderão ser utilizados em futuras pesquisas, ampliando os arquivos históricos. Preocupam-se com a perda das histórias dos primeiros imigrantes, pois não teria ocorrido sua preservação de forma conveniente. Pretendem apurar “como cuidavam da sua vida, seu espírito de coragem, sua perseverança, seus medos, angústias, alegrias, suas necessidades...”. Os proponentes visam mapear a prosperidade das famílias que se estabeleceram no Vale do Rio das Antas, suas escolhas de vida que terminaram promovendo o crescimento econômico e o desenvolvimento da região. Destacam o convívio na comunidade, a importância para o corpo e para a alma a socialização e a continuidade dos costumes, do modo de vida, das crenças, da religiosidade, as experiências vividas e que foram narradas pelos primeiros imigrantes. Neste conjunto da proposta cultural, procuram as respostas dadas pelos moradores que se destacaram pela maior longevidade (em especial a cidade de Veranópolis). O resultado será registrado na produção de um livro e de um audiovisual (várias vezes repetido no projeto), que será disponível gratuitamente na internet. (6.2) A partir dos dois produtos acima consideram estar movimentando a economia da cultura com a contratação de profissionais e empresas da região e, indiretamente, a divulgação das localidades, impulsionando o turismo. Finalmente, (6.3) a dimensão cidadã está contemplada, pois darão vez e voz aos idosos, facilitando a interação de faixas etárias, dos estilos de vida, da classe social. Acreditam que ocorrerá o fortalecimento da cultura com a participação dos idosos através dela. A cultura imaterial será revitalizada e preservada através da memória histórica transmitida pelas gerações. Decorre do arrazoado acima (7) os objetivos que são os de valorizar a história e a cultura local, salvaguardar as características destes imigrantes, difundir os modos de fazer e de viver da população do Vale do Rio das Antas e recuperar fotos antigas. (8) As metas que pretendem alcançar são as da publicação de dois mil volumes, trinta entrevistas, o envolvimento de oito cidades, a criação de um áudio, um livro e um site (em plataforma gratuita, constando de informações sobre a elaboração da obra, resumo dos capítulos, curiosidades, bastidores, imagens), além de realizar três oficinas gratuitas. (9) Metodologicamente, através do livro de conteúdo humanístico e com o vídeo esperam mobilizar o maior número de pessoas das comunidades que participam do projeto, através de entrevistas, utilizando o modelo tipo questionário. (10) Os quadros com os cronogramas distribuem em meses e dias as respectivas etapas das pré-produção, produção propriamente dita e pós-produção. (11) A programação está devidamente distribuída, cabendo à pesquisa seis meses, tempo igual para a elaboração do texto; o trabalho com as fotos será de cinco meses e o projeto gráfico e a diagramação 45 dias, assim como a impressão. A data, a hora, o local do lançamento do livro serão definidos posteriormente e em conjunto com a Prefeitura Municipal de Veranópolis. (12.2) No plano de distribuição constam a quantidade de livros a serem distribuídos às prefeituras municipais das cidades envolvidas no projeto, estando repetido o nome da Prefeitura de Bento Gonçalves. (13) Não ocorrerá Plano de Comercialização dos produtos da pesquisa. (14) Em síntese, a planilha de custos envolve um projeto de R$214.288,80, correspondendo a 82,78%, os valores da produção e execução do projeto; 9,33% para a divulgação, 7,51% à administração e 0,37% impostos/taxas e seguros.
É o relatório.
2. O projeto Longa Vita tem como produtor cultural a Associação Cultural Vale do Rio das Antas, entidade criada em 1999 com “a missão de promover o desenvolvimento sustentável da Rota do Vale das Antas, valorizando o patrimônio cultural e ambiental, fomentando o turismo e integrando a comunidade”. A leitura do projeto mostrou que sua proposta articula-se aos propósitos da Associação que vem desenvolvendo muitas atividades culturais.
Solicitamos que seja observada, corrigida ou justificada a duplicação da quantidade de volumes destinados à cidade de Bento Gonçalves.
Consultando os currículos das profissionais que vão desenvolver as atividades (entrevistas, elaboração do livro) observamos que possuem formação profissional adequada e experiência nas respectivas áreas, condições que seriam garantidoras da qualidade do produto, o livro.
Sobre as entrevistas e os entrevistados: a imigração italiana tem como marco oficial o ano de 1875; em 2017, data do início da pesquisa já decorreram 142 anos da chegada dos primeiros imigrantes, significando que várias gerações se sucederam. A pesquisa, buscando pessoas–fonte com mais de 80 anos seriam aquelas nascidas na década de 1930. Isto requer destacar o que apresentam de “italianidade das gerações que os precederam, as mudanças que vem ocorrendo no seio das suas comunidades”. Chamamos a atenção que deve ser dada à época da grande nacionalização, o Estado Novo getulista (1937-1945), pois o período afetou grandemente as comunidades étnicas em geral. A segunda metade do século XX, por sua vez é a de um mundo em transformação; mesmo que sejam trabalhadas cidades interioranas elas se articulam ao todo sul rio grandense e porque não, ao nacional.
No que se refere à oralidade este é um campo difuso e complexo, o Projeto toma como modelo e indica como marco teórico a tese de doutorado de Fabiela Bigossi, As Cidades da Longevidade: estudo antropológico sobre as práticas de durar em Veranópolis-Rio Grande do Sul e Maués-Amazonas-Brasil, defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Antropologia Social, sob a orientação da professora doutora Cornélia Eckert, em 2013. O trabalho acadêmico é atravessado pelo viés antropológico, mas há outros, o sociológico, o histórico e a proposta do projeto tem muito de histórico também, daí a atenção a ser dada à dimensão teórica. A fonte oral exige a reflexão, a critica, o estabelecimento de relações, comparações com outros documentos, enfim, exercício crítico. Pela leitura, observamos que no livro a ser produzido, os depoimentos consistiriam em fontes para outras pesquisas, assim como as fotos, enriquecendo o acervo documental sobre o tema imigração italiana; tal observação nos leva a outra: o audiovisual, com a duração de 15 minutos. Este material é de extrema riqueza: a fala com suas entonações, gestos, a figura humana em si, a expressão do olhar, o entorno, além de outras características constituem-se em documentos de primeira linha.
A programação da oficina cultural envolvendo alunos da rede escolar merece cumprimentos, pois serão eles que preservarão esta história.
Centrados na longevidade, envolvendo modo de vida, tradições, religiosidade, hábitos alimentares, trabalho, integração comunitária destacamos a importância a ser dada à longevidade desde que com qualidade.
O projeto já passou por diligência da SAT que o glosou em R$4.000,00 no quadro correspondente à administração, item 3.2, elaboração da prestação de contas.
O esforço do estado em oferecer oportunidades à cultura em geral, apesar da crise pela qual vem passando, a preocupação em ampliar, em distribuir oportunidades aos demais projetos solicitantes e, por último, mas não menos importante, na certeza de que o projeto pode ser desenvolvido com menor custo, sugerimos as glosas abaixo:
Na (14) Planilha de Custos – Quadro 1
1.1 Locação de transporte para realização de pesquisa – de R$5000.00 para R$3000.00
1.2 Pesquisa – de R$12000.00 para R$8000.00
1.3 Pesquisa para captação de imagens (audiovisual) – de R$5000.00 para R$3000.00
1.4 Produção Executiva – de R$9000.00 para R$7000.00
1.5 Projeto Gráfico – de R$15000.00 para R$5000.00
1.6 Criação de texto – de R$9000.00 para R$6000.00
1.8 Coordenação Editorial – de R$8000.00 para R$5000.00
1.9 Revisão de texto – de R$ 3500.00 para R$2000.00
1.12 Fotografia artística de R$4500.00 para R$3000.00
1.13 Transporte para deslocamento da equipe de captação de imagens e fotografia – de R$5000.00 para R$3000.00
1.14 Impressão – de R$55588.80 para R$30000.00
Foram glosados R$56.588,80.
Não foram glosados os itens:
1.10 Ficha Catalográfica e ISBN – R$300.00
1.11 Bibliografia – R$1000.00
1.15 Sonorização e iluminação para lançamento do livro – R$3000.00
1.16 Correios – R$1500.00
1.17 Produção de audiovisual – R$40000.00
Total do Quadro 1: R$120.800,00
Na (14) Planilha de Custos – Quadro 2
2.1 Convite – de R$1500.00 para R$500.00
2.2 Assessor de Imprensa – de R$6000.00 para R$4000.00
2.4 Criação e Gerenciamento do Site – de R$12000.00 para R$4000.00
Foram glosados R$11000.00.
Não foi glosado o item:
2.3 Banner – R$500.00
Total do Quadro 2: R$9.000,00
Na (14) Planilha de Custos – Quadro 3
3.1 Contador – de R$2100.00 para R$1500.00
3.3 Captação de recursos – R$10000.00 para R$6000.00
Total do Quadro 3: R$7.500,00
3. Em conclusão, o projeto “Longa Vita - 1ª Edição - 2018”, é recomendado para avaliação coletiva, devido ao seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber financiamento até o valor de R$ 138.100,00 (cento e trinta e oito mil e cem reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró Cultura – RS.
Porto Alegre, 30 de novembro de 2016.
Ieda Gutfreind
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10 horas do dia 01 de dezembro de 2016.
Presentes: 16 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Bibiana Mandagará; Dael Luis Prestes Rodrigues; Élvio Vargas; Érika Hanssen; Gilberto Herschdorfer; José Mariano Bersch; Lucas Frota Strey; Luciano Fernandes; Luiz Armando Capra Filho; Marlise Nedel Machado; Walter Galvani da Silveira.
Contrários: Luis Carlos Sadowski da Silva
Ausentes no momento da sessão: Marco Aurélio Alves; Maria Marques Silveira
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 21/12/2015 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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