O projeto “DUELO DE RIMAS” não é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto “Duelo de Rimas”, habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, trata da realização de um Concurso de Trova, evento competitivo no Município de Sapiranga. Evento não vinculado à data fixa.
Tem como objetivo geral:
Realizar a 1ª edição do Duelo de Rimas nas dependências do CTG Galpão Sentinela do Pago, na cidade de Sapiranga/RS.
Como objetivos específicos:
Realizar na cidade de Sapiranga um festival competitivo de Trova gaúcha;
Estimular a participação de trovadores de todas as idades e localidades do Rio Grande do Sul;
Valorizar os trovadores, protagonistas deste projeto como ícones de uma tradição;
Realizar em Sapiranga um importante evento para a cultura gaúcha com entrada franca e classificação livre;
Premiar os melhores trovadores;
Proporcionar à população da cidade e arredores uma programação cultural de qualidade, focada no regionalismo gaúcho, com realização do festival de trova e consequentes espetáculos musicais nos encerramentos das atividades.
Segundo o produtor, “o evento se caracteriza por ser uma mostra competitiva contemplando as modalidades de Trova Campeira (Mi Maior de Gavetão), Trova Estilo Gildo de Freitas, Trova de Martelo e Trova Tordilhos. Os destaques do Duelo receberão troféus e premiações em dinheiro”.
Haverá uma palestra sobre “A Gênese da Trova” e uma "Oficina de Repentismo”, ambas ministradas por Valter Portalete (advogado, poeta e trovador, que, neste projeto, atua também como apresentador).
Além dos Concursos de Trova, estão programadas duas apresentações de música regionalista.
O evento inserido no segmento de Tradição e Folclore ocorrerá no município de Sapiranga, no CTG Galpão Sentinela do Pago, e terá entrada gratuita para o público. As inscrições para os concursos também serão gratuitas. Não está vinculado à data fixa.
Dimensão Simbólica: o projeto propõe, em sua essência, valorizar e divulgar a cultura tradicional e popular gaúcha por intermédio da trova, forma genuína de poesia oral improvisada praticada no Rio Grande do Sul. O proponente discorre sobre a trova como manifestação cultural presente em povos de diversos países, afirmando que trova “é um fenômeno tradicional e ao mesmo tempo contemporâneo”. Diz ainda que “um concurso com este do projeto em tela valoriza a trova e seus agentes, além de incentivar as relações humanas através da arte regional”.
Dimensão econômica: aspectos relacionados à economia da cultura, geração de empregos e de renda, etc. “A realização do 1º Duelo de Rimas fomentará a economia do município de Sapiranga, além de gerar dezenas de oportunidades de emprego e renda para artistas, para profissionais especializados e para integrantes da comunidade anfitriã”.
A relatora pensa ser uma perspectiva muito otimista, já que o evento dura apenas dois dias, constando na planilha de custos apenas alguns profissionais (muito bem remunerados). Acredita-se que no final de semana do evento na cidade haverá um movimento mais acentuado em restaurantes, hotéis, bares e etc., uma vez que a previsão (bastante otimista também) é de atingir um público de 3.000 pessoas. Mas passado o momento festivo, voltará tudo ao seu normal; terá sido um acontecimento temporário.
Dimensão Cidadã: Quanto à importância para a sociedade e para a cidadania, o evento “pretende assegurar a continuidade e difundir o conhecimento da arte do improviso e do regionalismo (...) preservando e difundindo a cultura e a tradição do Rio Grande do Sul. Busca também divulgar e valorizar aspectos turísticos do município de Sapiranga. O evento possui caráter democrático, pois será executado em local central e de fácil acesso ao público, configurando-se num entretenimento para todas as faixas etárias, o que o caracteriza como uma alternativa de lazer cultural e de qualidade para a comunidade e região.”
Haverá lugares reservados para idosos e pessoas com deficiências.
As imagens captadas servirão para registro em DVD que será distribuído para escolas, imprensa, patrocinadores e órgãos governamentais vinculados à cultura.
Não apresenta plano de redução de impacto ambiental, nem de prevenção de incêndios.
O produtor cultural é JBA Produções Culturais Ltda, CEPC 4893.
Da equipe principal consta JBA Produtora na coordenação geral;
A contadora é Cristiane de M. de Araújo, CRC 0640760/0-8;
Germano Reis como coordenador artístico;
Milton Francisco Pinheiro como produtor local;
Não tem outros participantes.
O valor do projeto é de R$ 209.448,90, totalmente solicitado ao Sistema LIC. Não tem recursos próprios, nem receitas originárias da Prefeitura; não tem previsão de receitas de comercialização de bens e serviços. O evento tem entrada franca para o público.
É o relatório.
2. O projeto está adequadamente formatado, instruído com os documentos necessários para a apreciação do seu mérito. Apresenta o contrato entre produtor, plano de divulgação, programação, orçamentos, currículos e anuências.
Seus objetivos são adequados à motivação do projeto. A ideia deste evento é muito boa, há público interessado, talvez não tanto quanto sonha o produtor, que pretende atingir 3.000 pessoas em dois dias, mas existe bom público para um evento de Trova.
Os “duelos” em rimas que os trovadores disputam, despertam interesse na plateia que acompanha atentamente o espetáculo.
Entretanto, os valores solicitados no projeto em tela não estão compatíveis com os de outros eventos similares; estão acima dos valores praticados no mercado. Num momento de crise financeira em que tanto o Estado como o país vivem, faz-se necessário enxugar gastos e não extrapolar os custos, como os que vemos no projeto em tela.
É um evento que poderia ser realizado com a metade do valor previsto.
3. Em conclusão, o projeto “Duelo de Rimas” não é recomendado para avaliação coletiva.
Porto Alegre, 19 de outubro de 2016.
Paula Simon Ribeiro
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13h30min do dia 24 de outubro de 2016.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Marco Aurélio Alves, Bibiana Mandagará Ribeiro, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey e Walter Galvani.
Abstenções: Gilberto Herschdorfer e Luciano Fernandes.
Ausentes no Momento da Votação: Jaime Antônio Cimenti.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS