O projeto “CINEMA PARA TODOS - 2017” é recomendado para a Avaliação Coletiva.
1. O projeto “Cinema Para Todos - 2017”, habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, pretende levar a 5 (cinco) cidades do interior do estado a oportunidade de assistir a grandes produções cinematográficas brasileiras.
A exibição dos filmes será através de uma tela inflável e toda uma estrutura montada em locais públicos, como praças e largos dos municípios de Tiradentes do Sul, Braga, Esperança do Sul, Miraguai e Redentora, que receberão, gratuitamente, 2 (duas) produções, um curta e um longa-metragem. A ideia é descentralizar a cultura dos grandes centros e promover conhecimento a estes munícipes, provocando o gosto e o consumo pela produção do cinema nacional.
Proponente: Associação Desportiva e Cultural do Noroeste Gaúcho - ADECUNG
Segmento Cultural: audiovisual / eventos de exibição
Período de realização: 05/02/2017 a 19/03/2017
Local: Tiradentes do Sul, Braga, Esperança do Sul, Miraguai e Redentora
Valor total: R$ 217.855,00 (duzentos e dezessete mil oitocentos cinquenta e cinco reais)
Financiamento Sistema Pró-Cultura: 100%
O proponente justifica seu projeto citando que o cinema é considerado como a sétima arte. A nova classe média, procurando uma maior qualidade de vida, começou a inserir em seus programas cotidianos mais idas ao teatro, espetáculos musicais, exposições e, também, ao cinema.
Ressalta que, apesar de cada vez mais popular, nem todos estão ao alcance de tais programas culturais. A maior parte das cidades do interior não possuem salas de cinema e dificilmente recebem grandes atrações culturais em seus teatros, em razão do custo que se tem em promover tais eventos.
Observa que, apesar dos novos investimentos e da melhoria significativa da qualidade dos filmes produzidos pelo cinema nacional, ainda há bastante preconceito. Um pouco disso dá-se pela característica conhecida como “estrangeirismo”, que explica o costume que o brasileiro tem de pensar que “o que vem de fora é melhor”. É pensando neste nicho que o proponente apresenta o projeto, buscando levar às 5 (cinco) citadas cidades do interior do estado a oportunidade de assistir a grandes produções cinematográficas brasileiras.
Os objetivos específicos do projeto são: aprofundar o conhecimento da comunidade no que se refere à produção audiovisual nacional; desenvolver capacidades individuais através das oficinas; oferecer um programa cultural de qualidade e gratuito; estimular a arte e a cultura; descentralizar os recursos destinados à cultura; possibilitar que os moradores possam assistir a filmes que normalmente não chegam a estas cidades; contribuir para a formação de uma identidade que não seja apenas baseada na indústria cultural homogeneizante e massificadora; estabelecer um momento sadio de intensa fruição cultural; servir como uma referência aos municípios interioranos, de modo que práticas como esta sejam mais frequentes e acessíveis; e democratizar através da entrada franca e do livre acesso, recursos que dificilmente são investidos em regiões como as previstas para este projeto.
Quanto à dimensão econômica, o projeto “Cinema Para Todos - 2017” prevê somente exibição de produções nacionais, abrindo a possibilidade não só de divulgação do que é feito e produzido no país e no estado, mas, também, girar economicamente a produção audiovisual gaúcha e brasileira. O curta-metragem escolhido para exibição é o “Dia de Jogo”, comédia em que um padre mistura suas duas paixões: o futebol e a religião. Esse é uma produção do ano de 2009, feita através de recursos incentivados pela Lei de Incentivo à Cultura. Já o longa-metragem é o gaúcho “Os Senhores da Guerra”, filme atualíssimo, que teve sua estreia nos cinemas recentemente e, através de uma grande produção e artistas reconhecidos nacionalmente, conta parte da nossa história, já que tem como cenário a revolução de 23, que divide o estado entre “chimangos” e “maragatos”.
A promoção de eventos como esse em pequenas cidades do interior visa aguçar os amantes da sétima arte e os futuros cineastas, atores e produtores que através deste – talvez primeiro – contato podem se identificar. Ainda, observa o fomento da economia do município através da permanência não só da equipe do projeto, como do público da região que se deslocará até as cidades envolvidas, atraídas pelo projeto cultural em questão, o que gera movimento em restaurantes e hotéis.
Visando à democratização do acesso, o proponente informa que o projeto se relaciona de diversas formas com as comunidades locais que serão envolvidas, levando o projeto ao interior do estado onde não há salas de exibição e de forma gratuita. As exibições ocorrerão em locais abertos e de grande circulação, estando ao alcance e de fácil acesso a toda população. Cadeiras serão locadas e distribuídas nos locais, procurando o maior cômodo das pessoas que se locomoverão até o evento para assistir às produções cinematográficas. A escolha dos filmes levará conhecimento à população ao trazer parte da nossa história em seus roteiros, além da valorização da produção nacional e da sua divulgação, procurando a mobilização das pessoas em uma maior busca pelo cinema brasileiro.
Na busca de levar conhecimento e despertar interesse pela área, serão promovidas oficinas de vídeo com duração de 4 (quatro) horas e de forma gratuita. As oficinas abordarão assuntos não só teóricos sobre o processo de produção audiovisual, como também aspectos práticos sobre o funcionamento das câmeras de filmagem, sobre figurinos, fotografia, dentre outros.
Após análise técnica do projeto, o SAT apontou inconsistências, determinando alterações quanto ao valor proposto no item 1.6 da PRODUÇÃO/EXECUÇÃO (locação de grades para proteção da tela em relação ao público), de R$ 10.000,00 para R$ 2.000,00 - valor ajustado conforme especificações técnicas apresentadas em resposta à diligência. Ainda, houve glosas em relação aos seguintes itens da DIVULGAÇÃO, inabilitando-os: 2.6 - Mídia radiofônica: R$ 3.900,00 para R$ 0,00 (não foram inseridos dados da empresa de mídia radiofônica ou não foi inserido prestador de serviço "a definir", conforme solicitado em diligência); 2.7 - Mídia Impressa: R$ 3.900,00 para R$ 0,00 (não foram inseridos dados da empresa de mídia impressa ou não foi inserido prestador de serviço "a definir", conforme solicitado em diligência); e 2.8 - Divulgação móvel: R$ 2.250,00 para R$ 0,00 (não foram inseridos dados da empresa para divulgação móvel ou não foi inserido prestador de serviço "a definir", conforme solicitado em diligência).
É o relatório.
2. O projeto “1 - Cinema Para Todos - 2017” apresenta proposta relevante e oportuna, pois busca realizar um circuito de filmes brasileiros em 5 (cinco) cidades do interior do Rio Grande do Sul, cujo alcance tem estimativa de 700 (setecentas) pessoas por evento.
O cinema, enquanto linguagem artística e como espaço de relações sociais de lazer e de entretenimento, encontra-se em uma situação de destaque no campo cultural. As representações cinematográficas, da mesma forma que contribuem para simplificar e encantar o cotidiano, funcionam como formador ideológico. Ressalta-se a importância do cinema enquanto entretenimento, visto que a imagem em movimento acaba por despertar o prazer, sentimentos e emoções nos espectadores, além de gerar um encantamento até os dias de hoje.
O cinema constitui-se em um dos variados modos de expressão cultural da sociedade industrial e tecnológica contemporânea. A relação entre cinema e educação, seja no contexto da educação escolar ou da educação informal, é parte da própria história do cinema. Desde os primórdios das produções cinematográficas, produtores e diretores de cinema o consideravam como uma poderosa ferramenta para instrução, educação e reflexão humanas. Deve-se trazer para o campo da educação e da didática a reflexão e a investigação sobre como os filmes, as imagens e os estímulos audiovisuais educam as pessoas e influenciam seu imaginário.
Consolidada como a sétima arte, a telona realmente encanta multidões. O cinema pode ajudar a compreender quem somos e como somos representados, pois quando assistimos a um filme, somos levados para dentro de uma história, aflorando emoções, lágrimas e risadas. Porém, a partir das interferências da denominada Indústria Cultural, ocorre a apropriação do cinema pelo mercado, tendo início o processo de inclusão social e cultural.
Segundo o IBGE, somente 10% das cidades brasileiras têm cinema. Assim, também, é a realidade no Rio Grande o Sul, onde a existência de salas de cinema é parca e o acesso é relativamente limitado, restringindo-se à capital e a apenas mais 16 cidades do interior do estado[1].
Ir ao cinema é considerado um dos programas mais corriqueiros dentre as possibilidades de lazer da população da capital, ao passo que para a população do interior é um verdadeiro “evento”.
O alto investimento necessário para ingresso, gastos com deslocamento, entre outras atividades pertinentes ao evento “ir ao cinema”, afasta as pessoas que residem no interior dessa alternativa de entretenimento e lazer. Por isso a relevância do projeto “Cinema Para Todos - 2017”, que busca utilizar o cinema como veículo de lazer e ferramenta de ensino-aprendizagem, oportunizando enfocar aspectos culturais, históricos, literários e políticos do cinema nacional, proporcionando uma visão integral do cinema enquanto mídia educativa também para a população destas cidades do interior do estado.
A tela inflável e toda a estrutura que será montada em locais públicos, como praças e largos dos municípios, com população estimada em 2016 pelo IBGE em Tiradentes do Sul (6.338 habitantes), Braga (3.667 habitantes), Esperança do Sul (5.087 habitantes), Miraguai (4.978 habitantes) e Redentora (11.105 habitantes), também desenvolverá o processo de ensino-aprendizagem, o que é primordial para a inovação pedagógica e a adequação às mudanças sociais. Nesse contexto, a exibição de um filme torna-se uma ferramenta educativa cheia de potencialidades: o cinema, enquanto mídia educativa possui grande potencial pedagógico uma vez que é muito mais fácil tanto para uma criança quanto para um adulto absorver informações advindas de estímulos audiovisuais.
O projeto visa levar aos gaúchos destes municípios longínquos um pouco de cinema. Com certeza, em cada cidade que se fará as exibições haverá comoção dos espectadores diante da tela, aflorará a emoção das pessoas ao se deparar com universo tão distante do seu. Desta forma, a população do interior do estado conta e anseia por ações como esta, em que produtores conseguem através de financiamento público proporcionar a elas programas culturais de qualidade.
Já dizia o compositor e cantor Milton Nascimento: “Todo artista deve ir onde o povo está”.
Sabe-se que os filmes nos permitem ver a realidade com mais clareza, descobrir mais sobre nossos sentimentos e emoções. A 7ª arte nos mostra a importância de acreditar em nossos sonhos.
Apesar de haver a cessão dos espaços públicos conforme carta das prefeituras envolvidas no projeto, tendo em vista o significado do evento para a comunidade, pois eventos desta natureza impactam a rotina local, lamentamos não haver participação financeira por parte das prefeituras.
Reabilita-se o valor de R$ 10.050,00 (dez mil e cinquenta reais), referente aos itens 2.6, 2.7 e 2.8 da DIVULGAÇÃO, considerando a apresentação do contrato social da empresa NOVA PUBLICIDADE E PROPAGANDA LTDA, que dentre seus objetivos consta na cláusula segunda a prestação de serviços de publicidade, propaganda, produção de eventos, produção de áudio, vídeo e artes gráficas, elaboração e execução de projetos, cursos e palestras e hospedagem de homepage.
De acordo com o Estatuto do Idoso, que haja acesso preferencial para os mesmos nos locais em que ocorrerão as exibições dos filmes, bem como a reserva de, pelo menos, 2% dos espaços disponibilizados para cadeirantes, distribuídos em locais diversos e de boa visibilidade, de acordo com a Resolução nº 001/2014 – CEC/RS.
*O proponente deverá fazer o uso da marca do Sistema Pró-Cultura em todas as peças de divulgação.
3. Em conclusão, o projeto “Cinema Para Todos - 2017” é recomendado para a Avaliação Coletiva, por reconhecimento de seu mérito, relevância e oportunidade, a fim de receber incentivos até o valor máximo de R$ 209.855,00 (duzentos e nove mil, oitocentos e cinquenta e cinco reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento à Cultura – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 03 de novembro de 2016.
Gilberto Herschdorfer
Conselheiro Relator
[1] http://www.adorocinema.com/programacao/?cgeocode=293144
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 07 de novembro de 2016.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Alessandra Carvalho da Motta, Marco Aurélio Alves, Bibiana Mandagará Ribeiro, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey, André Venzon e Walter Galvani.
Ausentes no Momento da Votação: Ruben Francisco Oliveira.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 17/11/2016 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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