O projeto “PEÇA TEATRAL DON QUIXOTE, O SONHADOR SOLITÁRIO - EDIÇÃO ESTRELA E LAJEADO – 2017”, em grau de recurso, não é acolhido.
1. O processo trata de um pedido de financiamento pelo sistema Pró-Cultura/LIC/SEDAC para a realização do projeto “Peça Teatral Don Quixote, o Sonhador Solitário - Edição Estrela e Lajeado - 2017”, que foi devidamente habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura – SEDAC.
O projeto enquadra-se no segmento de ARTES CÊNICAS: teatro, para ser realizado em abril de 2017 nas cidades de Lajeado e Estrela.
O produtor cultural é JORNAL A HORA LTDA. A equipe é formada também por João Timotheo Esmerio Machado, profissional responsável pela coordenação pedagógica das apresentações teatrais, pela concepção do conteúdo programático e operacionalização das palestras. Antonio Lopes Produções Artísticas é o diretor artístico e um dos atores.
A equipe técnica consultou, informalmente, o grupo de teatro e equipe de apoio sobre seus interesses e disponibilidade de agenda para as apresentações e oficinas propostas. O retorno foi positivo. O Jornal A Hora é uma empresa que tem compromisso com a cultura do Vale do Taquari. O grupo O Teatro Social foi fundado em 1988, no município de Montenegro, pelo ator e diretor Antonio Lopes. A partir de 1994, o Teatro Social passou a circular com a peça “Fuga - O Submundo das Drogas“, como proposta de discussão social. A peça participou de diversos festivais de teatro, recebendo 28 troféus em premiações. A partir daí, importantes montagens foram desenvolvidas com espetáculos temáticos e com discussões sociais. Anualmente, são escolhidos os temas e peças para circulação durante o ano em curso.
O proponente informa que realizará a apresentação de duas palestras “A Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha” e duas apresentações da peça de Teatro “Don Quixote, o Sonhador Solitário”, montagem baseada no clássico da literatura mundial “El Ingenioso Hidalgo de Don Quixote de la Mancha”, de 1606, escrita por Miguel de Cervantes y Saavedra, que nasceu em 1547 e nos deixou em 1616.
As ponderações oferecidas pela obra são melhores compreendidas com a análise do momento histórico em que ela foi construída. Este esclarecimento será oferecido pelas palestras que antecedem o espetáculo, que trarão informações históricas da Espanha contemporânea de Miguel de Cervantes, autor ícone da literatura espanhola, que traz temas sempre atuais, como o amor, o idealismo e a busca por justiça.
O proponente informa que o espetáculo contará com uma preocupação superior com a estética do figurino e com a linguagem tragicômica que é adequada. Salienta a inspiração que será causada em trupes teatrais locais, que vislumbrarão a possibilidade da produção de novos espetáculos baseados em releituras e adaptações de obras clássicas da literatura mundial.
As metas do projeto preveem a apresentação de um espetáculo teatral “Don Quixote, o Sonhador Solitário” em Lajeado e outro em Estrela; uma palestra histórica “A Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha” em Lajeado e outra em Estrela; a divulgação do documentário videográfico da palestra “A Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de La Mancha”, da peça teatral “Don Quixote, o Sonhador Solitário” e da oficina de teatro; uma de oficina de Experimentação e Improvisação.
Para a promoção da acessibilidade, o projeto será executado de acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotando medidas, como a disponibilização de assessoria voluntária de profissionais devidamente qualificados para receber o público idoso e PNE (pessoas com necessidades especiais), vagas especiais de estacionamento, rampas de acesso, acentos preferenciais nos espaços das apresentações, banheiros adaptados para deficientes físicos e sinalização adequada para deficientes visuais.
O custo para a realização do projeto é de R$ 54.498,99 (cinquenta e quatro mil, quatrocentos e noventa e oito reais e noventa e nove centavos)
É o relatório.
2. O projeto está apresentado dentro do previsto na legislação e normativas vigentes, apresentando em seus anexos documentos que contribuem para a análise da proposta.
São raras as iniciativas que contemplam a preocupação com acessibilidade e, mais ainda, fazendo-a com razoabilidade e eficiência. Mais incomum ainda são os projetos que preveem a circulação de espetáculos teatrais, oficinas e outras atividades formadoras. Neste projeto, o incentivo ao conhecimento das artes cênicas prevê a utilização das conhecidas técnicas de Viola Spolin, amplamente difundidas para iniciação teatral.
O projeto propõe-se a algo simples e claro: duas apresentações do espetáculo “Don Quixote, o Sonhador Solitário”, em dois municípios vizinhos, que serão antecedidas por duas palestras de 30 minutos. Como estratégia de “retorno de interesse público”, está proposta uma oficina para 150 pessoas, utilizando-se de uma metodologia que propõe participação ativa e direta de todos os presentes.
Causa espanto que o proponente tenha pensado em uma palestra sobre o “Universo da Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha”, com duração de 30 minutos. Para que se alcance uma abordagem superficial sobre a temática da Espanha, necessita-se desse tempo, que necessitaria ser multiplicado por dois para contextualizar o período barroco renascentista, e tempo ainda maior seria necessário para dissecar o clássico de Miguel de Cervantes “Don Quixote de la Mancha”. Trata-se, portanto, não de uma palestra, mas apenas de uma breve exposição sobre a temática.
Na programação do projeto, existe a oferta de uma oficina de experimentação e improviso, com duração de três horas, utilizando as conhecidas técnicas de Viola Spollin para 150 pessoas. Aqui que o proponente causa estranhamento ainda maior. A autora e diretora de teatro Viola Spolin, falecida em 1994, na cidade de Chicago, nos EUA, propõe que seus jogos teatrais sejam experimentados por todos os presentes para que tais participantes possam desvendar suas sensações. Mais do que isso, apenas para um jogo de apresentação é previsto mais de 30 minutos. Difícil imaginar que tão expressivo público consiga boa impressão sobre a paixão teatral. Para adequada aplicação dessa técnica, é sugerido grupos de, aproximadamente, 20 pessoas com duração de 40 horas.
O orçamento do projeto, que nasceu com a estimativa de investimento na ordem de R$ 56.198,99 (cinquenta e seis mil, cento e noventa e oito reais e noventa e nove centavos), destina apenas 18% para cachês de espetáculo e oficinas, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais). Por essa razão, este relator não vê tal proposta como oportuna.
Não resta clara a razão de utilizar R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para direção artística, considerando que os espetáculos sempre contam com um diretor, e seu cachê está inserido no valor a ser pago pelo espetáculo.
Uma iniciativa de circulação de espetáculos teatrais sempre será bem-vinda quando estiver adequada em seu conteúdo. Para que um projeto alcance relevância, deverá entender que as atividades não devem receber mais investimentos do que as iniciativas artísticas.
Quando o proponente informa que “a equipe técnica consultou, informalmente, o grupo de teatro e equipe de apoio sobre seus interesses e disponibilidade de agenda para as apresentações e oficinas propostas. O retorno foi positivo”, fica evidenciada a desconexão entre proponente e produção artística. Por todo o exposto, entendo prejudicado o mérito da proposta.
RAZÕES RECURSAIS
Sobre a palestra:
A literatura é uma forma transversal de aprender história, visto que o momento da produção escrita reflete o contexto do cotidiano social no qual a obra foi constituída. Por este motivo, agrega valor ao espetáculo uma breve exposição do cenário histórico, no formato de palestra. Segundo o professor e consultor Wellington Moreira¹, uma palestra “que antecede um Evento, não deve superar 30 minutos”. O mesmo ainda aponta que neurocientistas descobriram que os ciclos de atenção dos seres humanos duram em torno de vinte minutos. Com base nesses estudos, por exemplo, os eventos promovidos pela fundação TED (Tecnologia, Entretenimento, Design)² no mundo todo, com palestrantes de grande peso — inclusive ganhadores de Prêmio Nobel — contam com apresentações que duram, no máximo, 16 minutos. É importante ressaltar que a proposta do projeto é a peça em si, e é para este evento que o espectador se deslocará até os locais das apresentações. Desta forma, a palestra é um bônus pedagógico e, portanto, este momento deve ser breve o suficiente para apenas dar sentido temporal ao público. Sobre o nome da palestra e aspectos a serem abordados na mesma: em momento algum foi proposta uma palestra com o nome de “Universo da Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha”, como consta no item 2, 4º parágrafo do Parecer nº 325/2016 CEC/RS. No mesmo parágrafo, ainda é apontado que “(...) tempo ainda maior seria necessário para dissecar o clássico de Miguel de Cervantes ‘Don Quixote de la Mancha’”. Jamais o proponente, o grupo de teatro, a equipe técnica e demais profissionais envolvidos tiveram, ou teriam, a pretensão de “dissecar” a obra de Cervantes, inclusive nunca utilizando este termo. Todos envolvidos tem ciência de que esta empreitada é um tema para centros de pesquisa de pós-graduação em nível de doutorado, dado a grandiosidade, profundidade e complexidade da obra.
1) Palestrante e consultor empresarial nas áreas de Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica. Professor universitário em cursos de pós-graduação e conferencista em eventos nacionais. Mestre em Administração de Empresas. Colunista de jornais e portais de internet, autor dos livros “Líder Tático” e "O Gerente Intermediário", ambos publicados pela Ed. Qualitymark (RJ). Diretor-executivo da Caput Consultoria, dedicado à projetos aplicados em empresas de médio e grande porte em todo o país.
2) TED Tecnologia, Entretenimento, Design: apresentações que ocorrem em todo o mundo desde 1990, são limitadas a dezoito minutos, e os vídeos divulgados na Internet. Originalmente influenciada pelo Vale do Silício, sua ênfase era tecnologia e design, mas com o aumento da popularidade os temas abordados passaram a ser mais amplos, abrangendo quase todos os aspectos de ciência e cultura.
Sobre o Retorno de Interesse Público:
Com relação à oficina oferecida em Retorno de Interesse Público, é importante explicitar que a proposta de atividade partiu do próprio grupo O Teatro Social, trupe comandada pelo sociólogo e ator Antonio Lopes, que possui ampla experiência em oficinas e montagens teatrais com grande número de participantes. O Teatro Social, há mais de uma década, monta e apresenta as peças “A Paixão de Cristo Messias da Paz” e “Luzes do Deus Menino” nas cidades de Santa Maria, Teutônia, Lajeado, Estrela — apenas para citar algumas — com o envolvimento de mais de cem atores e técnicos em cada um dos espetáculos. A produção inclusive recruta interessados em participar da peça, nos locais de apresentação, devido à grandiosidade dos espetáculos (atores e equipe técnica) e impossibilidade de ajustar logisticamente deslocamentos de tantas pessoas, necessitando nivelar estes grupos, através de oficinas. A Oficina de Experimentação e Improviso, com duração de três horas, utilizará técnicas “baseadas” na metodologia de Viola Spollin. O grupo que experienciará a oficina será composto por 20 pessoas, e os demais estarão na plateia, participando indiretamente através de intervenções e questionamentos quanto aos exercícios de sensibilização e desinibição, que se propõem a apresentar novas possibilidades de um novo agir e fazer. Proponente, equipe técnica e oficineiro têm ciência da impossibilidade de se utilizar as técnicas ipsis literis de Viola Spollin em um grupo tão numeroso, num período tão curto de tempo. Esta oficina tem por objetivo provocar a imaginação por meio da ação criativa, elevando a autoestima dos indivíduos, encorajando-os ao improviso.
Sobre o orçamento: quando consultado, o grupo informou o cachê dos atores e demais valores das equipes de iluminação, sonoplastia, logística figurino e outros serviços correlatos, e estes valores foram acatados pelo proponente, conforme anuências e orçamentos enviados em anexo por ocasião do envio do projeto.
Sobre a Direção Artística:
Segundo o diretor e ator Antonio Lopes, gestor do O Teatro Social, a inclusão de uma direção artística no projeto está relacionado ao cuidado com a excelência no cumprimento de todas as etapas previstas no espetáculo. O cachê do diretor artístico servirá para custear suas despesas que por ventura julgar necessário para o cumprimento de suas responsabilidades. Estas obrigações vão desde a adequação artística aos espaços alternativos, bem como ao planejamento de ações para prevenir ou resolver situações pontuais que possam prejudicar o bom andamento do espetáculo, sejam eles recursos pessoais ou materiais. É de competência do diretor artístico, cuidar de agendamentos para acesso aos espaços, controle das chaves, garantia de presença de participantes para as oficinas, garantia de público para os espetáculos, e demais situações congêneres. O diretor artístico apresentará um Relatório de Comprovação do Cumprimento das Etapas do Projeto, que será anexado na Prestação de Contas.
Sobre a análise de informalidade:
Quanto à menção do aspecto da informalidade, a mesma está relacionada ao fato das datas sugeridas nas ações terem condições de serem fixas, visto que o projeto precisa passar por vários trâmites até a liberação dos recursos para o fechamento definitivo com as datas dos compromissos. As anuências em anexo ao projeto comprovam a formalização e o retorno positivo das tratativas.
Sobre o curto tempo da palestra, o proponente cita Wellington Moreira, que é consultor empresarial, Mestre em Administração de Empresas, autor dos livros “Líder Tático” e "O Gerente Intermediário", mas se logo em seguida vamos ter um espetáculo de arte porque usar as referências de uma pessoa tão técnica empresarial que é diretor-executivo da Caput Consultoria, desta forma acho que estamos misturando propostas diferentes, e concordo com o conselheiro que não recomendou. O mesmo consultor empresarial aponta que "neurocientistas descobriram que os ciclos de atenção dos seres humanos duram em torno de vinte minutos". Isso quer dizer que os espectadores não terão atenção no espetáculo que vem a seguir, que dura mais de 50 minutos — ainda mais precedido de uma palestra de 30 minutos. O proponente argumenta, mas o próprio argumento depõe contra toda proposta.
No mesmo item o proponente explica com base nestes estudos, os eventos promovidos pela fundação TED no mundo todo, com palestrantes de grande peso contam com apresentações que duram no máximo 16 minutos. Novamente um exemplo de uma entidade de Tecnologia, Entretenimento, Design que se trata de entidade técnica quando o foco é justamente o espetáculo teatral. Vejam a descrição apresentações de TED: ocorrem em todo o mundo desde 1990, são limitadas a dezoito minutos, e os vídeos divulgados na Internet. Originalmente influenciada pelo Vale do Silício, sua ênfase era tecnologia e design, mas com o aumento da popularidade os temas abordados passaram a ser mais amplos, abrangendo quase todos os aspectos de ciência e cultura.
Não acho adequado, também, para questões de literatura e teatro que são presenciais.
Sobre a oficina, o proponente explica O Teatro Social, que há mais de uma década monta e apresenta as peças “A Paixão de Cristo Messias da Paz” e “Luzes do Deus Menino” nas cidades de Santa Maria, Teutônia, Lajeado, Estrela com o envolvimento de mais de cem atores e técnicos em cada um dos espetáculos. A produção inclusive recruta interessados em participar da peça, nos locais de apresentação, devido à grandiosidade dos espetáculos (atores e equipe técnica) e impossibilidade de ajustar logisticamente deslocamentos de tantas pessoas, necessitando nivelar estes grupos, através de oficinas.
Por razões dúbias em relação às oficinas que o proponente argumenta ser base para outros projetos, foge um pouco do contexto para realização da “Peça Teatral Don Quixote, o Sonhador Solitário”. Ele argumenta que a proposta partiu do grupo. Novamente aparece uma desconexão entre a produção e o diretor, como se não estivessem juntos, planejando tudo. Em uma oficina em que muitos ficam apenas na plateia assistindo, vai totalmente contra uma arte que é das relações, do olhar, do contato; não é a melhor maneira de realizar. Quem tem vergonha de estar em cena, que precisa trabalhar desinibição, não vai melhorar somente assistindo. Teatro é pratica; é vivencia, não é só contemplação. Enfim, era para 150 pessoas, mas só 20 pessoas participam. É muito estranho exercícios com plateia, porque plateia é para apresentações. Expor um pré-trabalho, a pré-expressividade, pode constranger os próprios oficinandos. Não recomendo. Se isso fosse adequado, salas de ensaio teriam plateias, e lugares para apresentações seriam usados para aulas com plateia, o que não é nem um pouco utilizado.
Sobre o orçamento, dizer que o proponente acatou os valores que o grupo informou me parece um olhar de quem contrata de fora alguém. Novamente aparece uma desconexão entre o Jornal e o grupo teatral, fazendo a diferença de valores ir para um campo também de falta de integração da proposta por completo. Como em um circo, tudo deve funcionar de uma maneira mais harmônica e participativa, e não o dono do circo só perguntar o cachê dos artistas e montar o espetáculo. Certamente a relação pode ser mais profunda, contribuindo com toda a dramaturgia e logísticas das apresentações.
Sobre a direção artística, argumenta que servirá para custear suas despesas que por ventura julgar necessário para fazer, por exemplo, adequação artística aos espaços alternativos, mas são dois espaços somente, não existe tanta diferença assim de um espaço para outro; a maioria dos espaços tem a proposta de palco italiano com a plateia na frente dos atores e saídas pelas laterais, a não ser que o espetáculo fosse ser apresentado na rua, em roda. Ai sim teria que mudar muito as marcações, fazer em roda, melhorar projeções vocais dos textos e troca de figurino em cena. Contudo, acho que não é o caso.
É de competência do diretor artístico cuidar de agendamentos para acesso aos espaços, controle das chaves, garantia de presença de participantes para as oficinas, garantia de público para os espetáculos e demais situações congêneres. Há competências que deveriam ser da produção, e não da direção artística. Mais uma vez parece desconexo o Jornal e o grupo teatral.
Sobre a informalidade, ainda parece que pode haver divergências, pois sabemos o quanto essas datas mudam, e olhando o quanto a produção é um pouco separada do grupo, fica a impressão que alguma coisa pode dar errado.
3. Em conclusão, o projeto “Peça Teatral Don Quixote, o Sonhador Solitário - Edição Estrela e Lajeado - 2017”, em grau de recurso, não é acolhido.
Porto Alegre, 23 de fevereiro de 2017.
Luciano Fernandes
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 10 horas do dia 23 de fevereiro de 2017.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Marco Aurélio Alves, Maria Silveira Marques, Lucas Frota Strey, André Venzon e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Gilberto Herschdorfer, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Rafael Pavan dos Passos e Vinicius Vieira.
Abstenções: Marlise Nedel Machado.
Ausentes no Momento da Votação: Dael Luis Prestes Rodrigues.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
O projeto “PEÇA TEATRAL DON QUIXOTE, O SONHADOR SOLITÁRIO – EDIÇÃO ESTRELA E LAJEADO 2017” não é recomendado para a Avaliação Coletiva.
1. O projeto cultural Peça Teatral Don Quixote, o sonhador solitário – edição Estrela e Lajeado 2017, inscrito na categoria Artes Cênicas, previsto para o período de 26 de março a 29 de abril de 2017, está proposto pelo proponente Jornal a Hora Ltda, CEPC 5377, que tem por responsável legal e coordenador geral do projeto Adair Gilberto Weiss. A coordenação executiva estará a cargo de L. Raquel Almeida & Cia Ltda ME. A coordenação pedagógica e palestras serão realizadas por João Timotheo Esmerio Machado. A direção artística será de Antonio Lopes Produções Artísticas. A contabilidade estará a cargo de Cristiane Schumacher. O projeto está orçado em R$ 56.198,99 (cinquenta e seis mil, cento e noventa e oito reais e noventa e nove centavos), sendo R$ 1.450,00 (mil, quatrocentos e cinquenta) de recursos próprios e outros R$ 49.098,99 (quarenta e nove mil, noventa e oito reais e noventa e nove centavos) solicitados ao Sistema Pró-Cultura e habilitados pelo SAT, o que corresponde a 97,13% dos recursos previstos em orçamento.
O projeto prevê a realização de duas palestras “A Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha” e duas apresentações da peça de teatro “Don Quixote, o Sonhador Solitário”, montagem baseada no clássico da literatura mundial de Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616), El Ingenioso Hidalgo de Don Quixote de La Mancha (1606), nas cidades de Lajeado e Estrela, no primeiro semestre de 2017.
Segundo o proponente, o espetáculo teatral “Don Quixote, o Sonhador Solitário” é uma releitura da obra de Miguel de Cervantes y Saavedra, que trata das aventuras do cavaleiro Don Quixote de La Mancha, que montado em Rocinante, seu cavalo, junto de Sancho Pança, seu fiel escudeiro, anda pelo mundo desfazendo injustiças, salvando donzelas e combatendo gigantes e dragões. Como todos os cavaleiros andantes, o nosso herói dedica suas aventuras à amada — e fantasiosa — Dulcinéia del Toboso, donzela que ele considera a “mais bela entre todas as damas e princesas dos livros”. Essas duas figuras, ao contrário dos heróis míticos, sonham, têm esperança e fracassam, o que os torna tão humanos.
Esta releitura da obra de Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616) traz reflexões importantes sobre a vida, a realidade, o sonho e o cotidiano — assuntos intrínsecos das relações interpessoais, comuns a jovens e adultos. As ponderações oferecidas pela obra são melhores compreendidas com a análise do momento histórico em que ela foi construída. Esse esclarecimento será oferecido pelas palestras que antecedem o espetáculo, que trarão informações históricas da Espanha contemporânea de Miguel de Cervantes. A originalidade da apresentação da peça Don Quixote, o Sonhador Solitário — bem como suas palestras — reside na oferta ao público de uma releitura e adaptação — além do conhecimento histórico literário — de uma das obras clássicas mais importantes do final do período barroco renascentista da Espanha.
A montagem, baseada no livro El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616), autor ícone da literatura espanhola, traz temas sempre atuais, como o amor, o idealismo e a busca por justiça. A inovação e a criatividade das ações propostas encontram-se na forma como são tratados o texto, os cenários e os figurinos mostrados nesta adaptação e releitura da obra de Miguel de Cervantes y Saavedra. Com cenas pitorescas, vestimentas estilizadas e diálogos instigantes, “Don Quixote, o Sonhador Solitário” possui linguagem moderna, trajes cenográficos para-realistas — com pouca fidelidade histórica e uma preocupação superior com a estética do figurino — e linguagem tragicômica. Esses elementos somados causam um saudável estranhamento na plateia e remetem os espectadores ao mundo fantástico de Don Quixote e seus dilemas existenciais.
Para o proponente, “outro ganho cultural rico e interessante é a provocação que será causada em trupes teatrais locais, que vislumbrarão a possibilidade da produção de novos espetáculos, baseados em releituras e adaptações de obras clássicas da literatura mundial”.
A Oficina de Experimentação e Improvisação é amparada na proposta de Viola Spolin, além de interpretação desenvolvido na arte dramática pelo teatrólogo, diretor e ator russo Constantin Stanislavski.
Os espaços culturais escolhidos para a realização do projeto priorizam áreas urbanas centrais e de fácil acesso, próximas a terminais de ônibus. Os espaços onde ocorrerão as apresentações terão, sempre que possível, acessibilidade universal (rampas para cadeirantes, banheiros adaptados e sinalização), todos os registros audiovisuais das peças e palestras, entrevistas e backstage do projeto serão distribuídas gratuitamente na web.
Ainda com relação a imagens, serão permitidas captações — inclusive pelo público — das apresentações da peça e das palestras, podendo ser veiculadas por redes públicas de televisão, bem como mídia digital, permitindo acesso pleno a todos os registros resultantes do projeto.
Segundo consta, para a promoção da acessibilidade, o projeto será executado de acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotando, quando possível, medidas, como a disponibilização de assessoria voluntária de profissionais devidamente qualificados para receber o público idoso e PNE (pessoas com necessidades especiais), vagas especiais de estacionamento, rampas de acesso, acentos preferenciais nos espaços das apresentações, banheiros adaptados para deficientes físicos e sinalização adequada para deficientes visuais.
Em síntese, o projeto propõe uma apresentação do espetáculo teatral “Don Quixote, o Sonhador Solitário” em Lajeado e outra em Estrela; promover a palestra "A Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha" em Lajeado e Estrela; divulgação do documentário videográfico da palestra “A Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de La Mancha”, da peça teatral “Don Quixote, o Sonhador Solitário” e da Oficina de Experimentação e Improvisação.
É o Relatório.
O projeto propõe-se a algo simples e claro: duas apresentações do espetáculo “Dom Quixote, o Sonhador Solitário”, em dois municípios vizinhos, que serão antecedidas por duas palestras de 30 minutos. Como estratégia de “retorno de interesse público”, está proposta uma oficina para 150 pessoas, utilizando-se de uma metodologia que propõe participação ativa e direta de todos os presentes.
Causa espanto que o proponente tenha pensado em uma palestra sobre o “Universo da Espanha Barroca Renascentista de Don Quixote de la Mancha”, com duração de 30 minutos. Para que se alcance uma abordagem superficial sobre a temática da Espanha, necessita-se desse tempo que necessitaria ser multiplicado por dois para contextualizar o período barroco renascentista, e tempo ainda maior seria necessário para dissecar o clássico de Miguel de Cervantes “Dom Quixote de la Mancha”. Trata-se, portanto, não de uma palestra, mas apenas de uma breve exposição sobre a temática.
O orçamento do projeto, que nasceu com a estimativa de investimento na ordem de R$ 56.198,99 (cinquenta e seis mil, cento e noventa e oito reais e noventa e nove centavos), destina apenas 18% para cachês de espetáculo e oficinas, ou seja, 10 mil reais. Por essa razão, este relator não vê tal proposta como oportuna.
Não resta clara a razão de utilizar R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para direção artística, considerando que os espetáculos sempre contam com um diretor e seu cachê está inserido no valor a ser pago pelo espetáculo.
Uma iniciativa de circulação de espetáculos teatrais sempre será bem-vinda quando estiver adequada em seu conteúdo. Para que um projeto alcance relevância, deverá entender que as atividades meio não devem receber mais investimentos do que as iniciativas artísticas.
3. Em conclusão, o projeto “Peça Teatral Don Quixote, O Sonhador Solitário – Edição Estrela e Lajeado 2017” não é recomendado para a Avaliação Coletiva.
Porto Alegre, 07 de dezembro de 2016.
Marco Aurélio Alves
Sessão das 10 horas do dia 08 de dezembro de 2016.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Alessandra Carvalho da Motta, Bibiana Mandagará Ribeiro, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Ieda Gutfreind, Rafael Pavan dos Passos, Luciano Fernandes, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey e Walter Galvani.
Abstenções: Marlise Nedel Machado, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Ivo Benfatto e Gilberto Herschdorfer.
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS