O projeto “CINE ESQUEMA NOVO 2017” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto cultural Cine Esquema Novo 2017 chega ao Sistema Pró-Cultura RS apresentado pelo produtor Cultural Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem, que tem Jaqueline Fontes Beltrame como responsável pela coordenação de produção e pela curadoria da Mostra Competitiva. Sua realização está prevista para o dia 08 de novembro de 2017, tendo por sede principal a Cinemateca Capitólio em Porto Alegre. Alisson Pefuro de Avila será o diretor de comunicação. Gustavo Spolidoro – ME será o coordenador de curadoria. Anis Et Circenses Produções será o coordenador de programação; Vazio Produções fará a assistência de curadoria e produção executiva. Bruna Amaral Paulin fará a assessoria de imprensa nacional e RP online. Daniela Borges Mazzilli será responsável pela captação de recursos, enquanto a assessoria contábil será responsabilidade de Valesca Gattini Araújo - MVG Consultoria Contábil. O evento está orçado em R$ 305.169,98 (trezentos e cinco mil, cento e sessenta e nove reais e noventa e oito centavos), prevendo utilizar R$ 229.760,00 (duzentos e vinte e nove mil setecentos e sessenta reais) do Sistema Pró-Cultura, e o restante do Ministério da Cultura. Inexiste previsão de participação financeira da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Todas as atividades serão gratuitas.
O proponente afirma que desde a sua primeira edição, em 2003, o CEN propõe-se a ser um espaço de exibição e discussão de filmes brasileiros dedicados a escolhas e propostas estéticas que, na era da multiplicidade de criação audiovisual, não circulavam nos demais festivais do país, e menos ainda no circuito comercial. A proposta do CEN é aprofundar a relação da imagem com o cinema e as artes visuais. O proponente também afirma que ao longo destes 13 anos, o CEN conquistou espaço de destaque entre os festivais nacionais, mantendo sua proposta de exibir, pensar, debater e fomentar a produção audiovisual autoral, essa constituída por obras que circulam tanto em festivais de cinema como em mostras e galerias de artes visuais. Para a edição a ser realizada em 2017, o CEN manterá o formato de mostras de filmes nas salas de cinema e em outros espaços expositivos.
Este evento é um dos únicos festivais que prioriza a narrativa e a ousadia ao invés dos formatos convencionais usualmente balizadores de outros eventos do setor. Tal como se propõe em sua curadoria — ser um festival democrático, diverso e inovador —, o Cine Esquema Novo 2017 (CEN 2017) oferece além da programação competitiva de filmes de curta e longa metragem nacionais e internacionais, oficinas, debates, exposições e workshops.
Em 2016, Porto Alegre recebeu o Cine Esquema Novo, festival que desde 2003 promove a diversidade da imagem através do conceito de Arte Audiovisual — uma proposta capaz de englobar tanto a ideia do cinema quanto das artes visuais. A edição de 2016 do Cine Esquema Novo foi marcada pela sua estreia na Cinemateca Capitólio, local que mantém o acervo das edições passadas do festival. A Competição Brasil, o coração do festival, apresentou um panorama da produção autoral brasileira contemporânea. Das quase 600 candidaturas para seleção, a curadoria selecionou 44 trabalhos, entre filmes e instalações, que foram exibidos na Cinemateca Capitólio, sede oficial do CEN, Goethe-Institut Porto Alegre, Instituto Ling e nas ruas e paredes de Porto Alegre. Foram diversas as sessões com sala cheia e ingressos esgotados.
Em 2016, ao mesmo tempo em que o festival exibiu obras absolutamente contemporâneas no formato digital, o CEN fez um importante mergulho no universo da película, na busca de discutir a manutenção de técnicas analógicas na imagem em movimento através da difusão, preservação e experimentação com as possibilidades estéticas que o trabalho em película permite ao artista. A mostra contou com curadoria da produtora Pátio Vazio.
A programação também contou com Mostra de Cinema Universitário gaúcho, que foi co-criada e co-curada por estudantes e coordenadores acadêmicos de seis cursos de graduação de quatro instituições do RS, e com a oficina de Gestão de Acervos Audiovisuais, ministrada por Fernanda Coelho. Realizadores de diversos estados estiveram presentes no festival, assim como realizadores locais, participando de debates após as sessões.
Na edição de 2017, serão oferecidas diferentes programações para o público, de forma gratuita, durante 08 dias em Porto Alegre. Visa-se atingir um público médio de 15 mil pessoas durante a sua realização.
O projeto tem muitos objetivos. Entre eles: promover a inovação audiovisual; promover o intercâmbio artístico; formar plateia para o audiovisual nacional; formar plateia para o audiovisual produzido no Rio Grande do Sul; incentivar o público a frequentar centros culturais; fortalecer o interesse a novas produções audiovisuais; renovar e ampliar a discussão sobre a multiplicidade artística; realizar mostras e exibições audiovisuais promovendo o calendário cultural local; promover o intercâmbio entre artistas de diferentes estados brasileiros e de outros países e incentivar o público a frequentar salas de cinema.
É o relatório.
2. O projeto está apresentado dentro dos padrões do Sistema Pró-Cultura RS e através do conteúdo de seus anexos é possível apresentar um parecer acerca do mérito relevância e oportunidade do projeto.
O proponente apresentou resposta à diligência encaminhada pelo relator através do SAT. Sobre a solicitação do projeto pedagógico, informa que “a partir dos próprios ministrantes serão definidos dos números de participantes bem como traçado a ficha técnica pedagógica e o conteúdo programático”. Tal resposta nos parece aceitável. Ainda respondendo a diligência, o proponente inclui as iniciativas que comporão a divulgação do evento que asseguram a propagação das informações acerca do investimento proposto pelo projeto.
É de se lamentar que o proponente tenha tangenciado a transparência no uso dos recursos quando não responde a indagação referente às despesas relativas à edição de 2016, apenas justificando que a maioria dos profissionais não recebeu cachê e, sendo assim, tal orçamento não poderia ser considerado. Ora, quando a proposta é boa, a transparência da prestação de contas apenas amplia sua qualidade, e para todos é possível entender as diferenças entre uma edição e outra.
O proponente afirma em sua resposta à diligência que não pode apresentar anuência da exibição convidada, pois a mesma não está definida. Tal fato causa estranheza ao relator, considerando que nas metas consta a informação da exibição convidada (Portugal, Video Arte 21) e no item 1.13 da planilha orçamentária existe a destinação de R$ 10.000,00 do MINC para custear passagens de Lisboa para Porto Alegre. O mesmo se pode afirmar com relação ao questionamento sobre o uso das passagens aéreas em que o proponente afirma “pelos convidados e participantes do festival, vindo de diferentes regiões e sendo convidados pela equipe de curadoria e de coordenação do festival. Estes mesmos convidados, ainda não definidos”. Ora, se desconhece quem serão os convidados, como pode prever que o destino ou origem dos convidados ou palestrantes que utilizarão as passagens aéreas será Recife, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro? Um excelente projeto como o que se apresenta em tela não merecia tal deslize. Por esta razão, ficam glosadas as despesas previstas nos itens 1.14, 1.15, 1.16, 1.17, 1.18, todas referentes a passagens aéreas, que somam o valor de R$ 21.800,00 (vinte e um mil e oitocentos reais).
Também não foi feliz a resposta sobre de que forma o proponente espera atingir 15.000 pessoas de público se o evento, segundo sua informação, será realizado exclusivamente na Cinemateca Capitólio, embora em alguns momentos o projeto afirme que também terá atividades do Goethe Institut. Diz o proponente que “o público estimado de 15 mil pessoas é dividido em diversas sessões, ações e atividades propostas no projeto, inclusive nas ações online, vídeo instalações, etc. Sendo assim, não participam todas juntas ao mesmo tempo, não exigindo previsão de acomodação”. Para um evento realizado em oito dias — muito embora em sua capa esteja prevista sua realização em apenas um dia — e sabendo-se que a Cinemateca Capitólio acomoda 164 pessoas em sua sala de exibição e outras 40 na sala multimídia, vê-se que a importância, a relevância ou o mérito de um projeto não está calcado na quantidade de público que irá atingir, mas sim em seu conteúdo. Contudo, um projeto pode perder crédito quando superestima sua abrangência.
O projeto receberá uma glosa nos seguintes itens:
1.4 - Coordenador de Produção: previsto R$ 20.000,00, reduz-se R$ 5.000,00 = R$ 15.000,00;
1.38 – Assistente de Programação: previsto R$ 4.000,00 reduz-se R$ 1.000,00 = R$ 3.000,00;
2.7 - RP Online: previsto R$ 2.000,00 reduz-se R$ 500,00 = R$ 1.500,00;
3.3 – Contador: previsto R$ 4.000,00 reduz-se R$ 3.000,00 = R$ 1.000,00;
3.8 - Captação de Recursos: previsto R$ 8.000,00 reduz-se R$ 2.000,00 = R$ 6.000,00;
3.9 – Produtor Executivo: previsto R$ 7.500,00 reduz-se R$ 1.875,00 = R$ 5.625,00;
3.10 – Assistente de Produção Executiva: previsto R$ 4.000,00 reduz-se R$ 1.000,00 = R$ 3.000,00
Total das glosas: R$ 36.175,00 (trinta e seis mil, cento e setenta e cinco reais)
Um dos aspectos relevantes e que contribuiu de forma significativa para a relevância deste projeto é a resposta que o proponente oferece quando questionado sobre as medidas de acessibilidade. É ali também que contempla indagações acerca da democratização no acesso. Ele afirma que “o local de realização do CEN 2017 – Cinemateca Capitólio e Goethe Institut – são centros culturais equipados com rampas e elevadores, possibilitando o acesso à cadeirantes. Nestes locais sempre haverá membros da equipe do CEN 2017 preparados para informar e orientar pessoas que queiram participar das atividades do festival, facilitando o acesso universal. O acesso ainda é facilitado pela localização destes espaços, que ficam na região central de Porto Alegre, atendida por transporte público proveniente de todos os bairros. Além disso, através das mostras internacionais, teremos os filmes com legenda facilitando o acesso de deficientes auditivos à fruição das mostras. Serão oferecidas legendagem descritiva em todas as sessões, audiodescrição e libras em uma sessão objetivando contemplar pessoas com limitações ou deficiência visual e auditiva”. Merece aplausos.
Quando o proponente responde a indagação que o relator encaminhou através de diligência com referência ao impacto ambiental, mais uma vez, merece ser copiado na integra, considerando a excelência da visão apresentada quando informa que “não prevê evento ao ar livre e ainda assim se preocupa com impacto ambiental inerente a sua atividade. Assim, algumas ações podem ser desenvolvidas para minimizá-los. O estímulo ao uso de transporte coletivo, através da indicação de linhas de ônibus em nosso material gráfico, é um exemplo. Também pretende trabalhar com o incentivo ao uso dos bicicletários dos centros culturais, estimulando que o público possa vir em sua bicicleta assistir a programação do festival. Os serviços de entrega do CEN 2017 necessários durante toda a execução do projeto também visam a minimização do impacto dos veículos motorizados, sendo contratados os serviços de entrega com bicicleta. Visando minimizar ainda mais o impacto de mídias físicas, o Festival trabalha sua programação em HDs, evitando o desperdício de DVDs e CDs como mídias a serem reproduzidas, uma vez que estas são feitas de plástico, de difícil decomposição na natureza. O envio de cópias de exibição ocorrerá através do meio digital de arquivos online, evitando utilização de embalagens e transporte físico de mídias”.
Percebe-se através deste projeto que o proponente está comprometido com seu tempo e com o desenvolvimento de um segmento que muito além de discursos elitistas ou ideológicos — inexistentes nesta iniciativa — necessita estabelecer canais de comunicação com as novas plateias a partir dos adolescentes, aproximar a diversidade dos canais de produção a fim de abrir mercados, estabelecer prioridades sobre a necessidade de inovação e construir pontes para uma fluida integração entre os artistas do Rio Grande, do Brasil, do continente e do mundo.
Uma iniciativa que apresenta entre seus objetivos oportunizar uma programação cultural democrática e gratuita já se mostra oportuna. Ao propor a realização de debates, seminários e encontros sobre o fazer audiovisual e renovação artística, além de promover a aproximação de jovens adolescentes com o audiovisual através de um programa pedagógico específico para esta faixa etária, assegura sua relevância. O mérito deste projeto está alicerçado no resultado da integração de todos os objetivos e ações previstas.
3. Em conclusão, o projeto “Cine Esquema Novo 2017” é recomendado para a avaliação coletiva, considerando seu mérito, relevância e oportunidade, podendo captar recursos do Sistema Unificado Pró-Cultura RS até o limite de R$ 193.585,00 (cento e noventa e três mil, quinhentos e oitenta e cinco reais).
Porto Alegre, 19 de maio de 2017.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 22 de maio de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey, André Venzon e Walter Galvani.
Ausentes no Momento da Votação: Jaime Antônio Cimenti e Gilberto Herschdorfer.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 25/05/2017 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS