O Projeto “3 - Mulher Encanto - 2017” não é
recomendado para a Avaliação Coletiva.
1. O projeto “3 - Mulher Encanto - 2017” habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, trata-se da realização de 1 (um) show musical, aberto e gratuito, onde as cantoras Carmen Corrêa e Céu, que tem méritos musicais e composições próprias, se propõe a construir um espetáculo musical coletivo evidenciando a voz e o talento feminino do Rio Grande do Sul. O repertório se diferencia dos ritmos e interpretação consumidos pela população em massa, como o sertanejo universitário, o pagode, o funk e outros estilos mais “urbanos” e/ou “populares”. O estado possui muitas cantoras excelentes e, no entanto, com pouca visibilidade. Assim, o projeto visa abrir um espaço para que quem produz música em nosso estado consiga mostrar seu trabalho, evidenciando a voz e a composição feminina, valorizando a nova MPB produzida aqui ou, como já chamado entre o meio, MPG (Música Popular Gaúcha), com o amparo profissional e o chamariz que um grande nome nacional proporciona, apresentando e dividindo o palco com uma de nossas “cantautoras” gaúchas.
Proponente: GILNEI FERNANDO KEIBER (GAIA CULTURA E ARTE)
CEPC: 285
Segmento Cultural: Música
Período de realização: 26/03/2017 a 26/03/2017
Local: Parque da Redenção – Porto Alegre/RS
Valor proposto: R$ 227.350,00 (duzentos e vinte e sete mil trezentos e cinquenta reais)
Valor habilitado financiamento sistema LIC RS: R$ 216.350,00 (duzentos e dezesseis mil trezentos e cinquenta reais)
O show será gratuito e aberto, em uma estrutura de qualidade montada no Parque da Redenção, zona central de Porto Alegre, onde milhares de pessoas circulam todos os finais de semana. Pretende-se alcançar o maior número de pessoas possíveis, atraídas pela grandiosidade do evento, da curiosidade que a própria montagem do espetáculo na rua já proporciona, anunciando que ali acontecerá algo de diferente na cidade. O projeto ainda contará – como primeira atividade e lançamento do projeto - com um “workshop-show” dos artistas Duofel, também gratuito, trazendo o universo feminino nas composições apresentadas e falando sobre a autogestão de carreira musical, assunto que tudo tem a ver com a proposta.
Quanto à dimensão simbólica, o projeto “3 - Mulher Encanto - 2017” teve sua primeira edição em 2012, onde o resultado foi a fusão de estilos e interpretações, em um repertório de ritmos como samba, maçambique, milonga, ciranda, MPB, pop e soul, apresentado em 6 (seis) cidades do interior do estado. Em 2014 foi realizada a segunda edição deste projeto onde Greice Morelli, Marietti Fialho, Loma, Jhane Kally, Carmen Corrêa e a jovem prodígio Pietra levaram a outros 6 (seis) municípios – Pelotas, Gravataí, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Santa Maria e Porto Alegre – um novo espetáculo, evidenciando a força, a garra, a coragem, a delicadeza, a firmeza, a criatividade, o talento feminino através da música e, dessa vez, com um novo produto em mãos, um CD gravado ao vivo e distribuído gratuitamente a todos que compareceram aos teatros e fizeram sua doação de alimentos, cuja ação beneficiou instituições carentes destas cidades. Neste projeto, em específico, o grande talento e reconhecimento nacional que a cantora Céu tem como um dos nomes mais citados da chamada Nova MPB, sejam um chamariz para a cantora e compositora gaúcha Carmen Corrêa, uma das participantes da última edição do projeto com grande reconhecimento pelo público e por apresentar uma obra sólida no campo da composição e que dedica-se única e exclusivamente à profissão de compositora e cantora, fora escolhida para participar mais uma vez deste projeto. Exemplos de sucesso oriundos do projeto, que tiveram um grande salto em sua carreira musical, são as ex-participantes Alana Moraes e Janne Gallo. Alana hoje vive em São Paulo, tem sua carreira musical firmada e cada vez mais crescente. A proposta é que a segurança de um nome como de Céu garanta a presença de um bom público para que prestigiem e conheçam o trabalho de Carmen, com o objetivo maior de divulgação e formação de plateia para o trabalho da artista gaúcha, e que ela possa trilhar um caminho de sucesso, como vem buscando e trabalhando com afinco. Será um grande encontro de arte feminina, da nova MPB com a nova MPG, da oportunidade de ter o talento e a grandiosidade de Céu apoiando e evidenciando o excelente trabalho que Carmen Correa vem fazendo e que aqui ganha o espaço merecido para divulgá-lo ao grande público, com os olhares atentos da mídia local e nacional.
Quanto à dimensão econômica, o proponente salienta o crescimento e as possibilidades que o projeto teve no decorrer de suas edições anteriores, enquanto financiado pela Lei de Incentivo a Cultura, chamando atenção, em sua última edição, de um patrocinador master – a “Vivo”. Esse tipo de interesse de grandes empresas em projetos financiados pela lei estadual não só estimula o interesse de outras grandes empresas em outros tantos projetos meritórios de outros produtores do estado, mas também age como um impulso para que trabalhemos com mais afinco e com a certeza de que haverá remunerações justas para profissionais qualificados, todos envolvidos neste processo, direta e indiretamente, principalmente neste projeto, caso o mesmo volte a ser aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura. O projeto, neste novo formato, proporciona o intercâmbio cultural, a troca imensurável de experiências entre pessoas de dentro e fora do Estado que vão conviver e trabalhar juntas mesmo que por um curto período, fomenta a economia, uma vez que a equipe da Céu permanece no estado alguns dias, fomentando setores como o alimentício, transportes, hoteleiro e o turismo cultural, além da quantidade de profissionais, técnicos, prestadores de serviços do estado contratados, valorizando os profissionais das áreas envolvidas através da remuneração por suas prestações de serviço. Além disso, indiretamente, o projeto atinge todos os produtores, comerciantes e prestadores de serviço locais, que terão seu ponto de trabalho mais movimentado pelo chamariz do evento, um público maior que nos dias normais de frequência ao parque, a serem atraídos por seus produtos e serviços. A demanda cresce, logo, o fornecimento também e a economia se fortalece.
Quanto à democratização de acesso, trata-se de um evento gratuito e de grande porte, em local público, possibilitando a toda população assistir, de perto, um evento musical de extrema qualidade, um show nacional com nome de grande reconhecimento (Céu) e apreciar a arte da jovem Carmen Correa. Cadeiras serão locadas para melhor receber idosos, portadores de necessidades especiais, gestantes e outras pessoas com algum tipo de dificuldade em permanecer de pé por tempo demasiado. Um evento como este, valorizando um talento local em um ambiente onde palco e plateia tem a oportunidade de estarem tão próximos, aproxima artista e público, cria uma relação de confiança, de motivação e conhecimento, tanto por parte do artista que recebe o calor da emoção vindos da reação das pessoas ao assisti-lo tão de perto, quanto de quem assiste, que vê a oportunidade sendo criada, o talento sendo reconhecido, e sente-se motivado a também buscar o seu espaço na sociedade, seja na música, ou em qualquer outra atividade. Outro ponto importante que este projeto traz e deve ser levantado é o “lançamento” diferenciado que ele terá, iniciando com um workshop-show com Duofel, que trará seu repertório musical feminino, já contado em composições e, também, um bate-papo com interessados sobre gerenciamento de carreira musical, um dos focos desta proposta cultural.
O objetivo geral é promover a música autoral e a interpretação feminina. Os objetivos específicos são fomentar a cultura gaúcha e brasileira, incentivar a produção musical gaúcha, trazer á tona os ritmos e linguagens da música brasileira, fomentar o fazer musical sendo agente propulsor da cultura no Estado, remunerar músicos, técnicos e prestadores de serviço envolvidos, valorizando estas profissões, democratizar o acesso à arte, com a apresentação gratuita em local público, propagar e difundir a influência musical feminina na música gaúcha e brasileira, diversificar os eventos culturais, desenvolver o gosto estético e os aspectos, intelectual, emocional e perceptivo através da música, apresentar a música como uma atividade enriquecedora e construtiva, como importante instrumento de transmissão de valores culturais e formar novas plateias.
A análise técnica do projeto alterou o valor proposto no item 3 “CUSTOS ADMINISTRATIVOS” no subitem 3.4 “Captador de Recursos” de R$ 22.000,00 para R$ 11.000,00, adequando ao valor praticado.
É o relatório.
2. O projeto “3 - Mulher Encanto - 2017” apesar de ser um evento musical, aberto e gratuito, não agrega valores que o torne meritório para fins de receber incentivo da LIC/RS.
Observa-se que na 1ª Edição (ocorrida de 08 a 30 de março de 2012) houve uma tournée musical em 6 (seis) municípios, tendo como artistas principais cantoras gaúchas, sendo 5 (cinco) cantoras fixas (Loma Pereira, Marietti Fialho, Alana Moraes, Greice Moreli e Carolinne Caramão). As cantoras convidadas por município foram Jane Kely (Caxias do Sul), Maria Conceição (Pelotas), Letícia Andrade (Rio Grande), Nicole Carrion (Santana do Livramento) e Tarciane Tebaldi (Bagé), sendo que o valor aprovado foi de R$ 273.084,90.
Também chama a atenção que a 2ª edição (ocorrida de 12 a 16 de dezembro de 2014) percorreu 6 (seis) municípios (Porto Alegre, Pelotas, Gravataí, Caxias do Sul, Santa Maria e Novo Hamburgo), tendo como artistas principais cantoras gaúchas Greice Morelli, Alana Moraes, Marietti Fialho, Carmem Corrêa e Jhane Kely, além da gravação de um CD demonstrativo, distribuído gratuitamente, sendo que o valor aprovado foi de R$ 472.514,19.
Esta 3ª edição apresenta proposta para 1 (um) único show no dia 26/03/2017, contemplando a cantora gaúcha Carmen Corrêa (que já havia sido contemplada na edição anterior) e a cantora Céu e sua equipe, oriundos de São Paulo.
O proponente busca 100% de financiamento junto ao sistema da LIC, sendo o custo final habilitado pelo SAT de R$ 216.350,00 (duzentos e dezesseis mil trezentos e cinquenta reais), ou seja, um custo muito elevado para evento desta natureza, principalmente quando comparado com as edições anteriores. Diante do cenário econômico em que se encontra o país, um investimento de mais de R$ 216.000,00 para a realização de APENAS UM DIA de programação, não nos parece ser relevante nem oportuno para receber incentivo via sistema LIC.
Por fim, o proponente sequer apresenta autorização ou anuência da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para realizar o show no Parque da Redenção.
3. Em conclusão, o projeto “3 - Mulher Encanto - 2017” não é recomendado para a Avaliação Coletiva.
Porto Alegre, 16 de dezembro de 2016.
Gilberto Herschdorfer
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13h30min do dia 20 de dezembro de 2016.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Alessandra Carvalho da Motta, Marco Aurélio Alves, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Ieda Gutfreind, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Lucas Frota Strey, André Venzon e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Rafael Pavan dos Passos e Vinicius Vieira.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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