Processo nº 1274-11.00/16-3
Parecer nº 012/2017 CEC/RS
O Projeto "Arte no Parque 2017" é recomendado para Avaliação Coletiva.
1. O Projeto Arte no Parque 2017 tem realização prevista para o sábado de 8 de abril de 2017 no Parque Farroupilha em Porto Alegre, com duração total de nove horas. Inscrito na área de Artes Cênicas, (Teatro) consiste em um festival de artes cênicas, com seis espetáculos teatrais, um espetáculo circense e uma oficina, totalmente gratuitos. O horário será entre as 13 e 22 horas.
Fazem parte da equipe principal o produtor cultural Olele Music Ltda ME, com CEPC 5534 e que tem como representante legal Leandro Bortholacci Gonçalves da Silva. Compõem ainda a equipe a Efexis Marketing e Eventos Ltda, a Mosaico Produções Comércio e Serviço Ltda, Juliano Rossi de Jesus e a contadora Ana Paula Marzari de Moura.
A curadoria selecionou oito grupos gaúchos de reconhecida qualidade artística. São eles: Terreira da Tribo, Mosaico Cultural, Coletivo Crionças, Circo Híbrido, Teatro Mototóti, Cia Divina Comédia, Cuidado Que Mancha e Cooperativa Oigalê.
Simultaneamente acontecerão uma feira de produtos orgânicos e uma feira de troca de livros. As feiras iniciam às 13h, junto com o teatro de caixa da Cia Divina Comédia. Os espetáculos de palco começam às 14h.
Integrando o cenário, serão montados estandes com uma estrutura esteticamente inovadora, a partir de materiais recicláveis e sustentáveis, e neles estarão impressos fragmentos literários de Clarice Lispector, Cora Coralina, Paula Taitelbaum, Angélica Freitas e Liana Timm.
Os estandes servirão de suporte para a comercialização de produtos orgânicos e troca de livros. Os espetáculos contarão com recursos de audiodescrição e linguagem brasileira de sinais. Antes das apresentações haverá a oportunidade para interação entre os artistas e pessoas deficientes visuais, momento em que estas também poderão vivenciar experiências táteis com figurinos e cenografia.
Haverá um espaço de convivência adequado para acolher pessoas com deficiência. Além da gratuidade do evento, será sugerida a doação de alimentos não perecíveis, que serão destinados à Casa do Artista Riograndense, abrigo de artistas idosos em Porto Alegre.
Concomitante a estas atividades, a Unidade de Triagem do Campo da Tuca terá espaço no evento com fins de orientação e educação relativos ao descarte de resíduos, com práticas didáticas e exposições. O Pró-CulturaRS e o projeto terão suas marcas expostas na cenografia e em todo o material de divulgação.
De acordo com o proponente, o projeto democratiza o acesso à cultura, promove a troca de experiências, valoriza a riqueza e a diversidade artística gaúcha. Além disso, universaliza o acesso à cultura, oferecendo uma programação de alto valor artístico.
Será disponibilizado um ônibus para transportar pessoas portadoras de deficiências, através do pré-agendamento com entidades e instituições que promovem o cuidado e o desenvolvimento dessas pessoas.
O evento será conduzido pelo ator Mauro Bruzza, o Homem Banda, que fará a costura entre os espetáculos. A feira de produtos orgânicos e as trocas de livros iniciam às 13h, simultaneamente ao teatro de caixa da Cia. Divina Comédia.
Também a partir das 13h, o ônibus chega ao local e a produção acomoda as pessoas em lugares já reservados ao público portador de necessidades especiais. Os espetáculos de palco começam às 14h, com a apresentação do Circo Híbrido. Prossegue às 15h, com o Grupo Crionças; às 16h, com a Oficina, às 17h, Corsários Inversos, às 18h, Teatro Mototóti, às 19h, Cooperativa Oigalê e às 20h, Terreira da Tribo.
A Oficina, intitulada “Musicando”, ficará a cargo do Grupo Cuidado que Mancha, ministrada por Cláudia Veiga e Bárbara Borges e será ofertada a 15 adultos, acompanhados de uma criança, totalizando 30 pessoas.
Entre seus objetivos, estão: propor vivências que contemplem o brincar como atividade central da oficina, promover o conhecimento musical através de brincadeiras populares, resgatar e perpetuar a memória cultural através de brincadeiras, promover a interação entre indivíduos de diferentes idades (pais e filhos) e estimular a participação coletiva.
Constam, em anexo, cartas de anuência de todos os artistas e de todos os profissionais envolvidos. Há uma carta de intenção de patrocínio de uma empresa de telefonia móvel. O pedido de autorização para a utilização do Parque Farroupilha será feito na fase de pré-produção do evento, previsto para ocorrer 60 dias antes da data dos espetáculos.
Uma maquete, também em anexo, mostra como todos os equipamentos serão distribuídos. A solicitação de financiamento através do Sistema Pró-Cultura RS é de 100%, totalizando R$ 239.872,50.
É o relatório.
2. Arte no Parque 2017 é um dos mais belos projetos que chegaram a este Conselho nos últimos seis meses. Bem escrito, muito bem apresentado, preocupa-se com todos os detalhes para o bom andamento dos diversos eventos. Tem por objetivo levar a cultura à população através do circo e do teatro, expressões mais puras para alcançar o coração e a alma do grande número de espectadores que deverá comparecer em local aberto.
Quanto à necessária autorização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para a realização deste projeto no Parque Farroupilha, sendo aprovado em Avaliação Coletiva por este Conselho, impõe-se que essa instrua os autos antes de possíveis manifestações de interesse de patrocínio, e não no período que foi anunciado pelo proponente no projeto, ou seja, na pré-produção.
Tem como um de seus grandes méritos a preocupação com pessoas com deficiência, que serão transportadas, recebidas e acarinhadas. A linguagem brasileira de sinais e a audiodescrição serão algumas das ferramentas usadas para proporcionar o acesso pleno às atrações, sem restrições ou barreiras.
O transporte, em ônibus, para pessoas com deficiências, será feito através do pré-agendamento com entidades e instituições que promovem o cuidado e o desenvolvimento delas. (* A título de esclarecimento: desde 2006, o termo usado passou a ser “Pessoa(s) com deficiência(s)”. Decisão aprovada pela Assembleia Geral da ONU. A deficiência não se porta, a pessoa tem uma deficiência, faz parte dela)
Há o cuidado com a segurança, com a prevenção de incêndio e com o meio-ambiente. A Unidade de Triagem do Campo da Tuca terá espaço no evento com fins de orientação e educação relativos ao descarte de resíduos, com práticas didáticas e exposições.
Haverá estante para troca de livros e os participantes do evento, se assim o desejarem, já que é apenas uma sugestão, poderão doar alimentos não perecíveis para a Casa do Artista Riograndense, que passa por grande necessidade.
Fundada em 23 de abril de 1949, a entidade, sem fins lucrativos, é “um retiro destinado aos artistas necessitados, impossibilitados pela idade, ou por motivo grave, de prover o próprio sustento, dando-lhes abrigo, alimentação e condições dignas de sobrevivência, dentro das possibilidades da entidade”. É elogiável a intenção do projeto em lembrar e ajudar artistas que atuaram no passado, mas que ainda permanecem em nossa memória e convivem entre nós com muitos problemas.
Toda a grandeza e a beleza do projeto, porém, não pode nos tirar o foco. O belo não pode ser injusto. Não pode se valer de sua beleza para esquecer dos objetivos básicos a que se propõe. Esta conselheira não deve permitir que a beleza ofusque o bom senso, o poder de crítica, de coerência e de atenção, diante da grave crise financeira que vive o Estado do Rio Grande do Sul.
Para que este belo projeto floresça e se torne apenas encantador e mágico aos olhos de quem dele usufruir, é preciso aparar arestas, evitar excessos e realizar glosas, tornando-o ainda mais enxuto. Muitas funções parecem mesclar-se na execução. Dão a impressão de ser diferentes, pela colocação das palavras ao descrevê-las, mas giram sobre o mesmo eixo. Há rubricas muito altas para executores e outras ínfimas para alguns artistas. Existem itens que não devem ser aportados pelo dinheiro público.
Diante disso, faço as seguintes glosas:
Rubrica 1.3 – Coordenadora técnica
Valor pretendido: R$ 6.000.00
Glosa: R$ 3.000,00
Valor autorizado: R$ 3.000,00
Rubrica 1.4 – Assistente de Produção
Valor pretendido: R$ 6.000,00
Rubrica 1.8 - Produtor de Logística
Valor pretendido: R$ 2.500,00
Glosa: R$ 1.250,00
Valor autorizado: R$ 1.250,00
Rubrica 1.9 – Coordenação artística
Valor pretendido: R$ 3.500,00
Glosa: R$ 1.750,00
Valor autorizado: R$ 1.750,00
Rubrica 1.21 – Curadoria Artística
Valor pretendido: R$ 4.000,00
Glosa: R$ 1.000,00
Rubrica 1.23 – Cenógrafo
Valor pretendido: R$ 10.000,00
Glosa: R$ 5.000,00
Valor autorizado: R$ 5.000,00
Rubrica 1.24 - Cenotécnico
Valor pretendido: R$ 14.000,00
Glosa: R$ 7.000,00
Valor autorizado: R$ 7.000,00
Rubrica 1.25 Fotografias e Filmagens
Valor pretendido: R$ 5.000,00
Glosa: R$ 1.500,00
Valor autorizado: R$ 3.500,00
Rubrica 1.29 - Locação de Equipamentos de Iluminação de palco e ambientação
Valor pretendido: R$ 15.000,00
Glosa: R$ 4.500,00
Valor autorizado: R$ 10.500,00
Rubrica 1.30 – Locação de equipamento de sonorização
Valor pretendido: R$ 12.000,00
Glosa: R$ 3.600,00
Valor autorizado: R$ 8.400,00
Rubrica 1.36 – Coordenação de Segurança
Valor pretendido: R$ 500,00
Glosa: 100% (R$ 500,00)
Valor autorizado - R$ 0,00
Rubrica 1.46 Locação de sofás 3 lugares Verona branco
Valor pretendido: R$ 440,00
Glosa: 100% (R$ 440)
Valor autorizado: R$ 0,00
Rubrica 1.47 - Locação de poltrona Verona branco
Valor pretendido: R$ 480,00
Glosa: 100% (R$ 480,00)
Rubrica 1.49 – Frigobar
Valor pretendido – R$ 240,00
Glosa: 100% (R$ 240,00)
Rubrica 1.52 – Frete para entrega dos móveis
Valor pretendido: R$ 550,00
Glosa 100% (R$ 550,00)
Rubrica 1.54 – Catering
Valor pretendido: R$ 1.000,00
Glosa: 100% (R$ 1.000,00)
Rubrica 2.1 – Projeto Gráfico
Rubrica 2.2 – Criação de peças digitais, manutenção de redes sociais
Glosa: R$ 2.500,00
Valor autorizado: R$ 2.500,00
Rubrica 3.1 – Coordenação Administrativo Financeiro
Valor pretendido: R$ 5.600,00
Glosa: R$ 2.800,00
Valor autorizado: R$ 2.800,00
Rubrica 3.2 – Elaboração de prestação de contas
Glosa: 100% (R$ 4.000,00)
Aqui cabe uma observação importante: a prestação de contas da utilização do dinheiro público é uma obrigação do proponente e não deve ser remunerada.
Rubrica 3.3 – Remuneração para captação de recursos
Valor pretendido: R$ 11.000,00
Glosa: R$ 4.000,00
Rubrica 3.5 – Coordenador do projeto
Valor autorizado: R$ 8.000,00
Total das Glosas: R$ 55.110,00
Ressalva-se à aprovação do projeto a apresentação da autorização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para a realização do evento no Parque Farroupilha.
3. Em conclusão, considerando seu mérito, relevância e oportunidade, o projeto cultural "Arte no Parque 2017" é recomendado para Avaliação Coletiva, podendo captar recursos do Sistema Pró-Cultura RS até o limite de R$ 184.762,50 (cento e oitenta e quatro mil, setecentos e sessenta e dois reais e cinquenta centavos).
Porto Alegre, 18 de janeiro de 2017
Erika Hanssen Madaleno
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13:30 horas do dia 25 de janeiro de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Marco Aurélio Alves, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Ieda Gutfreind, Gilberto Herschdorfer, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Vinicius Vieira, André Venzon, e Walter Galvani.
Abstenções: Marlise Nedel Machado, Bibiana Mandagará Ribeiro
Impedimentos: Luciano Fernandes
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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