Processo nº 0009-1100/17-0
Parecer nº026/2017 CEC/RS
O projeto “CINECLUBE TORRES - Espaço de Cultura Audiovisual - 2017” é recomendado para a Avaliação Coletiva.
1. O projeto “CINECLUBE TORRES - Espaço de Cultura Audiovisual - 2017”, habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, intenta expandir e articular a plurianual experiência de exibições audiovisuais do Cineclube Torres, realizada em vários locais e contextos, num espaço próprio, resgatando um modelo de gestão continuada e cooperativa de um espaço para fins culturais (Espaço Cultural Paulo Prates), existente de junho a novembro 2013 em Torres/RS. A criação e manutenção em Torres de um novo Espaço de Cultura Audiovisual permitirá a execução de uma ampla programação cultural, dirigida a segmentos de público variados, garantindo uma perfeita autonomia e suprindo uma carência estrutural da cidade, privada de espaços públicos adequados para exibição de audiovisual. O projeto prevê a instalação, com os equipamentos necessários para projeção audiovisual, de uma confortável sala de visualização de mídias digitais, para um público máximo de 30 (trinta) pessoas, incluindo as despesas de funcionamento, pelo prazo de um (1) ano. A inclusão do projeto numa Lei de Incentivo se torna necessária e imprescindível na fase inicial no sentido de gerar aportes financeiros e de articular as necessárias dinâmicas internas, sendo que já está em ato a transformação da Associação em OSCIP de cunho cultural, que permitirá uma sustentabilidade ao seu funcionamento no futuro, em longo prazo.
Proponente: CINECLUBE TORRES
Segmento Cultural: AUDIOVISUAL/ Eventos de exibição
Período de realização: 22/04/2017 a 11/04/2018
Local: TORRES/RS - Espaço de Cultura Audiovisual
Valor total: R$ 39.157,58
Recursos próprios do proponente R$ 3.000.00 (equivalente a 7,66%)
Financiamento Sistema Pró-Cultura: R$ 36.157,58 (equivalente a 92,34%)
Na sua execução, o projeto objetiva a realização de sessões de obras audiovisuais de referência, contemplando diferentes segmentos da sociedade, promovendo debates, palestras e encontros sobre as obras apresentadas para contribuir à reflexão e à formação do público, proporcionando à cidade de Torres acesso à cultura audiovisual de forma socializante, democrática e plural, para amplas faixas da população.
A programação e as atividades, previstas no espaço ou executadas de forma itinerante, serão objeto de uma atenta curadoria por parte da diretoria do Cineclube Torres. Estes são os principais eixos temáticos:
- Cineclube - Cinema Cultural: exibição de filmes de cunho cultural e artístico, obras de cinema autoral, brasileiras e oriundas de cinematografias de vários países, propostos para um público diferenciado, não só local como de turistas e veranistas, com intuito de aumentar a competitividade da cidade como destino turístico usando aspectos culturais, uma das metas do Plano Nacional de Cultura.
– Cine Cult - cinema experimental/documental/audiovisuais artísticos: oportunizar a divulgação de trabalhos artísticos ligados à linguagem audiovisual, nacionais e internacionais, em mostras temáticas e também a divulgação de material audiovisual independente, com dificuldade de ingresso nas tradicionais redes de distribuição cinematográfica, para promoção do necessário encontro dos autores com o público;
- Cineclube em Família - cinema de qualidade para lazer e recreação: sessões dirigidas a um público mais amplo, mas sem prescindir da valorização de aspectos artístico-cultural específicos das obras, para estimular o hábito de frequência a um espaço cinematográfico, necessário após o hiato de quase uma década do fechamento da última sala cinematográfica comercial na cidade;
- Cineclubinho - sessões infanto-juvenis: exibição de filmes dirigidos a faixas etárias específicas para despertar o gosto da descoberta de obras ficcionais e de animação de forma socializante e integrada numa perspectiva pedagógica. O caráter lúdico das obras e a relevância das suas mensagens poderão gerar um novo público para o audiovisual e uma nova geração de cidadãos;
- Cinema e Escola - o audiovisual integrado no processo pedagógico: propor o cinema e a cultura audiovisual como elemento adicional à experiência didática nas escolas, promovendo a vivência das turmas num espaço cultural diferenciado. O objetivo é a formação do hábito da interpretação dos signos do mundo audiovisual e a ampliação da aprendizagem em modo transversal, quebrando a assimetria do processo clássico de aprendizagem. As obras a serem exibidas serão escolhidas para desenvolver competências essenciais à condição de cidadãos, trabalhando os temas e conceitos necessários através de uma dimensão cultural;
- Curso de alfabetização audiovisual: curso efetuado em contra turno escolar, pensado e direcionado para um publico específico (dos 13 anos em diante), com o intuito de fornecer as principais informações disciplinares e operativas sobre a produção audiovisual, hoje democratizada pelas novas tecnologias digitais à disposição, em vista do seu uso no processo pedagógico na vertente de expressão artística individual. Este curso culminará em uma Mostra de Audiovisuais produzidos ao longo do projeto, aberta ao público;
- Cinema para universitários e pré-universitários: exibições de filmes escolhidos a partir de conteúdos específicos, para grupos específicos, de estudantes da rede de ensino superior, em colaboração com a Universidade ULBRA, nos vários cursos de graduação e pós-graduação, com integração nas várias disciplinas. Um calendário especial de exibições, por temas e matérias, será dirigido aos finalistas do segundo grau, para complementar a preparação ao ENEM e a vestibulares, com participação de palestrantes das respectivas áreas temáticas;
- Cinema na Praça, Cinema na Praia e Sessões Itinerantes: promoção da cultura audiovisual, com a exibição de obras em comunidades urbanas e rurais do município de Torres, em espaços públicos (praças ou praias) ou locais específicos, de forma itinerante, inclusive em locais mais periféricos em relação ao centro urbano, sempre articulando as atividades com Associações de Bairro ou com outras Associações culturais ou educacionais locais. Particular relevância poderão assumir as sessões itinerantes dirigidas ao público em condições de vulnerabilidade social, como para público de crianças e adolescentes do CRAS (Centro de Referência da Assistência Social do município) e do centro de passagem local, em comunidades indígenas e dirigidas a reclusas da instituição do sistema prisional. Este projeto retoma um projeto (Cinema é Cultura) formulado em ocasião de uma demanda eleita para o município de Torres através do mecanismo da participação popular e cidadã da Corede-LN, em 2013, cuja verba nunca foi repassada.
O proponente justifica seu projeto alinhando que o audiovisual é um poderoso meio de expressão artística, mas também de conhecimento e de aprendizagem. Com uma atenta curadoria, esta experiência plurianual potencializará neste projeto pela ampliação das oportunidades de diálogo e pelo considerável alargamento do público, podendo, finalmente, ambicionar a ser realmente transversal e chegar até comunidades distantes do centro do município. Na rica produção audiovisual brasileira, será dado o enfoque para a excepcional recente produção realizada no estado, renovando parcerias já estabelecidas anteriormente (Casa de Cinema de Porto Alegre, Prana Filmes, Besouro Filmes, etc), oportunizando momentos de encontro com o público para obras, felizmente presentes nas cidades metropolitanas, sem distribuição no interior do estado. Nas escolhas de audiovisuais estrangeiros, sempre necessários a alargar a referência artístico-cultural e os horizontes de conhecimento, será dado um enfoque especial para a produção ibero-americana, especialmente a latino-americana, pela identificação cultural e as oportunidades de um mais estreito dialogo cultural, linguístico e artístico.
Trabalhar e problematizar as identidades culturais e os seus reflexos na sociedade contemporânea, brasileira e mundial, através da apreciação e da análise de obras audiovisuais de referência, é um dos objetivos do Cineclube Torres, desde o início das suas atividades, e vai poder permear ainda mais a execução deste projeto, devido à autonomia e aos recursos finalmente à disposição.
Quanto à dimensão econômica, o projeto pretende fornecer um modelo de gestão cooperativa para um espaço cultural alternativo e independente, oportunizando vivências em atividades culturais de forma ativa e participativa. Este modelo permite que o público possa interagir e dialogar até o nível organizativo, estimulando a iniciativa e o interesse para a gestão cultural. Esta metodologia operativa, (que é o fundamento de associações sem fins lucrativos como esta) é transmitida junto das obras e temáticas escolhidas. Visa envolver e estimular o público, para que todos se sintam parte ativa do processo, agentes ativos na construção e transformação da sociedade.
Visando à democratização do acesso, o projeto se dirige a um público segmentado. Na execução da proposta haverá sessões e atividades dirigidas, entre outros, a turistas oriundos de outros países do Cone Sul, ao público universitário, a comunidades em situação de risco e a crianças da rede escolar. Acredita-se que este direcionamento para públicos diferentes e com temáticas atuais e apropriadas, representa uma das potencialidades do projeto, tendo a possibilidade de fomentar o encontro e o diálogo entre segmentos de outro modo compartimentados, valorizando plenamente não só a cultura, mas, também, a socialização e a participação cidadã. O acesso a recursos (via incentivo fiscal) também representa uma forma de envolver diretamente membros da comunidade e empresas locais na oferta cultural local, ajudando a sensibilizar sobre o importante papel da cultura no crescimento harmônico do município.
Visando à acessibilidade, serão observadas as condições gerais de funcionamento do local escolhido, garantindo fácil acesso para todo o público, incluindo deficientes físicos ou pessoas com mobilidade reduzida, idosos, etc.
O objetivo geral do projeto é promover a difusão da cultura audiovisual, fruição e produção, junto de públicos variados e heterogêneos, de forma colaborativa e participativa, em espaço cultural específico e autônomo. Os objetivos específicos são promover a formação de público para produtos audiovisuais e culturais em geral, integrar populações em risco de vulnerabilidade social, enriquecer o atrativo turístico com ofertas de atividades culturais qualificadas, qualificar a integração pedagógica de audiovisuais em escolas e articular um modelo de gestão compartilhada e coletiva de espaço cultural.
As metas são 52 sessões de programação semanal do Cineclube; 12 sessões Cult (documentário/videoarte); 04 sessões Cinema em Família; 06 sessões Cineclubinho; 08 sessões Cinema e Escola; 08 sessões Cinema e Universidade; 08 sessões Cineclube Itinerante; 02 cursos de alfabetização audiovisual (artigo 6º da IN 01/2016).
A análise técnica do projeto não apontou inconsistências, nem houve glosas.
É o relatório.
2. O projeto “CINECLUBE TORRES - Espaço de Cultura Audiovisual - 2017” apresenta proposta relevante e oportuna.
“Cineclube” é uma associação sem fins lucrativos que estimula os seus membros a ver, discutir e refletir sobre o cinema. Um cineclube se organiza pela vontade do convívio comunitário, pelo desejo de reunir os amigos, de participar de alguma atividade diferente da existente, de exercer a cidadania. Cineclube é, antes de tudo, uma atitude cidadã. No Brasil, o Movimento Cineclubista experimenta um processo de intensa rearticulação resultando na reorganização do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, entidade cultural sem fins lucrativos, filiada à FICC - Federação Internacional de Cineclubes.
Criados nos anos 20, os cineclubes se vinculam a uma concepção revolucionária e democrática de organizar a relação do público com a obra cinematográfica — agora audiovisual. Cineclube é o espaço do novo e do povo. No cinema, o filme é uma mercadoria, é um objeto de troca, de consumo ligeiro, onde o mais importante é o dinheiro arrecadado na bilheteria. O cineclube não tem fins lucrativos e o mais importante nele não é a renda e, sim, o filme e sua relação com o espectador ou vice e versa.
O projeto “CINECLUBE TORRES - Espaço de Cultura Audiovisual - 2017” apresenta orçamento razoável para projetos desta natureza, e hoje vivemos um momento muito particular na história, em que a tecnologia digital abre uma oportunidade única de democratização de meios de produção e distribuição do audiovisual. E a proposta cineclubista talvez seja a que melhor se enquadra a uma perspectiva de renovação democrática no campo do audiovisual.
* O proponente deverá fazer o uso da marca do Sistema Pró-Cultura em todas as peças de divulgação.
3. Em conclusão, o projeto “CINECLUBE TORRES - Espaço de Cultura Audiovisual - 2017” é recomendado para a avaliação coletiva, podendo vir a receber incentivos do Sistema Pró-Cultura até o valor de R$ 36.157,58 (trinta e seis mil cento e cinquenta e sete reais e cinquenta e oito centavos) em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade.
Porto Alegre, 25 de janeiro de 2017.
Gilberto Herschdorfer
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 06 de fevereiro de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Marco Aurélio Alves, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Vinicius Vieira, Lucas Frota Strey, André Venzon e Walter Galvani.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 24/02/2017 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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