O projeto cultural “1º. Festival de Piano do Rio Grande do Sul – 2017” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto cultural 1º. FESTIVAL DE PIANO DO RIO GRANDE DO SUL – 2017, inscrito na área de Música, está proposto por TFC Serviços Culturais Ltda ME, cujo CEPC é 6093. O proponente estará a cargo da direção de produção e coordenação geral. A realização está prevista para o período de 24 a 27 de agosto de 2017, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Os ingressos serão vendidos ao valor de R$ 40,00 para o público em geral e R$ 20,00 para estudantes e idosos.
A produção reunirá 08 artistas convidados e prevê conquistar público de 2.400 pessoas com um orçamento de R$ 234.660,00 (duzentos e trinta e quatro mil, seiscentos e sessenta reais), solicitando ao Sistema Pró-Cultura o valor de R$ 186.260,00 (cento e oitenta e seis mil, duzentos e sessenta reais), que representa 79,37% do orçamento.
A curadoria estará a cargo de Tiago Aquino Halewicz, enquanto a produção executiva será responsabilidade de Liege Donida Biasotto. Arthur Lang é responsável pela cenografia e design gráfico, enquanto Rafaela Pechansky fará a assessoria de imprensa. Lozana Maria Maffei Richter atuará como contadora.
O projeto prevê a realização da primeira edição do Festival de Piano do Rio Grande do Sul, com o objetivo de promover e difundir a música “pianística” produzida no estado, em intercâmbio com a cena brasileira e argentina.
Como contrapartida, serão produzidas duas atividades gratuítas: uma aula magna com a pianista Olinda Allessandrini para um público previsto de 30 pessoas e uma palestra sobre a história do piano, com Tiago Halewicz, para público estimado em 100 pessoas, considerando que para ambas atividades serão abertas inscrições.
A história do piano remonta a 1711, quando o “Giornale dei Litterati d´Italia” fez a primeira referência ao instrumento que revolucionaria a história da música ocidental. A invenção de Bartolomeo Cristofori abriu caminho para uma gama sonora no território dos instrumentos de teclado, oferecendo, assim, um novo veículo para a composição musical. Desde então, o piano passou por várias alterações técnicas, buscando recursos de intensidade e de expressividade, até chegar ao modelo atual, consolidado ao longo do século XIX.
O I Festival de Piano de Porto Alegre pretende recuperar os 300 anos de imaginação musical sobre esse instrumento em quatro dias de concertos, é o que afirma o proponente. Por essa razão, o programa cumpre o objetivo de celebrar a arte musical pianística do barroco à contemporaneidade como um recorrido histórico, estético e estilístico preocupado com a finalidade de fomentar o mercado da música erudita no Rio Grande do Sul, aperfeiçoar pianistas e formar público ouvinte.
Participam da série de concertos do festival músicos brasileiros e estrangeiros com excelência no cenário musical e capazes em contribuir na formação de pianistas oriundos dos cursos de música das universidades brasileiras. Na programação, estarão as pianistas gaúchas Olinda Allessandrini, que fará a abertura do Festival juntamente com a Orquestra de Câmara da ULBRA, e Catarina Domenici. Como convidados nacionais, o programa apresentará Leonardo Hilsdorf (São Paulo) e Erika Ribeiro (Rio de Janeiro). A pianista argentina Lilia Salzano representará a cena internacional do festival. Além dos cinco convidados acima, a curadoria do festival, realizada pelo pianista e pesquisador Tiago Halewicz, convidará mais três nomes da cena nacional para compor a programação, onde serão apresentados ao público dois concertos por noite.
Essa iniciativa busca valorizar e difundir a música pianística no estado do RS, valorizando artistas locais e nacionais e fomentando o mercado e o ensino da música erudita no estado do RS, além de fortalecer a cadeia produtiva da música erudita e formando novas plateias.
As atividades paralelas que estão previstas – aula e palestra –, buscam qualificar o ambiente acadêmico das universidades de música do Estado, bem como o ensino informal da música erudita, contribuindo na formação de músicos e pesquisadores do estado do RS.
Como proposta de democratização de acesso à cultura, o projeto prevê a destinação de 50 ingressos gratuitos por dia de programação, totalizando 200 convites a escolas e/ou instituições públicas da cidade de Porto Alegre, incentivando o pertencimento social e cultural dos contemplados.
É o relatório.
2. O projeto está apresentado dentro do que prevê a Instrução Normativa 001/2016 e toda a legislação pertinente. Através de seus anexos é possível compreender a amplitude da proposta e emitir parecer acerca do mérito da iniciativa.
São raras as iniciativas que privilegiam a música instrumental, e menor ainda aquelas que contemplem a produção erudita no Rio Grande do Sul. Projetos incentivados com recursos públicos objetivando este segmento da música são ainda mais incomuns. Ainda quando os produtores trabalham com orquestras ou corais, em sua maioria tratam de que os repertórios estejam repletos do que consideram “popular” e palatável ao público como se não houvesse ouvidos afeitos a escutar a sonoridade de uma boa execução de obras que resistem ao tempo, aos avanços tecnológicos e a toda espécie de transformação vivida pelo mundo e pelo homem, principalmente, neste último século.
Alguns parecem querer fazer-nos crer que as grandes obras ou clássicos já foram devidamente apreciados, esquecendo que diversidade é a palavra de ordem da geração Y, e que por essa razão a cada dia existem mais sensibilidades expostas e disponíveis a conhecer a sonoridade e a beleza das composições que resistem dezenas e centenas de anos.
A importância do piano rompe as fronteiras da arte musical para contribuir com as outras artes. No cinema mudo, exercia o papel de interligação entre a tela e o público; nas grandes obras de balé, servindo de base para grandes solos, enquanto no teatro também esse é o instrumento mais utilizado para pontuar as cenas, e no circo oferecia o clima para os momentos de maior tensão. Na linguagem publicitária, desde a época em que o rádio protagonizava a comunicação, o piano é quem revela a emotividade, isto apenas para mencionar algumas das intercorrências deste instrumento na vida e na arte.
Essa breve introdução contextualiza o meritório deste projeto preocupado em valorizar a história do piano e consequentemente da música para que se compreenda as composições, arranjos e interpretações oferecidas neste momento. Um projeto simples, claro e direto que apresenta um ideário sensível que permite antever uma realização que marcará o início de um novo tempo na música inistica do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Um evento que pretende apresentar oito concertos que retratem os três últimos séculos, assim como as evoluções e revoluções deste instrumento que é dos mais utilizados em trilhas sonoras da dança, do cinema, do teatro, do circo e até, novelas de televisão.
Este é um dos projetos que permite acreditar que nem tudo está perdido, nem tudo está tomado pelo mau gosto, pelo imediatismo, pela precariedade e pela pobreza criativa. Este projeto é um farol de luz em tempos tão obscuros e sua oportunidade está evidenciada quando se preocupa e ocupa em formar novas plateias, envolver universidades e escolas livres de música com palestra e aula aberta, propor preços populares para o acesso do público e beneficiar projetos sociais com a participação deste banquete musical.
A relevância está calcada na cuidadosa definição dos oito concertos nacionais e internacionais que a curadoria assegura que promoverá no palco do Theatro São Pedro. Grandes compositores gaúchos, se cá estivessem, certamente estariam festejando o nascimento deste Festival que, espero, conquiste vida longa.
3. Em conclusão, o projeto “Festival de Piano do Rio Grande do Sul” é recomendado para avaliação coletiva, podendo receber incentivos de fomento do Sistema Pró-Cultura até o limite de R$ 186.260,00 (cento e oitenta e seis mil, duzentos e sessenta reais).
Porto Alegre, 19 de janeiro de 2017.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 10 horas do dia 19 de janeiro de 2017.
Presentes: 16 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Luiz Armando Capra Filho, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Bibiana Mandagará Ribeiro, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Lucas Frota Strey, André Venzon, e Walter Galvani.
Abstenção: Luiz Carlos Sadowski da Silva.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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