Processo nº 0251-1100/18-0
Parecer nº 096/2018 CEC/RS
O projeto 13º Café de Cambona - Parte Cultural é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto 13º Café de Cambona, habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, trata da realização de um evento artístico cultural que será realizado no município de São Nicolau, na região das Missões, nos dias 26 e 27 de maio de 2018.
O produtor cultural é a Associação de Laçadores Agropecuária Barcelos, CEPC 6144, representada por Ademar Antonio Machado Barcelos, que é presidente da entidade proponente.
Identificação do projeto
Título: 13º Café de Cambona – Parte Cultural – 2018
Área do projeto: Tradição e folclore
Município da realização: São Nicolau, no Parque de Exposições Delcy Sommer da Trindade.
Da equipe principal, constam:
Moises D. Marczewski Cia Ltda - ME (Polska Empreendimentos), responsável pela coordenação administrativo-financeira e pelo gerenciamento;
Ricardo Miguel Klein, responsável pela coordenação geral;
Silvia Maria Veiga da Silva, responsável pela coordenação cultural;
Lori José Giraudo Schiavo, secretário do evento cultural;
Denilton Moraes Silva, tesoureiro do evento cultural;
Acleton Ortiz Guimarães, responsável pela divulgação.
O contador é José Amadeus Moura Benitez, CRC 063166.
Constam, ainda, como outros participantes, o Município de São Nicolau (São Nicolau Gabinete do Prefeito), cujo responsável é Ricardo Miguel Klein, Prefeito Municipal, que exerce a função de apoiador.
Na apresentação do projeto, o produtor diz textualmente:
Conhecer São Nicolau é desvendar e vivenciar a magia que envolve essa terra à quase 400 anos. Sua história, suas lendas, crenças e seu povo são heranças vivas de uma experiência única no mundo. O chão que deu início a história do Rio Grande do Sul, palco da primeira missa rezada em solo gaúcho, em 03 de maio de 1626, pelo padre Roque Gonzales de Santa Cruz, considerada a Primeira Querência do Rio Grande, por abraçar a chegada dos primeiros tropeiros, revive dia a dia sua saga, de um povo colonizador, movido pela fé, cultura e tradição. Sendo assim, nesta relação histórica, surge o Café de Cambona, pela essência e representatividade, é considerado memória imaterial do Estado do Rio Grande do Sul, onde cumpre o papel de resgatar os costumes dos tropeiros e carreteiros que por mais de dois séculos riscaram o solo gaúcho transportando a produção do Estado, eram também agentes disseminadores da cultura, pois, em tempos de escassos meios de comunicação, eram eles que traziam e levavam notícias sobre mudanças de hábitos e comportamento da população, entre as diversas regiões. Na intenção de preservação, apresentamos o ‘13º CAFÉ DE CAMBONA - PARTE CULTURAL 2018’ (...).
O produtor, em longa assertiva, relata a importância deste projeto para a comunidade, dizendo que todas as atrações do evento estão ligadas ao sentimento de pertencimento dela. O evento contará, entre outros, com: o show A Arte pela História de um povo; o espetáculo circense guaranítico Yakekan Vivá; apresentações de danças folclóricas em homenagem aos grupos étnicos formadores, dentre os quais, em suma, portugueses e espanhóis; danças tradicionais; uma palestra; e um espetáculo temático sobre tropeiros.
Ainda dentro da temática abordada e foco da proposta, a comunidade partícipe elegerá o Melhor Café de Cambona através de concurso, dando o tom da importância e representatividade deste grande evento.
O proponente escreve sobre o projeto que:
Não é demasiado afirmar que o Café de Cambona apresenta-se como potencial prestador de um importante serviço de salvaguarda e manutenção das tradições gaúchas, bem como presta homenagem aos tropeiros e seu imperioso papel de intercambiar culturas. (...) O projeto tem dentro de sua abordagem cultural, traços e ações especificas independentes, de preservação da memória, proporcionando imersão nos hábitos, costumes e tradições da comunidade.
Ele também salienta que
o acesso será gratuito a todas as atividades, sendo esperado um público superior a 20 mil pessoas nos dois dias de evento, sendo que serão observadas e atendidas as normas de segurança, acessibilidade e responsabilidades quanto a preservação do Meio Ambiente.
Na justificativa do projeto, o produtor enfatiza a importância do evento para a comunidade.
Dimensão Simbólica: em seu longo arrazoado, o proponente fala da história do município, fundado em 3 de maio de 1626 pelo Padre Roque Gonzalez de Santa Cruz e considerado a Primeira Querência do Rio Grande. O proponente discorre por 400 anos de história, indo até os dias de hoje:
Configura-se assim, uma rápida viagem pela pujante e sagaz história em que este pequeno Município foi palco, por respeitáveis momentos protagonista, em outros, mero coadjuvante. Mesmo assim mantêm-se o principio de não descuidar de seu povo, não descuidando, preserva-se a história e a memória. Neste sentido apresenta-se o Café de Cambona, memória imaterial do estado do Rio Grande do Sul, o qual cumpre o papel de resgatar os costumes dos tropeiros e carreteiros que por mais de dos séculos riscaram o solo gaúcho transportando a produção do Estado, eram também agentes disseminadores da cultura, pois em tempos de escassos meios de comunicação, eram eles que traziam e levavam notícias sobre mudanças de hábitos e comportamento da população, entre as diversas regiões. Em tempo, ainda frisamos e precisamos pontuar, que com a derrocada da civilização Jesuítica-Guarani, mudaram os centros detentores do poder, passando a ser a região litorânea, principalmente ao redor da Lagoa dos Patos e seus afluentes a coordenadora das ordens e do regime econômico do Estado, largando a outrora florescente região missioneira ao abandono, bem como praticamente incentivando o caos local. (...). Com o desenvolvimento da pecuária, vários subtipos foram surgindo. Dentre eles o tropeiro que era encarregado do transporte do gado de região para região, e nos seus usos estava o Café de Cambona, feito no fogo de chão, usando uma trempe, uma Cambona para aquecer a água, e para assentar o pó do café, era usado um tição aceso. Como mistura era usado o bolo frito, pois se tratava de uma refeição simples, rápida de preparar e saborosa. O tempo encarregou-se de passar tais costumes ao esquecimento. O Café de Cambona tem como objetivo, mostrar principalmente aos mais jovens um pouco da cultura perdida, em como prestar um trabalho ao resgate da história missioneira.
Por fim, o proponente encerra seu longo arrazoado enumerando as atrações culturais que serão apresentadas, como:
shows musicais e expressivos nomes da musica gaúcha, show instrumental de gaita ponto, apresentação de danças folclóricas, como forma de valorizar a contribuição portuguesa e espanhola em São Nicolau, danças tradicionais e para folclóricas, espetáculo circense, também voltado ao contexto - jesuítico-guarani, além, claro, do Café de Cambona, protagonista deste importante momento (...).
Dimensão econômica: aqui, expõe-se que:
O presente projeto apresenta-se como uma grande oportunidade de, através da realização do evento aplicar recursos financiados pelo Pró-Cultura RS LIC no interior do Estado, nesta oportunidade, São Nicolau, os quais , voltados a manutenção de grupos musicais, artísticos, de danças, entre outros, com consequente geração de renda e d criação de emprego. Considerando ainda o incremento de recursos nas empresas prestadoras de serviços de pré-produção, sonorização, iluminação, divulgação (gráfica, rádio, jornal). Em casos de forma fixa, referindo-se a músicos, instrutores/coreógrafos de danças e em outras de forma transitória, uma vez que possibilita prestações de serviços com incremento de renda no núcleo familiar, bem como no mercado de trabalho, seja através da própria questão da mão de obra, ou seja, de estrar produzindo o próprio dinheiro, que gera produtos e serviços, paga, movimenta e transforma. Também é de suma importância frisar, que vivemos em um momento que artistas, voltados a todos os segmentos, não dispõem da tranquilidade de viver tão somente de sua arte, de seu processo criativo (...).
Dimensão cidadã: dessa dimensão, pôs-se que:
É tão somente através deste mecanismo de financiamento, o Pró cultura RS LIC, a nós oportunizado, que teremos o acesso a recursos que sustentarão a realização da parte cultural deste evento, sem os quais tornar-se-ia difícil oportunizar de forma gratuita, inúmeras atividades voltadas ao contexto histórico local, preservado pelas ações inerentes ao Café de Cambona no município de São Nicolau. Em um envolvimento que abrange a sociedade local, regional e estadual, acreditamos que a realização do 13º Café de Cambona, descentralizará e enaltecerá ainda mais a cultura, promovendo o desenvolvimento da comunidade são-nicolauense (...). Este projeto especificamente voltado ao desenvolvimento étnico-cultural, identifica-se com as bases regimentais que fundamentam os objetivos propostos junto a Lei de Incentivo à Cultura do Estado do RS, oferecendo ações e espaços culturais gratuitos, democratizando o acesso, provendo igualdade. Destacamos ainda que o evento em tela observa as normativas de segurança, através de elaboração e implantação de PPCI; de acessibilidade, oferecendo pleno gozo dos direitos de qualquer cidadão, ora interessado no evento, contemplando medidas, tais como espaço para cadeirantes, distribuídos no recinto em locais diversos, com boa visibilidade, próximos aos corredores devidamente sinalizados, evitando áreas segregadas de público e a obstrução de saídas, em conformidade com as normas técnicas em vigor. Destacamos aqui a intenção da proposta, ora voltada ao atendimento e pertencimento local, estabelecendo relação entre as atividades culturais oferecidas com o que é idealizado e realizado no Município de São Nicolau, a Primeira Querência do Rio Grande.
O projeto tem como objetivo geral:
Realizar em São Nicolau, Primeira Querência do Rio Grande, o 13º Café de Cambona – Parte Cultural/2018 nos dias 26 e 27 de maio, junto ao Parque de Exposições Delcy Sommer da Trindade, oportunizando, de forma gratuita, shows de música instrumental, nativista e regionalista gaúcha, apresentação de danças tradicionais, para-folclóricas e folclóricas, espetáculo circense guaranítico, espetáculo temático sobre os tropeiros, palestra e concurso do melhor Café de Cambona.
Como objetivos específicos, tem:
Preservar e difundir os hábitos, costumes e as tradições, nas mais diversas manifestações desta comunidade, conhecida como a Primeira Querência do Rio Grande;
Promover a valorização e preservação da memória do Café de Cambona, o qual cumpre o papel de resgatar os costumes dos tropeiros e carreteiros que riscaram o solo gaúcho transportando a produção de nosso estado;
Preservar o legado histórico do Café de Cambona, o qual desperta interesse a nível estadual e nacional pela sua singularidade temática;
Incutir na população em geral o conhecimento e a importância do Patrimônio Imaterial representado pelo Café de Cambona;
Proporcionar o desenvolvimento do turismo histórico, cultural e de eventos, atraindo estudos e pesquisas para o município, transformando o Café de Cambona em fonte geradora de emprego e renda;
Gerar reflexão, motivar sentimentos e provocar um novo pensar e agir em nossas vidas através da imersão no legado histórico-cultural;
Valorizar as entidades e artistas locais, muitas vezes anônimos, permitindo a geração de oportunidade de renda e trabalho;
Fomentar e democratizar bens, espaços e ações culturais à população de forma gratuita;
Garantir a descentralização de recursos através da Lei de Incentivo para as cidades do interior;
Oportunizar apresentações de danças folclóricas e espetáculos temáticos aos presentes, para que identifiquem e percebam nos grupos, através das peculiaridades artísticas, as suas origens étnicas;
O valor total do projeto é de R$ 122.700,00, sendo solicitado à LIC R$ 108.650,00.
Não tem recurso próprio, nem previsão de receitas de comercialização.
A Prefeitura aporta R$ 14.050,00.
É o relatório.
2. O projeto está adequadamente formatado e apresenta os documentos necessários para avaliação de seu mérito, tais como currículos, anuências, orçamentos, etc.
Atingirá gratuitamente um grande público de diversos municípios da região, com poucas opções de eventos culturais.
A programação do evento contempla plenamente a cultura local e todas as atrações são vinculadas à formação cultural da região, estimulando o sentimento de identidade e pertencimento.
Em especial, o espetáculo circense e o show Piá, que tem como foco a cultura missioneira e que é destinado a crianças e adolescentes, nos levam a ver o projeto com otimismo, pois ao atingir a juventude está sendo bem preparada a geração futura e incentivada a formação de plateia para este tipo de ação cultural.
O custo do projeto mostra-se enxuto e honesto e é compatível com outros projetos similares.
Todas as exigências quanto à acessibilidade, PPCI e preservação do meio ambiente estão contempladas.
3. Em conclusão, o projeto 13º Café de Cambona - Parte Cultural é recomendado para a avaliação coletiva em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos no valor de até R$ 108.650,00 (cento e oito mil, seiscentos e cinquenta reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-cultura RS.
Porto Alegre, 13 de março de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
Paula Simon Ribeiro
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 13 de março de 2018.
Presentes: 21 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, André Venzon e Walter Galvani.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 15/03/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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