Processo nº 818-1100/17-0
Parecer nº 227/2017 CEC/RS
O projeto “MOSTRA SUSTENTAÇÃO DE TEATRO DE MINIATURAS 2017” é recomendado para a Avaliação Coletiva.
1. O projeto Mostra Sustentação de Teatro de Miniaturas – 2017 tem como produtor cultural Lizandra Bulgaro Soares, também a cargo da coordenação de produção cênica local e coordenação de produção administrativa. Integram também a equipe principal a Trupi di Trapu, à frente da direção de produção e Leandro Silva Teatro de Bonecos e Projetos Culturais, responsável pela produção executiva e divulgação, atuando também como assistente de produção. O contador é José Carlos Sutello Costa Jr.
O projeto em tela é uma mostra de teatro de miniaturas – popularmente conhecido como teatro lambe-lambe – e tem como objetivo promover o acesso público (fruição e formação) ao teatro de animação e suas vertentes, associada à reflexão sobre a sustentabilidade ambiental. O evento, iniciado em 2012 pela Trupi de Trapu em Porto Alegre, é o primeiro do gênero da capital gaúcha e tem potencial para integrar, de forma permanente, o calendário cultural da cidade. A edição 2017 será realizada no período de 24 de outubro a 05 de novembro de 2017, nos seguintes espaços públicos de Porto Alegre: Praça da Alfândega, integrada à programação da Feira do Livro de Porto Alegre, Casa de Cultura Mario Quintana, Parque da Redenção e Teatro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
As metas do projeto são as seguintes:
- 1 oficina de construção e dramaturgia com teatro de miniaturas para 20 participantes;
- 108 apresentações públicas de teatro lambe-lambe, sendo cada apresentação individual e com duração de cerca de 5 minutos;
- 1 cortejo cultural na feira do livro de Porto Alegre, chamando a atenção para o evento;
- 1 debate intitulado Teatro de Miniaturas e Sustentabilidades;
- lançamento da revista Anima (Grupo Girino). .
A meta é atingir um público de 3.000 mil espectadores e a participação de 7 artistas e companhias do Rio Grande do Sul e outros estados. Também haverá a participação de um representante da União Internacional dos Marionetistas (UNIMA Internacional) para integrar a mesa de debates do evento, abrindo caminho para a internacionalização da mostra a partir das suas próximas edições. Todas as atividades serão gratuitas.
A metodologia do projeto detalha a proposição da oficina, ministrada pela bonequeira Beth Bado, e sua relação com o projeto como um todo. Com carga horária de 30 horas, inscrição prévia e seleção mediante análise de carta de interesse, a oficina de confecção e dramaturgia com teatro de miniaturas se realizará no período de 24 a 28 de outubro de 2017 no Teatro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Dentre seus objetivos está a multiplicação dos saberes da oficina e sua utilização em processos educacionais, gerando assim um processo de preservação e inserção do teatro de miniaturas como uma linguagem artística viva no Rio Grande do Sul. A frequência da oficina será auferida mediante assinatura de listas de presença e serão emitidos certificados para os que obtiverem frequência mínima de 75%. Será dada aos oficinandos, a título de prática e culminância, a oportunidade de apresentar ao público os resultados de suas criações durante a oficina, integrando uma ala de apresentação ao lado de artistas profissionais, sendo esta uma estratégia para estimular a criação e o intercâmbio em teatro de miniaturas durante a mostra. Fazendo jus ao conceito de arte e sustentabilidade, o projeto propõe uma estratégia de divulgação diferenciada, com redução dos impactos ambientais e geração de lixo. Assim, atendidos aos requisitos do Pró-Cultura RS quanto à visibilidade do projeto (folder, banner, etc), se optará pelo uso de impressos em papel reciclado e material biodegradável, bem como a criação e distribuição de materiais que possam ser posteriormente utilizados pelo público, mantendo a Mostra SustentAção de Teatro de Miniaturas viva em suas memórias por muito tempo para além da realização do evento, como a distribuição de lápis personalizados e com a arte e informações promocionais da mostra. Por ser também de baixo impacto ambiental, se dará especial atenção à divulgação através da internet, com a transformação do atual blog da mostra (disponível em http://mostradebonecospoa.blogspot.com.br/) em um site atraente e dinâmico, além da criação de conteúdos para as redes sociais, especialmente Facebook, YouTube e Instagram. Também será valorizada a mídia espontânea, especialmente para o rádio e televisão, cabendo à assessoria de imprensa fazer o contato com estes meios de comunicação.
O valor solicitado ao Sistema LIC/RS, totalmente habilitado pelo SAT é de R$ 83.807,65.
É o relatório.
2. O projeto se mostra relevante, coerente e consistente, resgatando uma forma viva de teatro com apelo direto ao público. Os profissionais envolvidos são, na sua maioria, artistas e estudiosos do teatro, com rica interface com o cinema e a dança, tendo larga experiência dentro e fora do Brasil e com currículos sólidos, que acumulam diversas premiações. Maíra Coelho, por exemplo, possui um vasto currículo artístico, que inclui, como cenógrafa e figurinista, o Prêmio Açorianos de Dança, Prêmio Tibicuera (Teatro Infantil), além de diversos prêmios em festivais, tais como o de Limeira, em SP, FESTE-Festival de Pindamonhangaba, SP e Isnard de Azevedo, em Florianópolis. Como diretora de arte de curtas-metragens de ficção e animação, é ganhadora de outros prêmios como: Prêmio Histórias Curtas (RBS, TV) 2004 com “Salão Aurora”; XV Cine Ceará, Prêmio Assembleia Legislativa, Prêmio José Lewgoy em 2004 e 2005. Troféu Kikito, no Festival Latino Americano de Cinema de Gramado e, novamente, o Prêmio José Lewgoy, com “Os Olhos do Pianista” em 2006. Fez parte de um grupo de 12 artistas convidados pela Bienal do MERCOSUL 2011, chamado “Duetos” da Casa M e com a parceria com Daniel Galera, escritor, roteirista e tradutor, e Marcelo Noah, poeta e radialista, o processo desdobrou em um espetáculo de sombras através de retroprojetores chamado “Leviatã em Sombras”, do qual é diretora. Foi curadora da exposição de ilustração na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Instituto de Artes da UFRGS “A Arte de Narrar” e hoje cursa Bacharelado em História da Arte nesta universidade. Foi também, diretora de arte da última versão do programa de televisão para crianças PANDORGA -TVE e TV Brasil, 2014. Foi diretora de arte de um curta-metragem de animação com bonecos em live e stop-motion, chamado ”Retirantes”, finalizado em 2014. O curta, livremente inspirado na obra de Candido Portinari já ultrapassou mais de 60 festivais entre nacionais, latino, ibero-americano e internacionais. Sendo ganhador de 17 prêmios até então, entre eles de Melhor Filme de Animação e Trilha Sonora no 14a Curta-Se, Festival Ibero-americano de Cinema de Sergipe e Menção Especial do Júri no 21 ° Festival Latinoamericano de Video y Artes Visuales, em Rosário, Santa Fé, Argentina, 2014; Melhor curta de Ficção no VerCine-Festival Brasileiro da Baixada Fluminense, 2015; Menção Especial do Juri no Festival Contracorriente, em Bogotá, Colombia; além de melhor curta-metragem no FECINEU, Festival Internacional de Cine de Neuquén, Argentina; Melhor curta de animação no X Comunicurtas UEPB, Campina Grande,PB; Melhor Curta Diretora estreante no 10º Miragem, Tocantins, entre outros. Os demais currículos contidos nos anexos do projeto não deixam dúvidas sobre o preparo dos profissionais envolvidos na formulação desta consistente proposta.
A proposição de oficina, a cargo da experiente Beth Bado, é, legítima em todos os sentidos. Tudo nesta proposta, desde sua elaboração, passando pela coerência dos conteúdos, objetivos e carga horária relevante, além do processo de inscrição e seleção dos oficinandos, demonstra seriedade na melhor acepção desta palavra. Além disso, a oficina está coerentemente inserida na proposta do projeto como um todo, já que, imediatamente após a realização da mesma, os participantes poderão apresentar seus trabalhos diretamente ao público, além de terem oportunidade de conviverem com artistas mais experientes que comporão o projeto.
As poucas dúvidas suscitadas na leitura do projeto foram plenamente sanadas em resposta à diligência, solicitada por esta Conselheira-Relatora.
A planilha orçamentária, apesar de apresentar diversas rubricas subdividas, não demonstra excessos em valor. Acredita-se que a subdivisão de rubricas neste projeto se dê em função da área de atuação do projeto (4 locais diferentes) e do período pelo qual se estende, sendo que a soma total dos valores não apresenta, como dito, excessos e os valores são compatíveis com o mercado e com os currículos dos profissionais envolvidos. Percebe-se também que o valor solicitado será distribuído por um número significativo de profissionais, todos dignamente remunerados, atendendo também às exigências da dimensão econômica. A única glosa efetuada será na totalidade do valor correspondente ao item 1.18 Palestrante, uma vez que em nenhuma outra parte do projeto — a não ser na planilha orçamentária e na anuência da artista — se faz menção a esta palestra. Registre-se que esta Conselheira leu atentamente todo o projeto e tal atividade não está prevista em sua apresentação, nem em suas metas, nem na justificativa, nem na programação, nem no cronograma de execução, nem na metodologia, nem nos objetivos específicos e tampouco nos anexos descritivos, ao contrário da oficina, por exemplo. Quer parecer que o proponente desistiu desta parte da proposta ao longo da finalização do projeto e esqueceu de remover este item da planilha orçamentária, já que todo o restante do projeto é bem estruturado e claramente redigido. De qualquer forma, a ausência de realização deste item especifico não tira o brilho da proposta em tela, cujo mérito cultural se mostra de forma transparente e explícita.
3. Em conclusão, o projeto “Mostra Sustentação de Teatro de Miniaturas 2017” é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade - podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 80.807,65 (oitenta mil, oitocentos e sete reais e sessenta e cinco centavos) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 03 de setembro de 2017.
Marlise Nedel Machado Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 05 de setembro de 2017.
Presentes: 22 conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, André Venzon e Walter Galvani.
Impedimentos: Antônio Carlos Côrtes.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 14/09/2017 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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