O projeto “FESTIVAL BOAS IDEIAS - 1ª. EDIÇÃO - 2017” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto cultural “Festival Boas Idéias” 1ª. Edição 2017, está inscrito na área de artes integradas, com realização prevista para Porto Alegre, nos dias 18 e 19.11.2017, estando apresentado pelo produtor Diogo K. Severo Produções, CEPC 5314, que atuará como Coordenador de Produção e Coordenador Geral do projeto. Também integram a equipe principal a Voz Cultural na produção executiva e elaboração conceitual do projeto; Pedro Henrique Longhi Produções será o Captador de recursos enquanto Milton Dinor Deconto atuará como contador. O projeto está orçado em R$ 239.970,00 (duzentos e trinta e nove mil, novecentos e setenta reais) que são solicitados integralmente ao sistema Pró Cultura. Após análise e glosa indicada pelo SAT, a solicitação permaneceu em R$ 238.170,00 (duzentos e trinta e oito mil, cento e setenta reais), oferecendo com espetáculos gratuitos de música e artes cênicas.
Segundo o Proponente o “Festival Boas Ideias” pretende enfatizar o protagonismo que a cultura e as atividades artísticas podem representar nos processos urbanos e empreendedores relacionados à inovação e à revitalização de áreas degradadas e, mais particularmente, na criação de novos arranjos sociais e econômicos estruturados na economia criativa. As curadorias do projeto estarão a cargo de: musica: Edu Silva dos Santos; Artes Cênicas: Mário De Balenti - EcoGastronomia: Jussara Dutra, procuraram representar iniciativas inovadoras conectadas com as novas gerações e públicos diversos da cidade que buscam nos encontros orgânicos a experimentação de novas formas de convivência. A proposta curadora da Eco-gastronomia regional busca a conscientização do público para a necessidade de renovação dos hábitos alimentares da sociedade atual e, ao mesmo tempo, fomentar novos negócios comprometidos com estes valores.
O Proponente afirma que o Festival mescla reurbanização/revitalização; arte/inovação; alimentação saudável/regionalismo; empreendedorismo criativo/novas formas de negócios, a partir de éticas contemporâneas.
Também oferece oficina de educação patrimonial sobre o Bairro Floresta. As atrações serão a Banda Lítera, Bibiana Petek e Banda, Lenna Bahule, The Lucywood, espetáculo teatral Louça Cinderella, espetáculo teatral Spetaculoso, espetáculo teatral Pic Nic – Uma performance Claunesca, espetáculo teatral Puli-Pulá, espetáculo teatral O Teatro de Caixa, espetáculo teatral Flor da Vida, formação especial da Orquestra Unisinos.
O Vila Flores, onde se realizará o Festival, simboliza um esforço inédito e vitorioso de revitalização de um conjunto habitacional dos anos 1930. As quatro atrações escolhidas para a programação de música representam uma nova geração com produções inovadoras e grande conexão com os novos públicos mobilizados pelas redes sociais.
No campo das artes visuais, a ênfase será do legado do grafiti para o 4º Distrito da cidade, numa continuação do projeto ZIS Grafitti realizado recentemente com recursos financiados pelo Pró-cultura. O festival trará duas novas leituras artísticas com a implantação de dois outros painéis no Bairro Floresta. Os negócios criativos serão apresentados através da Feira Boas Ideias que se realiza simultaneamente no mesmo espaço.
É o relatório.
2. O projeto está apresentado dentro dos padrões do Sistema Pró Cultura e através de seu estudo é possível compreender a amplitude da proposta.
Há que, inicialmente se sublinhar que o evento em muito se assemelha a outros realizados em Porto Alegre, tendo como foco aquilo e aqueles que são considerados pelo Proponente como: “iniciativas inovadoras conectadas com as novas gerações e públicos diversos da cidade”. É o Proponente quem afirma que apresentará “outras duas novidades” em um projeto que tem sua primeira edição. Deixa assim sensação de que outras edições de proposta idêntica já foram realizadas ainda que em outros locais da Cidade.
Situado no bairro floresta, que o projeto descreve como “Zona de Inovação Sustentável de Porto Alegre” o Proponente deixa de mencionar como atingirá o público deste bairro e a população vulnerável dali e do seu entorno. Menciona “novas formas de convivência e colaboratividade” sem deter-se em apresentar de que forma, quando, como, para quem e porque (objeto mínimo a ser inserido em um projeto) tais intervenções são necessárias. Não se ocupa – e se o faz não menciona em sua narrativa - no envolvimento da comunidade e suas organizações que estão fortemente comprometidas e engajadas com a proposta de valorização daquele bairro.
Louvável a inserção do trabalho sobre patrimônio histórico e principalmente com quem conhece a realidade do bairro mas é de se lamentar que o projeto peque pela ausência de conexão com os diversos serviços no entorno estabelecidos (CRAS, CREAS, CAPS, para ficar apenas nos mais conhecidos) deixando a nítida sensação de que alguns poucos se envolveram na sua criação. O estranhamento do Conselheiro Relator se reforça quando, em nenhum momento, a proposta se ocupe do grande contingente de população do entorno e algumas ruas do próprio bairro onde se situa concentração das mais diversas vulnerabilidades carecendo de um olhar humanitário que pode ser dado através de iniciativa cultural.
O público com deficiência também parecem ter sido esquecido no projeto que não menciona a acessibilidade. A democratização no acesso – ação imprescindível prevista nos Planos Nacional e Estadual de Cultura também foi obviada ou deixada de lado.
Por momentos, parece um discurso a encerrar-se em si mesmo deixando uma sensação de que tal projeto poderia acontecer ali ou em qualquer outro lugar com conteúdo similar. Certamente não teria o Proponente nenhuma razão para ocupar-se de tais premissas caso estivesse efetivando a iniciativa com seus próprios recursos porém aqui trata-se de uma ação 100% financiada com recursos públicos e por tanto deve conter preocupações com o universo de politicas públicas e das organizações da sociedade civil onde pretende se inserir.
Também cabe aqui uma menção a necessidade de cumprimento com a legislação de prevenção a incêndios. Preveja-se também, atenção e cuidado a fim de mitigar problemas e danos ambientais incluindo poluição visual e sonora.
O projeto evidencia preocupação em justificar a necessidade de apresentar significativa equipe de produção, coordenação, assistência, gerenciamento, assessoramento que parecem ultrapassar outras motivações.
Para conquistar oportunidade, o projeto deverá receber uma glosa de, 49% nos seguintes itens orçamentários.
item
Solicitado
Glosa
Valor final
1.1 coordenador de produção
10.000,00
6.000,00
4.000,00
1.3 gerência de produção
7.000,00
0
1.4 cenografia
20.000,00
15.000,00
5.000,00
1.6 locação de espaço
11.000,00
1.9 atração musical
2.000,00
1.10 atração musical
1.11 atração musical
1.14 organização e estrutura
10.300,00
7.300,00
3.000,00
1.15 locação de palco
13.000,00
8.000,00
1.16 gerador de energia
5.200,00
1.200,00
1.19 material para grafitagem
1.500,00
1.20 grafitagem
1.000,00
1.21 grafitagem
1.22 cachê atração gastro
1.28 assistente de produção teatro
2.700,00
1.350,00
1.29 assistente de produção grafitti
1.30 assistente de produção musica
1.31 assistente dr produção eco
750,00
1.32 produtor eco
1.36 assistente de produção feira
1.38 Locação de banheiros quimicos
1.39 Dj e coordenação de programação
1.41 Locação do teatro do Abelardo
1.42 cachê atração gastronomia
2.1 Assessoria de Imprensa
2.2 editor gráfico
2.4 coordenação de comunicação
2.5 assessoria de mídias
2.6 Designer
3.1 contador
150,00
3.2 captador de recursos
16.000,00
3.3 coordenador geral
3.4 Gerência administrativa
4.500,00
3.5 produtor executivo
7.800,00
5.800,00
2.00,00
4.1 Ecad
2.500,00
1.253,00
1.247,00
49%
116.703,00
76.097,00
A relevância deste projeto está presente no envolvimento da comunidade artística que nele atua assim como na localização desta iniciativa que valoriza locais que carecem de atenção do poder público pelos excelentes trabalhos que ali se realizam. O bairro floresta necessita e faz jus a investimentos públicos a fim de dar sequência a revitalização humanitária que artistas e organizações da sociedade civil tem se ocupando naquele território.
O mérito da iniciativa reside no conteúdo que vai mais além do que a fruição ao propor a inserção de uma proposta envolvendo o patrimônio material e imaterial, as atividades de música, teatro, grafite e gastronomia com o objetivo de oferecer um olhar multifacetado a um bairro que conta com a presença de imprescindíveis manifestações culturais da cidade ao tempo em que carece da atenção do poder público afim de fazer frente as urgências sociais que ali permanecem a espera de ações concretas dos gestores municipais.
3. Em conclusão, o projeto “Festival Boas Ideias - 1ª. Edição - 2017” é recomendado para avaliação coletiva considerando seu mérito, relevância e oportunidade, podendo captar recursos do Sistema Unificado Pró Cultura RS até o limite de R$ 121.467,00 (cento e vinte e um reais quatrocentos e sessenta e sete reais).
Porto Alegre, 26 de setembro de 2017.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 26 de setembro de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes e Walter Galvani.
Ausentes no Momento da Votação: Luciano Fernandes.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 28/09/2017 e considerados prioritários.
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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