Processo nº 1365-1100/17-0
Parecer nº 268/2017 CEC/RS
O projeto “6x VALSA #6 - 2018” é recomendado para avaliação coletiva.
1. O processo trata de pedido de financiamento pelo sistema Pró-cultura/LIC para a realização do “6x Valsa #6 - 2018”, projeto que foi devidamente habilitado. O projeto se enquadra no segmento de ARTES CÊNICAS: teatro e apresenta uma proposta de turnê do espetáculo Valsa #6, de Nelson Rodrigues, que foi incentivado através do mecanismo da LIC no primeiro semestre de 2017. O projeto prevê: uma apresentação no Teatro Opus, em São Paulo; uma apresentação no Teatro Riomar, em Recife; uma apresentação no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro; uma apresentação no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo; e, encerrando a turnê, duas apresentações no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre. Este projeto mantém a equipe original, tendo como diretor Caco Coelho, direção de arte de Vicente Saldanha e interpretação da atriz Gisela Sparremberger. Estão previstos 4 bate-papos após as apresentações, em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre. O espetáculo tem previsão de realização em janeiro de 2018.
Este texto pode ser entendido como uma síntese simbólica de toda obra de Nelson Rodrigues. Ali está o amor dilacerante entre primas, o galã irresistível, o pai e a mãe obsessivos, o médico maldito. A presença da morte como uma superação, desafiando com a eternidade, a finitude da própria vida. Com a Valsa nº6, Nelson alcançou o deslimite, fazendo explodir da essência mais profunda de uma atriz múltipla, individuada, uma cidade inteira com suas diversas personalidades, resultando numa fala polifônica. O desafio cênico proposto por Nelson está além de seu tempo. Sua linguagem, que se encontra aqui em extrapolação máxima, busca uma teatralidade pura, um estado de super-realidade. Nada perturba mais um autor do que encontrar para o seu trabalho um terreno tão extraordinariamente poético, como é o caso do sonho, do delírio e o de uma personalidade em dissolução — essas são coisas que instigam Nelson Rodrigues. Para tanto, é necessário um arrojo cênico compatível ao tamanho do desafio proposto por aquele que é tido e sabido, como o nosso maior dramaturgo. Este arrojo aconteceu.
O público de Porto Alegre foi tocado profundamente pelo espetáculo, que se transformou em uma verdadeira experiência sensorial. Sons, cheiros, toques, imagens surpreendentes e o devaneio do sonho. Tudo isto foi realizado à risca, propiciando um dos mais belos espetáculos produzidos no Rio Grande do Sul. Este produto cultural merece ser mostrado ao Brasil, evidenciando a qualidade artística da nossa gente. Caco Coelho é hoje um dos maiores especialistas da obra de Nelson Rodrigues. A sua leitura direcional ofereceu ao público gaúcho um espetáculo diferenciado, onde o público fazia, rigorosamente, parte da encenação.
Parte da plateia será vestida com macacões brancos da cabeça aos pés e subirá ao palco, envolvendo-se de forma direta com a cena. O restante poderá assistir a essa interação das poltronas do teatro.
Trata-se, portanto, de uma ousada leitura que o Rio Grande do Sul estará apresentando nos principais teatros do país, multiplicando o acesso ao público e mostrando a competência que a produção gaúcha possui.
O espetáculo, que foi produzido com o apoio da LIC, envolveu mais de 30 profissionais de grande qualidade, dinamizando, assim, o mercado das artes do Rio Grande do Sul. A produção trouxe e trará novamente o apoio de um dos principais grupos econômicos do nosso estado, que possui larga tradição no apoio à cultura.
Todos os teatros possuem as normas necessárias que definem o conjunto de acessibilidade universal, bem como PPCI, e são administrados por outra empresa, também gaúcha, é parceira do espetáculo.
O valor solicitado ao Sistema LIC RS é de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). Além disso, há R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) de receitas previstas com a comercialização de bens e serviços.
É o relatório.
2. Há de se pensar sobre a circulação dos espetáculos. Certamente esta é a fase de propaganda de uma arte construída em nossas terras; o teatro como uma produção grandiosa tem que pensar sempre seu início, meio e fim, falando de sua apresentação, do seu texto, mas na vida real circular o espetáculo ainda está no meio, e não no fim de uma produção. Infelizmente o que mais vemos nos espetáculo é seu fim, no final do projeto, onde ele é construído e apresentando poucas vezes. Vocês imaginam um pintor que faz um quadro, que, depois de terminado, deve ser jogado fora para que o artista faça outro? É mais ou menos o que acontece com vários espetáculos no Rio Grande do Sul. Eles duram o tempo do projeto. Essa realidade pode mudar um pouco com mais incentivo.
Em uma época em que existe um movimentos para censurar peças de teatro, circular e promover outras peças é resistir. É acreditar que a arte se transforma e mexe com a sociedade.
Para defender a proposta, cito alguns objetivos específicos: potencializar a comunicação dramatúrgica, utilizando-se de todos os novos recursos cênicos disponíveis, como sensações sonoras, olfativas, visuais e sensitivas; interagir com o público de outros estados e com o nosso próprio, diante de um aprofundamento maior da obra; ampliar o conhecimento da obra de Nelson Rodrigues com uma leitura ousada de artistas gaúchos.
Uma destacada empresa de divulgação assumirá a responsabilidade de propagação do espetáculo. A turnê prevista de 6 (seis) récitas para o grande público manterá entre cada apresentação um dia para deslocamento, montagem e ensaio nos locais de apresentação das diferentes cidades. Toda a logística envolvendo translado, hospedagem, alimentação, manutenção e requisitos técnicos estão compreendidas neste projeto. O encerramento deverá fazer parte do tradicional evento porto-alegrense que potencializa a arte teatral nos meses de férias, o Porto Verão Alegre, encerrando a turnê com uma temporada popular a fim de brindar o nosso público que é, no fundo, o produtor e a razão desse espetáculo.
Para execução deste projeto, gloso-o em 20%, sendo vedados os cortes nas questões ligadas à segurança do público e à acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
3. Em conclusão, o projeto “6x Valsa #6 - 2018” é recomendado para avaliação coletiva em razão de seu mérito, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos até o valor de até R$ 192.000,00 (cento e noventa e dois mil reais) do Sistema Unificado Estadual de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-cultura – RS.
Porto Alegre, 27 de setembro de 2017.
Luciano Fernandes
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 27 de setembro de 2017.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Gilberto Herschdorfer, Liana Yara Richter, Marlise Nedel Machado, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Luiz Carlos Sadowski da Silva, Jaime Antônio Cimenti, Maria Silveira Marques e Ruben Francisco Oliveira.
Abstenções: Antônio Carlos Côrtes.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 26/10/2017 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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