Processo nº 2062-11.00/17-8
Parecer nº 342/2017 CEC/RS
O projeto “CULTURA NO PARQUE – 4ª EDIÇÃO - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva.
Produtor Cultural: Associação dos Funcionários do Grupo Herval AP
Período de Realização: 01.05.2018
Área do Projeto: Artes Integradas
Contador: Suely Zimmermann Petry
1. O projeto Cultura no Parque - 4ª Edição - 2018 pretende realizar um evento multicultural no Parque Cultural Romeo Benício Wolf, em homenagem ao Dia do Trabalho em 1º de maio de 2018, onde serão desenvolvidas várias atrações teatrais, oficinas circenses e apresentações musicais. O projeto dará espaço aos artistas locais, com atrações de qualidade à população, incentivando a todos num momento de fraterna inclusão.
Dimensão simbólica: linguagens e práticas artísticas, referências estéticas, originalidade, importância simbólica, identitária e de pertencimento para a cultura local.
O Dia do Trabalhador, data mundial, foi originado na cidade americana de Chicago, no ano de 1886, quando os operários fabris reivindicaram o direito à jornada de 8 horas de trabalho, movimento esse que ganhou repercussão mundial, gerando iguais reflexos políticos e sociais nos grandes centros geradores de mão de obra. No Brasil, ele desembarcou no Estado Novo da Era Vargas e sua consolidação aconteceu no ano de 1943, 3 anos antes do término deste Estado. A cidade gaúcha de Dois Irmãos, colonizada por alemães há mais de 190 anos, começou sua trajetória pela agricultura em 1870 e, aos poucos, foi criando espaço para o comércio para, anos mais tarde, dar abertura às fábricas. Os descendentes alemães trouxeram consigo uma mão de obra mais especializada no manejo de semeaduras e colheitas, o que lhes possibilitou vitórias na sobrevivência em um mundo totalmente novo! Lembrando e valorizando este perfil de labuta, seriedade e esforço, transformam o Dia do Trabalho na grande festa comunitária da cidade. As pesquisas anuais para medir o rendimento de satisfação dos seus moradores, revelam que todos querem shows, e muitos admiram os espetáculos circenses, pois somente uma festa dessas proporciona um fraterno convívio para os trabalhadores. Este ano, a exemplo dos anteriores, valorizará os artistas locais.
Dimensão econômica: aspectos relacionados à economia da cultura, geração de empregos e renda, fortalecimento da cadeia produtiva, formação de mercado para a cultura.
As famílias germânicas foram as principais alavancas da economia da cidade. Suas atividades primárias possibilitaram a criação de comércios e pequenas indústrias – berçário de fomentos que impulsionou todos os elos de crescimento. Nada mais justo, oportuno e cívico que os homenagear no seu Dia do Trabalho!
Dimensão cidadã: práticas de democratização do acesso, formação de plateia, medidas de acessibilidade, relação com a comunidade local.
Música e teatro capacitam para a sensibilidade, devolvendo ao trabalho mais harmonia no convívio e nas tarefas, possibilitando através de suas expressões vivenciais e assimiladoras um melhor rendimento ao ambiente de produção, seja no comércio ou indústria, conduzindo todos para um estágio tranquilo na sua jornada de trabalho.
Metas:
8 apresentações, 2 oficinas/sessões envolvendo malabarismo e objetos de equilíbrio e 1 dia KOMBINA – uma Kombi adaptada para entreter crianças e adultos com suas performances e livros.
Na metodologia há todo o detalhamento evolutivo de montagem para o evento.
Nos anexos do SAT constam anuências, conteúdo pedagógico das oficinas e demais documentos.
Total Gratuidade
É de vital importância que a produção planeje lugares bem localizados para os deficientes físicos, tanto para sua cômoda estada e total visibilidade quanto para eventual e rápida desocupação em caso de sinistro (entende-se por tal: incêndio, vendaval e outros). Essa preocupação refere-se ao PPCI, à acessibilidade e a seguros para terceiros.
É o relatório.
2. A Classe Operária vai ao Paraíso
Abro este relatório lembrando os festejos do meu primeiro “Dia do Trabalho”, em 1º de maio de 1973: As instruções vieram pelo telefone. Nessa época não havia fax, nem e-mail. Saída de Porto Alegre pela rodoviária às 22 horas do dia 30 de abril, com destino à Torres. A volta dar-se-ia no final do feriado. No horário certo da anunciada noite, partimos. Batuque para lá, batuque para cá, alguns gravadores, violão... não vi lanches e guardei meu pedacinho de bolo. Momentos depois uma moça que eu não conhecia sentou ao meu lado. Enquanto isso, a romaria seguia no corredor do ônibus com limãozinho e logo chegou até nós. Educada, a moça perguntou-me: “Tu bebes?”. Respondi: “Não!”. Um pouco truncado o assunto seguiu. Dali um pouco ligaram um gravador e ouvimos Benito de Paula: Ei... meu amigo... Charli Brow! Liguei meu radiozinho a pilha e fui salvo pelo Taiguara: Vem comigo... meu pedaço de universo é no teu corpo! Já era madrugada... todos dormiram. Na manhã seguinte, acordei e o quadro era desolador: a moça dormia, e ainda bem que não roncava! Os outros, entre mortos e salvados, ressonavam em seus desmaiados corpos suspensos em sonhos, paixões recentes e cansaços. Tamanha sorte tragicômica não acompanhou Lulu Massa, um operário padrão resignado, submisso e irrepreensível, nos longos dias dos seus turnos numa fábrica italiana. Tudo o que ele ganha, some. Os colegas, indignados, falam entre eles que Lulu é um perdulário! Um profano bambino, un huomo Casanova! Mal sabem eles que o sisudo trabalhador sua de sol a sol para sustentar os caprichos de sua donna, gravemente compulsiva por compras! Um acidente de trabalho extirpa-lhe o dedo! Desde então, a sua pontual devoção laboral assume um perfil radical de protesto, pois o ritmo imposto aos operários é sobre humano. Nasce o líder sindical! Uma malsucedida mistura de punhos cerrados na porta da fábrica flertando com a sociedade de consumo! Tempos depois, fortemente envolvido nos conflitos sindicais, incorpora o lado esquerdista dos estudantes na luta para que as jornadas de trabalho sejam encurtadas em duas horas, lidera uma greve e perde o emprego. Os sindicalistas, encurralados, assinam um acordo com o dono da fábrica e lhe devolvem o emprego, com total comprometimento de ambas as partes para regularizarem as metas de produção. A partir de então, Lulu Massa é uma outra pessoa. Sonha, brinca, trabalha e dorme. Na primeira parte do texto relatorial tudo é rigorosamente real. Na última, descrevo a trajetória de um líder sindicalista escrita pelos roteiristas italianos Elio Petri e Ugo Pirro em 1971, cujo filme leva o nome do título nomeado nesta prosa. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência...
Glosas:
1.2 - Locação de palco c/ cobertura: Valor: R$ 1.000,00; Valor final: R$ 7.000,00;
1.8 - Segurança: Valor: R$ 2.000,00; Valor final: R$ 6.000,00;
1.14 - Grupo Musical Nenhum de Nós: Valor: R$ 10.000,00; Valor final: R$ 20.000,00;
1.15 - Grupo Musica Os Monarcas: Valor: R$ 6.000,00; Valor final: R$ 12.000,00;
2.1 - Banners: Valor: R$ 700,00; Valor final: R$ 1.300,00;
2.2 - Sinalização: Valor: R$ 500,00; Valor final: R$ 2.000,00;
2.5 - Folders: Valor: R$ 500,00; Valor final: R$ 1.000,00;
3.1 - Coordenação Geral: Valor: R$ 2.000,00; Valor final: R$ 4.000,00.
Valor das glosas: R$ 22.700,00
Receita Originárias das Prefeituras: R$ 26.500,00.
Valor das glosas: R$ 22.700,00.
Assim ficou a planilha LIC depois das glosas: R$ 121.930,00.
Considerações Finais
Nem tanto ao céu... nem tanto a terra! Tendo em vista as sérias mudanças que sofrem e deverão ainda sofrer pelo perverso maniqueísmo da classe patronal, acobertadas pela arrogância de muitos e o mínimo poder miserável de poucos, o Dia Do Trabalho deve ser muito bem comemorado! Feliz da cidade que festeja a força produtiva dos seus trabalhadores!
Fragmento do Poema de Lulu Massa
“O indivíduo trabalha para comer. (...) A comida desce e aqui tem uma máquina que amassa (...) O indivíduo é como uma fábrica (...)”
3. Em conclusão, o projeto “Cultura no Parque - 4ª Edição - 2018” é recomendado para a Avaliação Coletiva pelo seu mérito, relevância e oportunidade, estando apto a receber incentivos até o valor máximo R$ 121.930,00 (cento e vinte e um mil, novecentos e trinta reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento à Cultura - Pró-cultura RS.
Porto Alegre, 28 de novembro de 2017.
Élvio Pereira Vargas
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 28 de novembro de 2017.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Rafael Pavan dos Passos, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, André Venzon e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Antônio Carlos Côrtes e Luiz Carlos Sadowski da Silva.
Abstenções: Ruben Francisco Oliveira.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 30/11/2017 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Assim ficou a planilha LIC depois das glosas: R$ 148.630,00.
3. Em conclusão, o projeto “Cultura no Parque - 4ª Edição - 2018” é recomendado para a Avaliação Coletiva pelo seu mérito, relevância e oportunidade, estando apto a receber incentivos até o valor máximo R$ 148.630,00 (cento e quarenta e oito mil, novecentos e trinta reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento à Cultura - Pró-cultura RS.
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