Processo nº 2395-11.00/17-3
Parecer nº 365/2017 CEC/RS
O projeto “CONEXÕES EM REDE - 1ª EDIÇÃO” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. CONEXÕES EM REDE – 1ª EDIÇÃO é um projeto que pretende promover a interação social através de oficinas de música e percussão, mesa de discussão e apresentações musicais realizadas em quatro cidades de nosso estado: Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul. Para promover uma maior interação entre nosso estado e o nordeste do Brasil, o projeto prevê a participação de Cacau Arcoverde, artista, músico e arte-educador pernambucano de enorme talento e competência, e de Mimmo Ferreira, percussionista, baterista, compositor e educador popular nascido na cidade de Rivera, Uruguai, que desde criança teve contato com o ritual do candombe, tradição de matriz afro uruguaia, materializado em 3 tambores: piano, chico e repique. É considerado o principal artífice da fusão do candombe com a música popular brasileira à medida que é um instrumentista requisitado pelo 1º time da música popular gaúcha. Tem por objetivo apresentar aos nossos jovens as raízes da música nordestina, o coco do sertão, e aprender sobre as influências daí decorrentes, fomentando a interação e o intercâmbio cultural entre os envolvidos e contribuindo para a formação e qualificação dos artistas e músicos gaúchos, aproximando culturas e saberes distintos de um mesmo Brasil pulsante.
Produtor Cultural: PRIMEIRO CORTE PRODUÇÕES
Segmento Cultural: música
Período de realização: de 10/04/2018 a 17/04/2018
Valor total do projeto: R$ 197.242,50
Valor solicitado: R$ 197.242,50
Valor habilitado: R$ 197.242,50
Financiamento Sistema Pró-cultura: 100%
O projeto prevê o seguinte cronograma de atividades: duas oficinas de percussão com carga horária de 02 horas, sendo uma de influência afrodescendente na cultura local e outra de influência afrodescendente na cultura nordestina; uma mesa de debates; e uma apresentação musical com artistas convidados em cada cidade.
É o relatório.
2. O projeto tem mérito, é oportuno e relevante, bem como está adequadamente formatado e instruído com os documentos necessários para a apreciação do seu mérito, tais como descrição, plano de divulgação, programação e orçamentos. Seus objetivos são adequados à motivação, com metas e estratégias bem definidas.
A música brasileira não seria nada do que é hoje se não fosse a matriz cultural africana, que, através de anos, conseguiu influenciar e modificar a música popular, incorporando ritmos e sonoridades desconhecidas até então.
A forte influência africana no processo de formação na música brasileira começou a ser delineada a partir do tráfico negreiro. Os escravos possuíam uma grande diversidade devido às suas origens distintas, já que provinham de diversas regiões do continente africano e, por esse motivo, contribuíram das mais variadas formas para a cultura brasileira. Os sons dos tambores e atabaques produzidos pelos negros, que antes se restringiam às senzalas, foram contagiando a sociedade através do tempo e, embora ainda marginalizados, estão inseridos no contexto musical e lutam, diariamente, para ocupar seu devido lugar de importância na cultura nacional.
Em razão das inúmeras vertentes africanas que povoaram o Brasil, o intercâmbio através da união entre o sul e o nordeste enaltece as peculiaridades de cada região, contribuindo para a riqueza cultural da música brasileira.
O projeto propõe, além da divulgação da música africana, uma reflexão sobre essas raízes culturais, estreitando laços e abrindo espaço para importantes trocas culturais que resultarão na fruição crítica, em especial às ligadas à ancestralidade afrodescendente.
As oficinas serão realizadas em escolas da rede pública de ensino fundamental (séries finais) e ensino médio em cada uma das cidades contempladas no projeto (Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul) e visam oferecer aos participantes o acesso à história da cultura popular de cada região, através da prática vivencial musical com os instrumentos de percussão, danças e cantorias.
Em que pese a inegável relevância, o projeto não prevê plano de acessibilidade, sendo necessária a destinação de locais apropriados para que pessoas com deficiência ou com dificuldade de locomoção também possam usufruir das oficinas e demais eventos previstos no projeto.
Partindo da premissa de que cultura e educação andam juntas e se completam na formação do ser humano, a realização de oficinas contempla a inclusão social de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade através do acesso à cultura, não se esgotando no último dia do evento. Projetos como o presente podem deixar um grande legado à comunidade através da realização de oficinas durante todo o ano. Isso incentiva e valoriza a autoestima e o pertencimento das comunidades de baixa renda, colaborando com a formação cidadã, gerando expectativa e perspectiva de serem parte integrantes da sociedade em que vivem, possibilitando a retirada da zona de exclusão de jovens e crianças com remotas chances de participação em atividades culturais, dando um norte para que tenham um futuro melhor, contemplando de forma eficaz a aplicação de recursos públicos em projetos culturais.
Salienta-se que o projeto já foi analisado e aprovado por esse colegiado, contudo, não se realizou por não ter captado os recursos necessários dentro dos prazos estabelecidos. Transcreve-se parte do voto proferido pelo conselheiro relator Lucas Strey:
O projeto é meritório e oportuno no que toca seu conteúdo de concepção artística e didática. A percussão é sem dúvida uma das marcas mais evidentes na identidade musical brasileira. Essa influência historicamente originária do continente africano espalhou suas raízes por todo Brasil instituindo peculiaridades muito distintas em cada uma das localidades em que desenvolveu. Essa situação típica de um território de proporções continentais, somada as inúmeras e distintas nações africanas com suas características culturais gerou um rico acervo de ritmos e batidas. Nesse sentido, identificar uma mesma raiz de influência e promover o encontro visando o intercâmbio e a troca de saberes, valorizando as peculiaridades de cada região é sem dúvida uma iniciativa com amplo valor cultural.
A liberação dos recursos fica condicionada à apresentação da carta de anuência das escolas, com as oficinas sendo realizadas no contraturno escolar e a comprovação do cumprimento das normas legais de prevenção a incêndios nos locais onde serão realizadas as oficinas, nas escolas e nos locais das apresentações, o que deverá ser feito pelo proponente junto ao gestor do Sistema.
* O proponente deverá fazer o uso da marca do Sistema Pró-cultura em todas as peças de divulgação.
3. Em conclusão, o projeto “Conexões em Rede – 1ª Edição” é recomendado para a avaliação coletiva em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos do Sistema Pró-cultura até o valor de R$ 197.242,50 (cento e noventa e sete mil, duzentos e quarenta e dois reais e cinquenta centavos).
Porto Alegre, 13 de dezembro de 2017.
Gilberto Herschdorfer
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 18 de dezembro de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, André Venzon e Walter Galvani.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 22/12/2017 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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