Processo nº 0164-1100/18-5
Parecer nº 076/2018 CEC/RS
O projeto “TRIBO DE ATUADORES ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ - UMA CELEBRAÇÃO DE 40 ANOS DE UTOPIA, PAIXÃO E RESISTÊNCIA” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz - Uma Celebração de 40 Anos de Utopia, Paixão e Resistência é da área das Artes Cênicas e será realizado no Terreira da Tribo - Centro de Experimentação e Pesquisa Cênica, situado na Rua Santos Dumont, 1186, bairro São Geraldo, entre os dias 05 a 29 de agosto de 2018. O produtor cultural é Terreira Da Tribo Produções Artísticas Ltda, CEPC 1384, que tem como responsável legal Paulo Nunes Flores, que atua como coordenador geral. Compõem a equipe principal: Tânia Farias, como produtora executiva; Pascal Michael Berten, como assistente de produção; Clelio Cardoso, como coordenador técnico; Letícia Virtuoso, responsável pela formação de público; BD Produção Cultural Ltda., que está a cargo da assessoria de imprensa; e Ademir José Teixeira, CRC 035144, como contador.
O Projeto solicita ao Sistema LIC RS 240.000,00, correspondendo a 100% dos recursos, pois não apresenta nenhuma outra fonte de renda.
Segundo o proponente:
No ano de 2018 a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz completará 40 anos de atuação e resistência, com um teatro político e popular. Para marcar esta data tão importante para a história do teatro brasileiro, e comemorar a longevidade deste coletivo que resiste fora do eixo Rio-São Paulo, o grupo pretende realizar no ano de 2018 uma Programação Especial de Celebração para compartilhar com o público gratuitamente a pesquisa que desenvolve há 40 anos.
Garantindo a democratização do acesso, 100% das atividades previstas neste projeto serão gratuitas, bem como a distribuição dos exemplares das publicações. As atividades do projeto acontecerão em Porto Alegre e atingirão entre adolescentes (a partir dos 16 anos) e adultos de diferentes categorias sociais (tanto um público de baixa renda quanto estudantil universitário). Quanto ao público dos espetáculos de sala e teatro de rua, é composto por 4.000 pessoas de diferentes categorias sociais (tanto um público de baixa renda quanto estudantil e universitário, pessoas com deficiência e idosos). A Programação Especial de Celebração dos 40 anos da Tribo pretende abranger, além dos estudantes de teatro, os moradores de bairros populares de Porto Alegre, abarcando todas as camadas sociais e faixas etárias, especialmente aquelas que por suas carências econômicas não frequentam salas de espetáculos, democratizando o espaço da arte. Os portadores de necessidades especiais e idosos estão contemplados pela proposta, pois a Terreira da Tribo respeita as medidas de acessibilidade, e a maioria das atividades ocorrerá lá. Ainda, os espetáculos de teatro de rua ocorrem em espaços por si só democráticos, sendo eles a própria rua, onde qualquer pessoa pode compartilhar da arena cênica que se forma. Adotar-se-á, ainda, como medida de DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO: a) a doação 20% (vinte por cento) das publicações resultantes da execução do projeto a estudantes e professores de gestão cultural e artes de universidades públicas, bibliotecas, museus ou equipamentos culturais de acesso franqueado ao público, devidamente identificados; e b) a ampla divulgação e o convite especial para estudantes e professores de gestão cultural e artes de universidades públicas e privadas, equipamentos culturais e grupos teatrais, possibilitando que um público bem amplo e diverso frua do projeto.
São metas do projeto a realização de:
Oficina de Teatro Ritual, com 30 vagas e 15 horas; oficina Qualificação da Presença do Ator, com 30 vagas e 15 horas; e oficina de Performance e Política, também com 30 vagas e 15 horas. Ainda, há duas apresentações de cada peça, a saber: Medeia Vozes; Caliban - A Tempestade de Augusto Boal; O Amargo Santo da Purificação; Onde? Ação N°2; Desmontagem Evocando os Mortos - Poéticas da Experiência; e Estreia do espetáculo baseado em Meyerhold. Além disso, pretende-se realizar um seminário internacional, com 6 horas, e um seminário com a Tribo de Atuadores, com 9 horas, e as exibições e debates dos DVDs Kassandra In Process, A Missão - Lembrança de uma Revolução e Viúvas - Performance sobre a ausência e do documentário Raízes do Teatro. Mais duas apresentações da performance cênico-musical e os lançamentos e distribuições da revista Cavalo Louco - Especial 40 anos, com dois mil exemplares, e do livro o Amargo Santo da Purificação, com mil exemplares.
É o relatório.
2. O projeto está adequadamente formatado e instruído com os documentos necessários para a apreciação do seu mérito. As inconsistências apontadas pelo SAT foram sanadas, podendo, desta forma, a proposta ser considerada oportuna e relevante.
A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz é um dos grupos de teatro mais antigos do país. Na cidade de Porto Alegre, desenvolve as atividades da Escola de Teatro Popular, gratuita e aberta a todos os interessados maiores de 16 anos, através das oficinas que compõem a pesquisa pedagógica que formou muitos atores que desenvolvem seu trabalho pela cidade e alguns coletivos de teatro que são ativos hoje com seus espetáculos.
A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz desenvolve pesquisa de linguagem em Teatro de Rua e na vertente intitulada Teatro de Vivência (encenação itinerante onde público e atores estão inseridos em um mesmo ambiente cenográfico). Realiza os projetos Escola de Teatro Popular (com oficinas gratuitas de iniciação, formação de atores e pesquisa de linguagens); Caminho para um Teatro Popular (circuito de apresentações de Teatro de Rua em praças, bairros e vilas populares da cidade); Teatro Como Instrumento de Discussão Social (Oficinas Populares em bairros populares de Porto Alegre); Mostra Ói Nóis Aqui Traveiz – Jogos de Aprendizagem (mostra do processo pedagógico das oficinas); Festival de Teatro Popular – Jogos de Aprendizagem (com grupos nacionais e latino-americanos); e seminários e ciclos de debate sobre teatro (encontros com atores, diretores, pesquisadores e professores para debater questões da cena contemporânea). Lançou em 2004 o selo Ói Nóis Na Memória, que já publicou cinco livros e três DVDs. Edita semestralmente a CAVALO LOUCO – Revista de Teatro, já em seu décimo segundo número, que é distribuída nacionalmente a escolas de arte, universidades, bibliotecas públicas, pesquisadores, críticos e grupos de teatro.
Há quarenta anos a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz desenvolve um trabalho sólido de investigação cênica à margem do eixo Rio - São Paulo, constituindo-se a experiência mais duradoura, coerente e representativa da utopia (que se revela possível) do teatro de grupo sul do Brasil. Para a história do teatro brasileiro um grupo permanecer vivo e atuante durante 40 anos, contribuindo para a pesquisa do fazer teatral, e compartilhando-a sistemática e gratuitamente com a comunidade, é um marco importante.
O proponente pouco ou nada fala sobre acessibilidade, não faz referência ao plano de prevenção contra incêndios, PPCI, assim como não apresenta autorização da prefeitura para as apresentações públicas de rua. Fica, portanto, condicionada a liberação dos recursos somente à apresentação desses planos e autorização.
3. Em conclusão, o projeto “Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz – Uma Celebração de 40 Anos de Utopia, Paixão e Resistência” é recomendado para a avaliação coletiva em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos no valor de até R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento as Atividades Culturais – Pró-cultura RS.
Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
Paulo de Campos
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 27 de fevereiro de 2018.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, , Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, André Venzon e Walter Galvani (19)
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 28/02/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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