Processo nº 0083-1100/18-5
Parecer nº 069/2018 CEC/RS
O projeto “1º RS ROCK FESTIVAL - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O processo trata do pedido de financiamento de um projeto que foi devidamente habilitado e que se enquadra na área de música. Ele ocorrerá em maio de 2018, em Porto Alegre. O projeto Rock Festival pretende trazer à cena musical do estado novamente o rock gaúcho, criando um festival competitivo aberto a bandas de todo o estado. O proponente afirma que se valerá da tecnologia e da internet para uma maior interação das bandas com o público que consome este gênero musical. As inscrições, que serão on-line, consistirão na postagem de um vídeo de uma música autoral inédita por parte da banda. O público será convidado a participar e a votar na música que mais lhe agrada, e as 10 mais votadas estarão classificadas para participar da grande final, que acontecerá no dia 19 de maio de 2018 em palco montado no largo do Anfiteatro Pôr do Sol em Porto Alegre e que terá entrada franca. Será um dia para marcar a história do rock gaúcho em um formato de festival totalmente inovador, com ampla participação do público, tanto na seleção das 10 concorrentes na final como na escolha da banda mais popular. Um corpo de jurados composto por cinco integrantes de grande conhecimento e vivência no rock gaúcho terá a tarefa de fazer a avaliação técnica das apresentações no palco, e nele serão premiadas as bandas do 1º ao 5º lugar. Serão premiados também o melhor intérprete, o melhor instrumentista e a música mais popular. Haverá, ainda, dois shows de intervalo: um com Cachorro Grande e outro com Acústicos e Valvulados. A expectativa de público é de 10 mil pessoas. O proponente coloca que tomará diversas medidas de acessibilidade, democratização do acesso, redução do impacto ambiental e de formação de plateia, medidas essas que estão especificadas na dimensão cidadã deste projeto. Além disso, não se esquecerá da segurança dos participantes, tendo-se cuidado com medidas referentes ao PPCI, à segurança privada e à sinalização adequada. Busca-se o incentivo fiscal ao projeto em tela por se acreditar na descentralização da distribuição dos recursos à cultura. Por fim, o proponente fala que já conta com patrocinador para este projeto, conforme carta de intenção de patrocínio em anexo.
O rock gaúcho foi, por muitos anos, revelador de grandes músicos e bandas que fizeram sucesso em todo o Brasil. Tivemos algumas décadas de grandes revelações e de criação musical deste estilo. O rock gaúcho tem uma identidade própria, um estilo único. Diversas bandas das mais variadas regiões do Brasil diziam sofrer influência do rock gaúcho em seus respectivos trabalhos durante os primeiros anos do século XXI. Apesar de não haver uma unidade estética que una o rock produzido no Rio Grande do Sul, percebe-se em várias bandas uma produção que se diferencia do rock produzido no Brasil em geral. Seriam características do estilo: forte inspiração no rock mod dos anos 1960, no rock psicodélico e no rockabilly, bem como na Jovem Guarda e no tropicalismo, ocasionalmente misturado com brega e com elementos da música regional gaúcha e da música nativista, ou fazendo uso do humor.
Das metas: classificar 10 composições através do voto popular na internet para concorrer às premiações; realizar a apresentação das 10 classificadas no palco do festival; premiar em dinheiro do primeiro ao quinto lugar, bem como entregar as premiações individuais de melhor instrumentista, melhor intérprete e música mais popular, conforme regulamento; realizar a apresentação de show de intervalo com Cachorro Grande; e realizar a apresentação de show de intervalo com Acústicos e Valvulados.
O proponente solicita R$ 187.607,00 (cento e oitenta e sete mil, seiscentos e sete reais) para Lei de Incentivo à Cultura.
É o relatório.
2. O projeto trata de uma pesquisa e um incentivo profundo ao rock produzido no Rio Grande do Sul. Ele usa a ferramenta da rede de computadores, a internet, como possibilidade de inscrição. Faz com que bandas de todo nosso estado possam participar, trazendo projeção para as escolhidas tanto no show como na possibilidade de tocar ao lado de bandas reconhecidas, como Cachorro Grande e Acústicos e Valvulados, e, claro, pela presença de um grande público que pode vir a consumir e acessar o material das bandas classificadas. É incrível como uso do Anfiteatro é tão reduzido. O mais comum de se ver são eventos de empresas privadas e igrejas. A cidade carece de eventos abertos e populares, e notamos uma decadência no incentivo a shows deste tipo, ainda mais depois que perdemos uma das maiores rádios de rock do RS, a Ipanema FM, que sempre fazia grandes shows anuais em seus aniversários e acabava convidando muitas bandas de rock. Este projeto pode resgatar um pouco deste espaço neste evento no Anfiteatro. Depois de escrever essas palavras sobre a rádio, encontro o seguinte trecho no projeto:
Em dia (sic) 18 de maio de 2015 o rock gaúcho teve um revés com o encerramento das atividades da Ipanema FM depois de 32 anos de transmissões (...). O 1º RS Rock Festival pretende fazer uma retomada no Rock produzido no Rio Grande do Sul, e quem sabe revelar para o estado e para o Brasil novos valores no cenário musical.
Desta forma, acredito que a geração envolvida neste projeto, assim como a minha, sente uma profunda necessidade de abrir espaço para respiração do rock, linguagem da qual sempre nos identificamos, por sua rebeldia, simplicidade e a possibilidade de escrever nossas verdades registradas em suas letras.
O projeto mostra uma descrição histórica digna de um livro sobre o rock no RS, demonstrando um verdadeiro conhecimento de causa dos proponentes, que, acredito, não deixarão a desejar na organização, na divulgação e no envolvimento, principalmente da juventude gaúcha tão carente de projetos mais voltados às suas faixas etárias. Para relembrar alguns nomes citados no projeto, que influenciaram e ajudaram a formar este conceito de rock gaúcho e estão gravados em nossas memórias, cito: Garotos da Rua, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de nós, Frank Jorge, Os Cascavalletes, TNT, DeFalla, Wander Wildner, Nei Lisboa, Bebeto Alves, Taranatiriça, Bandaliera, Charles Máster, Expresso do Oriente, Bixo da Seda, Alemão Ronaldo, Replicantes, Comunidade Nin-Jitsu, Papas da Língua, Rosa Tatuada, Ultramen, Julio Reny, Cowboys Espirituais, Graforréia Xilarmônica, Bidê ou Balde, entre outros. Durante décadas, o rock gaúcho passou por várias fazes, tendo seus altos e baixos, com pouco espaço nos grandes grupos de comunicação, mas conseguiu marcar seu lugar. Muitas bandas foram reveladas e algumas fazem sucesso até hoje, mesmo depois de se desfazerem.
O projeto não se esquece da segurança dos participantes, mostrando preocupação para com cuidados como PPCI, segurança privada e sinalização adequada. Para as apresentações que ocorrerão durante o período do evento, idosos e PPDs (pessoas portadores de deficiências), conforme descrito no projeto, terão espaços privilegiados no evento. Lembramos, contudo, que essa sigla está desatualizada, conforme a convenção da ONU dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Agora, a sigla PPDs deve ser substituída por PCDs (pessoas com deficiência) ou PNEs (pessoas com necessidades especiais), que se refere a um grupo que inclui idosos, gestantes, obesos e pessoas com dificuldade de aprendizado, por exemplo. Condiciono a liberação de recursos depois da apresentação de liberação do espaço público pela Prefeitura de Porto Alegre.
3. Em conclusão, o projeto “1º RS Rock Festival - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva em razão de seu mérito, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 187.607,00 (cento e oitenta e sete mil, seiscentos e sete reais) do Sistema Unificado Estadual de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-cultura – RS.
Porto Alegre, 20 de fevereiro de 2018, ano do Cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
Luciano Fernandes
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 26 de fevereiro de 2018.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Dalila Adriana da Costa Lopes, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, Walter Galvani, Gilberto Herschdorfer, José Mariano Bersch, Maria Silveira Marques, Marlise Nedel Machado, Paula Simon Ribeiro, Paulo Cesar Campos de Campos e Luiz Carlos Sadowski da Silva (11)
Abstenções: André Venzon, Rafael Pavan dos Passos e Élvio Pereira Vargas (03)
Ausente no momento da votação: Ivo Benfatto (01)
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 28/02/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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