Processo nº 0334-11.00/18-6
Parecer nº 107/2018 CEC/RS
O projeto ARTE NO PARQUE - 2018 é recomendado para a avaliação coletiva.
Produtor Cultural: Olele Música Ltda-ME
Período de realização: 21a 24 de junho 2018
Área do Projeto: Artes integradas
Contadora: Ana Paula Marzari de Moura
1. O projeto Arte no Parque - 2018 pretende realizar um festival de artes cênicas, com 10 espetáculos teatrais, 7 espetáculos circenses, 3 exposições de poemas a céu aberto e uma oficina, do dia 21 ao dia 24 de junho de 2018, nas seguintes localidades: aldeia indígena Guarani do Cantagalo, em Viamão; Ilha da Pintada, em sua comunidade ribeirinha, em Porto Alegre; Praça Júlio Mesquita (Aeromóvel), em Porto Alegre; e Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre. 6 grupos gaúchos e um internacional foram selecionados por uma curadoria — todos com reconhecida trajetória artística. Os grupos são: O Lançador de Foguetes, Cia de Pernas pro Ar, Teatro de Caixa, Cia Divina Comédia, Ao Divagar se Vai Longe, Cia 1 Pé de 2 , Das Cinzas Coração, Quimera Criações Artísticas, Cartagena, Zé da Terreira, O Amargo Santo da Purificação, Cia terreira da Tribo, Um Sorriso vale Mais que Mil e a Cia Martin Elcaro (ARG). Pelo sucesso de público da primeira edição de 2017, agora, na segunda, em 2018, os idealizadores pretendem dar segmento às apresentações ao ar livre, com espetáculos de alta qualidade, sinalizando muito bem sua abrangência territorial. As bem sucedidas propostas da primeira edição serão mantidas, entre elas: estrutura cenográfica, permitindo a exposição com fragmentos literários impressos nos painéis, servindo de estande para a venda de alimentos orgânicos. Em todos os espetáculos haverá a tradução para a linguagem brasileira de sinais. Uma assessoria de imprensa nos meios de comunicação tradicionais, blogs, redes sociais e plataformas digitais divulgarão toda a programação.
A dimensão simbólica estará presente na democratização do acesso à cultura, promovendo troca de experiências na rica diversidade gaúcha. A seleção dos espetáculos já vem com o selo reconhecido pela crítica e público, conforme mostram os documentos nos anexos. Pluralidade de estilos, propostas cênicas e temáticas devidamente contempladas no valor cultural do projeto sob a orientação de uma esmerada curadoria. Os fragmentos literários serão assinados por mulheres, contrapondo a pretensa visão masculina neste segmento escritural. Dois parques públicos da cidade de Porto Alegre estão entre os locais dos espetáculos, que se estenderão até a Aldeia Guarani do Cantagalo e a comunidade ribeirinha da Ilha da Pintada. A dimensão econômica estará inserida através dos profissionais que irão atuar nos espetáculos e abrirá o leque da cadeia produtiva para vendedores ambulantes, eletricistas, técnicos de som, iluminadores, costureiras, profissionais de customização, produtores de insumos orgânicos, entre outros. A dimensão cidadã será contemplada pelo acesso à cultura através da oferta de uma programação de planejado valor artístico, com locais escolhidos ao ar livre, permitindo o grande fluxo de pessoas, com horário e acesso facilitado, o que resultará na vinda de novas plateias. São contempladas também questões de educação ambiental e sustentabilidade, através de um cenário com uso de materiais recicláveis, já usados na primeira edição do projeto. A língua brasileira de sinais será uma das ferramentas usadas para proporcionar o amplo acesso a todos. Um ônibus irá transportar os deficientes físicos, com pré-agendamento por parte das entidades e instituições.
Alguns dos objetivos do proponente são:
Promover a cultura;
Valorizar diversidades;
Fortalecer a economia local;
Fomentar a cultura e os hábitos para fruição de arte;
Formar novas plateias;
Promover a solidariedade e o respeito aos direitos humanos.
As metas estão devidamente descritas nos anexos e amplamente explicadas na metodologia.
* É de vital importância que a produção planeje lugares bem localizados para os deficientes físicos, tanto para sua cômoda estada e total visibilidade quanto para eventual e rápida desocupação em caso de sinistro (entende-se por tal: incêndio, vendaval e outros). Esta preocupação refere-se ao PPCI, à acessibilidade e a seguros para terceiros.
Cartas de anuências, currículos, folders, clipagem crítica sobre o evento de 2017, amplas informações, fotos e demais características da oficina e sua carga horária estão devidamente anexadas ao projeto.
É o relatório.
2. O projeto Arte no Parque – 2018, em sua segunda edição, levará aos palcos, entre apresentações circenses e teatrais, 17 espetáculos, uma feira de produtos orgânicos, três exposições de poemas a céu aberto com autoria feminina e uma oficina de Jogos e Técnicas de Palhaço ministrada por Jéferson Rachewski – Clow Singular, da Atividades Circenses e Teatrais de Porto Alegre! Planejado para transitar em áreas de alta vulnerabilidade, o projeto foi pensado para acontecer num perímetro totalmente desconexo aos olhos do público e intimamente próximo ao coração sensível das pulsações sociais inquietas das grandes cidades... a nossa... por referência! A aldeia indígena Guarani do Cantagalo, em Viamão, está entre os poucos redutos indígenas do Brasil — mínimas porções territoriais sufocadas entre as grandes cidades —, enquanto a Ilha da Pintada constrói-se em sua comunidade ribeirinha. A Praça Júlio Mesquita, por sua vez, é um arquipélago sombrio — uma das regiões craqueiras da metrópole, vizinhando com a Câmara dos Vereadores. O Parque Farroupilha, mais conhecido por Redenção, é o nosso Central Park — ainda que bem maquiado, no seu fuso horário e dias da semana, esconde nos seus trajetos uma marginália invisível. No domingo, ele fulgura, nas suas manhãs de convívios, briques e chimarrão. Esses quatro lugares, tão longe e tão perto em suas desoladas geografias, trazem nas suas viscerais molduras feridas sociais ainda não cicatrizadas! Na visão dos empedernidos alheios à arte e sua função curadora ou exorcizante, estes espetáculos parecem não resolver... Mas resolvem! Eles regurgitam e permanecem nas consciências embriagadas dos que vivem à margem e podem até provocar um despertar para muitos, poucos ou até um... e é o que nos basta! Sabe-se que Charles Chaplin era filho de um ator circense que perambulava nos arredores de Londres com sua trupe e foi salvo por ela. Também é moeda corrente nos círculos onde frequentou que o ator Domingos Montagner — tragicamente desparecido nas águas do Rio São Francisco — era oriundo do circo! Todo o exercício da arte não pode, e seria até impossível, salvar a todos. Contudo, sempre elege e recupera alguns, e esses eleitos a levam para outros mundos no seu pálio de milagres e recuperação social inclusiva. Raramente passaram por aqui tantos espetáculos apresentados e grupos em quatro dias. A seguir, descrevo-os: grupo O Lançador de Foguetes; Teatro de Caixa - Cia Divina Comédia; e Ao Divagar-se se Vai Longe - Cia 1Péde2, na Aldeia Indígena Guarani do Cantagalo, em Viamão, e, no dia seguinte, os mesmos grupos farão suas apresentações na comunidade ribeirinha da Ilha da Pintada. No sábado, na Praça do Aeromóvel, todos os grupos, mais o espetáculo Um Sorriso Vale Mais que Mil Palavras, da Cia Martin Elcaro, reprisarão suas performances. O último dia da programação será no Parque da Redenção, com duração de sete horas, começará às 14hs, com término às 21h, contando com a participação dos grupos anteriores e o acréscimo dos seguintes grupos: Das Cinzas Coração; Cartagena; Zé da Terreira; e Cia Terreira da Tribo. Acontecerá, também, a Feira de Orgânicos e a Exposição a Céu Aberto de Poemas. Na última edição, ao longo da programação, mais de 50 mil pessoas passaram e assistiram aos espetáculos nos tradicionais percursos onde transitam os porto-alegrenses e os turistas que por aqui aportam.
3. Em conclusão, o projeto Arte no Parque 2018 é recomendado para a avaliação coletiva pelo seu mérito, relevância e oportunidade, estando apto a receber incentivos até o valor máximo R$ 239.693,50 (duzentos e trinta e nove mil, seiscentos e noventa e três reais e cinquenta centavos) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento à Cultura - Pró-cultura RS.
Porto Alegre, 21 de março de 201, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
Élvio Pereira Vargas
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 10h do dia 22 de março de 2018.
Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes e Walter Galvani.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 28/03/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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