Processo nº 18/1100-0001075-0
Parecer nº 275/2018 CEC/RS
O projeto FEIRA DO LIVRO DE FREDERICO WESTPHALEN - 36ª EDIÇÃO é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto passou pela análise técnica do sistema Pró-cultura e foi habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, sendo encaminhado a este Conselho nos termos da legislação em vigor e a este conselheiro no dia 28 de junho de 2018. O projeto é da área de Literatura: Feira do Livro e será realizado de 17 a 19 de outubro de 2018, em Frederico Westphalen/RS, Praça da Matriz – Largo Vitalino Cerruti. O proponente é Marcio Schmidt e a contadora é Cláudia Meneghel. O valor total do projeto é de R$ 210.167,00, dos quais R$ 25.350,00 são receitas originárias da prefeitura e o valor solicitado a LIC é de R$ 184.817,00. Pretendem realizar esta nova edição da Feira do Livro com uma diversificada programação cultural, totalmente gratuita, com espetáculos e shows musicais, apresentações teatrais e de danças folclóricas, contação de histórias e bate-papo com escritores convidados. Promovem ainda encontro entre diversas editoras que viabilizam a aquisição de obras literárias a preços reduzidos, beneficiando a comunidade como um todo e contribuindo para a atualização das bibliotecas locais, o fomento à leitura e da cultura na cidade.
METAS
Estimam um público de 10.000 pessoas e a comercialização de 4.000 livros;
01 Bate-papo com o escritor e patrono Dilan Camargo;
01 Bate-papo com o escritor Luiz Antônio de Assis Brasil;
01 Bate-papo com Claudio Levitan;
01 Sarau poético com Claudio Levitan;
01 Apresentação do grupo GEMP - Folclore Brasileiro em Canto e Dança;
02 Contações de história com a atriz Gabi Salsicha;
01 Bate-papo com o ator, bailarino e escritor da região Danilo BomBom;
03 Intervenções artísticas com Danilo BomBom;
01 Lançamento e sessão de autógrafos com Danilo BomBom;
02 Espetáculos com o grupo teatral “Curto Arte”;
01 Mostra de danças locais;
01 Apresentação musical com o grupo “Os Gaudérios”;
01 Show com a Banda Fliperama;
01 Bate-papo com Breno Ferigollo Filho.
É o relatório.
2. A comunicação é uma necessidade humana desde a Pré-história. Com o advento da escrita a humanidade descobriu que não podia abdicar desta forma de diálogo, que une e confere força a vida, tanto em escala local quanto global, e tão necessária a nossa sobrevivência. Desde os tempos mais remotos o meio de perpetuar a história destas descobertas é a comunicação escrita, a Bíblia é um dos exemplos mais populares e longevos deste valor simbólico da escrita que o livro concretiza. Antes disso, a famosa Pedra de Roseta (196 a.C), hoje exposta no Museu Britânico, já atestava o conhecimento da escrita no passado da humanidade que seria aperfeiçoado até o aparecimento da imprensa. Atualmente, mediante a voracidade do tempo em que a nova comunicação de massas on-line nos atordoa e aprisiona a uma realidade virtual, esta última contaminada por fake news, o valor do objeto livro, e das suas implicações a partir do exercício de uma leitura crítica para jovens e adultos, é cada dia mais importante. O filósofo chinês Confúcio dizia que “ler sem pensar nos dá um espírito desordenado, e pensar sem ler faz ficarmos inconstantes ou desequilibrados”. Quão atual é este pensamento, quando consideramos a tendência esquizofrênica em que as redes sociais operam, subtraindo o tempo para refletirmos sobre os fatos, e no momento que estamos aparentemente livres destes dispositivos visuais sofremos logo da abstinência tecnológica dado o cotidiano viciante dessa “nova” realidade social. Em contraste a este contexto mediocrizante, as feiras de livros se espraiam e multiplicam no RS, Estado que deve seu lastro cultural na modernidade à feira mais antiga em atividade no país, aquela de Porto Alegre, que a cada primavera, renova à sombra florida dos Jacarandás a necessidade do livro como meio de conhecimento e de especialização. Contudo, por mais que nos especializemos, concordamos com o conselheiro professor José Edill, que mais arraigado todo este conhecimento da humanidade deva ser socializado nas escolas e ficar documentando nos livros. Nenhum cinema, nem a televisão, tampouco a Internet conseguirá alterar a importância da palavra escrita, estes meios informam e comunicam, mas a palavra escrita permanece como fonte de consulta e prova da história nos livros. A propósito, outro pensador e escritor chinês, Lin Yutang, em seu livro sobre a importância de compreender a plantar árvores, nos diz: “Muito depende do número de anos em que desejamos ver os resultados. Para resultados imediatos, escolhe bananeiras; planejando para um ano, escolhe bambus; para 10 anos, salgueiros, e, para 100 anos, pinheiros”. Ao que acrescenta o autor: “Se fizeres planos para 1000 anos, escreve livros”. A Feira do Livro de Frederico Westphalen, em sua modesta 36ª edição, assim como outros projetos na área de literatura com este sólido e verdadeiro caráter, entendem que a difusão do livro, na sociedade e na escola, ainda é uma das tarefas mais importantes em nosso Estado, país e no mundo, que devem retomar o caminho das políticas culturais com a participação da sociedade civil, através de propostas inscritas em editais, como os de Pontos de Leitura, premiações, bolsa de criação literária, edições de livros, qualificações para mediadores de leitura, dentre outras, além da desoneração fiscal do livro. Todo progresso, aquela mesma palavra que é um dos lemas da pátria, atualmente vilipendiada por campanha publicitária própria de um governo espúrio, todo este progresso e desenvolvimento está ligado ao conhecimento. Um povo que lê é um povo que se instrui e com isso se desenvolve. Ao trazer os livros para o convívio do povo nas ruas, tornando-os acessíveis a todos pela facilidade de localização e pela diminuição de seu valor é sim a principal medida de acessibilidade de projetos dessa natureza. As praças se transformam em verdadeiras ágoras contemporâneas no exercício da liberdade de ler, refletir, debater e expressar a arte e a cultura que a literatura semeia por meio dos livros em nossos corações e mentes. Todavia, recomendamos que em futuras edições este evento amplie seu período de realização; subsidie a aquisição de livros para o público em idade escolar; e apresente um plano de trabalho para leitura prévia da obra literária do autor homenageado no âmbito da rede pública de ensino.
3. Não há nada a reparar na previsão orçamentária.
4. Não localizamos o alvará de PPCI na planilha de custos, nem nos anexos. Condicionamos a apresentação deste documento, tempestivamente, para a liberação dos recursos pleiteados. A acessibilidade física ao local do evento, na praça central da cidade, é garantida pela estrutura de tablado com rampas que nivelam o piso para o trânsito de pessoas com deficiência. Também planejam a reserva de lugares especiais para este público, além de idosos e gestantes.
5. Em conclusão, o projeto Feira do Livro de Frederico Westphalen - 36ª Edição é recomendado para participar da avaliação coletiva, pelo seu mérito, relevância e oportunidade, estando apto a receber incentivos até o valor máximo R$ 184.817,00 (cento e oitenta e quatro mil oitocentos e dezessete reais) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento à Cultura- Pró-cultura RS.
Porto Alegre, 08 de agosto de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
André Venzon
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 08 de agosto de 2018.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Gisele Pereira Meyer, José Édil de Lima Alves, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes e José Airton Machado Ortiz.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Antônio Carlos Côrtes.
Ausentes no Momento da Votação: Jaime Antônio Cimenti.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 20/08/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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