Processo nº 18/1100-0001275-2
Parecer nº 299/2018 CEC/RS
O projeto PARTE CULTURAL DA EXPOTIGRE - 2018 é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto Parte cultural da ExpoTigre 2018 tem como produtor ETS Energia e Sonorizações Ltda ME, cujo responsável legal é Adriane Marchetti. O período de realização do projeto é de 01 a 05/11/2018; e seu local de realização é o Centro Evangélico Martin Luther, em Arroio do Tigre. A TBT Comércio e Representações Musicais Ltda – ME fará a captação de recursos e a produção geral. O contador é o Escritório Contábil Dal Molin Ltda. O projeto está inserido na área da Música.
A prefeitura municipal de Arroio do Tigre apoia financeiramente parte do projeto, bem como realiza a preparação do espaço do evento. A produção do evento global ExpoTigre será feita pela Associação Cultural do Coro do Município de Arroio do Tigre. O valor proposto é de R$ 204.485,00 (duzentos e quatro mil, quatrocentos e oitenta e cinco reais reais); a glosa do SAT é de R$ 4.700,00 (quatro mil e setecentos reais). O total do valor habilitado é de R$ 199.785,00 (cento e noventa e nove mil, setecentos e oitenta e cinco reais); a participação da prefeitura é no valor de R$ 20.500,00. O financiamento habilitado pelo SAT é de R$ 179.285,00 (cento e setenta e nove mil, duzentos e oitenta e cinco reais).
É o relatório.
2. A Parte Cultural da ExpoTigre - 2018 promove uma série de espetáculos artístico-culturais para a comunidade, sem cobrança de ingresso no Espaço Pró-Cultura. No entanto, haverá a cobrança de R$ 5,00 (cinco reais) para entrar na feira, onde os shows serão realizados.
Ainda segundo a organização, o evento visa manter crianças e jovens engajados em projetos de disciplina, desenvolvimento cidadão e integração social; impulsionar o turismo no município e região; potencializar os artistas e talentos locais, disponibilizando um espaço adequado para que façam suas apresentações; promover shows e espetáculos de diversos estilos, estimulando a diversidade artística presente na região e estado; disponibilizar momentos de diversão, lazer e integração social a toda população, de todas as idades e classes sociais, através da democratização do acesso; incentivar o desenvolvimento do segmento cultural em Arroio do Tigre e região, fomentando a geração de renda para a comunidade local.
Shows:
Country-Rock com The Travellers;
Lucas & Felipe;
Papas da Língua (o mais caro, ao custo de 25 mil reais);
João Luiz Corrêa & Grupo Campeirismo;
Rodrigo Ferrari;
Apresentação Orquestra Municipal de Encantado (9 mil reais, pagos pela prefeitura);
Festival Kids - Show Infantil;
Apresentação do Coro Municipal de Arroio do Tigre (havia uma solicitação de cachê de R$ 2.000,00 (dois mil reais), glosada pelo SAT, por se tratar da produtora do evento);
Show Ítalo-Brasileiro com Ragazzi Dei Monti;
Banda Porto do Som;
Cinco shows com grupos locais/regionais, ainda não definidos (os mais baratos, ao custo unitário de 1.500,00 reais);
Além de potencializar as manifestações artísticas e culturais do município de Arroio do Tigre, da região e do estado, também é um importante mecanismo de captação de turistas e visitantes de outros municípios e outras regiões, através das atividades propostas.
Haverá uma avaliação do evento pelos organizadores, veículos de imprensa e visitantes quanto à sua validade para se obter um balanceamento do projeto geral, propondo melhorias para a próxima edição.
3. Análise de mérito:
A partir das informações constantes no projeto, podemos concluir:
A dimensão simbólica do projeto, onde se deveria destacar linguagens e práticas artísticas originais, realçando as referências estéticas locais e a importância identitária e de pertencimento da população, deixa um pouco a desejar, embora os organizadores tenham procurado realçar as manifestações culturais existentes na região. Valorizar a participação de crianças e jovens para despertar-lhes desde cedo o desejo de colaborar e se integrar às atividades culturais é louvável. Nota-se que em busca desses objetivos a programação prevê show infantil, tradicionalista, pop-rock, country-rock e sertanejo universitário, incentivando a formação de plateia em eventos culturais, possibilitando, também, a motivação e surgimento de novos artistas. Talvez estivesse aqui a oportunidade para Arroio do Tigre resgatar sua história, suas raízes e seus diferentes movimentos culturais em um mesmo palco, promovendo a integração e a essência que a formaram. No entanto, atinge-se apenas em parte tal objetivo. Mesmo assim, a iniciativa é louvável.
A dimensão econômica de eventos culturais desse porte é enorme para as comunidades onde se realizam; por vezes, única oportunidade de geração de renda para as pessoas ligadas ao setor. Geração de empregos, fortalecimento da cadeia produtiva, formação de mercado para a cultura são essenciais dentro do sistema econômico no qual estamos inseridos: esse conjunto de fatores movimenta a economia de uma região, estimulando, não só o trabalho dos profissionais já estabelecidos, como, também, o surgimento de novos trabalhadores na área cultural, aumentando a renda para dezenas de fornecedores e suas famílias. Arroio do Tigre, na região Centro Serra do Rio Grande do Sul, com uma população estimada em 13 mil habitantes, tem sua economia baseada na agricultura, indústria de pequeno porte e comércio local. A Parte Cultural da ExpoTigre insere-se neste contexto.
A dimensão cidadã, baseada nas práticas de democratização do acesso, formação de plateia, medidas de acessibilidade e relação com a comunidade está em parte contemplada no projeto, em especial através dos voluntários envolvidos na preparação da cidade e o local do evento para recepcionar os visitantes. Embora, em eventos comerciais, não me agrade o trabalho voluntário. Mas, nesse caso, espero que a cidade, como um todo, se beneficie de alguma forma. Os espetáculos musicais ampliam a compreensão da plateia, incentivando a participação em outros momentos culturais, democratizados pelos ingressos a valores populares para o evento global. Importante também a informação dos proponentes de que a ExpoTigre apresenta as medidas de segurança necessárias para sua realização, tais como: elaboração e aplicação de PPCI, presença de brigadistas, sinalização adequada, acessibilidade através da construção de rampas, acessos a banheiros, abertura de caminhos, reserva de vaga em estacionamento e conservação de espaço exclusivo próximo ao palco de shows. A responsabilidade ambiental, com a correta destinação do lixo, distribuição de lixeiras e incentivo às práticas de reciclagem e de sustentabilidade são outras medidas elogiosas.
4. Glosas:
Glosa de 5% (cinco por cento) nos valores da sonorização e da iluminação, por estarem acima do preço de mercado, reduzindo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para R$ 9.500,00 (nove mil e quinhentos reais) cada um. Total da glosa: R$ 1.000,00 (mil reais).
5. Condicionantes:
Tendo em vista a ExpoTigre cobrar ingresso para a entrada na feira (está prevista a arrecadação de R$ 90.000,00 nesse quesito), onde está o espaço Pró-Cultura, entendo que ela possa dar uma contrapartida à comunidade, pois os shows financiados com dinheiro público atrairão grande parte dos 25.500 visitantes esperados, fundamental para incentivar a venda de espaços aos expositores, cuja receita é estimada em R$ 184.000,00 (cento e oitenta e quatro mil reais). Assim, condiciono o financiamento pelo Sistema LIC a distribuição gratuita de 100 ingressos por dia aos professores das escolas do município. Considero fundamental investir na qualificação desses profissionais que, pelo seu perfil de trabalho, são multiplicadores de conhecimento, aspecto fundamental para o desenvolvimento cultural das comunidades onde atuam.
6. Em conclusão, o projeto Parte cultural da Expotigre - 2018 é recomendado para a avaliação coletiva, podendo vir a receber incentivos do Sistema Pró-Cultura até o valor de R$ 178.285,00 (cento e setenta e oito mil, duzentos e oitenta e cinco reais) em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade.
Porto Alegre, 26 de agosto de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
José Airton Machado Ortiz
Conselheiro relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 29 de agosto de 2018.
Presentes: 21 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Paula Simon Ribeiro, Plínio José Borges Mósca, José Édil de Lima Alves, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior e Claudio Trarbach.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: André Venzon, Antônio Carlos Côrtes, Marcelo Restori da Cunha, Gisele Pereira Meyer e Marlise Nedel Machado.
Abstenções: Dalila Adriana da Costa Lopes e Moreno Brasil Barrios.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 27/09/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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