Processo nº 18/1100-0001257-4
Parecer nº 328/2018 CEC/RS
O projeto TERTÚLIA MUSICAL NATIVISTA DE SANTA MARIA - 26ª EDIÇÃO é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto passou pela análise técnica do Sistema Pró-Cultura e foi habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, sendo encaminhado a este Conselho nos termos da legislação em vigor, e a este conselheiro no dia 18 de julho de 2018. O projeto em questão é da área de Música, e será realizado de 08 a 11 de novembro de 2018, na Estância do Minuano em Santa Maria/RS. O proponente é CHILI PRODUÇÕES CULTURAIS LTDA e a contadora é Vania Grigoletto.
O valor total do projeto é de R$ 251.167,34 (duzentos e cinquenta e um mil, cento e sessenta e sete reais e trinta e quatro centavos), dos quais R$ 35.00,00 (trinta e cinco mil reais) são receitas originárias da prefeitura do referido município, e o valor solicitado à LIC é de R$ 216.167,34 (duzentos e dezesseis mil, cento e sessenta e sete reais e trinta e quatro centavos).
A 26ª Tertúlia Musical Nativista e 5ª Tertulinha da Canção Nativista é evento criado em 1980 e de grande importância na consolidação do movimento nativista no estado, deu notoriedade às tendências musicais e à poesia da região central do Rio Grande do Sul, tornando-se até nossos dias um celeiro de compositores, músicos e intérpretes. O evento prevê premiação com o Troféu Minuano para o primeiro lugar (R$5.000,00), Troféu Amaury Dalla Porta para o segundo lugar (R$4.000,00), Troféu Antônio Augusto Ferreira para o terceiro lugar (R$3.000,00) e ainda premia as categorias de Melhor Música com o tema Santa Maria com o Troféu Vento Norte (R$2.000,00), Melhor Tema Campeiro com o Troféu Estância do Minuano (R$ 1.500,00), Música Mais Popular com o Troféu Imembuí (R$ 1.500,00), Melhor Intérprete com o Troféu Cezar Lindemeyer (R$ 1.000,00), Melhor Letra com o Troféu Antônio Carlos Machado (R$ 1.000,00), Melhor instrumentista com o Troféu Larry Charão (R$ 1.000,00) e Melhor Arranjo com o Troféu “Coração do Rio Grande” (R$ 1.000,00). O concurso acontece em duas fases: classificatória e finalíssima. No dia 8 acontece a fase local da Tertúlia, como forma de valorizar os talentos da cidade. Todo esse processo é desenvolvido pelo corpo de jurados, que compreenderá nomes importantes do cenário musical gaúcho e profissionais de áreas afins. A entrada é franca. A programação artística inclui ainda shows dos músicos Mano Lima, João de Almeida Neto, João Chagas Leite e Nilton Ferreira.
Metas:
Premiar as 16 melhores canções inscritas;
Premiar as 10 melhores canções locais;
Premiar a melhor canção 1º lugar: Troféu Minuano; 2º lugar: Troféu Amaury Dalla Porta; 3º lugar: Troféu Antônio Augusto Ferreira;
Premiar a melhor música com o tema sobre Santa Maria com o Troféu Vento Norte;
Premiar a melhor tema Campeiro com o Troféu Estância do Minuano;
Premiar a música mais popular com o Troféu Imembuí;
Premiar a(o) melhor intérprete com o Troféu Cezar Lindemeyer;
Premiar a melhor letra com o Troféu Antônio Carlos;
Premiar a(o) melhor instrumentista com o Troféu Larry Charão;
Premiar o melhor arranjo com o Troféu Coração do Rio Grande;
Realizar 01 show de João de Almeida Neto;
Realizar 01 show de Nilton Ferreira;
Realizar 01 show de Mano Lima;
Realizar 01 show João Chagas Leite;
Confeccionar 500 CDs da Tertúlia Musical 26ª Edição;
Confeccionar 500 DVDs da Tertúlia Musical 26ª Edição;
Realizar 01 Serviço de gravação, masterização e mixagem para o CD da 26ª Tertúlia Musical Nativista;
Realizar 01 Serviço de captação de imagens e edição para o DVD da 26ª Tertúlia Musical Nativista.
É o relatório.
2. Criada em 1980, a Tertúlia ficou conhecida e legitimada como um dos melhores festivais do Rio Grande do Sul. Foi realizada por 17 anos - entre 1980 e 1996. Em 2010, a Prefeitura Municipal de Santa Maria, por meio da Secretaria de Cultura, retomou a realização do festival. Destacamos a clareza e coerência do proponente ao justificar o objetivo proposto:
[...] o Nativismo trouxe ares de modernização para o cenário cultural gaúcho. Trouxe, entre outras mudanças, a abertura para uma nova estética musical que se materializou nas novas composições, nas instrumentações musicais e na integração com os países vizinhos através dos gêneros, como também, no intercâmbio entre compositores e intérpretes.
Apesar de ser um daqueles projetos que investe na competição como metodologia, tem o diferencial de ir além do óbvio marcado pela caracterização indumentária ou tipologia das danças nativistas, incentivando a criatividade dos seus participantes que, não obstante o regulamento do concurso, desfrutam de certa liberdade poética para inspirar suas criações artístico-musicais. Acredito que o traço mais lógico desta proposta reside no aspecto telúrico de se arraigar ao lugar da sua realização, dedicando um troféu à cidade que também servirá de tema para o concurso. Outros títulos como Minuano, Imembuí e Vento Norte fazem referência a uma cultura local e dão nome a alguns prêmios. No entanto, não podemos deixar de ignorar que, das 10 premiações principais, cinco homenageiam apenas pessoas do sexo masculino. Será que na Tertúlia santa-mariense só se reúnem homens? Se não é verdade, recomendamos incluir, entre as futuras premiações, ao menos um título que faça reverberar a importância que a mulher gaúcha também representa neste relevante meio de difusão cultural. Quem sabe criando esta visibilidade do gênero feminino incentivem a criação e a participação deste público na Tertúlia, e colaborem na desconstrução deste paradigma de machismo que ainda vela, infelizmente, o movimento nativista e também o tradicionalista como um todo.
3. Não há nada a reparar na previsão orçamentária, a não ser que as premiações são dignas e representam na planilha a verdadeira efetividade do projeto.
4. Embora não tenhamos localizado o alvará de PPCI na planilha de custos, encontramos no ofício de 01 de junho de 18 da Secretaria de Cultura Esporte e Lazer da Prefeitura de Santa Maria, encaminhado ao Pró-cultura RS, a menção sobre este dispositivo de segurança que passamos a transcrever: “Salientamos, também, que somos responsáveis pelas adequações e tratativas referentes ao PPCI, Recarga de Extintores e Brigadistas para o evento.” Dado que esta cidade foi palco de uma das maiores tragédias humanas deste século, quando o nosso contumaz cenário de negligência social em relação à segurança contra incêndios vitimou centenas de pessoas numa casa noturna, portanto, é condição sine qua non a apresentação prévia do alvará de PPCI da Estância do Minuano para a liberação dos recursos pleiteados junto a gestão do Sistema Pró-cultura RS. Quanto à acessibilidade de pessoas com deficiência ao evento, a limitação do projeto é dramática. Não localizamos, s.m.j., sequer uma linha de intencionalidade do proponente neste sentido. Não é possível que a Tertúlia (e a produtora em sua larga experiência), desde a década de 80, quando o festival foi criado, momento histórico que representou no seio da redemocratização do país uma série de avanços na área dos direitos das pessoas com deficiência, não tenha sentido a necessidade de incluir em suas apresentações algum instrumento de acessibilidade mais resolutivo. Em razão desta indiferença, condicionamos igualmente o proponente a apresentar, tempestivamente, garantias que assegurem o minimum morum nestes aspectos, ou seja, a plena acessibilidade física ao local do evento, incluindo sanitários e reserva de lugares para pessoas com deficiências, gestantes e idosos. Em oportuno, como a Prefeitura Municipal de Santa Maria integra o projeto, solicitamos que apresente parecer do seu Conselho Municipal de Cultura a respeito do mesmo, com a finalidade de participar a comunidade local desta política pública de cultura.
5. Em conclusão, o projeto Tertúlia Musical Nativista de Santa Maria - 26ª Edição é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade - podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 216.167,34 (duzentos e dezesseis mil, cento e sessenta e sete reais e trinta e quatro centavos) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 09 de setembro de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
André Venzon
Conselheiro relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 12 de setembro de 2018.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, José Édil de Lima Alves, Antônio Carlos Côrtes, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Claudio Trarbach e Dalila Adriana da Costa Lopes.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 13/09/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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