Processo nº 18/1100-0001623-5
Parecer nº 378/2018 CEC/RS
O projeto RATZDAY – MOSTRA CULTURAL E ARTÍSTICA DE LAJEADO 1ª EDIÇÃO é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto passou pela análise técnica do sistema Pró-cultura e foi habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, sendo encaminhado a este Conselho nos termos da legislação em vigor e a este conselheiro no dia 03 de setembro de 2018. O projeto é da área de Artes Integradas e será realizado de 29 de dezembro de 2018 a 11 de maio de 2019, no Parque Histórico de Lajeado/RS. A proponência é de M. HORN E CIA. LTDA., e a contabilidade é do escritório Orgatec. O valor total do projeto solicitado a LIC é de R$ 136.650,00 e não há outras fontes de financiamento. O referido projeto consiste em dotar o mencionado parque do município de uma programação artística, com ênfase para shows musicais, com acesso gratuito, ao longo de um semestre. Contempla oficinas de artesanato e pintura, além de espetáculo de dança e teatral. Ressaltam que o plano de PPCI e de acessibilidade serão apresentados conforme a IN.
METAS
Expectativa de 8.000 pessoas;
Um show com o músico Nei Lisboa;
Um show com o grupo Franchicos;
Duas apresentações do grupo de danças União Etnias de Ijuí;
Um show com a banda Liverpool;
Um show com o grupo Brazz;
Uma apresentação da orquestra Oclaje;
Um show com o grupo Legionários;
Um show com a banda Bico Fino Brothers Band;
Um show com a banda General Rock;
Um show com o Quinteto Canjerana (regional)
Um show com o grupo The Waynes;
Um show com o músico Tonho Crocco;
Um show com o grupo Luauê.
Todos os shows / apresentações são de grupos locais, com exceção do Quinteto Canjerana, que é regional.
Duas apresentações do grupo teatral Teatro Luz e Cena, com a peça “O Tempo da Descoberta”.
É o relatório.
2. O Parque Histórico de Lajeado – Deutscher Kolonic Park – foi inaugurado em 2002 e conta com 20 mil m², sua concepção de aldeia-museu é inédita para um espaço cultural e turístico no Brasil. Possui 24 edificações – como escola, salão de baile, ferraria e moinho – que foram reconstruídas no local, preservando a maior coleção de estruturas arquitetônicas genuinamente em estilo enxaimel de imigração alemã entre 1860 e 1910. Segundo informações pesquisadas no site deste parque, todo este processo de identificação, transferência, reconstrução e restauração dos prédios de inspiração alemã permitiu que se realizassem vários estudos de materiais de construção utilizados na metade do século XIX até a primeira década do século XX, qualificando os processos de preservação das casas que estavam condenadas a ação do tempo. Hoje este espaço de memória é um museu ao ar livre que atrai visitantes de diversas origens, assim como um novo local de promoção artística cultural, com espaço qualificado e infraestrutura necessária para realização de encontros, seminários, mostras, feiras e festivais, relativos à arte, à cultura e ao turismo como, exemplo disso foi a locação para filmagem do longa-metragem “Paixão de Jacobina”, do diretor de cinema brasileiro Fábio Barreto. Diante deste breve histórico compreendemos a necessidade de uma programação diversificada que valorize os grupos artísticos locais, não obstante o intercâmbio com outros artistas da capital e municípios do RS, promovendo um intercâmbio cultural no estado. Destaca-se a iniciativa deste projeto em ofertar uma programação cultural qualificada com múltiplas linguagens artísticas. Em meio à crise sociopolítica que enfrentamos, a arte deve continuar a sugerir ideias de superação em relação à banalidade do cotidiano e às fragilidades do humano, e somos nós, artistas, produtores culturais, críticos, conselheiros de cultura, Nei Lisboa, União das Etnias de Ijuí, Quinteto Canjerana, entre outros, os agentes na condução deste processo que tem a responsabilidade de garantir o desenvolvimento da liberdade de expressão e da democracia, e isto só acontece pelo desenvolvimento cultural, o que inclui necessariamente a educação e a arte. Logo, merece atenção a iniciativa proposta por popularizar de certa forma a visitação a esse museu por meio da difusão desta agenda cultural, sobretudo, preservando-o como lugar da identidade local. Todavia, quanto à formação de público, recomendamos ao proponente que reflita em futuras edições sobre a inclusão de novas perspectivas artísticas para a curadoria da programação nesse espaço cultural. Pois, projetos como este, que ofertam espetáculos e oficinas culturais são muitos no Sistema LIC, e deverão ser questionados sobre qual é o sentido dessas ações para as políticas culturais específicas desse parque-museu e até mesmo do município que o acolhe? Um ponto de partida para a compreensão dessa questão pode estar na busca de uma relação mais próxima deste proponente com o público local, através da participação desse questionamento para o próprio Conselho de Cultura de Lajeado (criado em 2016), dialogando com este lugar histórico, no sentido de ampliar a possibilidade de experiências e troca de pontos de vista, potencializando a pertinência conceitual e a dimensão simbólica do conteúdo artístico da programação nesse contexto cultural. Um lugar como este parque está a nos dizer permanentemente que todos nós temos a capacidade de construir ao mesmo tempo preservar. O interessante é que somos capazes de reconstruir uma paisagem arquitetônica como essa do passado, porém colocá-la em diálogo com a sociedade atual, transformando essa aldeia-parque em um espaço de fruição, reflexão e comunicação entre os seus frequentadores e com o mundo, representa o eterno retorno à condição humana que nos fala Tolstói, “se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”. O projeto Ratzday já deu o primeiro passo em busca de alcançar este desafio cultural que é tão meritório quanto contemporâneo.
3. Não consta na planilha orçamentária verba para a realização das oficinas de artesanato e pintura mencionadas, tampouco encontramos nos anexos o conteúdo programático das mesmas. Embora o proponente não cite nas metas essas atividades, estão incluídas na justificativa e metodologia do referido projeto. Portanto, deverá comprovar junto ao Sistema a realização de tais atividades na prestação de contas.
4. Não localizamos o alvará de PPCI na planilha de custos, fazem apenas menção que esse documento será apresentado na prestação de contas do projeto conforme IN. No entanto, condicionamos à liberação de recursos a tempestiva comprovação do referido documento, bem como a declaração da prefeitura local responsável pelo parque oferecendo o minimum minimorum, qual seja, a acessibilidade ao local dos shows, com espaços reservados para idosos, gestantes e cadeirantes, bem como banheiros adaptados para pessoas com deficiência. Não há dimensão cidadã sem inclusão cultural.
5. Em conclusão, o projeto Ratzday – Mostra Cultural e Artística de Lajeado 1ª Edição é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade – podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 136.650,00 (Cento e trinta e seis mil seiscentos e cinquenta reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura/RS.
Porto Alegre, 09 de outubro de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
André Venzon
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 09 de outubro de 2018.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, José Édil de Lima Alves, Antônio Carlos Côrtes, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Dalila Adriana da Costa Lopes e José Airton Machado Ortiz.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 11/10/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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