Processo nº 18/1100-0001944-7
Parecer nº 464/2018 CEC/RS
O projeto CABO TOCO DA TROVA GALPONEIRA – 2ª EDIÇÃO é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto passou pela análise técnica do sistema Pró-Cultura e foi habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, sendo encaminhado a este Conselho nos termos da legislação em vigor e a este conselheiro no dia 18 de outubro de 2018. O projeto é da área de TRADIÇÃO E FOLCLORE a ser realizado nos dias 16 e 17 de março de 2019 em Cachoeira do Sul (Parque da FENARROZ). O proponente é JESPROART - PRODUÇÕES ARTÍSTICAS e o contador é Vantuil Santos de Lima. O valor total do projeto solicitado ao financiamento do Sistema LIC RS é de R$ 161.165,00. O projeto é um festival voltado à arte da trova em três modalidades: Mi Maior de Gavetão, Gildo de Freitas e Martelo, e homenageia a primeira mulher a integrar as fileiras da corporação da Brigada Militar em 1923. A Cabo Toco é a patrona da primeira turma de Policiais Militares Femininas do Estado do Rio Grande do Sul. Assim, pretendem inovar o conceito do festival, contando a história local e trazendo grandes nomes da trova gauchesca, objetivando dar continuidade e fruição dos bens culturais de raiz, com resgate a arte da trova e do nome de uma pessoa que fez história de nosso povo. O intercâmbio entre os repentistas e o público do evento é incentivado também pela gratuidade de ingressos e de inscrição aos participantes. O evento cultural apresentará ainda quatro shows musicais. Não há registro de medidas de acessibilidade e plano de PPCI.
Metas
01 concurso de Trova Campeira
01 concurso de Trova de Martelo
01 concurso de Trova Estilo Gildo de Freitas
15 prêmios em dinheiro aos campeões
17 prêmios com troféus aos campeões e homenageados
01 show musical Gaúcho com Jairo Lambari
01 show musical Grupo Quarteto Pampa
01 show musical Grupo Garotos
01 show de Trovas - Cravinho e Convidados
01 show Pajadores Sem Fronteira Show.
2.
Foi no lombo de um cavalo que descobri horizontes
Em vez de vestir bonecas andei gritando repontes
Entrei de frente na história e acredite quem quiser
Em vinte e três fui soldado sem deixar de ser mulher
(Me chamam de Cabo Toco
Sou guerreira, sou valente
Do Primeiro Regimento
Enfermeira e combatente
Me chamam de Cabo Toco
Só não sabe quem não quer
/Debaixo do talabarte
Há um coração de mulher)
Lutei contra Honório Lemes na serra do Caverá
Na ponte do Alegrete meu fuzil estava lá
Enfrentei o Zeca Neto sem temor da "colorada"
Anita sem Garibaldi, já nasci emancipada
A velhice me encontrou com a miséria na soleira
A ver a vida por frestas num subúrbio de cachoeira
Digo aos curiosos que trazem ajudas interessadas
Que não quero caridade quero justiça e mais nada
A letra da música acima, de Nilo Brum e Heleno Gimenez, interpretada em 1987 por Fátima Gimenez que, mais que vencer a V Vigília do Canto Gaúcho, eternizou a caçapavana, Olmira Leal de Oliveira, conhecida como "Cabo Toco". Primeira mulher a integrar na década de 1920 as fileiras da Brigada Militar, como combatente e enfermeira, participou dos movimentos revolucionários de 1923, 1924 e 1926. Faleceu em 21 de outubro de 1989 com 87 anos, carregando no corpo, segundo o jornalista Roberto Cardoso (Jornal do Povo, 26 de fevereiro de 1989), “o peso de uma existência árdua”. Apesar de ter sido considerada heroína, Olmira só conseguiu receber um soldo do governo do estado depois desta composição musical em sua homenagem. Mesmo assim, ela morreu em 1989 morando em um barraco na zona periférica da cidade de Cachoeira do Sul. Se fosse hoje estaria recebendo, como muitos que dedicam a própria vida ao RS, com atrasos e parcelamentos. Contudo, a lição de Cabo Toco ainda não se fez ouvir o suficiente, na noite de ontem, uma mulher (35 anos) foi morta a tiros dentro de um apartamento na avenida Juca Batista, bairro Ipanema, Zona Sul de Porto Alegre. Ela foi atingida por três disparos. O suspeito é o ex-companheiro (31 anos), soldado da BM preso em flagrante. O brigadiano já estava afastado das funções desde junho, quando uma operação da Corregedoria e do Ministério Público investigou a ligação de um grupo de policiais com uma facção da capital. À época, na casa do soldado e no armário dele no batalhão, foram encontradas drogas. O mundo todo se une no combate contra a violência e o abuso de gênero. É imensurável a quantidade de mulheres que reencarnam este espírito de coragem da Cabo Toco que temos, agora, a honra de conhecer por meio deste projeto. Em Cachoeira do Sul, esta nova revolução se fará com a letra poética e a voz romântica de Jairo Lambari, a gaita galponeira do Quarteto Pampa e o pop gauchesco do grupo Garotos, além do tradicional embate Trovístico à sombra do vulto histórico desta brava mulher.
3. Apresentam equilíbrio na distribuição dos custos envolvidos na elaboração do projeto, bem como cartas de anuências e releases dos participantes.
4. Não localizamos o alvará de PPCI na planilha de custos, apenas Termo de Responsabilidade Ambiental, bem como a citação de medidas de acessibilidade ao local dos shows. Portanto, condicionamos à liberação de recursos, a tempestiva comprovação destas medidas de segurança, incluindo intérprete de Libras às atividades artístico-musicais, assim como espaços reservados para idosos, gestantes, cadeirante e banheiros adaptados para pessoas com deficiência. Não há garantia da dimensão cidadã sem a prática de inclusão cultural.
5. Em conclusão, o projeto CABO TOCO DA TROVA GALPONEIRA – 2ª EDIÇÃO é recomendado para avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade – podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 161.105,00 (cento e sessenta e um mil e cento e cinco reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 12 de dezembro de 2018, ano do cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
André Venzon
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 13 de dezembro de 2018.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Gisele Pereira Meyer, José Édil de Lima Alves, Antônio Carlos Côrtes, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Maria Silveira Marques, Jorge Luís Stocker Júnior, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Claudio Trarbach e José Airton Machado Ortiz.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Dalila Adriana da Costa Lopes e Gilberto Herschdorfer.
Ausentes no Momento da Votação: Ruben Francisco Oliveira.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 14/12/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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