Processo nº 18/1100-0002439-4
Parecer nº 033/2019 CEC/RS
O projeto PAIXÃO DE CRISTO DO MORRO DA CRUZ - 2019 é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto foi habilitado pela Secretaria Estadual da Cultura, e encaminhado a este Conselho no dia 20 de dezembro de 2018, sendo distribuído para esta conselheira na mesma data. Tem como proponente CAMILO DE LÉLIS FURLIN CEPC: 2392 que também tem a função de coordenador geral e diretor artístico. A equipe principal conta ainda com Silvia Abreu - SM Abreu Produções ME, como diretora de produção.
O projeto está inserido na área de Artes Cênicas: teatro, e propõe a realização da encenação da Paixão de Cristo. Será realizado no dia 19 de abril de 2019 no Morro da Cruz na cidade de Porto Alegre. O valor total do projeto é de R$ 140.000 (cento e quarenta mil reais), sendo integralmente solicitado ao sistema Pró-Cultura.
O proponente assim apresenta o projeto: O projeto propõe a encenação, ao ar livre, da Paixão de Cristo, no bairro Partenon, narrando momentos da vida de Jesus, desde o batismo por João Batista até os instantes finais de sua existência pública em Jerusalém, mostrando as pregações, a última ceia, a prisão, o julgamento, a crucificação e a ressurreição. A encenação da Paixão de Cristo faz parte da Via Sacra do Morro da Cruz, um dos eventos mais emblemáticos da cena cultural gaúcha, com características singulares desde sua origem e vinculado ao imaginário de Porto Alegre. O evento está completando 60 anos de ininterruptas apresentações.
Quanto à dimensão cidadã, ele informa que A proposta de realização da “Paixão de Cristo do Morro da Cruz” justifica-se pela importância que esta encenação tem na promoção e resguardo da cultura popular, possibilitando o exercício do direito ao acesso e a prática da cultura. A Paixão de Cristo do Morro da Cruz acontece desde 1960 e se constitui num dos maiores eventos do gênero em quantidade de público, pois chega a levar 30 mil espectadores numa única apresentação. A Via Sacra faz parte da memória dos moradores das adjacências do Morro da Cruz, do imaginário da população de Porto Alegre e do Interior do Estado. Essa é a terceira geração que vivencia o evento, seja participando da encenação, seja acompanhando a procissão. O espaço geográfico onde o evento se realiza abrange desde a classe média até a população em situação de vulnerabilidade social. Na sexta-feira santa, a paróquia São José de Murialdo se abre à visita de pessoas de outros bairros e também do Interior do Estado. A encenação da Paixão de Cristo no Morro da Cruz traz uma proposta singular de democratização do acesso à arte e á cultura.
Já, na dimensão econômica, Essa encenação congrega cerca de 23 artistas amadores da comunidade e 31 profissionais das artes cênicas, o que a torna singular na qualidade de agregadora social. A Via Sacra faz parte da memória dos moradores das adjacências do Morro da Cruz e do imaginário da população de Porto Alegre, pois já é a terceira geração que vivencia o evento, seja participando da encenação, seja acompanhando a procissão. O espaço geográfico onde o evento se realiza abrange socialmente desde a classe média do bairro Partenon, até a população em situação de vulnerabilidade social residente no topo do morro. E não se trata apenas da população da Capital. Na Sexta-Feira Santa, o Santuário São José de Murialdo recebe turistas do Interior do Estado e de outros lugares do Brasil, que vêm prestigiar a encenação artística. Ao longo de mais de meio século, a Via Sacra do Morro da Cruz influenciou as mudanças ocorridas no atendimento às carências de âmbito socioeconômico e cultural e, inclusive, na própria paisagem da região. Muitas modificações na urbanização do bairro Partenon/São José - como pavimentação e novas moradias - podem ser notadas ao longo do trajeto da procissão até a comunidade que mora no alto do Morro da Cruz. A Paixão de Cristo do Morro da Cruz permitirá o crescimento artístico e técnico, com a contratação de artistas, técnicos e a participação de um número maior de pessoas da comunidade, ampliando o envolvimento da população do Morro, o mercado de trabalho de artistas e técnicos e o brilhantismo da encenação. Além disso, é um evento que possibilita a expressão, o desenvolvimento da pesquisa, a experimentação e a profissionalização de artistas e de técnicos da cidade de Porto Alegre.
É o relatório.
2. O projeto está instruído com toda a documentação necessária para a sua análise.
A Paixão de Cristo no Morro da Cruz é um evento cultural e religioso de grande importância para uma parte da população. Reúne fiéis da crença católica e admiradores das artes cênicas. Atraindo um público da capital e do interior do estado, o evento movimenta a economia local através do turismo na capital.
A participação da comunidade local na realização deste evento é singular, pois os artistas figurantes são em sua maioria moradores daquele bairro, assim como parte da mão de obra empregada na preparação, execução e desmontagem do evento.
Talvez este seja o maior evento de teatro aberto ao público e realizado ao ar livre na capital, e já está na sua 60ª edição, fazendo parte do calendário oficial da cidade de Porto Alegre.
Faz-se necessário registrar a ausência da prefeitura municipal no projeto. Sem o apoio, participação ou aporte de recursos financeiros, como tem feito em quase todos os eventos culturais de cunho popular realizados na capital financiados ou não pela LIC. Também cabe registrar a falta de aporte financeiro da igreja católica, já que o evento tem relação direta com a manutenção do número de fiéis, colaborando para o aumento da captação de recursos financeiros para a instituição.
3. Em conclusão, o projeto Paixão de Cristo do Morro da Cruz – 2019 é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade – podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 05 de fevereiro de 2019.
Gisele Pereira Meyer
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 05 de fevereiro de 2019.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Dalila Adriana da Costa Lopes, Claudio Trarbach, Antônio Carlos Côrtes, Gabriela Kremer da Mottaa, Ivo Benfatto, João Wianey Tonus, José Airton Machado Ortiz, José Édil de Lima Alves, Luis Antonio Martins Pereira, Maria Silveira Marques, Marlise Nedel Machado, Paula Simon Ribeiro, Paulo Cesar Campos de Campos, Plínio José Borges Mósca, Sandra Helena Figueiredo Maciel
Contrários:Jorge Luís Stocker Júnior, Marcelo Restori da Cunha e Moreno Brasil Barrio
Abstenções:Gilberto Herschdorfer
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 21/02/2019 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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