Processo nº 18/1100-0002272-3
Parecer nº 031/2019 CEC/RS
O projeto LATINOAMERICANA não é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto Latinoamericana habilitado pela Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, trata da realização de uma turnê artística inserida no segmento de Música, com apresentações da intérprete Mariana Marques, nos municípios de Erechim, Santo Ângelo, Marau e Santa Rosa.
O produtor é SD Produções, CEPC 5888, cujo responsável legal é Edgar Dreher Neto, na função de produtor executivo.
Da equipe principal constam Mayara Boeno Brum, na função de produtora administrativa; Vetor 8 na captação de recursos ; Organizações Contábeis Alto Uruguai na contabilidade.
Não há outros participantes.
Apresentação
O proponente informa que “os gaúchos têm muito mais proximidade cultural com os países de língua espanhola do que com o resto do Brasil e que, embora haja divisão política desses, a cultura atravessa fronteiras. Assim propõe uma turnê com uma “história contada através da música”.”
Objetivos
Tem como objetivo geral a realização de uma turnê musical com o novo show “Latinoamericana” da artista Mariana Marques.
Como objetivos específicos, promover a cultura gaúcha, desenvolver na população em geral o apreço pelas manifestações artísticas sul rio-grandenses e latino-americanas; buscar a preservação de nossos valores de origem, temas, ritmos, usos e costumes, manifestando-os no presente e projetando-o através dos tempos; descentralizar os bens culturais; promover um evento de qualidade com acesso gratuito à toda a população; aproximar crianças e jovens que ainda não possuem conhecimento da música gaúcha e latino-americana; possibilitar momentos de intensa fruição cultural; valorizar os artistas locais convidados de cada município.
Dimensão simbólica: linguagens e práticas artísticas, referências estéticas.
Justificando este campo, o produtor se refere à diversidade da colonização no RS, a mistura de influências que combinam elementos da música indígena, africana e clássica europeia, diz que o colonizador estabeleceu relações culturais distintas com a música destes povos, originando ritmos, melodias, que deram origem a estilos musicais que identificam claramente estes países, e segue discorrendo sobre a música latina que se apresenta através de vários gêneros desde a música simples rural do norte do México à habanera sofisticada de Cuba; das sinfonias brasileiras à flauta andina, etc.
Conclui sua explanação dizendo que “Mariana Marques traz aos palcos a síntese do que é nossa terra, com canções que cantam o sul do país e que marcaram sua carreira”, diz ainda que em cada cidade um artista local será convidado a participar, e que os shows acontecem em locais públicos e acesso gratuito.
Dimensão econômica: aspectos relacionados à economia da cultura
Neste campo, o proponente informa que “eventos como este se fazem importantes como forma de preservar e cultivar o legado da música latino-americana (...).”
Diz que o projeto passa por quatro municípios, onde os fomenta economicamente, fazendo com que a circulação movimente os setores hoteleiro, de transporte, de alimentação até mesmo pequenos comerciantes que nos dias de evento armam barraquinhas para venda de alimentos, brinquedos, balões etc. Diz ainda que a participação de artistas locais excita ainda mais o envolvimento da comunidade com os espetáculos. Desta forma, além dos empregos diretos através das contratações de técnicos, artistas e outros profissionais e prestadores de serviços, da circulação de renda girando pelo estado através da contratação de fornecedores que não são locais, indiretamente também fortalece a economia de cada município (...)”.
Dimensão cidadã: práticas de democratização do acesso, formação de plateia, medidas de acessibilidade, relação com a comunidade local.
Neste campo, o proponente justifica que a intérprete, por ser natural da região das Missões, torna-se uma “motivação para jovens artistas que assim como ela desejam cantar seu estado e seu país. Proporcionar aos municípios envolvidos a oportunidade de assistir ao Latinoamericana é contribuir na motivação e na autoestima dos cidadãos através de um show de grande porte oferecido gratuitamente ao público. Além da participação dos artistas locais no palco com Mariana, o que aproxima mais a relação da artista – e da arte – com a comunidade, Mariana ainda fará em cada município visitas a lares de crianças e idosos, tocando e cantando para eles.” (Os locais serão escolhidos pela produção após a aprovação do projeto.) Enfatiza ainda que os shows serão gratuitos e em locais públicos, com total acesso a população. Para aqueles com necessidades especiais, espaços reservados com cadeiras serão destinados nos locais do evento.
O custo total do projeto é R$ 239.222,00 sendo totalmente solicitado à LIC.
Não tem recursos próprios do proponente.
Na planilha de custos, não constam receitas previstas com a comercialização de bens e serviços.
As prefeituras não aportam recursos.
Não tem outros patrocínios.
É o relatório.
2. O projeto apresenta diversos documentos, entretanto não tem cartas de anuência dos artistas convidados, nem dos locais que serão visitados.
O custo do projeto é muito alto para apenas quatro shows, um em cada cidade. A montagem de uma estrutura de alto custo deveria ser melhor aproveitada, quando se trata de verba pública. Não está compatível com outros eventos similares do segmento no qual está inserido.
Constata-se que é a mesma empresa de locação de equipamentos que será contratada para todos os municípios. Não seria mais lógico se considerarmos a dimensão econômica, que estas estruturas fossem locadas nas cidades que iriam receber o evento e assim movimentar a economia local?
Outra discrepância que se constata é o valor irrisório dos cachês dos artistas convidados, R$ 1.000,00, em um projeto que solicita mais de R$ 239.000,00.
3. Em conclusão, o projeto Latinoamericana não é recomendado para a avaliação coletiva.
Porto Alegre, 04 de fevereiro de 2019.
Paula Simon Ribeiro
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Sessão das 13h30min do dia 12 de fevereiro 2019.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, João Wianey Tonus, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, José Édil de Lima Alves, Antônio Carlos Côrtes, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Maria Silveira Marques, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, e José Airton Machado Ortiz.
Contrários: (0)
Abstenções: Marcelo Restori da Cunha (01)
Marco Aurélio Alves
Presidente do CEC/RS
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