Processo nº 19/1100-0000541-7
Parecer nº 220/2019 CEC/RS
O projeto DE ROMA PARA PUTINGA - 1ª EDIÇÃO – 2020, em grau de recurso, não é acolhido.
1. O projeto De Roma para Putinga 1ª Edição - 2020, cadastrado eletronicamente em 08 de março de 2019, habilitado em 08 de abril de 2019, pelo Setor de Análise Técnica da Secretaria da Cultura. Na mesma data foi encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, para análise de mérito. A área é Audiovisual: produção de cinema média-metragem; o período de realização é de 05 de agosto de 2019 a 27 de março de 2020, nas cidades de Putinga, Nova Roma do Sul, Ilópolis, Vespasiano Corrêa, Colorado, Sarandi e Tapejara. O projeto tem como produtor cultural M. Horn e Cia. Ltda., cujo responsável legal é Maurício Fabiano Horn, com a função de proponente. Na equipe principal, SX Produções e Serviços Ltda, com a função de coordenador administrativo e financeiro; Acto Gestão e Apoio Administrativo Ltda., na captação de recursos; M. Horn e Cia. Ltda., na coordenação geral; e André Bergamaschi, na contabilidade. Valor habilitado: R$ 225.070,00 (duzentos e vinte e cinco mil e setenta reais).
Das metas: gravação do documentário de média metragem “De Roma para Putinga” e quatro exibições do documentário nas cidades de Colorado, Ilópolis, Putinga e Encantado.
O presente projeto não foi recomendado para avaliação coletiva no dia 20 de maio de 2019, desta forma, o diretor juntamente com o produtor envia o Recurso que segue abaixo.
“Quanto aos depoimentos existiu bastante critério de escolha. Por exemplo, no caso do representante comercial trata se de um descendente do patrocinador da obra de Fontanive em Putinga. A riqueza dos Medici permitiu a migração de grande número de artistas para Florença. Guardadas as proporções o mesmo aconteceu nestas colônias. O patrocinador de Putinga era proprietário do Frigorífico que alimentou as tropas brasileiras na Segunda Guerra Mundial. A paróquia de Putinga na época era composta de 13.000 fiéis que hoje não passa de 3 mil.”
Estimados Senhores (as) do Conselho Estadual de Cultura do RS.
Não havia constatado anteriormente a necessidade de apresentar o roteiro do filme para argumentação do projeto. Assumo “mea culpa” e o faço brevemente para que tenham a compreensão do nosso média metragem. E o faço não exatamente como um roteiro, mas inspirado numa conversa que tive com o cineasta Jorge Furtado num encontro casual em uma livraria paulista há 15 anos. Ele me contava que a melhor forma de argumentar um roteiro é fazer uma redação “tema livre”.
O filme iniciará com uma cena de Drone nas montanhas de Nova Roma do Sul. Enquanto nos aproximamos da pequena cidade ouviremos o áudio gravado pelo neto de Angelo Fontanive narrando sua chegada no Brasil no ano de 1927 com sua esposa. Quando a câmera chegar na estátua lateral da Igreja da cidade é que iniciaremos a sua trajetória. Fontanive veio produzir esta obra em 1926 quando obteve as promessas de muitas outras obras o que motivou o regresso para Itália, desposar sua amada e iniciarem a saga no RS. Seu primeiro filho, Benito Fontanive, nasce em 1927 no vilarejo de Speranza, atual Vespasiano Correa, onde produz sua primeira pintura. Pintura essa que foi abordada numa tese de doutorado da Ufrgs. Moreira em sua tese, 2015, diz não haver referência iconográfica reconhecida na Igreja Católica, mas trata se duma referência pictórica renascentista. O grande equívoco está no fato que numa reforma em 1974 um pintor de parede chamado Mantovani assina a moldura feita por Fontanive em 1927. Confundindo o pesquisador e toda a comunidade. Como a pintura está lá no alto somente um olhar mais atento reconhecerá a assinatura de Fontanive. Única aliás, em todas suas obras sacras. Mas por que Fontanive não assinou as futuras pinturas sacras que viria a produzir em dezenas de Igrejas? A explicação será dada pelo historiador de arte. Fontanive não assina cópias. No entanto aceita o compromisso de trabalho e as executa brilhantemente. Comprovamos, todavia que tratam se de obras de Fontanive pelos contratos, livros tombo e notícias de jornais. Além do depoimento de descendentes de ajudantes e aprendizes de Fontanive. Importante dizer que muitos grandes construtores do RS foram aprendizes de Fontanive. Para citar alguns os construtores do Santuário de Farroupilha, Catedral de Passo Fundo, Catedral de Frederico Westphalen… Destacamos o também italiano Emílio Zanon, vitralista que produziu aproximadamente 1500 obras pelo mundo, dentre elas a Catedral de Brasília. Única escola de Zanon foi o canteiro de Obras e as lições de Fontanive. Por esse motivo ele é lembrado como “maestro”. Em conversas com responsáveis da Mitra de Santa Cruz do Sul, responsáveis pela maioria das obras que retrataremos, fomos informados da possível destruição do teto da Igreja de Vespasiano Correa, RS. Ou seja, a primeira pintura do Fontanive será destruída se não houver uma intervenção. Uma cidade que sequer possui padre residente e que esconde uma preciosidade. Se isso vier a acontecer restará por hora apenas o registro fotográfico detalhado que realizei nos últimos anos. A seguir detalhe da assinatura de Fontanive e logo em seguida o teto inteiro.
É o relatório.
2. O documentário é resultado de um processo criativo do cineasta. Essas escolhas orientam uma série de recortes, entre a concepção da ideia e a edição final do documentário. A utilização de material de arquivo é recurso frequentemente adotado pelos documentaristas como forma de ilustração visual de eventos passados. A referência estética e de formato a partir do texto define como contará sua historia, qual o tipo de documentário para contribuir. Procure algumas referências, como imagens, filmes, música etc. Importante lembrar que toda referência é importante para o conselheiro relator identificar que tipo de obra quer construir. O desafio maior é justamente o de, através de um texto enxuto e objetivo, demonstrar domínio sobre o assunto. O documentário “De Roma para Putinga” é uma história muito instigante. A proposta apresentada neste primeiro tratamento para o filme, contendo um resumo das suas principais sequências, em parte responde o recurso. Este relator entende que o documentário é de média metragem, ou seja, de 15 a 69 minutos, conforme a ANCINE, mas não identificamos de quantos minutos será o documentário “De Roma para Putinga”, esta diferença de mais de meia hora, tem um impacto significativo na planilha de custo e no tempo de produção.
3. Em conclusão, o projeto De Roma para Putinga - 1ª Edição - 2020, em grau de recurso, não é acolhido.
Porto Alegre, 04 de junho de 2019.
Luis Antonio Martins Pereira
Conselheiro Relator
Informe:
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Recurso não acolhido pelo Pleno
Sessão das 13h30min do dia 10 de junho 2019.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Paula Simon Ribeiro, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, José Édil de Lima Alves, Antônio Carlos Côrtes, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Gilberto Herschdorfer, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Gabriela Kremer da Motta e José Airton Machado Ortiz.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Dalila Adriana da Costa Lopes.
Abstenções: Maria Liege Nardi.
Ausentes no Momento da Votação: Ivo Benfatto.
Marco Aurélio Alves
Presidente do CEC/RS
Parecer nº 141/2019 CEC/RS
O projeto DE ROMA PARA PUTINGA 1ª. EDIÇÃO – 2020 não é recomendado para avaliação coletiva.
1. O projeto De Roma para Putinga 1ª. Edição - 2020, cadastrado eletronicamente em 08 de março de 2019, em diligências dias 18 e 28 de março e 03 de abril, habilitado em 08 de abril de 2019, pelo Setor de Análise Técnica da Secretaria da Cultura. Na mesma data foi encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, para análise de mérito. A área é Audiovisual: produção de cinema em curta ou média-metragem, e será realizado de 05 de agosto de 2019 a 27 de março de 2020, nas cidades de Putinga, Nova Roma do Sul, Ilópolis, Vespasiano Corrêa, Colorado, Sarandi e Tapejara.
O projeto tem como produtor cultural M. Horn e Cia. Ltda., cujo responsável legal é Maurício Fabiano Horn, com a função de proponente. Na equipe principal, SX Produções e Serviços Ltda., com a função de coordenador administrativo e financeiro; Acto Gestão e Apoio Administrativo Ltda., na captação de recursos, e M. Horn e Cia. Ltda., na coordenação geral; André Bergamaschi, na contabilidade.
2. Trata-se de projeto de um documentário biográfico do italiano Angelo Giovanni Baptista Fontanive, ou simplesmente, Angelo Fontanive, que foi um “artista, escultor, pintor, arquiteto, calculista e outros atributos dum verdadeiro mestre renascentista com formação na Escola de Belas Artes de Veneza, que migra ao Brasil em busca de oportunidades em 1926.” Sua vastíssima obra é pouco reconhecida e seu legado está nas cidades gaúchas antes citadas. A proposta deste documentário é do cineasta natural de Ilópolis, Cleber Zerbielli.
Na dimensão simbólica descreve a beleza da pintura no período do Renascimento Italiano, cujas grandes obras foram encomendadas pela Igreja Católica. Da mesma forma, isto aconteceu nas novas colônias. O texto afirma que
(...) com a chegada da Congregação dos Missionários Carlistas Scalabrinianos na cidade de Encantado, inicia-se uma espécie de “renascimento italiano”, porque a filosofia desses padres além da manutenção da fé também tinha como prerrogativa o nacionalismo italiano...” A dimensão econômica reforça que o ...”turismo cultural, histórico e religioso é pilar fundamental para o crescimento do turismo regional.” A dimensão cidadã informa que o filme será “disponibilizado gratuitamente nas plataformas digitais, além da projeção em três cidades inseridas no projeto que preservam as principais obras de Angelo Fontanive oportunizando o acesso de todas as pessoas de forma gratuita.
A metodologia – diferente dos demais segmentos do projeto – descreve passo a passo sobre a extensão dessa ação. Inicia pela realização de pesquisa histórica em livros tombo, nos documentos das igrejas, nas comunidades locais e na Itália. Finalizada esta etapa, acontecerão as entrevistas com as pessoas envolvidas, citadas nesses livros. A partir daí iniciarão as filmagens numa programação de 2 (dois) dias em cada cidade, com duração total de 14 (catorze) dias. Concluída essa fase, passa-se à montagem do filme: refilmagem ou filmagens adicionais. O evento de lançamento do filme será em 4 (quatro) cidades: Colorado, Ilópolis, Putinga e Encantado, com sessões gratuitas. O Youtube abrigará um link e serão produzidas 15 cópias em DVD para entrega de 5 (cinco) para o Pró-Cultura, 5 (cinco) para o IECINE, e 5 (cinco) para a Fundação Cultural Piratini, dentro do Plano de Distribuição.
O valor apresentado para a LIC/RS é de R$ 225.620,00 (duzentos e vinte e cinco mil, seiscentos e vinte reais) e o valor habilitado é de R$ 225.070,00 (duzentos e vinte e cinco mil e setenta reais).
3. No Memorial 50 anos de Putinga, no site de sua Prefeitura, descobre-se que, em 1948, chega à cidade para obras de acabamento interno da igreja o italiano Ângelo João Baptista Fontanive, formado pela Universidade de Belas Artes de Veneza, sendo arquiteto, engenheiro, mestre em gesso, doutor em desenho e pintura, professor de matemática, física e geometria, chamado por todos de “maestro”, deixa sua marca na igreja com a construção dos três altares, a cantoria, o púlpito e as pinturas dos quatro quadros laterais e o painel da abóboda central com mais de 320 personagens onde eterniza seus filhos na obra pintados como anjos. Depois de concluídas a obra da matriz, projeta e constrói o belíssimo Jazigo da família Pretto na linha Taquara (demolido em 1985), e pinta os medalhões na nova igreja dedicada à Nossa Senhora da Glória em Xarqueada. Também são obras de Fontanive as igrejas de Ilópolis, Arvorezinha, Caçador, a catedral de Passo Fundo, o edifício Fasolo e o hospital Dr. Bartholomeu Tachini de Bento Gonçalves, os Silos do Moinho Guindani, a Pontifícia Universidade Católica – PUC em Porto Alegre/RS, obras na Suíça e outras. É mais uma rica história de um imigrante que veio ao Rio Grande do Sul depois da Segunda Guerra Mundial, deixar aqui seu talento, sua arte, seus costumes e sua tradição.
As dimensões simbólica, econômica e cidadã pecam por não dar ao devido projeto todo seu embasamento no sentido de inventariar as ausências, expressão dita pela Profa. Dra. Zilá Bernd, do Projeto Memória e Patrimônio na reunião do Conselho Estadual de Cultura na Unilasalle, na semana anterior, quando mencionou sobre o patrimônio histórico como “testemunho tangível da diversidade cultural, religiosa e social da humanidade. Em qualquer sociedade o patrimônio é sempre o produto de uma escolha e resulta da seleção dos elementos. Por isto, alguns são privilegiados e outros passíveis de esquecimento ou até de destruição. O patrimônio histórico é produto da coletividade, ou seja, uma construção social.”
Mais ainda, os responsáveis pelos depoimentos – que o projeto chama de pesquisas nas comunidades locais e entrevistas com pessoas antigas da comunidade – não apresenta o motivo pelos quais cada um dos depoentes listados foram escolhidos e têm seus nomes descritos na Planilha de Custos. Fazem parte da lista artista plástico, professor doutor em História, missionário sclalabriniano, professora, consultor de vendas, e a Secretária de Educação do município de Putinga, entre outros, todos recebendo cachê. Chama a atenção também, que, nas anuências, os responsáveis se referem ao projeto como uma valorização, entre outros, do potencial turístico das cidades que abrigam as obras de Angelo Fontanive.
4. Em conclusão, o projeto De Roma para Putinga 1ª. Edição - 2020 não é recomendado para a avaliação coletiva.
Porto Alegre, 20 de abril de 2019.
Liana Yara Richter
Conselheira Relatora
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
Sessão das 13h30min do dia 07 de maio 2019.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Maria Liege Nardi, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, Antônio Carlos Côrtes, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, Gabriela Kremer da Motta e José Airton Machado Ortiz.
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