Processo nº 19/1100-0000495-0
Parecer nº 234/2019 CEC/RS
O projeto CHAMA CRIOULA: CULTURA e TRADIÇÃO - 1ª EDIÇÃO - 2019, em grau de recurso, não é acolhido.
1. A produção cultural é de Marcio Schmidt, CEPC 4963, o projeto, na área de Artes Integradas, realizar-se-á no período de 15 a 18 de agosto de 2019 em Tenente Portela, na Praça do Imigrante. A Organizações Contábeis Alto Uruguai é a responsável pela contabilidade. Os recursos solicitados são da ordem de R$ 369.497,22 (MinC), R$ 174.330,00 (LIC), totalizando R$ 543.809,22.
Diz o proponente:
Reconhecendo a importância do ritual do acendimento e propagação da chama crioula para as tradições gaúchas, queremos mais que apenas o encontro anual de centenas de cavalarianos em busca dela. Com o projeto Chama Crioula: Cultura e Tradição, queremos, através da arte e da cultura gaúcha, promover a estes visitantes e aos munícipes de Tenente Portela e região, uma extensa celebração também através da arte, com shows musicais, como dos renomados Quarteto Coração de Potro, o acordeonista Edilberto Bérgamo e o tradicional Grupo Quero-Quero, apresentações de dança com a participação de diversos CTGs da região e do grupo Os Gaudérios, teatro com o Grupo Ueba, e a apresentação cênico musical As Aventuras na Terra Gaúcha para o público infantil, além da participação das aldeias indígenas Kaingang e Guarani, entre outras atrações. Todas essas apresentações se darão em 04 dias de programação totalmente gratuita e em local público.
É o relatório.
2. Primeiramente, cabe destacar que, à exceção do grupo Quero-Quero, dos outros sete grupos ou artistas relacionados a serem pagos pelo sistema LIC para apresentações, de nenhum ou de nenhuma é apresentada Carta de Anuência. No que se refere à sustentação do proponente para embasar seu recurso contra a não recomendação do projeto, a ênfase recai no parecer do conselheiro relator e na decisão deste Conselho, vazada nos seguintes termos: "Lamentamos que este Conselho não reconheça a importância deste momento para a nossa tradição, e assim veja a nossa proposta cultural. Vale salientar que este não é um projeto de criação cênica . . ." e, mais adiante: "Cremos que, apesar de não atendermos na íntegra o desejo do conselheiro relator de uma apresentação cênica, essa ação atende com o mesmo propósito: trazer para o projeto uma maior explanação sobre o significado deste momento para a comunidade." Ora, aqui não se trata de o Conselho reconhecer ou não a importância deste momento para a nossa tradição, mas de analisar a fundamentação do que foi apresentado, julgando o mérito, fundamentado em oportunidade e relevância. O mesmo – e até muito mais – se diga do voto do conselheiro relator. No voto não há o "desejo" do relator, mas simplesmente a exposição clara e lúcida do que ele analisa à luz do que está exposto no projeto. Se, como argumenta o proponente, “(...) este não é um projeto de criação cênica, nem haveria, pelo período em que propomos, tempo hábil para que fosse feito uma pesquisa, realizado testes com atores, contratado direção e criação de texto, etc., para que a vontade do relator fosse feita, visto que também não encontramos espetáculos prontos nesse sentido para serem contratados. Salientamos também, que este é um momento prévio à Semana Farroupilha, e que se finaliza com ela, onde cada município, cidade, escola, entidade, busca trazer para sua comunidade mais explicações e envolvimento com os motivos da realização das rondas de 13 a 20 de setembro em todo o Estado.”, é de se perguntar a razão ou razões que levaram o proponente a colocar tudo isso em seu projeto. Afinal, o proponente põe em seu projeto o que julga relevante e, fundamentalmente, factível. Este parecerista não pode ver fundamento em querer o produtor partir para tergiversações, quando se lhe aponta a distância entre o discurso e a realidade, acusando o relator e o próprio Conselho de não entenderem sua proposta ou pretenderem impor a "sua vontade" para aprovação de um projeto.
Pelo exposto, por não encontrar relevância, em seu amplo sentido, nem oportunidade, digna de maior consideração, portanto, mérito que não passa de haver sido elencados oito espetáculos (shows, como anota) numa programação em que aparecem outras doze apresentações relacionadas para serem atendidas pela MinC, o presente projeto não é recomendado para avaliação coletiva.
3. Em conclusão, o projeto Chama Crioula: Cultura e Tradição - 1ª Edição - 2019, em grau de recurso, não é acolhido.
Porto Alegre, 09 de junho de 2019.
José Édil de Lima Alves
Conselheiro Relator
Informe:
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Recurso não acolhido pelo Pleno
Sessão das 13h30min do dia 10 de junho 2019.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Maria Liege Nardi, Paula Simon Ribeiro, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, Antônio Carlos Côrtes, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Gilberto Herschdorfer, Liana Yara Richter, Jorge Luís Stocker Júnior, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Dalila Adriana da Costa Lopes, Gabriela Kremer da Motta e José Airton Machado Ortiz.
Ausentes no Moemento da Votação: Ivo Benfatto.
Marco Aurélio Alves
Presidente do CEC/RS
Processo nº 19/1100-0000495-5
Parecer nº 142/2019 CEC/RS
O projeto CHAMA CRIOULA: CULTURA e TRADIÇÃO 1 ª EDIÇÃO 2019 não é recomendado para avaliação coletiva.
1. Narra o proponente,
Reconhecendo a importância do ritual do acendimento e propagação da chama crioula para as tradições gaúchas queremos mais que apenas o encontro anual de centenas de cavalarianos. Com o projeto Chama Crioula: Cultura e Tradição queremos, através da arte e da cultura gaúcha, promover a estes visitantes e aos munícipes de Tenente Portela e região, uma extensa celebração também através da arte, com shows musicais, como dos renomados Quarteto Coração de Potro, o acordeonista Edilberto Bérgamo e o tradicional Grupo Quero-Quero, apresentações de dança com a participação de diversos CTGs da região e do grupo Os Gaudérios, teatro com o Grupo Ueba, e a apresentação cênico musical As Aventuras na Terra Gaúcha para o público infantil, além da participação das aldeias indígenas Kaingang e Guarani, entre outras atrações. Todas essas apresentações se darão em 04 dias de programação totalmente gratuita e em local público.
Sob a produção cultural de Marcio Schmidt, CEPC 4963, o projeto, da área de Artes Integradas, se realizará no0 período de 15 a 18 de agosto de 2019 em Tenente Portela, na Praça do Imigrante. A Organizações Contábeis Alto Uruguai está responsável pela contabilidade. Dos recursos solicitados, R$ 369.497,22 (Minc), R$ 174.330,00 (LIC), totalizando R$ 543.809,22.
É o relatório
2. Segundo o proponente,
"No século XVII, o governo central impusera pesadas taxas sobre os produtos do Estado do Rio Grande do Sul: couro, erva-mate e o charque, passaram a ter taxas elevadas, enquanto o governo dava incentivos para a importação do Uruguai e Argentina. O sal, insumo básico para a preparação do charque, passou a ter taxa de importação considerada abusiva, agravando o quadro. Portanto motivos, em 1835 as tropas de Gomes Jardim e Onofre Pires, sob o comando do General Bento Gonçalves, entraram em Porto Alegre, iniciando um movimento que duraria cerca de dez anos. Foi proclamada a República Rio-Grandense, instalando-se na cidade de Piratini a sua capital, e esta guerra é hoje o maior símbolo da história e da cultura do Rio Grande do Sul: a Revolução Farroupilha. Décadas à frente, o Brasil saía de um período de ditadura onde muito da imprensa havia sofrido censura e muitas práticas culturais não se desenvolviam mais. Era chama de "Era Getúlio Vargas", no final dos anos de 1940. No Rio Grande do Sul, a sociedade tinha vergonha de sua origem e sua história: era "feio" ser gaúcho. Por isso, em 1947, um grupo de alunos do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, cria um Departamento de Tradições Gaúchas, que se destinava a estimular o desenvolvimento cultural por meio de reuniões sociais recreativas, liderado por João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes. Eles procuravam a identidade do seu povo e do seu estado. Neste departamento, em um gesto "improvisado", o grupo de alunos, através de uma vassoura, captou a chama da Pira da Pátria, no Parque Farroupilha, e a carregaram-na pelas ruas da cidade. Decidiram realizar à "1ª Ronda Gaúcha", sendo depois chamada de "Ronda Crioula", com uma programação que se estendeu de 7 a 20 de setembro daquele ano. Essa ronda foi à precursora da Semana Farroupilha, oficializada em 1964 através da Lei Estadual 4.850, hoje realizada em todos os Centros de Tradições e municípios gaúchos, com a chama crioula mantida acesa durante todo o período de comemorações, como símbolo deste movimento. A organização deste movimento é intensa nos meses que se antecedem às comemorações: uma cidade no Rio Grande do Sul é escolhida como sede para o acendimento da chama. Grupos de tradicionalistas de todos os outros municípios se organizam e partem em cavalgadas em busca dessa chama, acendem a sua fagulha e a levam às suas cidades, dando início às comemorações farroupilhas a partir de sua chegada. Essas cavalgadas podem durar dias, até mês, e conta com a solidariedade de equipes de apoio que acompanham o movimento em caminhões levando alimentos e utensílios de acampamento, por exemplo, e fazendeiros sedem seus galpões e municípios sedem prédios como ginásios e escolas, a fim de alojar os cavalarianos no percurso, entre tantas outras ações. É bela a celebração histórica e cultural que acontecem nesses dias, bem como a fraternidade e o orgulho identitário que tomam conta das pessoas. Agora sim, é bonito ser gaúcho! No ano de 2019, Tenente Portela, cidade gaúcha da região noroeste, com aproximadamente 14 mil habitantes, é a responsável por receber esses cavalarianos vindos de todas as partes do Estado, acender e propagar a chama crioula. Reconhecendo a importância de todo esse ritual para as tradições gaúchas, queremos mais que apenas o encontro anual de centenas de cavalarianos em busca da histórica fagulha. Com o projeto Chama Crioula: Cultura e Tradição, queremos, através da arte e da cultura gaúcha,promover a estes visitantes e aos munícipes de Tenente Portela e região, uma extensa celebração também através da arte, com shows musicais."
Metas
Shows com Família Maicás, Erlon Pericles, Jean Kirchof e Analise Severo, Estampa Crioulas, Quarteto Coração de Potro, Grupo Quero-Queros, Dilceu dos Santos, Cláudio Vargas e Gana Missioneira.
Ora, no projeto em tela existe distância abissal entre a teoria e a prática. Bela descrição histórica, mas na prática constituem em espetáculos encadeados, distantes do descrito em tela. Assim, em face de não apresentar relevância e oportunidade, pelo menos na forma como está apresentado, não merece recomendação para avaliação coletiva. Sequer está prevista, por exemplo, a materialidade de encenação:
Por isso, em 1947, um grupo de alunos do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, cria um Departamento de Tradições Gaúchas, que se destinava a estimular o desenvolvimento cultural por meio de reuniões sociais recreativas, liderado por João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes. Eles procuravam a identidade do seu povo e do seu estado. Neste departamento, em um gesto "improvisado", o grupo de alunos, através de uma vassoura, captou a chama da Pira da Pátria, no Parque Farroupilha, e a carregaram-na pelas ruas da cidade.
3. Em conclusão, o projeto Chama Crioula: Cultura e Tradição - 1ª Edição - 2019 não é recomendado para a avaliação coletiva.
Porto Alegre, 22 de abril de 2019.
Antônio Carlos Côrtes
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
Sessão das 13h30min do dia 25 de abril 2019.
Presentes: 21 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Maria Liege Nardi, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Gisele Pereira Meyer, Plínio José Borges Mósca, José Édil de Lima Alves, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Paulo Cesar Campos de Campos, Luis Antonio Martins Pereira, Dael Luis Prestes Rodrigues, Gilberto Herschdorfer, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Claudio Trarbach, Dalila Adriana da Costa Lopes, Gabriela Kremer da Motta e José Airton Machado Ortiz.
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