Processo nº 00223/2020
Parecer nº 204/2020 CEC/RS
O projeto “MISSISSIPPI DELTA BLUES FESTIVAL 13 ª EDIÇÃO 2020” é recomendado para financiamento pela LIC-RS.
1. O projeto MISSISSIPPI DELTA BLUES FESTIVAL 13 ª EDIÇÃO 2020 passou pela análise técnica do SAT-Sedac e foi posteriormente encaminhado ao CEC-RS e a essa relatora no dia 01.09.2020.
Produtor Cultural: ADRIANA MENTZ MARTINS / AM PRODUÇÕES
Período de Realização: Evento não vinculado à data fixa.
Área do Projeto: MÚSICA
Município - Local de realização: GRAMADO - Caza Wilfrido
Equipe Principal-AM Produções LTDA ME, com a função de coordenação administrativa financeira e gestão cultural do projeto, e Paula Giusto, com a função produtora executiva.
Valor solicitado ao Sistema de Financiamento LIC RS- R$ 240.000,00
O projeto Mississippi Delta Blues Festival chega a sua 13ª edição neste ano e realiza seu primeiro formato ON-LINE, o qual adapta-se à nova realidade em tempos de pandemia.
Dos objetivos específicos, destacam-se: Realizar 22 shows nacionais e internacionais em dois dias de evento online; Realizar 10 workshops/workshows com os artistas, que serão ainda confirmados dentro do line-up, havendo duração de 30 minutos de cada atividade; Aproximar o evento Mississippi Delta Blues Festival dos mais diversos públicos que não tinham acesso ao seu formato presencial.
Dimensão Simbólica - O projeto tem a intenção de, dentro desta nova realidade e adaptação, criar um diferencial e incrementar o evento através da participação de consagrados nomes do blues no evento, os quais farão suas participações ON-LINE de suas casas e estúdios próprios, interagindo e trazendo o melhor da música e conhecimento, gratuitamente, para todo e qualquer público que acessar suas redes digitais.
Dimensão Econômica – O proponente escreve que “Mesmo com formato reduzido através da transmissão online, grande parte dos seus parceiros estão concentrados na sua região serrana, o qual oportuniza trabalho e renda em tempos tão duros".
Dimensão Cidadã - “Mississippi Delta Blues Festival ONLINE é um projeto não apenas direcionado para transmissões de shows online, mas também serão proporcionados workshops e workshows com renomados nomes do cenário da música local, nacional e internacional, interligando Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e França”
É o relatório.
2. Podemos definir a palavra blues como "triste", "tristeza" ou até mesmo "melancolia". Uma definição completa e exata do Blues é muito difícil, talvez até impossível, pois se ele é um gênero musical, foi também muito mais do que isso para o povo negro que o criou, povo este tão sofrido e que encheu o nosso mundo de arte! Historicamente falando, o Blues surgiu quando os escravizados das fazendas de algodão, que acompanhavam as margens do rio Mississipi no sul dos Estados Unidos, por volta de 1870, criavam e cantavam melodias lentas e chorosas, que, além de marcar o ritmo, mostravam a expressão e o contorno de um povo desprezado, discriminado e sofrido. Os negros trouxeram sua expressão vocal básica, os hollers, os gritos de entonação que cortavam o céu do Delta, faziam canções e trabalho nas plantações de algodão e outras músicas relacionadas a sua fé religiosa (espiritual), que objetivava amenizar seu sofrimento e também lembrá-los de sua origem. Simples, sensual, irônico e poético, o blues era realmente um reflexo do digno negro americano. A cena, que acabou por tornar-se típica nas plantações do delta do Mississipi, era a legião de negros trabalhando de forma desgastante sobre o embalo dos cantos, os "blues".
O Blues foi a primeira e principal forma cultural especificamente afro-americana e, enquanto tal, foi - como o povo negro que a criou e até meados dos anos 60 - objeto de desprezo ou de ignorância dos americanos brancos - apesar de transtornar insidiosa e seguramente, por sua incomparável originalidade, seu vigor e sua riqueza, toda a música americana - antes de estender-se ao Velho Continente.
No seu desenvolvimento, porém, sofreu influências não só africanas, mas também das mais tradicionais baladas europeias e marchas militares. Como estilo musical, o Blues evoluiu a partir do século passado, em que surgiram pequenas variações estilísticas, algumas determinadas apenas por diferenças geográficas.
O primeiro nome popular a surgir como músico específico de blues foi o de Charley Patton, em meados da década de 20. Posteriormente, na mesma época, surgiram nomes como de Son House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Sylvester Weaver, entre outros. A princípio, a maioria das canções interpretadas eram cantos tradicionais como Catfish Blues e John The Revelator, canções essas que tiveram vários intérpretes e versões variadas no decorrer da história. Porém, foi na década de 30 que surgiu aquele que é talvez o nome mais influente e idolatrado do blues: Robert Johnson. Influenciado sobretudo por Son House e Willie Brown, Johnson viveu pouco tempo, cerca de 27 anos, sendo que a sua data de nascimento não é totalmente precisa. Ele foi vitimado, segundo a lenda, por um uísque envenenado pelo marido de uma de suas amantes. Além disso, gravou 29 canções apenas, entre 1936 e 1937, que são, porém, consideradas como alguns dos maiores clássicos de blues de todos os tempos.
É impossível falar sobre o blues sem mencionar B.B.King, o “rei do blues”, que se consagrou em razão de ter colocado a guitarra solo como elemento central, criando um estilo de forma pura e melódica e com características únicas. Bandas de rock como Rolling Stones e Beatles beberam na fonte do blues.
Fiz esse pequeno registro histórico da origem do Blue, citando as suas lendas e algumas curiosidades, para que a história não seja “esclarecida” e branqueada, e para pontuar a importância e o mérito de ter uma festival que há 12 anos consagra o blues no sul e no restante do Brasil .
O Mississippi Delta Blues Festival começou no ano de 2008 quando os sócios proprietários do Mississippi Delta Blues Bar perceberam a necessidade de uma comemoração de final de ano . Dessa forma, decidiram reunir os artistas que tinham tocado no Bar. Já na sua primeira edição, o evento mostrou para que veio, trazendo grandes atrações internacionais como J.J. Jackson e o lendário Magic Slim. Nesses 12 anos, incontáveis atrações passaram pelos inúmeros palcos do Mississipi Delta festival: James Wheeler, Mud Morganfield, Eddie "The Chief" Clearwater, Robert Bilbo Walker, Jerry Portnoy, Jai Malano, Zora Young, Peter Madcat, Kenny Neal, Joe Louis walker, Larry McCray, Lazy Lester, Rip Lee Pryor, Henry Gray, Annika Chambers, Whitney Shay, Johnny Nicholas, Sax Gordon, Sherman Lee Dillon, sem esquecer do grande embaixador Bob Stronger, entre muitos outros.
Nessa 13ª edição, as atrações e seu diferencial ainda serão conectar o evento de Gramado com diversas cidades e países ao redor do mundo, a citar Caxias do Sul, França, Houston/Texas, Inglaterra, Mississippi e Rio de Janeiro. As transmissões ao vivo serão feitas em dois palcos montados na Caza Wilfrido, sendo um palco maior - considerado principal - e outro menor - considerado o palco Acústico no piso inferior do local -, com todas as medidas de segurança sendo respeitadas. Dentre as outras apresentações pelo mundo, já confirmadas podemos citar a inserção de Curitiba com Décio Caetano; da França com Fer Costa, Al Jones e Lalalo; Chris Crochemore, gaúcho radicado em Houston/Texas; Chris e John Jagger diretamente da fazenda da família Jagger em Glastonbury na Inglaterra; Keith Johnson em Cleveland/Mississippi diretamente da Delta State University, além de apresentações do Mississippi Delta Blues Bar no Rio de Janeiro e palcos montados especialmente para o evento de Clarksdale, considerada a cidade "marco zero" do Blues no Delta do Mississippi no sul profundo dos Estados Unidos. A planilha de custos está organizada com distribuição homogênea dos recursos e não há discrepância na distribuição dos mesmos.
O SAT fez algumas considerações que não comprometem o mérito do projeto, ei-las:
METAS - O número de apresentações previstas nas metas não fecha com o número de itens lançados da planilha de custos. Constam 22 apresentações nas metas (nove internacionais + 13 nacionais) e 18 na planilha. - Item 1.26: Deve ser acrescentado o nome do curador na atividade e enviado seu currículo. - Item 2.3 da planilha de custos: ajustar período de meses, pois na anuência consta R$ 1.000,00/mês, sem informar o 3 de 4 períodos de atividade. O item 4.1 da planilha de custos é a taxa de fiscalização presencial (artigo 25º da lei 13.940). Esta foi revogada pela lei 15.449/20 e deverá ser retirada da planilha. Portanto, caso este projeto seja considerado prioritário, o valor deverá ser desconsiderado para fins do valor aprovado CEC, com autorização de financiamento podendo alcançar o valor máximo de R$ 239.400,00.
3. Em conclusão, o projeto “MISSISSIPPI DELTA BLUES FESTIVAL 13 ª EDIÇÃO 2020” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 239.400,00 (duzentos e trinta e nove mil reais e quatrocentos) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura. Para fins de prioridade, fica estipulada a nota 5.
Porto Alegre, 09 de setembro de 2020.
Sandra H F Maciel
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 10 de setembro de 2020.
Presentes: 24 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bertolotto, Alexandre Silva Brito, Aline Rosa, Cristiano Laerton Goldschmidt, Léo Francisco Ribeiro de Souza, Elma Nunes Sant’Ana, Ivone Grassi Keske, Daniela Giovana Corso, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte, Nicolas Beidacki, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Lucas Frota Strey, Vitor André Rolim de Mesquita, Luciano Gomes Peixoto, Luiz Carlos Sadowisk da Silva, Mario Augusto da Rosa Dutra, Vinicius Vieira de Souza, Michele Bicca Rolim e Rafael Pavan dos Passos.
Abstenções: José Franciso Alves de Almeida, Luis Antônio Martins Pereira e Rodrigo Adonis Barbieri.
José Airton Machado Ortiz
Presidente do CEC/RS
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