Processo nº 00106/2020
Parecer nº 121/2020 CEC/RS
O projeto “Circo da Magia Virtual” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. Produtor cultural: DWR Som e Luz Produções Culturais Ltda.
CEPC 4958
Empresa de produção cultural de Bento Gonçalves, responsável legal Ricardo Piccoli Carvalho na função de coordenador do projeto, que está catalogado no seguimento das Artes Cênicas – Circo.
Local da realização: Pelotas
Todas as atividades são com acesso gratuito.
Sem data definida
Equipe principal:
Vanessa Wrchinski, pessoa do tipo jurídica como diretora de produção e ainda responsável pela direção e organização dos espetáculos;
Ricardo Piccoli Carvalho, pessoa do tipo jurídica, responsável por promover, apoiar e acompanhar todas as etapas do projeto;
Serviço de Contabilidade: Gian Ceriotti com CRC-RS nº 97.076.
Valor solicitado ao Sistema LIC-RS R$ 241.200,00 (duzentos e quarenta e um mil e duzentos reais).
Objetivos:
Produzir para o ambiente virtual quatro espetáculos de circo, cada um em cada sexta-feira e uma palestra. Todos os conteúdos serão disponibilizados na internet em canal youtube, durante uma semana e as gravações ocorrerão na sede da Oficinas Permanentes de Técnicas Circenses, também conhecido como Grupo Tholl. O Grupo Tholl foi criado em 1987 em Pelotas e seu nome oficial é Oficinas Permanentes Técnicas Circenses por João Bachilli que reuniu um grupo de artistas circenses, aliando o conhecimento acrobático à outras formas de Arte, como a dança e posteriormente incluiu o malabarismo, técnicas de palhaçaria e pernas de pau.
Das Dimensões, nos chamou a atenção uma interessante reflexão do proponente sobre a Dimensão Cidadã.
Na Instrução Normativa nº 03 de 04 de abril 2020, no seu artigo 3º, está exposto o seguinte:
I: gerar oportunidade de trabalho para artistas, técnicos, produtores e fazedores de cultura;
II: estimular processos criativos e inovadores para conectar as pessoas em ambiente virtual durante o período de isolamento social;
III: disponibilizar conteúdos culturais relevantes para a reflexão social;
IV: criar novos formatos para pesquisa, criação, produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais;
V: desenvolver atividades de formação e capacitação;
VI: compreender o cenário cultural contemporâneo, estimulando o pensamento sobre as novas formas de produção e consumo de cultura;
VII: promover acesso aos acervos e a salvaguarda do patrimônio cultural.
Entre os objetivos do projeto cultural que cá temos em mãos, ressaltamos: estimular processos criativos e inovadores para conectar as pessoas em ambiente virtual durante o período de isolamento social, criar novos formatos para pesquisa, criação, produção e fruição da arte circense, representando ganhos para a cultura do RS.
A Dimensão Cidadã sob o ponto de vista dos artistas diz que os fazedores de cultura têm direitos básicos que devem ser atendidos pelas leis e pela sociedade, direitos como: moradia, alimentação, higiene, medicação, cultura, transporte, educação, formação profissional, aperfeiçoamento profissional, vestuário e demais componentes materiais econômicos e financeiros que digam respeito à dignidade.
Na metodologia somos informados que o projeto cultural “Circo da Magia Virtual” será gravado por uma equipe técnica e tal equipe transmitirá na internet em canal de youtube, gratuitamente durante 5 semanas, com as gravações sendo nas sextas-feiras, os seguintes espetáculos:
1- Espetáculo “Imagem e Sonho” (espetáculo que não tem diálogos, apenas música e os artistas apresentam-se com máscaras protetoras). É um espetáculo circense denominado tecnicamente como “novo circo” ou “nouveau cirque” já que a denominação nasceu na França, um circo sem animais e ao mesmo tempo um circo com a mixagem de linguagens artísticas diferenciadas ;
2- Espetáculo “Gaudiun Mare” (espetáculo que não tem diálogos, apenas música e os artistas apresentam-se com máscaras protetoras). Dentro de uma grande embarcação instalada no palco os números sucedem-se;
3- Espetáculo “Cirquin ” (espetáculo que não tem diálogos, apenas música e os artistas apresentam-se com máscaras protetoras).Reafirma a mistura de circo com teatro e dança. É o único espetáculo do grupo com metalinguagem, conta a história de uma trupe circense familiar liderada pela matriarca “Elisabetha” (artista Kauane Ribeiro). Faz parte desta tão especial família a “Julieth” (artista Pamela Farias) figura homônima da Julieta de certo drama shakespeariano de conhecimento universal ;
4- Espetáculo “Casinha de Chocolate” este com tradução simultânea para LIBRAS e com diálogos. Espetáculo desenvolvido e apresentado por outro grupo de circo que integra o projeto cultural em tela, certamente é uma revisitação à história infantil europeia que conhecemos, os irmãos João e Maria são abandonados pela madrasta e pelo pai e vagam pela floresta.
5- Palestra com tradução simultânea para LIBRAS “A Arte Circense”. A referida palestra será ministrada pelo grupo dos artistas. A referida palestra é executada por depoimentos dos artistas circenses: Anthony Martins, Carina Wacholz, Antonella Oliveira e Gabriel Urrutia.
Para realizar as filmagens e gravações e montagens dos cenários e a manipulação dos figurinos e assemelhados (perucas, maquiagem, objetos de cena etc.), serão tomadas todas as medidas recomendadas para a prevenção e o combate à covid-19 que estejam preconizadas pelas autoridades da saúde pública à época da realização do projeto cultural.
O proponente também afirma que serão disponibilizados EPIS (equipamentos de proteção individual) para cada integrante da equipe.
É o relatório.
2. Culturalmente falando o projeto que temos em mãos é rico em conteúdo, mostrará ao público o encantamento que o circo nos proporciona, cumprirá um desafio enorme, o de transpor para o universo das mídias eletrônicas uma das formas de arte com a qual o público brasileiro está bastante acostumado de assistir. Sabemos que quando uma obra de arte vai para o youtube, ela passa a pertencer ao mundo. Não deixa de ser fascinante a ideia do desafio. O Grupo Tholl tem extensa bagagem profissional, é premiadíssimo, tanto nacionalmente, como internacionalmente falando e nos parece merecer todo o nosso apoio. Não podemos deixar de mencionar que notamos certas fragilidades na elaboração do projeto. Há tópicos que poderiam ter sido melhor abordados, como os referentes às Dimensões Econômica e Simbólica. Como Conselheiro Relator nos sentimos tolhidos pelas novas obrigações impostas pela IN 03 /2020 SEDAC, quando esta impede que se baixe diligência e faça-se condicionantes. Não somente o projeto cultural como um todo ficaria mais iluminado, como também o nosso voto teria mais firmeza, exemplificando: suprimir a cobrança de uma fiscalização presencial dentro do mundo virtual. São apenas R$ 600,00 (seiscentos reais) equivocadamente escritos na Planilha de Custos. Pode parecer apenas uma gota d’água dentro da Lagoa dos Patos, mas de gota a gota, o CEC-RS terá formado uma segunda Lagoa dos Patos, ou ironicamente falando, uma “Lagoa dos Seiscentos reais dos desconhecidos rumos”. Por que a Sedac faz isso? Alguém tem a resposta? Escrevemos 1.336 palavras com esta dúvida pairando sobre a nossa consciência.
Fizemos uma análise aprofundada da Planilha de Custos, os cachês dos artistas (tópicos 1.9, 1.10, 1.4, 1.12, 1.18, 1.19) quando somados atingem os R$ 98.800,00 (noventa e oito mil e oitocentos reais) e são coerentes; a lista relacionada com a equipe técnica (1.6, 1.7, 1.8, 1.15, 2.5, 2.2, 3.1, 3.2, 3.3) chegam nos R$ 27.500,00 (vinte e sete mil e quinhentos reais); A parte condizente com as locações de material (1.5, 1.11, 1.16, 1.17, 1.1, 1.2, 1.3) perfazendo R$ 67.600,00 (sessenta e sete mil e seiscentos reais) também está coerente, quando pensamos que tudo isso diz respeito à montagem de quatro espetáculos diferentes. Também há coerência nos gastos previstos com a publicidade, pois fazer tudo isso acontecer, cumprir com os objetivos do projeto cultural aqui proposto e não publicitar corretamente, seria tão feio como deixar os patos sem sua lagoa. Até mesmo a rubrica de captação no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) está alinhada com a lógica dos preços e custos, representando 6,21% do valor total do projeto.
3. Em conclusão, o projeto “Circo da Magia Virtual 2020” é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade - podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 241.200,00 (duzentos e quarenta e um mil e duzentos reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 22 de junho de 2020. Quinquagésimo segundo ano do Conselho Estadual de Cultura do RS.
Plínio Mósca
Conselheiro Relator
Recomendado
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 22 de junho de 2020.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bortolotto, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Cristiano Laerton Goldschmidt, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos, Nicolas Beidacki, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Gilberto Herschdorfer, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Vinicius Vieira de Souza, Dalila Adriana da Costa Lopes, Gabriela Kremer da Motta e José Airton Machado Ortiz.
Abstenções: Luis Antonio Martins Pereira.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 25/06/2020 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,37 pontos.
José Édil de Lima Alves
Presidente do CEC/RS
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