Processo nº 00086/2020
Parecer nº 127/2020 CEC/RS
O projeto “Projeto Terra sem Fronteiras - 2020” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto Terra Sem Fronteiras - 2020 foi submetido à apreciação do Setor de Análise Técnica da Secretaria de Estado da Cultura, sendo habilitado e encaminhado ao Conselho Estadual de Cultura para análise e emissão de parecer. O produtor cultural é a pessoa jurídica Nota Azul Produções Musicais LTDA., tendo como representante legal Haroldo Campos de Campos exercendo a função de direção geral e gestão de recursos. A proposta foi encaminhada sob o CEPC 4748, que possui endereço na rua David Canabarro, 253, no bairro Areal, em Pelotas. O projeto, não vinculado à data fixa, é submetido na área de Artes Integradas, e informa como local de realização Pelotas, mídias sociais e Youtube.
O projeto se desenvolve a partir do trabalho do poeta e letrista rio-grandense Carlos Treptow Marques, conhecido como Carlos Di Jaguarão, parceiro de composições musicais de dezenas de artistas brasileiros. Nesse contexto, Carlos Di Jaguarão, ao longo de sua trajetória, mantém estreito relacionamento musical com Moacir Luz, do Rio de Janeiro; Simone Guimarães, de São Paulo; Nelson Ângelo, de Minas Gerais e Nilson Chaves, do Pará. A partir desta sólida parceria organizada pelo poeta, surgiram várias produções musicais de expressiva representatividade, que podem ser observadas como parte da nossa cultura poética e musical.
De maneira sucinta, a partir das colocações contidas no projeto, se verifica que a proposta envolve 16 programas de 10 minutos, cada um, apresentando comentários, dados biográficos, entrevistas e apresentações de poesias e músicas, realizadas a partir do trabalho de Carlos Di Jaguarão, incluindo esses artistas atuantes na área da música. Estes programas serão veiculados nas redes sociais Facebook e Instagram, no YouTube, e distribuídos em extensa lista de e-mails. A proposta é ainda uma iniciativa que visa despertar o interesse do público pela MPB, de forma digital, durante e após o período de quarentena devido à COVID 19, além de buscar novas plateias para aqueles músicos e de proporcionar emprego e renda também para outros profissionais e pessoas envolvidas na produção, na promoção e na valorização do fazer cultural.
A metodologia expõe que o poeta Carlos Di Jaguarão fará, a partir de seu espaço de trabalho, gravações de suas falas, e estas serão enviadas aos demais participantes, que por sua vez irão fazer inserções em parceria afinada com o poeta gaúcho a partir de novas falas e suas interpretações. Esse extenso somatório de diálogos culturais gravados, retornam à produção, que então edita e finaliza cada programa e os veicula em todas as diferentes plataformas digitais anteriormente citadas.
Suas metas incluem 16 uploads dos programas “Terra Sem Fronteiras” no Youtube, além de 16 publicações em formato de postagem dos referidos programas no Facebook, no Instagram, etc. Além de 16 distintas mensagens do conteúdo artístico enviadas a mais de 4000 e-mails.
Os recursos de realização totalizam R$ 32.451,20 (trinta e dois mil, quatrocentos e cinqüenta e um reais e vinte centavos), integralmente solicitados ao Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais Pró-Cultura – RS.
É o relatório.
2. O projeto Terra sem Fronteiras - 2020 se apresenta como uma proposta de considerável mérito, principalmente pelo fato de contemplar amplo público, mediante ações culturais desenvolvidas por artistas com experiência. Além disso, apresenta orçamento proporcional à realização prevista, o que contribui para credenciar ainda mais a proposta. Ele também se destaca por incluir anuências dos participantes e demais documentos necessários a uma adequada análise.
Embora a trajetória de Carlos Di Jaguarão dispense a necessidade de maiores apresentações, acredito ser válido um breve relato de sua atuação na cultura. Conforme se identifica no Dicionário da Música Popular Brasileira (http://dicionariompb.com.br/carlos-di-jaguarao), Carlos Di Jaguarão, além de poeta e letrista, é compositor e roteirista. Foi criado na cidade de Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Formou-se em Publicidade e Propaganda pelo curso de Comunicação Social de Pelotas (RS). Estudou Cinema Nacional na Universidade Católica de Pelotas. Começou a escrever suas primeiras composições aos 18 anos, participando de algumas coletâneas e mostras culturais. Entre suas diversas ações e participações destaco, apenas como ilustração, àquelas que remetem a temática de visibilidade em referência à comunidade afro-brasileira, como Agogô de Cosme, Angola – Djanga, Joana namibiana, Jorge Ogum, São Jorge Gari, Saudade d’África, Sinhá, Sinhô, entre muitas outras. Recentemente, ele ainda atuou em programa regular semanal sobre Música Popular Brasileira na rádio Meridional FM. Produziu e apresentou o programa "Histórias da MPB com pausa poética", em colaboração com os alunos de Letras da Unipampa. Nos últimos anos também lançou o CD “Cartas africanas”, com músicas de sua autoria em parceria com o sambista Moacyr Luz. As faixas foram interpretadas pelo próprio Moacyr e também pelos cantores Lu Oliveira e Nego Alvaro.
Dessa forma, a proposta em questão muito se legitima por evidenciar a cultura local e suas interfaces com outras regiões do Brasil, estabelecendo laços entre o artista do Rio Grande do Sul e artistas de outras localidades, aproveitando a oportunidade do projeto em modo digital para estreitar conexões culturais que trarão grande retorno de interesse público em curto prazo. Além disso, na perspectiva da experiência acumulada de Carlos Di Jaguarão, que demonstra em seu trabalho a valorização das referências da cultura de matriz afro-brasileira, somado à qualidade e extensa trajetória de todos os envolvidos na proposta cultural digital, temos bons indicativos de adequada realização, reforçada por valores que remetem a saberes e fazeres identificados com nossa ancestralidade e suas influências na Música Popular Brasileira no cenário contemporâneo.
3. Em conclusão, o projeto “Projeto Terra sem fronteiras - 2020” é recomendado para a avaliação coletiva, em razão de seu mérito cultural – relevância e oportunidade - podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 32.451,20 (trinta e dois mil, quatrocentos e cinquenta e um reais e vinte centavos) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 23 de junho de 2020.
Vinicius Vieira de Souza
Conselheiro Relator
Recomendado
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 25 de junho de 2020.
Presentes: 22 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Benhur Bortolotto, Paula Simon Ribeiro, Cristiano Laerton Goldschmidt, Plínio José Borges Mósca, Daniela Giovana Corso, Sandra Helena Figueiredo Maciel, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos, Nicolas Beidacki, Luis Antonio Martins Pereira, Paulo Leônidas Fernandes de Barros, Gilberto Herschdorfer, Vitor André Rolim de Mesquita, Rodrigo Adonis Barbieri, Jorge Luís Stocker Júnior, Moreno Brasil Barrios, Marlise Nedel Machado, Marcelo Restori da Cunha, Vinicius Vieira de Souza, Dalila Adriana da Costa Lopes e José Airton Machado Ortiz.
Ausentes no Momento da Votação: Gabriela Kremer da Motta.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 25/06/2020 e considerados prioritários.
Após a avaliação coletiva, que atribui o grau de prioridade aos projetos, o projeto é prioritário obtendo a nota final de 4,32 pontos.
José Édil de Lima Alves
Presidente do CEC/RS
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